A conta da saudade quem é que paga

"Na tarde de domingo,

te chamo pra um café

você prefere o natural

e eu prefiro o nescafé.

E ai já começa,

toda aquela discussão

Você prefere marmelada

e eu prefiro requeijão.

Você diz que eu sou chata

e resolve ir embora.

Joga na mesa o dinheiro,

"esse é pra pagar a torta"

Eu pego o dinheiro

e vou até o balcão,

a garçonete me pergunta

"e a conta da saudade,

ele não vai pagar não?""

Com a vida apressada, angustiada, tão absorta em pensamentos pequenos, sem entender a dor disfarçada em mal humor, pouso os olhos no menino, ali, dormindo. No meio da rua, entre carros, passantes, cachorros e passarinhos destoantes, com as mãozinhas sobre a cama de papelão, agarradinho, inocente, no corpo do irmão. A mãe sofrida, sentada no

Tá certo que o nosso mal jeito foi
Vital pra dispersar o nosso bom
O nosso som pausou
E por tanta exposição a disposição cansou
Secou da fonte da paciência
E nossa excelência ficou lá fora

Solução
É a solidão de nós

Deixa eu me livrar das minhas marcas
Deixa eu me lembrar de criar asas

Deixa que esse verão eu faço só
Deixa que esse verão eu faço só
Deixa que nesse verão eu faço Sol

Só me resta agora acreditar
Que esse encontro que se deu
Não nos traduziu o melhor
A conta da saudade, quem é que paga?
Já que estamos brigados de nada
Já que estamos fincados em dor

Lembra o que valeu a pena
Foi nossa cena não ter pressa pra passar
Lembra o que valeu a pena
Foi nossa cena não ter pressa pra passar