Numa prova de 100m rasos um corredor percorre os 20 primeiros metros em 4 0 s

    Ao serem mensuradas as vari�veis antes mencionadas podem ser obtidas importantes informa��es a respeito da velocidade da corrida, da freq��ncia e do comprimento de passos e da acelera��o do corredor, par�metros cinem�ticos definidores da performance (tempo final).

    Os alunos/atletas, corredores de 100 m rasos da Equipe de Atletismo do Col�gio Evang�lico Alberto Torres, at� o momento, n�o tiveram uma an�lise mais aprofundada do movimento da corrida como esse projeto prop�e. Os dados obtidos poder�o ser reutilizados em outras temporadas de treinamento a fim de compara��es e ajustes, fornecendo, ao professor/treinador a certeza que o trabalho � eficaz, e se os educativos para um melhor desempenho em provas podem levar os alunos/atletas sentir que est�o explorando o m�ximo do desempenho anatomofisi�logico de cada individuo. Sendo assim, o objetivo geral deste trabalho � investigar as caracter�sticas cinem�ticas na corrida na prova de 100 m rasos em alunos/atletas da Equipe de Atletismo do Col�gio Evang�lico Alberto Torres em dois momentos da temporada de treinamento: no in�cio e ap�s 11 semanas de treinamento.

    Cinem�tica linear � segundo Hall (2000), �o estudo do movimento dos corpos em rela��o ao tempo ou ao padr�o e � velocidade do movimento, seq�enciado nos segmentos corporais, que freq�entemente traduzem o grau de coordena��o de uma manifesta��o individual. A cinem�tica descreve o aspecto temporal do movimento�.

    De acordo com Hall (1993), a cinem�tica pode ser definida, tamb�m, como o estudo da geometria, padr�o ou forma do movimento em rela��o ao tempo. A cinem�tica pode analisar formas de movimentos qualitativos e quantitativos. Por exemplo, na forma qualitativa, um chute de futebol, identificando a articula��o envolvida na a��o principal. Na forma quantitativa, para representar o movimento humano, por exemplo, em uma compara��o entre um jogador de futebol profissional e um jogador de clube, envolvendo a quantifica��o de vari�veis de tempo de extens�o de joelho e velocidade final da bola. Para Hall (1993), estudiosos da biomec�nica do esporte analisam diferentes modalidades para identificar as caracter�sticas cinem�ticas que definem uma performance de elite, este tipo de an�lise resulta na constru��o de um modelo que detalha as caracter�sticas cinem�ticas de performance.

    Segundo Hay (1981), cinem�tica � o ramo da biomec�nica que, estudando a descri��o do movimento dos corpos, lida com vari�veis e par�metros como a dist�ncia e a velocidade com que um corpo se move e como ele se move.

    A pesquisa em biomec�nica do esporte, para Dillman (1973), preocupa-se em identificar padr�es de movimentos para determinada atividade, que podem estar associados com melhores performances. Assim, a biomec�nica utiliza-se dos m�todos da mec�nica para descrever e avaliar os padr�es do movimento. Baseado nessas an�lises descritivas cinem�ticas, julgamentos s�o feitos a respeito da maneira mais efetiva de se realizar algum movimento. A cinem�tica, ent�o, pode auxiliar professores e t�cnicos do esporte, atrav�s das an�lises de movimentos nas quais poder� ser avaliado como um atleta est� realizando a t�cnica de determinado movimento. As an�lises abrangem o padr�o do movimento e a velocidade do movimento, para, posteriormente, corrigir e aperfei�oar a t�cnica a fim de obter-se maior efic�cia em sua execu��o, principalmente em rela��o ao esporte competitivo.

    Segundo Hay (1981), �o sucesso da corrida depende da habilidade do atleta em combinar os movimentos de suas pernas, bra�os e tronco formado um todo suavemente coordenado.�

    O movimento das pernas � c�clico, cada p� alternadamente toca o solo, passa por baixo e por tr�s do corpo e em seguida deixa o solo para mover para frente, pronto novamente para o toque seguinte no solo. Este ciclo, segundo Hay (1981), � dividido em tr�s partes:

    Fernandes (1979) destaca, tamb�m, j� que a corrida � uma atividade natural, que a t�cnica dever� ser um fator muito preocupante quando se trata de competi��es, ou seja, � preciso preocupar-se com v�rios aspectos que podem influenciar a t�cnica. O primeiro aspecto conforme Fernandes (1979) �:

  • A��o dos bra�os na corrida de velocidade. Bra�os flexionados a 90�, levando os cotovelos para tr�s na movimenta��o, em alguns momentos o atleta varia um pouco o �ngulo. Esta varia��o � comum ocorrer, pois o principal fator dessa varia��o � o tamanho da passada, os movimentos efetuados pelos bra�os devem corresponder � seq��ncia de movimentos efetuados pelas pernas.

    Tamb�m Fernandes (1979) cita os principais aspectos a serem observados na t�cnica de corrida de velocidade:

Pontos positivos:

  • Eleva��o da coxa na horizontal, colocando-se paralelamente ao solo, na finalidade de aumentar a amplitude da passada.

  • Grande a��o do tornozelo, tocando o p� suavemente no solo.

  • Inclina��o do corpo no �ngulo de 30�, para que os movimentos tendam para frente (ver Figura).

Numa prova de 100m rasos um corredor percorre os 20 primeiros metros em 4 0 s

Figura 4. Visualiza��o de pontos positivos da t�cnica (FERNANDES, 1979)

Pontos negativos:

  • Excessivo cruzamento dos bra�os na frente do tronco, o que provoca num desequil�brio do corredor.

  • Falta de extens�o das pernas, coloca��o dos p�s planos na pista, ombros muito altos (ver Figura).

Numa prova de 100m rasos um corredor percorre os 20 primeiros metros em 4 0 s

Visualiza��o de pontos negativos da t�cnica (FERNANDES, 1979)

    Nas provas de velocidade, Fernandes (1979) afirma que a maior velocidade de um atleta de 100 m encontra-se entre os 40 e 70 m, dependendo do seu condicionamento f�sico, e que a velocidade da corrida � produto de dois fatores: a dist�ncia da passada pela freq��ncia ou velocidade. O primeiro fator, dist�ncia da passada, pode ser sensivelmente melhorado mediante o treinamento da t�cnica, como por exemplo, coloca��o do corpo, trabalho de impuls�o, a coloca��o correta dos p�s no solo, a eleva��o dos joelhos etc. O segundo fator, por a velocidade ser uma qualidade inata, parece pouco melhor�vel atrav�s do treinamento. Assim pode-se melhorar a velocidade de corrida, atrav�s do treinamento, a dist�ncia da passada com processos pedag�gicos e condicionamento f�sico, para que esta n�o diminua no trecho acima citado, pois neste momento da prova, o atleta come�a a desacelerar e, conseq�entemente, a diminuir o tamanho da passada. Segundo Fernandes (1979), a velocidade do gesto � pouco melhor�vel, e quando isto acontece, as propor��es s�o bem modestas, porque depende do relaxamento muscular e do potencial nervoso do indiv�duo. Toda vez que o corredor procura aumentar a velocidade, acelerando ao m�ximo a freq��ncia de movimento das pernas, aumenta a probabilidade de maior gasto energ�tico. Assim parece que, em uma prova de 100m rasos: 

  1. velocidade m�xima � obtida nos primeiros 40 m., sendo imposs�vel aumenta-la, ap�s esta dist�ncia; 

  2. ap�s essa dist�ncia, a perda de freq��ncia n�o pode ser compensada com o aumento da amplitude da passada; 

  3. essa perda de freq��ncia, relaciona-se com a queda da velocidade, mesmo aumentando a amplitude da passada; 

  4. a diminui��o da freq��ncia � t�o precoce quanto o corredor alcan�ar o ponto mais elevado da sua velocidade. Segundo Carr (1998), pode-se destacar nas habilidades da corrida de velocidade: 

  5. o tempo que um atleta despende, correndo uma determinada dist�ncia, depende do comprimento e da freq��ncia de sua passada. O comprimento das pernas ao atleta e o impulso para frente, que ocorre em cada passada, determinam o comprimento da mesma. O impulso para frente � produzido pela for�a de rea��o do solo, respondendo ao impulso para tr�s do atleta contra a superf�cie da Terra. A freq��ncia da passada � a cad�ncia utilizada pelo atleta; 

  6. a t�cnica de um corredor muda quanto mais r�pido ele corre, velocistas gastam mais tempo no ar do que corredores de fundo, balan�am e flexionam seus bra�os mais vigorosamente, elevam mais os joelhos, impulsionam mais a perna, e flexionam mais o joelho. A tens�o � prejudicial ao atleta, que despende energia desnecess�ria; velocistas tentam correr explosivamente, por�m relaxando seu rosto, pesco�o, ombros e m�os (ver Figura).

Numa prova de 100m rasos um corredor percorre os 20 primeiros metros em 4 0 s

Exemplo de t�cnica da corrida em velocidade (CARR, 1998)

Cinem�tica linear da corrida de 100 metros

    Conforme Hamill e Knutzen (1999), a an�lise cinem�tica descreve as posi��es, velocidade e acelera��es dos corpos em movimento. Este tipo de an�lise � um dos tipos mais b�sicos, pois � usado somente para descrever o movimento sem refer�ncias �s causas do movimento. Geralmente os movimentos s�o coletados em forma de dados digitais com c�meras de v�deo de alta velocidade.

    Segundo Dilmann (1975), a corrida � uma r�pida forma de locomo��o humana caracterizada por breves proje��es do corpo sobre o solo devido aos movimentos c�clicos (alternados) dos membros inferiores. Um ciclo do movimento � caracterizado como o per�odo de tempo de ocorr�ncia de um evento at� que o mesmo evento se repita, na corrida, o ciclo (passada) � iniciado quando um p� deixa o solo at� que o mesmo toque o solo novamente, ou seja, uma passada � um conjunto de um passo com cada segmento inferior.

    Conforme Hamill e Knutzen (1999), o comprimento da passada e a freq��ncia da passada est�o relacionados com a velocidade da corrida. A velocidade da corrida pode ser representada com a seguinte equa��o:

V = CP * FP

    onde V corresponde � velocidade m�dia de corrida, CP corresponde ao comprimento m�dio do passo ou da passada e FP corresponde � freq��ncia m�dia do passo ou da passada.

    Atrav�s da equa��o podemos concluir que a velocidade � proporcional ao comprimento do passo e � freq��ncia de passos. Assim, CP e FP podem ser utilizados para descrever o padr�o de movimento que um corredor utiliza para atingir as velocidades desejadas, para correr determinada velocidade, um indiv�duo realiza uma combina��o espec�fica entre CP e FP.

    Na figura pode-se visualizar a rela��o do comprimento do passo com a velocidade da corrida, na medida em que o passo aumenta, gradativamente aumenta na velocidade.

Numa prova de 100m rasos um corredor percorre os 20 primeiros metros em 4 0 s

Rela��o entre comprimento do passo, em m (eixo vertical) e velocidade da corrida, em m.s-1 (eixo horizontal). 

Resultados dos estudos de Saito et al., Osterhoutd e Buchanan (citados por DILLMAN, 1975)

    Na figura seguinte pode-se verificar a rela��o da freq��ncia do passo com a velocidade da corrida, na medida em que a freq��ncia aumenta, gradativamente teremos um aumento conseq�ente na velocidade.

Numa prova de 100m rasos um corredor percorre os 20 primeiros metros em 4 0 s

Rela��o entre freq��ncia do passo, em passos/s (eixo vertical) e velocidade da corrida, em m.s-1 (eixo horizontal). 

Resultados dos estudos de Saito et al., Osterhoutd e Buchanan (citados por DILLMAN, 1975).

    Conforme Dilmann (1975), h� uma rela��o linear entre V e CP, at�, por volta da velocidade de 7 m/s, ap�s este valor, o CP tende a se manter est�vel, ou, em alguns casos, decrescer. Por outro lado os corredores com maior habilidade tendem a ter uma maior CP na compara��o com os menos habilidosos. J� entre V e FP, h� uma rela��o curvil�nea; entre os mais habilidosos e os menos habilidosos, os melhores apresentam os mais baixos valores de FP. Conclui-se que os mais habilidosos aumentam o CP para n�o precisar realizar tantas passadas. Sendo assim, um bom corredor deve aliar uma alta velocidade com um longo comprimento de passo, o que pode ser verificado em um �ndice que � obtido a partir do produto entre o CP e a V (�ndice de corrida). Juntamente com esta abordagem da cinem�tica da corrida pode-se afirmar que uma t�cnica de corrida considerada boa deve:

  • apresentar longo CP;

  • pouco tempo no solo;

  • pequeno deslocamento vertical;

  • vigorosa e completa extens�o da perna ao final da fase de apoio;

  • grande �ngulo de flex�o do joelho durante a fase de recupera��o;

Fonte de energia na corrida de 100 metros

    Conforme Wilmore e Costill (2001), � o sistema mais simples, ATP-CP, que fornece energia necess�ria para uma corrida de 100 m rasos. Al�m do ATP (trifosfato de adenosina), as c�lulas possuem uma mol�cula de fosfato que armazena energia. Est� mol�cula � chamada de creatina fosfato (CP ou fosfocreatina). Ao haver a quebra da creatina fosfato, ela n�o � utilizada diretamente, e sim � usada para formar o ATP, suprindo-o constantemente para as fibras musculares em a��o. Este sistema de energia, ATP-CP � considerado anaer�bio e predomina nos primeiros segundos de atividade muscular intensa. O ATP, na sua concentra��o � mantido relativamente constante, o que baixa � a concentra��o de creatina fosfato, pois � utilizada para repor o ATP quebrado. Na exaust�o, as concentra��es de ATP e CP, tornam-se baixas e s�o limitadas, podendo sustentar necessidades energ�ticas dos m�sculos por 3 a 15 segundos, a partir deste momento os m�sculos dependem de outros processos para a forma��o de ATP.

    Esfor�os m�ximos que duram mais do que, em m�dia, 15 s, passam a requisitar outras fontes de energia, como o sistema anaer�bio l�tico, quando a energia necess�ria para a ress�ntese do ATP passa a ser fornecida, predominantemente, pela quebra da glicose, dentro do citoplasma da fibra muscular (ROBERGS & ROBERTS, 2002). A capacidade de produzir energia em altas intensidades de exerc�cio � conhecida como capacidade anaer�bia, e esta apresenta diferentes caracter�sticas entre adultos, crian�as e adolescentes.

Capacidade anaer�bia na crian�a e no adolescente

    Segundo Sobral (1988) apud Tourinho & Tourinho Filho (2004), uma das poss�veis causas para a �performance� inferior das crian�as em provas de pot�ncia anaer�bia deve-se, presumivelmente, a estoques inferiores de fosfag�nio (principalmente de CP, j� que a concentra��o muscular de ATP � semelhante no adulto e na crian�a) e, tamb�m, ao menor valor da massa muscular j� que, embora aumentando regularmente com a idade, os incrementos da pot�ncia anaer�bia dos garotos s�o mais acentuados a partir dos 14 e 15 anos, isto �, imediatamente ap�s o pico de velocidade de crescimento da musculatura esquel�tica. Atrav�s dos estudos realizados sobre o comportamento do rendimento anaer�bio l�tico de crian�as e adolescentes, fica evidente que, este tipo de exig�ncia motora deve ser visto com extrema precau��o ao se elaborar programas de treinamento, principalmente com rela��o aos pr�-p�beres que n�o se encontram ainda preparados para esta intensidade de atividade f�sica como foi observado pelos autores acima citados.

    Conforme Eriksson apud Tourinho e Tourinho Filho (2004), ocorrem mudan�as no metabolismo anaer�bio l�tico durante o crescimento. Atrav�s de testes motrou-se que o lactato sang��neo e muscular, atividade enzim�tica glicol�tica, d�bito e d�ficit de oxig�nio, �performance� de pot�ncia m�xima em exerc�cios de curta dura��o e velocidade m�xima aumentam gradativamente da inf�ncia � fase adulta. Conforme Bar-Or apud Tourinho e Tourinho Filho (2004), nas crian�as, a capacidade para realizar atividades do tipo anaer�bia �significativamente inferior � dos adolescentes e adultos.

Treinamento da crian�a e do adolescente

    Wilmore e Costill (2001), abrangendo as quest�es de treinamento de for�a, capacidade aer�bica e anaer�bica, afirmam que:
  • a for�a e as capacidades aer�bica e anaer�bica aumentam com o treinamento, sendo que os programas de treinamento devem ser elaborados respeitando a faixa et�ria;

  • risco de les�o pelo treinamento de for�a entre crian�as e adolescentes � muito baixo;

  • os ganhos de for�a pelo treinamento de for�a em crian�as s�o resultantes da melhora da coordena��o motora, do aumento da ativa��o das unidades motoras e de adapta��es neurol�gicas;

  • em crian�as submetidas a treinamento de for�a, pouca altera��o no tamanho dos m�sculos � verificada;

  • a capacidade anaer�bica de uma crian�a aumenta com o treinamento anaer�bico;

  • treinando regularmente, a crian�a e o adolescente diminuem a massa gorda total e aumentam a massa corporal total, o processo de crescimento e matura��o s�o provavelmente modificados pelo treinamento;

M�todo de investiga��o

Caracteriza��o dos sujeitos da pesquisa

    Esta pesquisa contou com a participa��o de quinze alunos de ambos os sexos (13 do sexo masculino e 2 do sexo feminino) entre 13 a 17 anos de idade (14,26 � 1,4 anos), com massa m�dia de 48 � 10,6 kg e estatura m�dia de 161,4 � 13,6 cm, do Col�gio Evang�lico Alberto Torres. Todos s�o praticantes de Aulas de Educa��o F�sica durante o turno da manh�, e no turno oposto � aula praticam Atletismo na pr�pria Escola.

Abordagem metodol�gica

    O presente trabalho caracteriza-se por ser de corte longitudinal, no modelo descritivo e comparativo, tendo como base a an�lise de dados coletados em atletas, corredores de velocidade, caracterizando-se como quase-experimental. A pesquisa forneceu par�metros a respeito das condi��es em que os atletas apresentaram-se no in�cio da temporada quanto aos par�metros t�cnicos, t�ticos e f�sicos relacionados a uma corrida de 100 m rasos. A partir dos dados coletados foi aplicado o treinamento para buscar solucionar problemas encontrados na primeira avalia��o, com uma segunda avalia��o ap�s o per�odo de treinamentos.

Procedimentos metodol�gicos

    Os procedimentos metodol�gicos desta pesquisa foram divididos em 3 etapas. A primeira etapa esteve relacionada com a avalia��o de par�metros cinem�ticos da prova de 100 m rasos, no in�cio da temporada de treinamentos. A segunda etapa esteve relacionada � aplica��o de treinamento no grupo de atletas avaliados. Foram 21 sess�es entre a 1� e a 2� avalia��o. A terceira etapa esteve relacionada com a avalia��o dos mesmos par�metros cinem�ticos da prova de 100 m rasos ap�s a aplica��o do treinamento.

Especifica��o das etapas:

    Primeira etapa: o teste foi realizado em uma reta de 100 m da Pista Atl�tica da Escola, dividida em cinco partes iguais de 20 m cada. Ap�s dada a largada para o atleta, este correu os 100 metros em sua m�xima velocidade. Quando o atleta largou, foi acionado um cron�metro para os primeiros 20 m, outro cron�metro dos 20 m aos 40 m e assim por diante. Toda a dist�ncia da prova de 100 m foi gravada com uma c�mera de v�deo, o que possibilitou a contagem dos passos a cada 20 m corridos pelo atleta. Foram marcados os tempos a cada 20 m e o tempo total dos 100 m. Os materiais necess�rios para a realiza��o de coleta de dados foram: cinco cron�metros, seis cones, um apito e uma c�mera.

    Ap�s serem coletado estes dados, foram aplicadas as equa��es, conforme McGinnis (2002), listadas a seguir :

Lista de equa��es

Equa��o 1:

CP = D / P

Onde CP � o comprimento m�dio do passo, em m, obtido pelo quociente entre D, dist�ncia percorrida (20 m), e P, n�mero de passos completados nos 20 m percorridos.

Equa��o 2:

FP = P / T

Onde FP � a freq��ncia m�dia de passos, em Hz, obtida pelo quociente entre P e T, tempo, em s, para percorrer os 20 m.

Equa��o 3:

V = D / T

Onde V � a velocidade m�dia da corrida, em m.s-1, obtida pelo quociente entre D e T.

Equa��o 4:

A = DV / DT

Onde A � a acelera��o, em m.(s-1)2, obtida pelo quociente entre a varia��o da velocidade (DV) e a varia��o do tempo (DT) entre cada trecho da corrida.

Equa��o 5:

IC = CP * V

Onde IC � o �ndice de corrida, em m2.s-1, obtido pelo produto entre o CP e a V.

    Segunda etapa: durante esta etapa, foram realizadas sess�es de treinamentos com os alunos. No quadro, pode-se verificar o tempo de treinamento semanal e o que ser� abordado.

Descri��o geral do programa de treinamento

Meses / Treinamento

Horas/treinamento por semana

mar�o

abril

maio

Exerc�cios aer�bicos

2,5 horas

X

X

Processos pedag�gicos

2,5 horas

X

X

X

Circuit Training

2,5 horas

X

X

Interval Training

2,5 horas

X

    Terceira etapa: foi realizada a segunda coleta dos dados cinem�ticos, utilizando-se o mesmo protocolo da primeira etapa.

An�lise estat�stica

    Foram calculadas as m�dias e os desvios-padr�o das vari�veis obtidas das equa��es 1, 2, 3, 4 e 5 para cada trecho da corrida e gerais de toda a corrida, dos dois momentos de avalia��o. Foi aplicado um teste para verificar a normalidade dos dados (Kolmogorov-Smirnov) e, a fim de comparar os dados da primeira com os da segunda avalia��o, um teste t de Student para dados pareados ou um teste U de Mann-Whitnney. Os programas Excel e SPSS vers�o 13.0 foram utilizados para todos os c�lculos. O n�vel de signific�ncia adotado foi de a < 0,05.

Apresenta��o, an�lise e discuss�o dos resultados

    Neste cap�tulo s�o apresentados, analisados e discutidos os resultados das avalia��es realizadas pr� e p�s treinamento, utilizados os dados obtidos das equa��es 1, 2, 3, 4 e 5, bem como os dados de tempo final e velocidade m�dia final.

Comprimento m�dio de passo

    A tabela 1 apresenta os resultados das m�dias e desvios-padr�o do comprimento m�dio de passo (CP, pela equa��o CP = D / P) obtido a cada trecho de 20 m das avalia��es pr� e p�s treinamento. Pode-se verificar a tend�ncia de, em ambas as avalia��es, o CP m�dio aumentar entre o in�cio da prova e a dist�ncia de 40 m e, ap�s, ou apresentar uma tend�ncia de manuten��o dos valores, ou apresentar uma queda de CP.

M�dias e desvios-padr�o do CP (em m) a cada 20 m da prova de 100 m, pr� e p�s-treinamento

20 m

40 m

60 m

80 m

100 m

Pr�-treinamento

1,99 � 0,24

2,34 � 0,25

2,35 � 0,26

2,26 � 0,26

2,21 � 0,21

P�s-treinamento

1,98 � 0,18

2,32 � 0,17

2,26 � 0,22

2,23 � 0,20

2,13 � 0,13

    Schmolinsky (1982) afirma que, no in�cio da prova, o CP � menor, pois o corpo est� bastante inclinado � frente, o que impede a realiza��o de passos maiores, o que explica os menores valores encontrados nos primeiros 20 m de ambas as avalia��es (Tabela 1). J� Fernandes (1979) afirma que a maior velocidade de um atleta durante uma prova de 100 m rasos encontra-se entre os 40 e os 70 m. Como a velocidade da corrida � o produto entre o CP e a FP, esperava-se encontrar maiores valores de CP entre essas dist�ncias. Os resultados encontrados mostraram uma maior CP, em ambas as avalia��es, entre os 40 e os 60 m, coincidindo com a literatura (FERNANDES, 1979). Nestas dist�ncias, o atleta apresenta seu corpo em um melhor �ngulo de corrida, podendo, assim, usar, com maior efici�ncia, toda a amplitude de seu passo.

    A redu��o de CP que pode ser visualizada nos 80 m da prova, em ambas as situa��es, de acordo com Fernandes (1979) est� relacionada � desacelera��o acentuada que come�a a ocorrer a partir da metade da prova, que provoca uma redu��o do CP. Segundo o mesmo autor, o CP pode ser sensivelmente melhorado mediante treinamento da t�cnica, para que n�o haja a importante diminui��o verificada.

    O gr�fico apresenta a compara��o entre os valores de CP pr� e p�s-treinamento, ao longo de cada trecho de 20 m da prova de 100 m rasos. Os dados foram considerados param�tricos (p > 0,05) e a compara��o estat�stica entre cada trecho de pr� e p�s-treinamento n�o demonstrou diferen�a significativa (p > 0,05 em todos os trechos), embora possa-se notar uma tend�ncia de maiores valores de CP na avalia��o pr�-treinamento em compara��o a avalia��o p�s-treinamento nos trechos de entre 40 e 60 m e entre 80 e 100m.

Numa prova de 100m rasos um corredor percorre os 20 primeiros metros em 4 0 s

Compara��o entre os valores de CP pr� e p�s-treinamento. A linha cont�nua indica o pr�-treinamento, a linha pontilhada indica o p�s-treinamento.

    Ap�s a primeira avalia��o constatou-se que os alunos apresentavam pequeno CP, e este deveria ser melhorado a fim de se obter melhores resultados. Aumentos no CP podem ser obtidos mediante treinamento da t�cnica, que visa, dentre outros aspectos, melhor coloca��o do corpo, melhor impuls�o, correta coloca��o do p� no solo, maior eleva��o do joelho (FERNANDES, 1979). Provavelmente, os similares valores de CP encontrados entre pr� e p�s-treinamento, com tend�ncia a menores valores no p�s-treinamento podem estar refletindo o tempo de treinamento (11 semanas) que parece ter sido pouco para uma sens�vel melhoria da t�cnica.

Freq��ncia m�dia de passos

    A tabela apresenta os resultados das m�dias e desvios-padr�o da freq��ncia m�dia de passo (FP, pela equa��o FP = P / T) obtido a cada trecho de 20 m das avalia��es pr� e p�s treinamento. Pode-se verificar a tend�ncia de, em ambas as avalia��es, a FP m�dia aumentar entre o in�cio da prova e a dist�ncia de 60 m e, ap�s, apresentar uma tend�ncia de queda.

M�dias e desvios-padr�o da FP (em passos/s) a cada 20 m da prova de 100 m, pr� e p�s-treinamento

20 m

40 m

60 m

80 m

100 m

Pr�-treinamento

2,88 � 0,21

3,00 � 0,24

3,03 � 0,21

3,00 � 0,30

2,95 � 0,30

P�s-treinamento

2,92 � 0,22

3,12 � 0,20

3,24 � 0,15

3,15 � 0,28

3,03 � 0,27

    Segundo Fernandes (1979) no que diz a respeito de FP, a velocidade do gesto � pouco melhor�vel, e, quando acontece, � de pouca propor��o, pois este depende do relaxamento muscular e do potencial nervoso do indiv�duo. O aumento da FP at� os 60 metros est� relacionado ao aumento da velocidade at� este trecho. A velocidade m�xima � obtida entre os 40 e 70 metros, com diminui��o ap�s e, conseq�entemente, com a queda da FP. Provavelmente, o aumento da FP, ocorreu devido as melhores condi��es fisiol�gicas no p�s-treinamento.

    O gr�fico seguinte apresenta a compara��o entre os valores de FP pr� e p�s-treinamento, ao longo de cada trecho de 20 m da prova de 100 m rasos. Os dados foram considerados param�tricos (p > 0,05) e a compara��o estat�stica entre cada trecho de pr� e p�s-treinamento demonstrou diferen�a significativa (p < 0,05) apenas entre os 40 e os 60 m da prova, embora possa-se notar uma tend�ncia de maiores valores de FP na avalia��o p�s-treinamento em compara��o a avalia��o pr�-treinamento em todos os trechos analisados.

Numa prova de 100m rasos um corredor percorre os 20 primeiros metros em 4 0 s

Compara��o entre os valores de FP pr� e p�s-treinamento. A linha cont�nua indica o pr�-treinamento, a linha pontilhada indica o 

p�s-treinamento. O asterisco (*) indica em qual trecho (dos 40 aos 60 m da prova) houve diferen�a estat�stica significativa (p=0,09).

    Ap�s a primeira avalia��o verificou-se que os alunos/atletas n�o apresentavam uma tend�ncia vis�vel de aumento da FP at� a metade da prova, o treinamento, ent�o, procurou aumentar, tamb�m a FP. No gr�fico pode-se verificar o aumento significativo da FP do p�s-treinamento em compara��o ao pr�-treinamento. Diferentemente do CP, provavelmente as 11 semanas de treinamento foram suficientes para o aumento da FP, principalmente no trecho em h� uma tend�ncia de diminui��o da velocidade em decorr�ncia de diminui��o do CP e da FP.

Velocidade m�dia de corrida

    A tabela apresenta os resultados das m�dias e desvios-padr�o da velocidade m�dia da corrida (VM, pela equa��o VM = D / T) obtido a cada trecho de 20 m das avalia��es pr� e p�s-treinamento. Pode-se verificar a tend�ncia de, em ambas as avalia��es, a VM aumentar entre o in�cio da prova e a dist�ncia de 60 m e, ap�s, apresentar uma tend�ncia de queda.

M�dias e desvios-padr�o da VM (em m.s-1) a cada 20 m da prova de 100 m, pr� e p�s-treinamento

20 m

40 m

60 m

80 m

100 m

Pr�-treinamento

5,72 � 0,42

7,01 � 0,53

7,09 � 0,64

6,75 � 0,64

6,50 � 0,73

P�s-treinamento

5,98 � 0,39

7,23 � 0,68

7,33 � 0,67

7,04 � 0,68

6,48 � 0,72

    O gr�fico apresenta a compara��o entre os valores de VM pr� e p�s-treinamento, ao longo de cada trecho de 20 m da prova de 100 m rasos. Os dados foram considerados param�tricos (p > 0,05) e a compara��o estat�stica entre cada trecho de pr� e p�s-treinamento demonstrou diferen�as significativas (p < 0,05) em todos os trechos analisados, exceto entre os 80 e os 100 m da prova.

Numa prova de 100m rasos um corredor percorre os 20 primeiros metros em 4 0 s

Compara��o entre os valores de VM pr� e p�s-treinamento. A linha ont�nua indica o pr�-treinamento, a linha pontilhada indica o p�s-treinamento. 

Os s�mbolos indicam as diferen�as estat�sticas significativas nos trechos pr� e p�s-treinamento.

* p=0,02; # p=0,02; + p=0,003; W p=0,03.

    Os significativos maiores valores de VM, obtidos no p�s-treinamento, parecem refletir o efeito da prepara��o f�sica, mais eficiente na FP do que no CP, ou seja, as 11 semanas foram suficientes para melhor condi��o fisiol�gica, mas n�o para melhor condi��o t�cnica.

Acelera��o m�dia da corrida

    A tabela apresenta os resultados das m�dias e desvios-padr�o acelera��o m�dia da corrida (A, pela equa��o A = DV / DT) obtido a cada trecho de 20 m das avalia��es pr� e p�s treinamento. Pode-se verificar a tend�ncia de, em ambas as avalia��es, a acelera��o diminuir entre o in�cio da prova e o fim dos 100 m rasos, atingindo valores negativos a partir dos 60 m. Valores negativos de acelera��o est�o relacionados � diminui��o da velocidade da corrida, ou seja, at� os 60 m, os participantes conseguiram aumentar a VM, embora, a cada trecho, com menores incrementos, e ap�s os 60 m, verificou-se uma tend�ncia de diminui��o da VM.

M�dias e desvios-padr�o da A (m.(s-1)2) a cada 20 m da prova de 100 m, pr� e p�s-treinamento

20 m

40 m

60 m

80 m

100 m

Pr�-treinamento

1,62 � 0,22

0,48 � 0,17

0,03 � 0,12

-0,11 � 0,12

-0,09 � 0,16

P�s-treinamento

1,76 � 0,23

0,49 � 0,23

0,043 � 0,19

-0,10 � 0,12

-0,17 � 0,12

    O ideal, em termos de performace, seria uma maior manuten��o de valores positivos maiores de A ao longo da prova, e uma entrada mais tardia de valores negativos de A. Como valores positivos representam aumentos de velocidade, podemos visualizar que a velocidade aumentou at� os 60 m, diminuindo ap�s, resultado que confirmam o comportamento da VM.

    O gr�fico apresenta a compara��o entre os valores de A pr� e p�s-treinamento, ao longo de cada trecho de 20 m da prova de 100 m rasos. Os dados n�o foram considerados param�tricos (p < 0,05), a compara��o estat�stica, ent�o, foi realizada com o teste U de Mann-Whitnney que indicou haver diferen�as, apenas, na acelera��o no primeiro trecho da prova de 100 m entre os valores de pr� e p�s-teste.

Numa prova de 100m rasos um corredor percorre os 20 primeiros metros em 4 0 s

Compara��o entre os valores de A pr� e p�s-treinamento. A linha cont�nua indica o pr�-treinamento, a linha pontilhada indica 

o p�s-treinamento. O asterisco (*) indica a diferen�a estat�stica significativa no trecho entre os 0 e os 20 pr� e p�s-treinamento, p=0,008.

    Quanto a haver diferen�a significativa apenas nos primeiros 20 m entre os valores de A de pr� e p�s-treinamento, considerou-se que os participantes, ap�s o treinamento, conseguiram atingir uma maior pot�ncia (provavelmente relacionada a melhora da for�a muscular) nos 20 m iniciais da prova, mas n�o conseguiram diferenciar os valores de A nos outros trechos da prova, resultado que deve estar relacionado ao pouco tempo de treinamento.

�ndice m�dio de corrida

    A tabela 5 apresenta os resultados das m�dias e desvios-padr�o do �ndice m�dio de corrida (IC, pela equa��o IC = CP * V) obtido a cada trecho de 20 m das avalia��es pr� e p�s treinamento. Pode-se verificar a tend�ncia de, em ambas as avalia��es, o IC apresentar um aumento no in�cio da corrida e, depois, uma manuten��o e uma queda. A medida que o IC indica a rela��o entre o CP e a VM, os valores encontrados refletem o comportamento dessas 2 vari�veis ao longo da corrida de 100.

M�dias e desvios-padr�o da IC (em m2.s-1) a cada 20 m da prova de 100 m, pr� e p�s-treinamento

20 m

40 m

60 m

80 m

100 m

Pr�-treinamento

11,49 � 2,13

16,53 � 2,85

16,79 � 3,20

15,41� 2,86

14,45 � 2,70

P�s-treinamento

11,75 � 1,65

16,88 � 2,66

16,77 � 3,08

15,84 � 2,58

13,90 � 2,13

    Como o IC reflete a efici�ncia mec�nica do gesto, por ser o produto entre o CP e a VM, pode-se verificar uma tend�ncia de aumento da efici�ncia at� os 60 m, com posterior redu��o. Este aumento est� relacionado tanto ao aumento de CP, quanto ao aumento de VM nos trechos citados.

    O gr�fico apresenta a compara��o entre os valores de IC pr� e p�s-treinamento, ao longo de cada trecho de 20 m da prova de 100 m rasos. Os dados foram considerados param�tricos (p > 0,05) e a compara��o estat�stica entre cada trecho de pr� e p�s-treinamento n�o demonstrou diferen�as significativas (p > 0,05) em todos os trecos analisados.

Numa prova de 100m rasos um corredor percorre os 20 primeiros metros em 4 0 s

Compara��o entre os valores de IC pr� e p�s-treinamento. A linha cont�nua indica o pr�-treinamento, a linha pontilhada indica o p�s-treinamento.

    O IC pode refletir tanto melhoras da condi��o t�cnica (pelo CP) quanto da condi��o fisiol�gica (pela FP) ao longo do treinamento. Neste estudo, pode-se verificar uma pequena tend�ncia, em alguns trechos da prova (aos 20, 40 e 80 m) de maiores valores de IC no p�s-treinamento, refletindo uma melhor adequa��o mec�nica e energ�tica nessas fases da corrida. Provavelmente, treinamento mais focalizado na t�cnica, com mais tempo, poderia incrementar de maneira significativa tanto o CP, quanto a FP em mais trechos da dist�ncia.

Tempo e velocidade m�dia final

    A compara��o entre as m�dias dos tempos finais (dados considerados param�tricos, p > 0,05) obtidos na primeira e na segunda avalia��o est�o apresentados no gr�fico, que mostra uma diminui��o do tempo final de prova no p�s-treinamento em compara��o ao pr�-treinamento. Esta diminui��o n�o foi estatisticamente significativa (p > 0,05)

M�dias e desvios-padr�o do tempo final, em s, (TMF) da prova no pr� e no p�s-treinamento.

    A pequena diferen�a encontrada entre o tempo m�dio final (TMF) de prova do pr� (15,31 � 1,21 s) e do p�s-treinamento (14,83 � 1,21 s) refletiu a melhoria de performance obtida com o treinamento aplicado, embora n�o tendo sido significativa, provavelmente relacionada ao pouco tempo de treinamento e �s pequenas melhoras que se obt�m nesses tipo de prova.

    A compara��o entre os valores de velocidade m�dia final (VMF) entre o pr� e o p�s treinamento est� apresentada no gr�fico. Os valores m�dio tamb�m foram considerados param�tricos (p > 0,05), mas n�o apresentaram diferen�as significativas entre pr� e p�s-treinamento (p > 0,05), embora possa-se visualizar aumento da velocidade m�dia no p�s em rela��o ao pr�-treinamento.

Numa prova de 100m rasos um corredor percorre os 20 primeiros metros em 4 0 s

M�dias e desvios-padr�o da velocidade m�dia final, em m.s-1, (VMF) da prova no pr� e no p�s-treinamento

    Tanto a diminui��o do tempo final, quanto o aumento da velocidade m�dia final, neste estudo, n�o foram estatisticamente significativos. Mas, em uma prova de 100 m rasos, qualquer ganho de tempo, seja 1 cent�simo, embora n�o percept�vel em termos estat�sticos, pode representar diferentes coloca��es em uma mesma prova. Ou seja, nesses casos, embora o tratamento estat�stico seja importante, como � performance, a redu��o do tempo m�dio em 0,48s e o aumento da velocidade m�dia em 0,21 m.s-1 � um resultado ainda mais importante.

Conclus�o

    Os objetivos desta pesquisa eram analisar a cinem�tica da prova de 100 m rasos de alunos/atletas, com os par�metros comprimento de passo (CP), freq��ncia de passo (FP), velocidade m�dia de corrida (VM), acelera��o (A) e �ndice de corrida (IC) em dois momentos do per�odo de treinamento, a fim de propiciar um diagn�stico mais efetivo e um treinamento mais eficiente. Pelos resultados encontrados, de maneira geral, manuten��o do CP, aumento da FP e da VM, aumento e manuten��o da A e manuten��o do IC, pode-se concluir que o treinamento aplicado, embora em curto per�odo (11 semanas) atingiu parcialmente seus resultados, j� que n�o houve melhoras significativas do CP, �ndice muito relacionado � t�cnica da corrida.

    Fatores que poderiam ter influenciado esses resultados podem estar relacionados, tamb�m � fase maturacional dos participantes. Aumentos de estatura e massa, durante o per�odo de treinamento, poderiam comprometer os resultados, mas as medidas de massa e estatura foram realizadas, apenas, no in�cio do processo. S�o sugeridos estudos com maior n�mero de participantes, maior tempo de aplica��o do treinamento e com controle de vari�veis antropom�tricas ao longo do per�odo.

    Pesquisas assim podem ajudar o professor/treinador a conhecer as condi��es de desempenho em provas atl�ticas, com base em par�metros biomec�nicos que podem, tamb�m, refletir, as condi��es fisiol�gicas e t�cnicas dos alunos/atletas.

Refer�ncias

  • CARR, Gerry. Biomec�nica dos Esportes: Um guia pr�tico. S�o Paulo. Editora Manole Ltda. 1998.

  • DILMANN, C. J. Kinematic Aanalyses of Running. In WILMORE, J. H. & KEOGH, J. F. (eds) Exercise and Sport Science Rewiews, New York: Academic Press.

  • V. 3. 193-218. 1975.
  • FERNANDES, Jos� Luis.Atletismo: Corridas. S�o Paulo. EPU. 1979.

  • HALL, Susan J. Biomec�nica B�sica.

  • Rio de Janeiro. Guanabarra Koogan S. A. 2000.
  • HAMILL, Joseph. KNUTZEN, Kathleen.

  • Bases Biomec�nicas do Movimento Humano. S�o Paulo. Editora Manole 1999.
  • HAY, James G. Biomec�nica das t�cnicas desportivas. Rio de Janeiro. Interamericana. 2� edi��o. 1981.

  • McGINNIS, P. M. Biomec�nica do esporte e Exerc�cio. Porto Alegre: Artes M�dicas.

  • 2003.
  • MUJIKA, I., PADILHA, S. & Pyne, D. Swimming performance changes during the final 3 weeks of training leading to the Sydney 2000 Olympic Games. International Journal of Sports Medicine. 23: 582-87. 2002.

  • NIGG, B. M. & HEROG, W. Biomechanics of the Musculo-Skeletal System. Chinchester: John Wiley & Sons, England.

  • 1994.
  • ROBERGS, R.A. & ROBERTS, S.O. Princ�pios Fundamentais de Fisiologia do Exerc�cio para Aptid�o, Desempenho e S��de. S�o Paulo: Phorte Editora. 2002.

  • VIEL, Eric. A marcha humana, a corrida e o salto, Biomec�nica, investiga��es, normas e disfun��es. S�o Paulo. Manole. 2001.

  • WILMORE, Jack H., COSTILL, David L. Fisiologia do Esporte e do Exerc�cio. S�o Paulo. Editora Manole. Segunda edi��o. 2001.

  • TOURINHO, L. S. P. R. & TOURINHO F., H. Crian�as, adolescentes e atividade f�sica: aspectos maturacionais e funcionais. EF Artigos.

Outros artigos em Portugu�s

 
Numa prova de 100m rasos um corredor percorre os 20 primeiros metros em 4 0 s

revista digital � A�o 14 � N� 140 | Buenos Aires,Enero de 2010  
© 1997-2010 Derechos reservados