Por Ulisses Martins Show
Pós-graduado em História do Brasil pela Universidade Cândido Mendes Transferência da corteNo início do século XIX os exércitos de Napoleão Bonaparte, imperador da França, dominavam diversos países europeus. A única força capaz de resistir aos franceses era a poderosa marinha de guerra inglesa. Não podendo dominar a Inglaterra pela força militar, Napoleão tentou vencê-la pela força econômica. Para isso, decretou em 1806 o Bloqueio Continental, que proibia todos os países europeus de realizar atividades
comerciais com a Inglaterra. Para não prejudicar as relações comerciais que
mantinha com a Inglaterra, D. João (príncipe regente de Portugal) manteve-se neutro nesse conflito. Os exércitos franceses não aceitaram essa indefinição e invadiram Portugal, com o apoio de tropas espanholas. Sem condições de resistir à invasão das tropas franco-espanholas, D. João e a Corte portuguesa fugiram para o Brasil, sob proteção de uma esquadra naval inglesa, chegando à Bahia em 22 de janeiro de 1808. Um mês depois da chegada a Corte portuguesa instalou-se no Rio de Janeiro,
onde D. João organizou a estrutura administrativa da monarquia portuguesa. Governo de D. João VIEntre as diversas medidas econômicas, culturais e administrativas que D. João adotou, e que contribuíram para o processo de emancipação política brasileira, destacam-se o fim do monopólio comercial - D. João decretou a abertura dos portos brasileiros às “nações amigas”, isto é, ao comércio internacional. Com essa medida, os comerciantes da colônia ganhavam liberdade e o
Brasil começava a se emancipar de Portugal. Outra medida foi a assinatura do Tratado de 1810 - que concedia privilégios alfandegários à Inglaterra. Esse Tratado reduzia para 15% a taxa alfandegária sobre produtos ingleses vendidos ao Brasil. Dos demais países, era cobrada uma taxa de 24%, e mesmo dos artigos portugueses cobrava-se 16%. Além disso, D. João promoveu a liberdade industrial - em 1808 foi autorizada a instalação de fábricas na colônia, e a promoção da vida
cultural - foram criadas e implementadas diversas academias e instituições de interesse cultural, como a Academia Militar e da Marinha e o Hospital Militar; as primeiras instituições de ensino superior, com a fundação de duas escolas de medicina; o Jardim Botânico; a Biblioteca Real; a Imprensa Régia; a Academia de Belas Artes e etc. – e a elevação do Brasil a Reino Unido - com essa medida, em 1815, o Brasil adquiria autonomia administrativa e deixava de ser, na prática, colônia de
Portugal. Revolução pernambucanaMuitos moradores estavam desgostosos com o crescente aumento dos impostos, que serviam para sustentar o luxo da Corte portuguesa instalada no Rio de Janeiro. Além dessa insatisfação, outros dois problemas afetavam os habitantes da região: a grande seca de 1816, que causou graves prejuízos à agricultura e provocou a fome no Nordeste, e os preços do açúcar e do algodão, os principais produtos cultivados em Pernambuco, que estavam caindo no mercado
internacional devido à concorrência do açúcar antilhano e do algodão norte-americano. Tudo isso serviu para dar início à revolta contra o governo de d. João VI. O principal objetivo era proclamar uma república, que seria organizada conforme os ideais de igualdade, liberdade e fraternidade que inspiraram a revolução Francesa. O movimento conseguiu tomar o poder e constituir um governo provisório, que decidiu extinguir alguns impostos; elaborar uma Constituição; decretar a
liberdade religiosa e de imprensa e a igualdade para todos, exceto para os escravos. D. João VI tratou de combater violentamente a revolução, enviando tropas, armas e navios para a região. Os revoltosos foram duramente atacados e, depois de muita luta, acabaram por se entregar. Esta foi a única rebelião anterior à independência do Brasil que ultrapassou a fase de conspiração. Retorno da corteDom Pedro I decide ficar no Brasil (Foto: reprodução)Em agosto de 1820, comerciantes da cidade portuguesa do Porto lideraram uma revolta conhecida como Revolução do Liberal do Porto. Os revoltosos
conquistaram o poder e decidiram elaborar uma Constituição, limitando os poderes de D. João VI. Pretendiam também recolonizar o Brasil e exigiam o retorno de D. João a Portugal. O rei queria ficar e adiou o quanto pôde seu regresso à Europa. Entretanto, tropas portuguesas instaladas no Rio de Janeiro obrigaram-no a decidir-se por voltar para Portugal, no dia 26 de abril de 1821. Mas, percebendo o crescente processo de autonomia do Brasil, deixou seu filho D. Pedro como príncipe regente
do país. Acreditava, com isso, que a unidade da monarquia portuguesa seria posteriormente restaurada. O Partido Brasileiro (criado para combater o objetivo de recolonização do Brasil) elaborou um documento que
reuniu cerca de 8 mil assinaturas, pedindo que D. Pedro não voltasse para Portugal, como era o desejo das Cortes. D. Pedro recebeu esse documento em 9/1/1822 (Dia do Fico) e resolveu permanecer no Brasil. Meses depois, D. Pedro decretou que as ordens vindas das Cortes só seriam cumpridas mediante sua autorização. O confronto chegou a tal ponto que obrigou o rompimento político com Portugal, decidido por D. Pedro e pelas forças que o apoiavam. No dia 7/9/1822, foi proclamada
oficialmente a independência do Brasil. Questões(Unesp - 2013) A alteração na relação entre governo português e o Brasil, mencionada no texto, pode ser notada, por exemplo, a) na redução dos impostos sobre a exportação do açúcar e do algodão, no reforço do sistema colonial e na maior integração do território brasileiro. Resolução: Apesar do
aumento dos impostos, pode-se dizer que, principalmente com a “abertura dos portos”, o sistema colonial se afrouxou. A monarquia centralizada ampliou o número de funcionários públicos e da estrutura militar, aprofundou seus vínculos com a Inglaterra e rompeu relações política e comercial coma França e Espanha. Letra d. (Fuvest – 2012) Maria Graham. Diário de uma viagem ao
Brasil. São Paulo, Edusp, 1990, p. 230 (publicado originalmente em 1824). Adaptado. Esse trecho do diário da inglesa Maria Graham refere-se à sua estada no Rio de Janeiro em 1822 e foi escrito em 21 de janeiro deste mesmo ano. Essas anotações mostram alguns efeitos a) do Ato de Navegação, de 1651, que retirou da Inglaterra o controle militar e comercial dos mares do norte, mas permitiu sua interferência nas colônias ultramarinas do sul. Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal. O que tem a ver a Revolução Francesa com a independência do Brasil?"Na verdade, quem fez a independência do Brasil foi o Napoleão Bonaparte porque todos os acontecimentos que precipitaram a separação do Brasil e de Portugal começaram primeiro na Revolução Francesa de 1789 e depois na ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder e a seu enfrentamento contra as monarquias da época.
Qual a importância da Revolução Francesa para o Brasil?O ciclo revolucionário foi fundamental para a formação da sociedade moderna, pois trouxe concepções importante a respeito da democracia. "A Revolução Francesa teve importância na sociedade moderna e liberal atual, ressaltando a importância das liberdades individuais, tripartição dos poderes", explicou.
Qual a relação existente entre a Revolução Francesa e a Constituição brasileira?O lema central da revolução francesa: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” é a base constitucional da Constituição Federal Brasileira de 1988. Os princípios nela presente visam a bem-estar da sociedade .
O que contribuiu para a independência do Brasil?Entre os fatores que causaram a Independência do Brasil podemos destacar a crise do sistema colonial, as ideias iluministas e as independências ocorridas na América Inglesa e na América Espanhola. Além disso, a própria elite agrária brasileira se beneficiaria de uma separação entre Portugal e Brasil.
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