Por que a ética é importante para a prática do profissional de psicologia?

Ora viva. Estamos de volta. Directo à Questão.

Quando se fala em princípios éticos pelos quais se deve reger o psicólogo no desempenho da sua prática profissional, fala-se num conjunto de questões com as quais o profissional de psicologia é confrontado no seu dia a dia e para as quais não há uma resposta universal. No entanto, é importante que o psicólogo esteja atento a elas e tenha maturidade profissional para saber lidar com situações mais ou menos problemáticas. Nas nossas duas próximas reflexões, exploramos algumas dessas questões que marcam a prática profissional de quem aconselha na área da psicologia, mas também de quem recebe esses serviços, todos aqueles que diariamente consultam um psicólogo para pedir ajuda, para receber aconselhamento, para fazer tratamento psicoterapeutico, ou, simplesmente, para trocar dois dedos de conversa.

A ética pode ser definida como o estudo teórico dos princípios que governam as nossas escolhas práticas. É uma reflexão sobre o porquê de se considerarem determinadas condutas e normas como válidas. Em termos figurados, a natureza da ética corresponde ao máximo esforço de cada um no sentido de esclarecer perante si mesmo as ideias do Bem e do Mal.

Não podemos dissociar o conceito de ética do conceito, também ele bastante abrangente, de deontologia. Trata-se de um conceito muito próximo do de moral profissional e caracteriza-se por propor códigos de acção ou impor respostas e definir leis, normas, imperativos ou interditos. No fundo, trata-se da delimitação das margens de liberdade da profissão.

O psicólogo deve manter elevados padrões de competência no seu trabalho e reconhecer, não só as suas potencialidades, mas também os seus limites. É ainda importante que o psicólogo restrinja o exercício das suas funções à aplicação de técnicas e fornecimento de serviços apenas para os quais se encontra qualificado através da educação, treino formal e prática.

O psicólogo deve ainda saber reconhecer as suas responsabilidades profissionais para com a comunidade e a sociedade. Assim, é fundamental que pese convenientemente as consequências que as suas actividades profissionais possam ter no cliente, mas também na sociedade. Percebe-se, deste modo, que deva manter elevados padrões de conduta, clarificar os seus papéis e obrigações profissionais e assumir a responsabilidade apropriada pelo seu comportamento, nomeadamente pela escolha, aplicação e consequências das estratégias, métodos e técnicas utilizados.

O psicólogo deve ser o primeiro a preocupar-se pelo bem estar das pessoas e pela protecção dos seus interesses, com especial atenção para as minorias étnicas, raciais, linguísticas e sociais e para as pessoas portadoras de deficiências.

Na prática profissional do psicólogo, é ainda importante que este saiba respeitar e promover os direitos fundamentais das pessoas, a sua liberdade, dignidade, privacidade, autonomia e bem estar psicológico. Deste modo, deve tomar as medidas necessárias para evitar prejudicar aqueles com quem interage profissionalmente e para minimizar danos, quando estes são previsíveis e inevitáveis.

É a este nível que surgem as delicadas questões do sigilo profissional e respeito pelo anonimato e confidencialidade. Uma das questões mais problemáticas com a qual o psicólogo se pode confrontar reside precisamente na quebra ou não da confidencialidade em casos em que é a vida do próprio cliente que está em jogo. Para defender a integridade física e psicológica da pessoa que tem pela frente (por exemplo, em casos de suicídio), parece-me válida a quebra da confidencialidade por parte do profissional. Dizer à família do cliente ou outras pessoas significativas que pode estar prestes a ocorrer uma tragédia, pode fazer com que eles próprios ajudem o sujeito, com o seu apoio, a evitar o pior.

Até para a semana. Directo à Questão.

A �tica na avalia��o psicol�gica: uma perspectiva psico-filos�fica

Maria de F�tima Oliveira e Cristina Cam�es

Finalistas da Licenciatura de Psicologia

Publicado no Psicologia.pt a: 2004-01-23 | Idioma: portugu�s | Palavras-chave: �tica, agir humano, pr�tica clinica, acto social, responsabilidade.

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Por que a ética é importante para a prática do profissional de psicologia?
Resumo

Resumo

O objectivo do presente estudo � um convite reflexivo que fazemos aos leitores acerca da �tica na Avalia��o Psicol�gica.
Partindo de Caracteriza��o Geral do termo, definimos o C�digo de �tica profissional, o ideal e a realidade e apresentamos uma breve exposi��o dos motivos para a sua valida��o numa perspectiva psicofilos�fica.
Numa fase posterior do estudo, reflectimos acerca do poder e da influ�ncia que o Profissional de Psicologia exerce nos outros.
A responsabilidade �tica dever� sempre pautar o Profissional de Psicologia em todos os seus procedimentos psicol�gicos especialmente na Avalia��o Psicol�gica.
No entanto, as vari�veis psicossociais e econ�micas s�o intr�nsecas ao Profissional de Psicologia enquanto membro inserido na Sociedade.

�tica � Uma Defini��o Filos�fica e Etimol�gica

A palavra portuguesa deriva de dois termos gregos muito semelhantes no seu significado e pron�ncia. �thos significa h�bito ou costume - entendidos, com uma certa superficialidade, como maneira exterior de comportamento; �thos tem um significado mais amplo e rico: o de lugar ou p�tria onde habitualmente se vive e o car�cter habitual (ou maneira de ser ou at� forma de pensar) da pessoa. Assim, o �tico poderia traduzir-se por modo ou forma de vida, no sentido mais profundo da palavra, compreendendo as disposi��es do homem na vida, o seu car�cter, costumes e, claro, tamb�m a moral.

O tema nuclear da �tica s�o os actos do ser humano, enquanto ser possuidor de raz�o a �tica estuda o Bem e, assim, o seu objectivo � a virtude na condu��o da vida Heinemann formula assim a quest�o central a que esperamos que a �tica responda:
        Que devo escolher?
        H� uma hierarquia de valores? Que esp�cie de homem devo ser? Que devo querer?
        Que devo fazer?"

Ser �tico, � muito mais que um problema de costumes, de normas praticas. Sup�e uma boa conduta das ac��es, a felicidade pela ac��o realizada e a alegria da auto-aprova��o diante do bem feito, no dizer de Arist�teles.

Ao longo da hist�ria humana, v�rios pensadores e doutrinas escreveram e teorizaram sobre �tica...

Sem querer entrar na hist�ria da �tica ao longo do tempo, estas foram algumas das doutrinas filos�ficas e pensadores sobre �tica.

  • S�crates, Plat�o e Arist�teles, Est�icos e Epicuristas.
  • Idade Media
  • Kant
  • Kierkegaard
  • Marx
  • Nietzsche

A caracteriza��o geral de �tica baseia-se nos seguintes pressupostos:

  • Liberdade
  • Conhecimento, consci�ncia
  • O acto Humano
  • A responsabilidade

C�digo de �tica profissional � O ideal e a realidade
Uma breve exposi��o dos motivos para a sua valida��o

S�o estes quatro pressupostos (Liberdade, Conhecimento, Acto Humano e a Responsabilidade) que devem estar intrinsecamente enraizados no profissional que faz da ci�ncia psicol�gica o seu modus vivendi. Abre-se assim, um desafio � psicologia, como ci�ncia que estuda e interpreta o comportamento humano, sujeito, ele mesmo, � complexidade de continuas e profundas transforma��es porque o mundo vive em constantes mudan�as. A cada dia, torna-se mais complicado e dif�cil acompanh�-las devido � velocidade dos acontecimentos e � impossibilidade de se ter uma ideia das significa��es que estas mudan�as representam.

Sendo o Homem um ser de rela��o, sujeito a continuas mudan�as na sua labuta di�ria para ocupar, a cada dia, o espa�o que lhe compete no mundo, e ao mesmo tempo, sendo o Homem o sujeito e o objecto de estudo da psicologia, um c�digo de �tica na Ci�ncia psicol�gica � fundamental para que exista uma uniformiza��o dos actos �ticos na pr�tica profissional do psic�logo.

Dentro desta dimens�o, o C�digo de �tica ser� a condensa��o das reflex�es constantes do ser humano, como sujeito de mudan�as, e por outro lado, a cristaliza��o de normas e condutas comportamentais do agir psicol�gico.

O c�digo de �tica, deve expressar de um lado, a dinamicidade pr�pria da liberdade, do risco e da cria��o, e por outro lado, mostrar um conjunto de comportamentos que seja representativo da realidade social e cultural, com os quais o Homem convive diariamente inserido no meio ambiente em que se move.

O C�digo � a express�o da identidade profissional daqueles que procuram nele, inspira��es, conselhos, normas de conduta... O c�digo � uma resposta, porque encarna uma concep��o da profiss�o, do profissional de psicologia dentro de um contexto social e pol�tico, e confere-lhe um selo de identidade, � o c�digo que confere seriedade ao psic�logo.

O c�digo � um conjunto de princ�pios gerais que fundamentam e ajudam a operacionalizar a pratica psicol�gica (o acto) e sugere normas que explicitam situa��es profissionais, indicando caminhos como solu��es de problemas.

Estas 2 vertentes, retratam uma antiga preocupa��o humana, dividido entre o ideal que deveria gerar ideias ou comportamentos consequentes da realidade e a pr�pria realidade em si, que tem que ser controlada, delimitada, seguida, para que o ideal n�o se perca. �thos, segundo Arist�teles, expressa um-modo-ser, uma atitude ps�quica, aquilo que o homem traz dentro se si na sua rela��o consigo mesmo, com o outro e com o mundo.

�Ser �tico, � muito mais que um problema de costumes, de normas praticas. Sup�e uma boa conduta das ac��es, a felicidade pela ac��o realizada e a alegria da auto-aprova��o diante do bem feito � (Arist�teles).

Neste sentido, o C�digo deve reflectir princ�pios gerais, pressupostos b�sicos que garantam ao agir do profissional, estes elementos de gratifica��o, quando este agir corresponde ao ideal �tico reflectido pelo C�digo.

� esta �tica filos�fica que apela para uma reflex�o, para uma compreens�o das singularidades, � ela que faz um apelo � criatividade humana, � liberdade e � espontaneidade.

� a �tica, que faz o profissional ver o seu cliente/paciente como pessoa, um ser de rela��o com o mundo, um ser singular � procura de uma compreens�o que lhe � pertinente e procura nos profissionais de psicologia uma direc��o para o auto conhecimento, uma ajuda, uma orienta��o.

� esta vis�o de totalidade existencial-filosofica que permite ao profissional de psicologia abrir as �janelas da sua mente� para ver o mundo como uma realidade social, pol�tica, comunit�ria e perca a mesquinhez de ver o indiv�duo no seu imediatismo.

Ser� esta vis�o que o faz transcender do indiv�duo para o grupo, do momento para a hist�ria, de solu��es prec�rias para procuras globais.

O C�digo de �tica tem que ser fiel a esta dimens�o, pois � esta dimens�o da �tica do Homem, da pessoa e n�o do psic�logo. O C�digo � uma �tica para o homem que trabalha na ci�ncia psicol�gica.

O C�digo falhar� se fizer uma �tica para o psic�logo esquecendo-se da �tica do homem.

� esta �tica que faz do psic�logo um profissional enraizado socialmente no mundo visto que uma profiss�o � forte quando a sociedade reconhece a sua import�ncia e esta se revela eficaz na sua implica��o com o contexto social e psicossocial.

Por outro lado, como ci�ncia de costumes, a �tica trata dos deveres sociais do homem e das suas obriga��es na comunidade.

A satisfa��o das aspira��es morais faz parte integrante do conjunto dos desejos humanos, pois nenhuma sociedade ou grupo pode viver fora de qualquer regra ou lei. A vida � uma cont�nua selec��o e cria��o, n�o � apenas um deixar-se viver.

A conduta moral tem como base a disciplina, a adapta��o � vida em grupo e a autonomia da vontade.

Portanto, o C�digo deve reflectir sobre o outro lado do agir humano, reconhecendo simultaneamente a import�ncia do sentimento pessoal perante a norma, a import�ncia de se acreditar num ideal de homem e de vida, permitindo um encontro real entre a norma e o homem, o qual dignifica o seu comportamento.

� importante lembrar que o agir �tico vai alem do pensar bem e honestamente, � a resson�ncia de um mundo individual e pessoal mas exige que a consci�ncia, que � �uma s�ntese em perpetua realiza��o � se manifeste de modo expl�cito atrav�s de ac��es claras e vis�veis.

A �tica n�o pode proporcionar solu��es pr�-fabricadas sem que haja um trabalho interno de cada indiv�duo que se prop�e a agir eticamente.

A busca de uma excel�ncia moral equivale � busca da �tica, na medida em que a cr�tica racional incluir uma cr�tica de seus pr�prios limites ideol�gicos. A no��o de poder estendeu-se do Estado para a sociedade e portanto a no��o de �tica tamb�m se ampliou como espa�o de reflex�o que delimita o uso do poder entre os indiv�duos, e que requer destes um desenvolvimento equilibrado das suas potencialidades humanas.

A �tica � a no��o de limite do poder (controle da informa��o) existente nas ideologias.

A atitude �tica se distancia do poder sobre os outros (e sobre a natureza) e evita ser objecto de qualquer ideologia.

A �tica pressup�e liberdade psicol�gica e desenvolvimento do potencial humano, ou seja, do potencial intuitivo, preceptivo, intelectual e emocional do indiv�duo. Ao justificar sua atitude �tica, no entanto, o indiv�duo comp�e necessariamente uma ideologia sobre a �tica. E novamente corre o risco de ficar prisioneiro das limita��es ideol�gicas e de usar seu discurso como poder sobre outr�m.

Como consequ�ncia desta reflex�o, conclui-se que a �tica � uma atitude sempre transit�ria, que requer do indiv�duo uma liberdade e um desenvolvimento de seu potencial humano maiores, mais profundos do que as atitudes n�o-�ticas ou contr�rias � �tica.

Agir eticamente � arriscar-se a ser humano em um grau mais elevado, a partir do qual � poss�vel perceber as limita��es ideol�gicas e comportamentais dos grupos.

O c�digo de �tica n�o pode ser fruto de uma mera teoriza��o sobre o certo e o errado, mas sim resultar de uma ac��o humana, de uma doutrina, de um sentido pleno de vida e de uma cultura de vida exclusiva da ci�ncia psicol�gica. A �tica � como uma estrada assinalada para ajudar os que querem ir devagar e os que necessitam de pressa para chegar.

Um c�digo de �tica deve juntar os grandes princ�pios te�ricos e a pr�tica do quotidiano, o c�digo � a fonte da reflex�o �tica n�o dissociada da pr�tica profissional. O c�digo de �tica n�o estigmatiza ou define comportamentos padr�es, o c�digo � um conjunto dos princ�pios ideais do agir psicol�gico.

O c�digo de �tica fala de um dever pessoal e de um modo de estar no mundo, evitando-se privilegiar esta ou aquela �rea, de maneira a que a �tica se mantenha fiel � sua voca��o de ser um convite � reflex�o e � descoberta dos valores humanos que devem reger a ac��o dos profissionais de psicologia.

A �tica na Avalia��o Psicol�gica

Debra Luepnitz (1998) chama aten��o a obriga��o moral e �tica que a pr�tica requer: o(a) profissional precisa ter consci�ncia do poder e da influ�ncia que ele/ela exerce sobre a vida do cliente, seja indiv�duo, casal, fam�lia, grupo, institui��o, empresa, comunidade. Uma dessas manifesta��es de poder � a forma como utilizamos o diagn�stico. Essa autora ressalta a import�ncia de ampliarmos as considera��es etiol�gicas de forma a incluir o social. Vari�veis como sexo, situa��o s�cio-econ�mica, estado civil, ra�a, etc. geram varia��es diagn�sticas que n�o podem permanecerem ignoradas. Russo (1990) aponta, por exemplo, que homens solteiros, separados e divorciados s�o admitidos com mais frequ�ncia nos servi�os de sa�de mental do que mulheres nas mesmas condi��es. A autora ressalta ainda pesquisas americanas que mostram claramente diferen�as de g�nero na frequ�ncia e no padr�o de doen�as: enquanto mulheres recebem com mais frequ�ncia o diagn�stico de depress�o major, fobias simples, somatiza��o, etc. homens recebem com mais frequ�ncia diagn�stico de depend�ncia qu�mica e personalidade anti-social. Chamamos a aten��o em trabalho anterior (Diniz, 1999) sobre o estado rudimentar da an�lise de g�nero neste campo, como um dos factores que dificulta a constru��o de um panorama da condi��o de sa�de mental de homens e mulheres.

O reconhecimento da import�ncia dos profissionais estarem conscientes dos valores, cren�as, preconceitos, julgamentos que afectam a formula��o de perguntas, a constru��o de hip�teses, o planeamento de interven��es, levou um grupo de terapeutas de fam�lia a proporem directivas para uma pr�tica contextualizada, ou seja, que leve em considera��o o impacto da socializa��o de g�nero, classe, ra�a, cultura sobre o funcionamento das pessoas.

Marianne Walters, Peggy Papp, Olga Silverstein, e Betty Carter(1988) oferecem para reflex�o as seguintes sugest�es:

  1. A(o) profissional precisa estar atenta(o) para identificar os construtos sociais e as mensagens de g�nero que condicionam o comportamento e os pap�is sociais e para reconhecer as maneiras distintas com que homens e mulheres s�o ensinados a lidarem e a experi�nciarem rela��es �ntimas. Isto implica numa sensibilidade para as manifesta��es do condicionamento de g�nero nas posturas pessoais, nas interac��es di�rias e na capacidade de questionarmos atitudes, valores e comportamentos "normais" que foram objectivados pela sociedade.

    A(o) profissional precisa estar preparada(o) para reconhecer que as mulheres s�o socializadas para assumir a responsabilidade principal pela vida s�cio-afetiva da fam�lia e para afirmar valores e comportamentos caracter�sticos do desempenho desse papel, tais como a habilidade de cuidar, conectar e demonstrar emo��es. Isto implica no reconhecimento da dificuldade de lidar com express�es de raiva e descontentamento ou de necessidades e desejos por parte da mulher; no reconhecimento dos dilemas e conflitos que envolvem o gerar e o criar filhos na sociedade contempor�nea; no apoio para possibilidades de crescimento da mulher fora do casamento e da fam�lia;

  2. Finalmente, a(o) profissional � convidada(o) a considerar o seguinte princ�pio b�sico: nenhuma interven��o est� livre de valores associados a g�nero e cada palavra e ac��o da(o) terapeuta ter� um significado especial para cada sexo. A pr�tica cl�nica � portanto, um acto social, que n�o pode ser separado das quest�es sociais que o circundam.

Por que a ética é importante para a prática do profissional de psicologia?

Fluxograma que ilustra os principais aspectos da decis�o m�dica (Riis, 1982).

No contacto efectuado entre o doente e o psic�logo, este colhe informa��o julgada necess�ria para a poder comparar com o saber j� existente e a sua pr�pria experi�ncia, tenta classificar o caso cl�nico e estabelecer um diagn�stico. Nesta fase do processo o m�dico interrogar-se-� sobre a fidedignidade do diagn�stico. Inicia-se desta forma o primeiro processo de decis�o. Se o cl�nico p�e em d�vida a precis�o do diagn�stico, recome�ar� o processo de colheita de dados, provavelmente tentando colher mais sinais e sintomas, mais informa��o sobre a hist�ria familiar, repetindo ou solicitando novos exames complementares. Todo este processo se repetir� at� que o m�dico considere o diagn�stico fidedigno. Se por vezes este processo � relativamente f�cil, por vezes torna-se um verdadeiro pesadelo com a repeti��o sucessiva desta fase de avalia��o.

Dentro da ci�ncia psicol�gica existem v�rias correntes te�ricas que pontuam t�cnicas diferentes de trabalho: a Cognitiva/Comportamental; Psicanal�tica; Existencialista, etc.

Uma caracter�stica comum no tratamento psicol�gico � o trabalho do uso da palavra e sem recurso a f�rmacos. Nos casos mais graves onde � necess�rio o uso de f�rmacos, este trabalho � exercido em parceria com um psiquiatra.

A diferencia��o entre as �reas � muito mais ampla do que este resumo, no entanto gostar�amos de salientar a �tica e a seriedade do profissional, embora todos os psic�logos utilizem t�cnicas diferentes, todos actuam sobre a dor humana.

A vida ps�quica do ser humano � bastante s�ria, e um dos cuidados importantes que os profissionais t�m que ter na sua avalia��o, � ver se o paciente tem recursos ps�quicos para resolver as suas dores, tristezas, etc., ou se o paciente necessita de f�rmacos.

Isto pressup�e da parte dos profissionais da Psicologia um comportamento �tico de n�o olhar o paciente como uma fonte de rendimento, mas sim como um ser humano.

A Compet�ncia e a �tica na Avalia��o Psicol�gica

Como articular a l�gica dos tempos e a �tica na avalia��o psicol�gica com os crit�rios institucionais, burocr�ticos, e economicistas, efic�cia e produtividade administrativas que apenas valorizam o n�mero de sujeitos observados por dia?

O reconhecimento dos limites da sua compet�ncia (e das suas t�cnicas) exige do psic�logo um esfor�o cont�nuo ao n�vel da forma��o te�rica e pr�tica que s�o cada vez mais especializadas. Uma adequada prepara��o � condi��o sine qua none do exerc�cio de uma actividade eminentemente t�cnica como � o caso da avalia��o psicol�gica.

Por isso, a actualiza��o profissional ao n�vel dos conhecimento cient�ficos, dados de investiga��o e saber � fazer particulares � nomeadamente ao n�vel da familiariza��o com v�rias t�cnicas e instrumentos espec�ficos ou objectos de estudos mais recentes, respectivas potencialidades e limites interpretativos s�o objecto de uma exig�ncia �tica elementar.

A quest�o que se coloca � a de saber onde se encontram estas possibilidades de qualifica��o e actualiza��o relativamente ao desenvolvimento mais recentes.

Ao n�vel de cursos de p�s gradua��o, de cursos t�cnicos, especializados ou mestrados, as iniciativas s�o manifestamente isoladas e em n�mero reduzido. A pr�pria forma��o (no que diz respeito ao contacto com materiais e ao treino supervisionado de aplica��o, cota��o de instrumentos, e interpreta��o de resultados, ou dos novos desenvolvimentos te�ricos e metodol�gicos na valida��o dos instrumentos), ministrada pelas v�rias institui��es de Ensino Superior parece ser relativamente reduzida na maior parte dos casos, sobretudo se tivermos em conta o n�mero cada vez maior das situa��es e contextos nos quais � solicitada a avalia��o psicol�gica.

O ensino espec�fico da avalia��o psicol�gica � dom�nio onde se verifica uma cada vez maior especializa��o um crescente alargamento a novas �reas e uma diversifica��o dos m�todos deve constituir uma tarefa e uma preocupa��o fundamentais das institui��es de forma��o em Psicologia, de modo a evitar, na medida do poss�vel a prolifera��o de pr�ticas discut�veis.

Neste contexto a forma��o dos psic�logos deve incluir uma sensibiliza��o para a import�ncia da dimens�o �tica e moral, na presta��o dos v�rios tipos de servi�os espec�ficos associados � avalia��o psicol�gica.

Necessidade de uma �tica na Avalia��o Psicol�gica

Em suma, conv�m reconhecer a exist�ncia de uma �tica na avalia��o psicol�gica, esta sup�e:

  • O reconhecimento e identifica��o da especificidade da avalia��o psicol�gica e da sua necessidade e utilidade para melhor compreender, julgar e tomar decis�es.
  • Uma atitude e um movimento de questionamento permanente onde o formular de interroga��es acerca do sentido, valores, princ�pios e imperativos a que deve obedecer a conduta da avalia��o psicol�gica.
  • A renuncia �s explica��es hegem�nicas e omnipotentes, subjacentes � ideia de possibilidade de um conhecimento total acerca do sujeito que � objecto de avalia��o psicol�gica. Neste contexto conv�m relembrar que a avalia��o psicol�gica n�o de esgota numa racionalidade t�cnico/ cient�fica e pr�tica.
  • Importa estar consciente de que o esfor�o constante na delimita��o de Princ�pios e de valores da conduta profissional dos psic�logos prolonga-se numa melhor fundamenta��o ao n�vel das teorias e dos modelos na avalia��o psicol�gica, nesta linha os princ�pios �ticos e morais devem ser igualmente procurados fora da psicologia (Kendler, 1993; Prilleltensky, 1994).
  • O exame constante do modo como o psic�logo produz-constr�i as suas observa��es e toma decis�es acerca do(s) sujeito(s), exige uma grande aten��o aos seus sentimentos para com o Outro e um trabalho permanente de reflex�o pessoal (auto-avalia��o, introspec��o e auto-conhecimento), sobre os fundamentos, valor e sentido dos seus actos.
  • Os psic�logos s�o respons�veis pelas consequ�ncias do seu trabalho e pelas suas poss�veis implica��es �ticas e, nesta linha s�o cada vez mais obrigados a uma fundamenta��o cient�fica, objectiva e pormenorizada na sua pr�tica profissional.

Finalizando, � importante dizer que n�o foi nossa inten��o apresentar respostas para as muitas quest�es e dilemas na avalia��o psicol�gica, mesmo porque vivemos num contexto social que nega a exist�ncia de respostas �nicas ou de verdades transcendentes.

Cada um de n�s independentemente da ra�a, sexo, valores culturais, posi��o social, processo de matura��o, est� diante do desafio de encantar respostas e/ou formular novas quest�es, num processo interactivo com os nossos colegas de profiss�o.

�Sei que muito mais poderia ser dito sobre cada um dos t�picos que abordei aqui...O objectivo nunca foi entregar uma reflex�o pronta mas abrir um espa�o que torna poss�vel um olhar novo ...uma pr�tica diferente...� (Kappeler; Lather; 1992)

Bibliografia consultada e citada

Roland Doron e Fran�oise Parot � Dicion�rio de Psicologia, Climepsi Editores.
Actas do Col�quio Europeu de Psicologia e �tica: 117-126
Kappeler; Lather, 1992
Kendler � 1993, Prilleltersky, 1994
PG Durozoi e A. Roussel � Dicion�rio de Psicologia
Marianne Walters, Peggy Papp, Olga Silverstein, e Betty Carter (1988)
C�digo Geral de �tica (1995) da Federa��o Europeia de Associa��es de Psic�logos (FEAP)
Riis, 1982
Diniz, 1999
Russo, (1990)
Debra Luepnitz, (1998)

A ética do psicólogo diz que ele deve exercer a profissão promovendo o respeito e a liberdade. Afinal, ela se baseia no cuidado com a saúde mental, portanto, é um princípio bem importante.

Por que a ética é importante para o profissional?

Qual é a importância da ética profissional? A ética no ambiente profissional ajuda a garantir o bom andamento das atividades e é propícia à criação de um clima organizacional saudável e harmonioso. Desta forma, estabelece-se mais confiança entre os colaboradores, o que contribui para aumentar a produtividade.

Por que a ética é tão importante?

A ética é importante e essencial para que haja equilíbrio em uma sociedade porque nos ensina a refletir sobre nossas ações, se seguimos as regras e normas necessárias para o bom convívio em sociedade, se respeitamos o outro, se somos honestos, íntegros e justos, se fazemos aquilo que é correto mesmo quando ninguém está ...

Quais são as éticas da psicologia?

Respeitar e promover a liberdade. ... .
Promover saúde e qualidade de vida. ... .
Exercitar a responsabilidade social. ... .
Universalizar o acesso da população às informações. ... .
Rejeitar situações em que a Psicologia esteja sendo aviltada. ... .
Eliminar opressão, exploração e violência. ... .
Analisar criticamente a realidade. ... .
Aprimorar-se continuamente..