Porque o Egito na Antiguidade pode ser considerado uma civilização hidráulica?

No processo de formação das primeiras civilizações, a região do Crescente Fértil foi um importante espaço, na qual a relação de dependência do homem em relação à natureza diminuía e vários grupos se sedentarizavam. A domesticação de animais, a invenção dos primeiros arados, a construção de canais de irrigação eram exemplos de que a agricultura viria a ocupar um novo lugar no cotidiano do homem. Mais do que isso, todo esse conhecimento foi responsável pela formação de amplas comunidades.

Entre todas essas civilizações, o Egito destacou-se pela organização de um forte Estado que comandou milhares de pessoas. Situada no nordeste da África, a civilização egípcia teve seu crescimento fortemente vinculado aos recursos hídricos fornecidos pelo Rio Nilo. Tomando conhecimento do sistema de cheias desse grande rio, os egípcios organizaram uma avançada atividade agrícola que garantiu o sustento de um grande número de pessoas.

Além dos fatores de ordem natural, devemos salientar que a presença de um Estado centralizado, comandado pela figura do Faraó, teve relevante importância na organização de um grande número de trabalhadores subordinados ao mando do governo. Funcionários eram utilizados na demarcação de terras e cada camponês era obrigado a reservar parte da produção para o Estado. Legumes, cevada, trigo, uva e papiro estavam entre as culturas mais comuns neste território.

Observando as grandes construções e o legado do povo egípcio, abrimos caminho para um interessante debate de cunho histórico. Tomando como referência as várias descobertas empreendidas no campo da Astronomia, Matemática, Arquitetura e Medicina, vemos que os egípcios não constituíram simplesmente um tipo de civilização “menos avançado” que o atual. Afinal de contas, contando com recursos tecnológicos bem menos avançados, eles promoveram feitos, no mínimo, surpreendentes.

Por Rainer Sousa
Mestre em História

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Porque o Egito na Antiguidade pode ser considerado uma civilização hidráulica?

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Agora que já temos algum conhecimento sobre as características do que é uma civilização, vamos nos dedicar ao estudo de duas grandes sociedades da Antiguidade: o Egito e a Mesopotâmia.

Para lembrar -- Civilização:

conjunto de aspectos peculiares à vida intelectual, artística, moral e material de uma época, de uma região, de um país ou de uma sociedade.


Em primeiro lugar, é importante perceber que esses dois povos dependiam muito dos rios, uma vez que a agricultura era fundamental para a vida. Ou seja: ou eles plantavam e colhiam para sobreviver ou as coisas ficariam ruins. Na História, quando alguma civilização depende essencialmente da água de rios (ou floresce próximo aos rios) recebe o nome de sociedade hidráulica. Tanto o Egito quanto a Mesopotâmia são, então, sociedades hidráulicas.

Para o Egito, localizado ao norte do continente africano, o rio mais importante era o Rio Nilo. Já para a Mesopotâmia, localizada onde hoje é o Iraque, dois rios eram fundamentais: o Rio Tigre e o Rio Eufrates. Agora vamos ver alguns detalhes de cada civilização:

Mesopotâmia

Por volta de 6500 a.C. surgiram as primeiras aldeias próximo dos rios Tigres e Eufrates porque, como já vimos, ali a agricultura era mais fácil. Para melhorar ainda mais a colheita, muitas obras de irrigação era feitas. Isso acontecia porque facilitava e ampliava a área de agricultura. Ao mesmo tempo em que essas áreas eram ampliadas, várias cidades iam crescendo ao seu redor. É fácil entender isso; basta pensar que onde há possibilidade de existir comida com mais fartura é onde as pessoas vão querer morar.

Os povos que começaram a fundar cidades próximas aos rios também desenvolveram outras coisas. Um desses grupos, os sumérios, teria desenvolvido uma das formas mais antigas de escrita que se conhece: a escrita cuneiforme

Porque o Egito na Antiguidade pode ser considerado uma civilização hidráulica?

Quer saber como fica seu nome em monogramas cuneiformes? Clique aqui e siga as orientações que coloquei abaixo:

Porque o Egito na Antiguidade pode ser considerado uma civilização hidráulica?


1. no primeiro campo, onde aparece escrito em inglês "Type your full name", digite o seu nome completo;
2. no segundo campo, onde aparece escrito em inglês "Type your initials", digite as letras inciais do seu nome e sobrenome. No meu caso, digitei as letras LFN, de Luiz Fernando Nunes;
3. Clique no botão vermelho, "Inscribe".
O resultado aparecerá em outra tela.

Atribui-se, também, aos sumérios a criação da escrita cuneiforme, uma das mais antigas formas de escrita que se conhece. A utilização da escrita demonstra a complexidade que a sociedade mesopotâmica estava atingindo. O comércio e a contabilidade de bens foram os primeiros registros que a escrita cuneiforme anotou.

As cidades sumerianas eram independentes umas das outras, possuindo leis e governos próprios. Mas foi a rivalidade entre elas, pelo maior controle sobre as terras férteis às margens dos rios, que as enfraqueceu, possibilitando que vários povos vindos de fora as conquistassem. Dentre esses povos, podemos destacar os babilônicos, cujo rei Hamurabi reinou durante a primeira metade do século XVIII (18) a.C. Seu maior legado para a humanidade foi o Código de Hamurábi, um dos primeiros códigos de leis escrito na História, também conhecido como Lei de talião, pois as punições para os crimes eram muito rigorosas ("olho por olho, dente por dente").

Egito

O Egito se desenvolveu às margens do Rio Nilo. As primeiras populações fixaram-se em aldeias agrícolas, que aos poucos formaram pequenas cidades-Estado, chamadas nomos, administradas pelos nomarcas, a primeira elite egípcia. Como a agricultura era difícil por causa, dentre outras coisas, do deserto, os nomos acabaram se unindo com o passar do tempo dando origem a dois reinos: o do Norte (Baixo Egito) e o do Sul (Alto Egito). De acordo com a tradição, o rei Menés teria unificado ambos os reinos por volta do ano 3.000 a.C., tornando-se o primeiro faraó (título do rei egípcio), ou como se dizia na época "o senhor das duas terras", inaugurando assim a primeira dinastia do Egito.
A unificação garantiu a centralização política e administrativa dos vários nomos egípcios, o que facilitou a organização eficaz do trabalho da sociedade nas obras públicas, para manter o controle das águas e a construção de sistemas de irrigação do solo, garantindo a ampliação da agricultura e da pecuária, levando ao crescimento das cidades.

A civilização egípcia desenvolveu-se às margens do rio Nilo, ocupando uma faixa de terra cuja largura media entre 10 e 20 quilômetros e que se estendia por cerca de mil quilômetros. Era extremamente dependente do rio, tanto para a manutenção das atividades agrícolas e a pecuária, como para o transporte de mercadorias e comunicação entre as diversas cidades. Tão apropriada era a navegação entre as várias regiões banhadas pelo Nilo, que os egípcios não precisaram construir estradas.

Reservatórios no rio Nilo

O controle das cheias do rio foi condição essencial para o desenvolvimento da civilização na região, pois o seu leito não era suficiente para conter as águas que corriam do interior da África em direção ao mar Mediterrâneo, inundando a região entre julho e setembro. Assim, às margens do Nilo foram construídos reservatórios, a fim de reter as águas que seriam utilizadas - por meio de canais de irrigação - no tempo de escassez das chuvas para a agricultura, a pecuária e o consumo humano.
Com o retorno das águas ao leito do rio (entre dezembro e maio), ficava armazenado nas margens um precioso fertilizante, o húmus, que permitiu o surgimento de uma agricultura de alta produtividade.
Artesanato e cultura

O artesanato era muito importante. Utilizaram o linho e o couro de animais, confeccionaram cerâmicas. Como o ciclo agrícola era de seis meses (plantio e colheita), o restante do tempo era aproveitado nas atividades artesanais, na construção e conservação dos canais de irrigação e dos reservatórios e na construção das obras públicas.

O papiro, matéria-prima utilizada na fabricação de papel, era abundante às margens do Nilo. Realizada pelos escribas, a transcrição nos papiros de fatos da história, do dia a dia do governo e das questões religiosas acabou se transformando em importante fonte histórica para a reconstrução da civilização egípcia, depois que os arqueólogos modernos conseguiram decifrar os hieróglifos.

Divisão social do Egito Antigo

Nos 3 mil anos do Egito dos faraós, a estrutura social pouco se alterou. Na base estavam os escravos, quase todos de origem estrangeira e em número reduzido, mas principalmente os camponeses livres, a maioria da população, que viviam nas aldeias e tinham de pagar diversos tributos ao Estado e aos templos. Havia uma camada intermediária representada pelos artesãos urbanos. A classe dominante era formada pelo faraó - adorado como um deus e exercendo também o poder militar, civil e judiciário - e sua família, pelos sacerdotes, militares e altos funcionários do Estado, dentre eles os escribas e os nomarcas.

A religião

A vida dos egípcios estava marcada pela religião e seus deuses. A crença em uma vida após a morte acompanhava o egípcio durante toda a sua existência. Dessa forma, a construção de grandes túmulos, onde estavam acumulados tesouros e objetos de uso pessoal do morto, servia para que, depois da vida, ele mantivesse a mesma condição material.

O politeísmo da religião egípcia, ou seja, a crença em várias deuses, foi brevemente interrompido pela instituição do monoteísmo (crença em apenas um deus) pelo faraó Amenófis 4º (1380-1362 a.C.), que mudou seu nome para Akenaton e divulgou o culto ao deus Aton. Além de razões religiosas, o faraó também pretendia diminuir os poderes do clero, enriquecido pelo pagamento de tributos, e que exercia enorme influência política.

ATIVIDADES

(faça no seu caderno, logo após colar esta folha)

1. Identifique no texto uma fonte histórica muito importante deixada pela civilização egípcia.
2. Você não encontrou neste texto nenhuma menção às pirâmides egípcias, mas elas são uma característica também importante daquela civilização. Faça uma pequena pesquisa e descubra qual era a utilidade das pirâmides para os egípcios.
3. Pesquise qual é o significado da palavra “mesopotâmia”.
4. Qual é considerado o mais antigo código de lei da humanidade?
5. Por que leis escritas são importantes para as civilizações?

Componente do currículo mínimo: Civilizações da Antiguidade – Egito e Mesopotâmia
Folha 17 - 6º ano
Conteúdo de reposição

Por que o Egito foi considerada uma civilização hidráulica?

O Egito e a Mesopotâmia constituíram-se em duas civilizações que se desenvolveram com relações íntimas com os rios de seus respectivos territórios. Cada qual em sua região, a vida de suas comunidades foi toda planejada e dependente das variações de seus rios.

O que é uma civilização hidráulica?

A expressão civilizações hidráulicas se refere às civilizações antigas da Mesopotâmia e do Egito e está relacionado ao sistema concebido por Karl August Wittfogel da hipótese causal hidráulica e do modo de produção asiático, que é baseado na teoria marxista.

Por que as civilizações da Antiguidade receberam o nome de hidráulicas?

O que foram as civilizações hidráulicas? As civilizações hidráulicas são aquelas que se desenvolveram na Antiguidade (aproximadamente entre 3.000 a.C. e 1.000 a.C.) nas margens de rios. Possuem algumas características econômicas, políticas e sociais em comum.

Por que o Egito antigo está classificado como uma civilização antiga do Crescente Fértil e hidráulica?

Ela leva este nome porque, localizada entre os rios Tigre, Eufrates, Jordão e Nilo, tem um formato que se assemelha ao de uma lua crescente. Foi nessa região que se desenvolveram as primeiras populações sedentárias da humanidade, que passou pela revolução agrícola e, posteriormente, pela revolução urbana.