Qual a importância do Modernismo dentro da nossa literatura brasileira?

Modernismo ou Movimento Moderno foi um movimento artístico e cultural que surgiu no começo do século XX, e seu objetivo era quebrar com o "tradicionalismo" da época, experimentando novas técnicas e criações artísticas.

O modernismo ficou marcado por transformações vertiginosas e caóticas, além da efemeridade e sensação de fragmentação da realidade. Os artistas modernistas sentiam a necessidade de mudar o meio em que viviam, experimentando novos conceitos.

Acreditava-se que as formas “tradicionais” das artes plásticas, design, literatura, música e cinema estava totalmente ultrapassadas. Devia-se “criar” uma nova cultura, com o objetivo de transformar as características culturais e sociais já estabelecidas, substituindo-as por novas formas e visões.

Os artistas modernos, a partir dessas novas formas artísticas que se estabeleciam, desenvolviam as suas técnicas de criação e reprodução, fazendo surgir subjetivamente uma nova forma de pensar o sistema vigente. O modo de pensar e o posicionamento do artista perante os processos da modernidade (a mudança, a efemeridade e a fragmentação), eram de extrema importância para a formação de uma estética modernista.

Características do Modernismo

  • Libertação da estética
  • Quebra com o Tradicionalismo
  • Liberdade para experimentações
  • Liberdade formal (versos livres, abandono das formas fixas, ausência de pontuação e etc)
  • Linguagem com humor
  • Valorização do cotidiano

Modernismo no Brasil

No Brasil o Modernismo foi um movimento de grande importância, pois os artistas brasileiros ansiavam por uma libertação estética, ou seja, deixar de "sugar" as vanguardas que surgiam na Europa e criar um modelo novo e independente de arte.

O ponto de partida do Modernismo no Brasil é considerado a Semana de Arte Moderna, que aconteceu em entre os dias 11 e 18 de fevereiro 1922, em São Paulo.

Também conhecida por "Semana de 22", o evento era formado por um grupo de intelectuais que buscavam o rompimento com o "antigo", trazendo influências das vanguardas europeias com o intuito de criar um novo modelo.

Entre os principais artistas representantes e que participaram da Semana de Arte Moderna estão: Graça Aranha, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti Del Pichia, Anita Malfatti, Heitor Villa-Lobos, Tácito de Almeira, Di Cavalcanti, entre outros.

O Modernismo no Brasil é marcado por três principais momentos.

Primeira fase do Modernismo

Também conhecida como "Fase Heroica", teve início com a Semana de Arte Moderna, em 1922, e ficou registrado como um momento para renovações da estética.

Os artistas se inspiravam nas vanguardas que surgiam na Europa. Esta fase também ficou conhecida por causa da formação de importantes grupos modernistas, como o Movimento Antropófago (1928-1929) e o Manifesto Regionalista (1926).

Entre os artistas que se destacam nesta fase, estão: Oswald de Andrade (1890-1954), Mário de Andrade (1893-1945) e Alcântara Machado (1901-1935).

A primeira fase do Modernismo durou oito anos, entre 1922 e 1930.

Segunda fase do Modernismo

A "Fase de Consolidação", como também é chamada a segunda fase do Modernismo brasileira, tem como característica a exploração por temas nacionalistas e regionalistas. As obras artísticas do movimento moderno passam por um amadurecimento

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), Raquel de Queiroz (1902-2003), Jorge Amado (1912-2001), Cecícila Meireles (1901-1964), Vinícius de Moraes (1913-1980) e Érico Veríssimo (1905-1975) são alguns dos destaques desta fase.

A segunda fase do Modernismo teve a duração de 15 anos, entre 1930 e 1945.

Terceira fase do Modernismo

Esta fase é motivo para muitos conflitos entre os estudiosos. Alguns defendem-na como fase "Pós-Modernista", considerando o seu término nos anos 1960, no entanto existem outras teorias que dizem que seu fim foi nos anos 80, e há ainda quem considera a terceira fase do Modernismo ainda presente nos dias atuais.

Como principal característica desta período está o predomínio e diversidade da prosa (intimista, regionalista, urbana e etc). Outro destaque foi a formação do grupo "Geração de 45", que tentava produzir uma poesia mais neutra, com tons sérios, sendo chamados de "neoparnasianos" (vanguarda clássica que era rejeitada pelos modernistas).

Nesta fase, destacam-se: Clarice Linspector (1920-1977), Ariano Suassuna (1927-2014) e Guimarães Rosa (1908-1967).

Veja também os significados de Vanguarda e Iluminismo.

O Modernismo Brasileiro teve sua culminância com a Semana de Arte Moderna, entretanto, as ideias modernistas já rondavam o país muito antes da Semana de 1922.  O desejo de mostrar um Brasil de verdade, com suas favelas, seu povo sofrido, marginalizado, sem os idealismos românticos, começou em 1902 com a obra “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, que descreveu a Guerra de Canudos. Em 1911, “Triste fim de Policarpo Quaresma” de Lima Barreto, de forma crítica, mas bem-humorada, trouxe a temática do nacionalismo. Já em 1910, Monteiro Lobato apareceu mostrando o Brasil de Jeca Tatu e do Sítio do Pica-pau amarelo.

Na Europa, no início do Século XX, as vanguardas traziam um novo conceito de arte. Esse novo conceito começou a chegar ao Brasil através dos intelectuais que viajaram para lá. Em 1912, por exemplo, Oswald de Andrade fez sua primeira viagem pela Europa e impressionou-se com um movimento denominado Futurismo de Marinetti. Retornando ao Brasil, escreveu “Último passeio de um tuberculoso, pela cidade, de bonde.” O poema não teve boa aceitação por parte do público, o que fez com que seu autor o eliminasse.

As artes plásticas tiveram uma participação de destaque no Modernismo, em 1913, com a exposição expressionista de Lasar Segall, e, em 1917, com a primeira exposição de Anita Malfatti.

A exposição de Anita Malfatti foi tão importante para o Modernismo Brasileiro que, para alguns, o modernismo iniciou no Brasil com essa exposição e foi concluído na Semana de Arte Moderna.

O conhecimento das correntes de vanguarda e o desejo de concretizar uma arte moderna brasileira, valorizando o nacional e eliminando as imitações europeias, possibilitaram o início do Modernismo no Brasil.

O Modernismo Brasileiro foi dividido em três fases. Acompanhe suas características a seguir:

1ª fase (de 1922 a 1930)

Em seu início, os Modernistas eram contra tudo o que estava instituído. A Semana de Arte Moderna sintetizou bem esse caráter da 1ª fase, apresentando polêmica, originalidade e deboche. Segundo Mário de Andrade, os modernistas não sabiam definir o que queriam, mas sabiam o que não queriam. E o que eles não queriam? Continuar com o modelo do tradicionalismo cultural, que vinha vigorando no Brasil nas escolas literárias que antecederam o Modernismo. Eles queriam romper com os paradigmas (modelos) impostos.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Nessa fase, os temas nacionais eram frequentes e a vida em seu cotidiano extremamente valorizada. Além disso, a Literatura fugia da linguagem culta, aproximando-se da linguagem popular.

Principais representantes: Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Alcântara Machado, Graça Aranha.

2ª fase (1930)

Nessa fase, a literatura veio mais amadurecida, sem os excessos que marcaram a Semana de Arte Moderna. A arte era engajada e buscava refletir a realidade brasileira. A linguagem manteve-se próxima da popular e as obras apresentaram-se em prosa e poesia. Esta privilegia o sentimento humano, enquanto aquela, a crítica social. 

Principais representantes: Os principais nomes da prosa são: Jorge Amado, Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos, José Lins do Rego e Érico Verissimo. Na poesia: Cecília Meireles, Vinicius de Moraes, Jorge de Lima, Murilo Mendes.

3ª fase (1945)

A terceira fase do Modernismo foi marcada pela liberdade. Os artistas dessa época não queriam estar obrigados a nada. Abandonaram os ideais da Semana de Arte Moderna, portanto, não se obrigavam a aproximar sua obra da realidade brasileira, nem queriam ser obrigados a aproximar a linguagem com a popular. Nessa fase, seus representantes buscavam refletir a psicologia humana. 

Principais representantes: Clarice Lispector, Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto, Vinicius de Moraes.

*Crédito da Imagem: neftali / Shutterstock


Videoaulas relacionadas:

Qual a importância do Modernismo para a literatura?

O movimento artístico, cultural e literário tem seu marco oficial com a Semana de Arte Moderna de 1922. O objetivo do movimento modernista era romper com o tradicionalismo e se livrar dos paradigmas e das regras sobre como fazer arte que prevaleciam no momento.

Qual a importância do Modernismo para os dias atuais?

Algumas características presentes na literatura brasileira atual é resultado do movimento modernista, principalmente em relação à liberdade de expressão. Outras práticas como o uso de uma linguagem simples (coloquial), criação de versos livres e a valorização de fatos cotidianos são heranças importantes do período.

Qual foi a escola literária Modernismo e qual sua importância para literatura brasileira?

O Modernismo foi criado no período compreendido entre 1922 a 1930 e teve início com o marco da Semana de Arte Moderna em fevereiro 1922, no teatro Municipal de São Paulo e pretendia fazer com que a população, de modo geral, tomasse consciência da realidade brasileira.

Qual a importância do movimento modernista brasileiro para a vida cultural dos brasileiros?

O modernismo brasileiro foi um movimento cultural e artístico que teve um grande impacto na cultura nacional, sobretudo nas áreas da literatura e das artes plásticas. Alguns dos seus traços principais reformularam profundamente o modo de pensar a criação e de encarar a sociedade, influenciando as gerações futuras.