Qual foi o impacto das decisões do Congresso de Viena para a França?

Ficou conhecido como “Congresso de Viena” a cimeira de embaixadores de diversos países da Europa que teve a sua sessão de abertura a 1 de novembro de 1814 e decorreu na capital da Áustria até junho do ano seguinte.

O seu principal objetivo era o de definir um novo equilíbrio político europeu, após a rendição de Napoleão e o fim de um longo período de guerras e de tensão na Europa que se seguiu à Revolução Francesa.

Os principais atores do Congresso eram, naturalmente, as grandes potências vencedoras que formavam a chamada Sexta Coligação, ou seja, a Grã-Bretanha, a Áustria, a Prússia e a Rússia, mas praticamente todos os estados europeus enviaram uma delegação a Viena para acompanhar o processo. A representação portuguesa foi chefiada por Pedro de Sousa Holstein, futuro duque de Palmela. Os trabalhos decorreram ao nível formal, com reuniões e receções oficiais entre diplomatas, mas também a um nível informal, nos corredores, nos salões de dança e nos banquetes.

  • Que decisões saíram do Congresso?

O Congresso de Viena destinou-se, essencialmente, a reverter as alterações causadas pelo governo de Napoleão, com a restauração de diversas monarquias e o regresso ao poder de várias casas reais. Houve acertos de fronteiras e de territórios, desde a Europa Central à Itália, Prússia e Polónia.

A França perdeu os territórios conquistados por Napoleão e a Grã-Bretanha conseguiu garantir a hegemonia nos territórios ultramarinos, nomeadamente nas Caraíbas e na Ásia. É interessante verificar que a França esteve presente na cimeira e, apesar de inicialmente ter sido excluída das negociações, conseguiu manobrar nos corredores de forma a ter uma voz ativa e presente nas decisões mais importantes.

O texto final, a Ata do Congresso, foi assinado a 9 de junho de 1815. É de assinalar o facto de os trabalhos terem decorrido ao mesmo tempo que Napoleão regressava do exílio em Elba e enfrentava novamente a Europa. A célebre batalha de Waterloo, que selou definitivamente a sua derrota, teve lugar 9 dias depois do encerramento do Congresso.

  • Que impacto teve este encontro?

O Congresso de Viena traçou as linhas do tabuleiro político da Europa da primeira metade do século XIX.

Teve o grande mérito de conseguir obter a paz mediante o acordo entre as diversas potências, incluindo o país vencido, no que constituiu um assinalável sucesso da diplomacia. No entanto, as expectativas da cimeira eram limitadas e não correspondiam a uma resposta para os novos desafios do século XIX.

Uma vez que envolveu a vitória das monarquias europeias sobre a França revolucionária, correspondeu, portanto, a um reforço dos modelos políticos tradicionais, ou seja, das monarquias absolutistas, rejeitando os princípios do liberalismo emergente e preconizando o regresso à velha ordem social e política do século XVIII. Desse modo, não resolveu a questão dos nacionalismos europeus, que vieram a despontar por toda a Europa pouco depois e que viriam a marcar e a definir toda a história europeia do século XIX.

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Qual foi o impacto das decisões do Congresso de Viena para a França?

Mapa da Europa após o Congresso de Viena.

O Congresso de Viena foi uma conferência entre embaixadores das grandes potências europeias que aconteceu na capital austríaca, entre setembro de 1814 e junho de 1815, cuja intenção era a de redesenhar o mapa político do continente europeu após a derrota da França napoleônica na primavera anterior. Este congresso pretendia também restaurar os tronos das famílias reais derrotadas pelas tropas de Napoleão (como a restauração dos Bourbons).[1]

Os termos de paz foram estabelecidos com a assinatura do Tratado de Paris (30 de maio de 1814),[2] em que se estabeleciam as indemnizações a pagar pela França aos países vencedores. Mesmo diante do regresso do imperador Napoleão I do exílio, tendo reassumido o poder da França em Março de 1815, as discussões prosseguiram. O Ato Final do Congresso foi assinado nove dias antes da derrota final de Napoleão na Batalha de Waterloo em 18 de junho de 1815.[3]

Objetivo[editar | editar código-fonte]

O objetivo foi reorganizar as fronteiras europeias a fim de resgatar os limites territoriais e geográficos anteriores à Revolução Francesa, sistematicamente alteradas pelas conquistas de Napoleão, e restaurar a ordem absolutista do Antigo Regime. Após o fim da época napoleônica, que provocou mudanças políticas e econômicas em toda a Europa, os países vencedores (Áustria, Rússia, Prússia e Reino Unido) sentiram a necessidade de selar um tratado para restabelecer a paz e a estabilidade política na Europa, já que momentos de instabilidade eram vividos e temia-se uma nova revolução.[4] Foi então criada a Santa Aliança, um acordo político selado entre as grandes potências monarquistas da Europa: Império Russo, Império Austríaco e Reino da Prússia. Estabelecida entre os soberanos europeus que pretendiam propagar os princípios da Fé cristã e, no fundo, manter o absolutismo como filosofia do Estado e sistema político dominante na Europa.

Tempos depois, a Santa Aliança evoluiu e, graças a novos acordos, se tornou a Quádrupla Aliança, com a entrada da Inglaterra, ainda em 1815, e posteriormente a Quíntupla Aliança, com a entrada da França, em 1818. A Inglaterra, apesar de ter participado de coligações formadas com o intuito de combater Napoleão Bonaparte, nunca aderiu à Santa Aliança, por conta da ideologia antiliberal que estava no centro do grupo, e também pelo fato de ter interesses no comércio com as colônias. No entanto, Lord Castlereagh, negociador inglês, por entender que a aliança tinha como última finalidade por a Inglaterra à margem das questões políticas europeias, propôs a criação da Quádrupla Aliança, reunindo a Inglaterra e as três potências signatárias da Santa Aliança, com o objetivo de realizar consultas quando fosse necessário, de acordo com a situação política do continente. A Quíntupla Aliança se reuniu pela última vez no Congresso de Verona, em 1822, com o objetivo de solucionar problemas relacionados à Revolução Grega e à intervenção francesa na Espanha. Nos últimos encontros, pôde-se observar o crescente antagonismo entre França e Inglaterra, principalmente em questões relacionadas à autodeterminação das nações, à unificação italiana e à Questão Oriental.

Medidas[editar | editar código-fonte]

Foram adotados uma política e um instrumento de ação:

  • Política: Restauração legitimista e compensações territoriais.
  • Instrumento de Ação: Santa Aliança, aliança político-militar reunindo exércitos da Rússia, Prússia e Áustria prontos para intervir em qualquer situação que ameaçasse o Antigo Regime, incluindo a hipótese de intervir nas independências da América. Contra isso foi criada a "Doutrina Monroe" (América para os Americanos).[2]

Participantes[editar | editar código-fonte]

O congresso foi presidido pelo estadista austríaco Príncipe Klemens Wenzel von Metternich (que também representava seu país), contando ainda com a presença do seu Ministro de Negócios Estrangeiros e do Barão Wessenberg como deputado.[3][4] Francisco I, Imperador da Áustria, foi o anfitrião das reuniões de conferência.

Portugal é representado por três Ministros Plenipotenciários: D. Pedro de Sousa Holstein, Conde de Palmela, António de Saldanha da Gama, diplomata destacado na Rússia, e D. Joaquim Lobo da Silveira, diplomata destacado em Estocolmo.[5]

A Prússia foi representada pelo príncipe Karl August von Hardenberg, o seu Chanceler e o diplomata e acadêmico Wilhelm von Humboldt.

O Reino Unido foi inicialmente representado pelo seu Secretário dos Negócios Estrangeiros, o Visconde de Castlereagh; após fevereiro de 1815 por Arthur Wellesley, Duque de Wellington; nas últimas semanas, após Wellington ter partido para dar combate a Napoleão, pelo Conde de Clancarty.[6]

A Rússia foi defendida pelo seu Imperador Alexandre I, embora fosse nominalmente representada pelo seu Ministro de Negócios Estrangeiros.

A França estava representada pelo seu Ministro de Negócios Estrangeiros Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord.[6]

Inicialmente, os representantes das quatro potências vitoriosas esperavam excluir os franceses de participar nas negociações mais sérias, mas o Ministro Talleyrand conseguiu incluir-se nesses conselhos desde as primeiras semanas de negociações.

  • Qual foi o impacto das decisões do Congresso de Viena para a França?

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O congresso nunca teve uma sessão plenária de facto: as sessões eram informais entre as grandes potências.[1] Devido à maior parte dos trabalhos ser feito por estas cinco potências (com, algumas questões dos representantes de Espanha, Portugal, Suécia e dos estados alemães), a maioria das delegações pouco tinha que fazer, pelo que o anfitrião, Francisco I, Imperador da Áustria, oferecia entretenimento para as manter ocupadas. Isto levou a um comentário famoso pelo Príncipe de Ligne: le Congrès ne marche pas; il danse (o Congresso não anda; ele dança).[4]

Princípios[editar | editar código-fonte]

As diretrizes fundamentais do Congresso de Viena foram: o princípio da legitimidade, a restauração, o equilíbrio de poder e, no plano geopolítico, a consagração do conceito de "fronteiras geográficas":[6]

  • O princípio da legitimidade, defendido sobretudo por Talleyrand a partir do qual se consideravam legítimos os governos e as fronteiras que vigoravam antes da Revolução Francesa, garantindo com isso que os Bourbons retornassem ao poder com a anuência dos vencedores. Atendia os interesses dos Estados vencedores na guerra contra Napoleão Bonaparte, mas ao mesmo tempo buscava salvaguardar a França de perdas territoriais, assim como da intervenção estrangeira. Os representantes dos governos mais reacionários acreditavam que poderiam, assim, restaurar o Antigo Regime e bloquear o avanço liberal. Contudo, o acesso não foi respeitado, porque as quatro potências do Congresso trataram de obter algumas vantagens na hora de desenhar a nova organização geopolítica da Europa.[7]
  • O princípio da restauração, que era a grande preocupação das monarquias absolutistas, uma vez que se tratava de recolocar a Europa na mesma situação política em que se encontrava antes da Revolução Francesa, que guilhotinou ao rei absolutista e criou um regime republicano, a República, que acabou com os privilégios reais e instituiu o direito legítimo de propriedade aos burgueses. Os governos absolutistas defendiam a intervenção militar nos reinos em que houvesse ameaça de revoltas liberais.
  • O princípio do equilíbrio, defendeu a organização equilibrada dos poderes econômico e político europeus dividindo territórios de alguns países, como, por exemplo, a Confederação Alemã que foi dividida em 39 Estados sendo a Prússia e a Áustria como líderes, e anexando outros territórios a países adjacentes, como o caso da Bélgica que foi anexada aos Países Baixos.

Qual foi o impacto das decisões do Congresso de Viena para a França?

Em 1815, as fronteiras da Europa foram refeitas, quando suas raízes já haviam sido sacudidas pelos exércitos de Napoleão

Outra decisão importante das grandes potências reunidas em Viena foi a consagração da ideia de equilíbrio do poder. Segundo essa perspectiva, considerava-se que só fora possível o fenômeno Napoleão na Europa porque ele havia juntado uma tal soma de recursos materiais e humanos que, aliados à sua capacidade política e militar, provocaram todo aquele período de guerras.[7]

As grandes potências decidiram então dividir os recursos materiais e humanos da Europa, de tal maneira que uma potência não pudesse ser mais poderosa que a outra (equilíbrio de poder); sendo assim, nenhum outro Napoleão se atreveria a desafiar seu vizinho, sabedor de que este contaria com os mesmos recursos.

Sendo esse o critério estabelecido, trataram de pô-lo em prática, resultando num mapa europeu em que as etnias e as nacionalidades não foram levadas em consideração, tal como aconteceu com a partilha da Polônia, por exemplo. Tal critério foi crucial para que as minorias étnicas, sentindo-se desprezadas e não representadas, quase à beira da marginalidade social, se revoltassem principalmente contra as nações mais multiétnico-culturais, como exemplo poloneses, sérvios, magiares e eslavos. As revoluções de 1848 foram uma notória consequência, bem evidente em países como a Áustria e os estados germânicos.

Uma vez estabelecida a paz, haveria a necessidade de manutenção de exércitos. Os estadistas reunidos em Viena foram unânimes em responder afirmativamente. Tratava-se de manter forças armadas exatamente para preservar a paz alcançada. A garantia da paz residia, a partir de então, na preservação das fronteiras geográficas estabelecidas justamente para evitar que qualquer potência viesse a romper o equilíbrio, anexando recursos de seus vizinhos e pondo em risco todo o sistema de estados europeus. O princípio geopolítico das "fronteiras geográficas" perdurou até o término da Segunda Guerra Mundial, quando esse conceito foi substituído pelo conceito de "fronteiras ideológicas", no contexto da Guerra Fria.

Consequências[editar | editar código-fonte]

  • Reconstrução das monarquias absolutistas;
  • A Rússia anexou parte da Polônia, Finlândia e a Bessarábia;[7]
  • A Áustria anexou a região dos Balcãs;
  • A Inglaterra ficou com a estratégica Ilha de Malta, o Ceilão e a Colônia do Cabo, o que lhe garantiu o controle das rotas marítimas;
  • O Império Otomano manteve o controle dos povos cristãos do Sudeste da Europa;
  • A Suécia e a Noruega uniram-se;
  • A Prússia ficou com parte da Saxônia, da Westfália, da Polônia e com as províncias do Reno;
  • A Bélgica, industrializada, foi obrigada a unir-se aos Países Baixos, formando o Reino dos Países Baixos;
  • Os Principados Alemães formaram a Confederação Alemã com 38 Estados, a Prússia e a Áustria participavam dessa Confederação;
  • Restabelecimento dos Estados Pontifícios;
  • A Espanha e Portugal não foram recompensados com ganhos territoriais, mas tiveram restauradas as suas antigas dinastias.
  • O Ducado de Malve foi exaltado Reino de Malve. Tendo Franz Karl Johann Georg Metternich-Winneburg, filho do Chanceler Metternich da Áustria assumido o trono do país, já que era casado com Isadora Marie Nappolaska, filha do Duque Gerard de Malve que foi deposto após a conquista napoleônica. Franz Metternich-Winneburg assumiu para si o nome de Frederic, tornando-se rei aos 17 anos de idade. A união de Frederic e Isadora e a exaltação de Malve como Reino deu origem a uma nova dinastia, a Beilstein - Loctea.
  • No encerramento do Congresso de Viena, pelo Artigo 105 do Acto Final, o direito português ao território de Olivença foi reconhecido. Apesar de sua inicial resistência a esta disposição, a Espanha terminaria por ratificar o tratado mais tarde, em 7 de Maio de 1817, nunca havendo entretanto cumprido esta disposição ou restituído o território oliventino a Portugal.
  • Com a derrota de Napoleão e a subsequente paz duradoura na Europa, a Inglaterra aumentou sua influência pelos mares e consequentemente expandiu seus territórios e colônias.

O Congresso de Viena logrou garantir a paz na Europa. Além das disposições políticas territoriais, estabeleceu-se:

  • o princípio da livre-navegação do Reno e do Meuse;
  • a condenação do tráfico de escravos, determinando sua proibição ao norte da linha do Equador;
  • medidas favoráveis para a melhoria das condições dos judeus;
  • e, de suma importância, um regulamento sobre a prática das atividades diplomáticas entre os países.

Referências

  1. a b Bloy, Marjie (30 de abril de 2002). «The Congress of Vienna, 1 November 1814 – 8 June 1815». The Victorian Web. Consultado em 9 de janeiro de 2009
  2. a b Article XXXII. See Harold Nicolson, The Congress of Vienna, chap. 9.
  3. a b «Congesso de Viena (1814 - 1815)». Mundo educação. Consultado em 9 de junho de 2012
  4. a b c «Congesso de Viena». Cola na Web. Consultado em 9 de junho de 2012
  5. «Congresso de Viena, Ministério dos Negócios Estrangeiros, Portugal». Consultado em 4 de julho de 2016. Arquivado do original em 16 de agosto de 2016
  6. a b c "[Castlereagh, during his stay in The Hague, in January 1813] induced the Dutch to leave their interests entirely in British hands." On page 65 of Nicolson (1946).
  7. a b c «Conservadores restauram o Antigo regime». UOL - Educação. Consultado em 9 de junho de 2012

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • King, David (2008). Vienna 1814; how the conquerors of Napoleon made love, war, and peace at the Congress of Vienna. [S.l.]: Crown Publishing Group. p. 334. ISBN 978-0-307-33716-0
  • Magnoli, Demetrio. História da Paz. São Paulo: Editora Contexto, 2008. 448p. ISBN 85-7244-396-7
  • , Harold. The Congress of Vienna: A Study in Allied Unity, 1812-1822. Grove Press, 2000. ISBN 080213744X

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

  • Congresso de Viena, Ministério dos Negócios Estrangeiros, Portugal
  • Deutsche Welle - Congresso de Viena restabeleceu ordem geopolítica na Europa
  • Era Napoleônica: Bloqueio Continental e o Congresso de Viena

Quais foram os impactos do Congresso de Viena para a França?

O congresso visava evitar outros conflitos como as guerras napoleônicas. As principais consequências do Congresso de Viena foram: restauração das monarquias absolutistas; divisão dos territórios anexados por Napoleão Bonaparte.

Qual é a importância do Congresso de Viena?

O objetivo principal do Congresso de Viena era retomar o modelo político que ordenava a Europa antes das guerras napoleônicas, isto é, objetivava-se retomar as estruturas do Antigo Regime, com repressão às ideias liberais e às manifestações revolucionárias das quais a França foi o principal “cavalo de batalha”.