IMPACTOS SOBRE A PRODUÇÃO DE SUÍNOS NO BRASILEm 2016, o Brasil assumiu no Acordo de Paris o compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e de adotar
os instrumentos necessários para conter o aquecimento global até 2030. Nesse contexto, este artigo analisa os possíveis impactos do compromisso brasileiro no Acordo de Paris de reduzir as emissões de GEE sobre a produção e a exportação de carne suína no Brasil em um período pré-pandemia covid-19. Para atingir tal objetivo, utiliza-se um modelo de equilíbrio parcial formulado como um problema de complementaridade mista (PCM), o qual permite a construção de dois cenários alternativos. O primeiro
cenário propõe a cobrança de uma tarifa de carbono dos produtores de carne suína; no segundo, simula-se a concessão de subsídios equivalente a uma renda adicional potencial pela adoção do uso de biodigestores pelos produtores de carne suína. No primeiro cenário, os resultados indicam perdas econômicas para os produtores de carne suína no Brasil. Embora ocorra uma redução substancial nas emissões de GEE, a tarifa de carbono aplicada sobre os produtores de carne suína não é o suficiente para o
Brasil atender às suas metas até 2030. Para o segundo cenário, os resultados mostram-se favoráveis aos produtores brasileiros e contribuem para uma maior diminuição nas emissões do que o cenário 1. Adicionalmente, nesse cenário, a produção de biogás tem potencial para aumentar em 10% a participação da bioenergia na matriz energética nacional, com base em 2016. Economista e
Mestre em Economia do Desenvolvimento pela PUCRS Professor Titular do Programa de Pós-Graduação em Economia da PUCRS
Como CitarTrindade, C. S. da, & Alvim, A. M. (2022). O ACORDO DE PARIS E AS EMISSÕES DE GASES:: IMPACTOS SOBRE A PRODUÇÃO DE SUÍNOS NO BRASIL. Planejamento E Políticas Públicas, (61). https://doi.org/10.38116/ppp61art3 LicençaCopyright (c) 2021 Planejamento e Políticas Públicas Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NoDerivatives 4.0 International License. Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos: Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License (CC-BY-ND 4.0), permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista. 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ÉPOCA conversou com Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima, uma rede de 40 organizações da sociedade civil que atuam com clima e meio ambiente. Segundo ele, é louvável que o Brasil ratifique o acordo, mas agora é preciso avançar e começar a discutir a descarbonização da economia. ÉPOCA – O governo brasileiro ratificou o Acordo de Paris. O que acontece agora? Uma vez ratificado, o Acordo tem de entrar na legislação, descer para estados, municípios? Carlos Rittl – É necessário, além da ratificação, um decreto oficial. Mas esse decreto só vem depois de o acordo entrar em vigor [quando 55 países, representando 55% das emissões, ratificarem o Acordo]. Para traduzir internamente os compromissos firmados, será necessário um ajuste da Política Nacional de Mudanças Climáticas. O Brasil precisa, como todos os outros países, entregar para a Convenção do Clima sua estatégia de desenvolvimento, a longo prazo, compatível com os objetivos do acordo. Isso vai requerer um exercício que vai muito além da política. A vantagem de ratificar cedo é que podemos antecipar as ações, preparar o país para seguir no trilho das metas. ÉPOCA – O Brasil tem um problema de metodologia e contabilidade de seus números de emissões. Como fica isso? A ratificação é em cima dos números apresentados em Paris e não dos números revisados? ÉPOCA – Em termos práticos, o que tem de ser feito agora? O que esperamos é que haja essa indicação de mais ambição por parte do governo. O próprio ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, disse que o aquecimento global precisa ficar abaixo de 1,5º C. Isso exige mais ambição. É louvável o Brasil ratificar o Acordo, mas precisa vir com mudança na orientação de nosso desenvolvimento, já pensando na massificação das energias renováveisNeste ano, a eólica está gerando 50 mil empregos, mesmo com toda a recessão econômica. O setor solar está engatinhando, mas tem um potencial imenso. Resumindo: desmatamento zero, restauração florestal, descarbonizar nossa matriz energética e massificar o crédito agrícola para agricultura e pecuária de baixo carbono. ÉPOCA – Podemos ser otimistas de que o Acordo de Paris entre em vigor ainda neste ano? Fonte: Época Qual a meta do Brasil no Acordo de Paris?Pelas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, sigla em inglês) depositadas pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) na ONU em abril deste ano, o Brasil deveria chegar a 2025 emitindo 1.614 MtCO2e e a 2030 com 1.281 MtCO2e. “O Brasil está se distanciando das metas de 2025 e 2030.
Quais foram os resultados do Acordo de Paris?O Brasil assinou o Acordo de Paris em 2015, tendo como meta a redução de suas emissões de gases do efeito estufa em até 37%, em relação aos níveis de emissão de 2005, até 2025. Essa meta aumenta para uma redução de 43% na emissão até 2030.
O que mudou com o Acordo de Paris?O chamado Acordo de Paris estabeleceu um marco legal inovador para assegurar o compromisso compulsório, transparente e progressivo (sem retrocessos) de todos os países signatários da Convenção do Clima, de redução das emissões de gases do efeito estufa.
Qual é o principal problema do Acordo de Paris?O Acordo de Paris é um tratado internacional contra as mudanças climáticas causadas pelo ser humano. Seu principal objetivo consiste em combater o aumento da temperatura terrestre provocada pelo aquecimento global. Na prática, significa impedir o aumento de 2 ºC na temperatura global em relação à era pré-industrial.
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