Qual o risco que os metais pesados apresentam para a cadeia alimentar?

Os metais pesados presentes em fertilizantes podem prejudicar a saúde dos seres vivos e o meio ambiente

Fertilizantes são compostos químicos utilizados na agricultura convencional para aumentar a quantidade de nutrientes do solo e, consequentemente, a produtividade. No entanto, apesar de possuírem elementos essenciais e desejáveis para as plantas, os fertilizantes contém metais pesados tóxicos em sua composição. Saiba mais sobre os impactos provenientes da contaminação por metais pesados presentes em fertilizantes.

O termo “metais pesados” é utilizado para caracterizar elementos metálicos que possuem densidade superior a 5g/cm3 ou número atômico maior que 20, capazes de formar sulferetos. As principais propriedades dos metais pesados são os elevados níveis de radioatividade e a bioacumulação. Isso significa que, além de desencadearem diversas reações químicas não metabolizáveis, esses elementos possuem caráter cumulativo ao longo da cadeia alimentar.

De acordo com o estudo “Avaliação da fitodisponibilidade de cádmio, chumbo e crômio em soja cultivada em latossolo vermelho escuro tratado com fertilizantes comerciais”, alguns metais pesados são essenciais para o desenvolvimento das plantas, como o cobre, o ferro e o zinco. No entanto, metais pesados como arsênio (As), cádmio (Cd), chumbo (Pb), mercúrio (Hg) e cromo (Cr) são tóxicos e mesmo assim estão presentes em diversos tipos de fertilizantes.

Contaminação por metais pesados presentes em fertilizantes

A bioacumulação é uma das principais propriedades dos metais pesados. Trata-se de um processo de assimilação e retenção de substâncias químicas provenientes do meio ambiente pelos organismos. A absorção pode ocorrer de forma direta, quando as substâncias são incorporadas ao organismo a partir do meio ambiente (água, solo, sedimento), ou de forma indireta, a partir da ingestão de alimentos que contenham tais substâncias.

A bioacumulação está diretamente relacionada com outro processo, denominado biomagnificação, que consiste na transferência de substâncias químicas bioacumuladas de um nível trófico para outro. Isso significa que a concentração dessas substâncias aumenta à medida que elas percorrem a cadeia alimentar. Dessa forma, a substância tóxica terá sua maior concentração nos indivíduos que ocupam níveis tróficos mais distantes dos produtores.

Em plantas e animais, os metais pesados causam efeitos letais e subletais, pois provocam disfunções metabólicas. Além disso, os metais pesados presentes em fertilizantes contaminam o ar, o solo e ambientes aquáticos, gerando impactos químicos e biológicos para os seres vivos.

Nesse sentido, os metais pesados podem estar presentes nos alimentos que ingerimos. Nos últimos anos, diversas pesquisas foram realizadas para identificar os possíveis efeitos sobre o ser humano causados por eles. O mercúrio ataca o sistema nervoso; o chumbo e o cádmio podem causar câncer; o arsênio se acumula nos rins e no fígado; e o cromo pode gerar efeitos colaterais como cansaço, perda de apetite, tendência a hematomas, náuseas, dores de cabeça, tonturas, alterações urinárias, sangramento nasal e reações cutâneas.

O que fazer para evitar a contaminação por metais pesados?

Para amenizar a questão, existem limites toleráveis para a concentração de metais pesados em fertilizantes. Esses limites variam de acordo com a legislação de cada país, o que demonstra orientações não uniformes no estabelecimento dessas normas e a necessidade de estudos mais aprofundados a respeito. No Brasil, os teores são determinados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), na Regulamentação de Insumos Agrícolas.

Além disso, cabe à legislação fixar normas de inspeção, fiscalização, comércio e limites de concentração de metais pesados nos fertilizantes. Pesquisas demonstram que a descontaminação dos solos que contém metais pesados por húmus é uma alternativa extremamente eficaz para impedir a contaminação. Você pode evitar consumir alimentos com metais pesados dando preferência para orgânicos, que não utilizam fertilizantes ou agrotóxicos em sua produção.

Os aditivos alimentares são substâncias naturais ou artificiais adicionadas, com valor nutritivo ou não, misturados intencionalmente aos alimentos para melhorar as suas propriedades e aumentar a sua segurança e validade, não podendo constituir um risco para o consumidor.

Os aditivos proporcionam cor, sabor, consistência, humidade, estabilidade e ajudam no processo de preparação, tornam os alimentos mais atraentes e impedem o desenvolvimento de microrganismos e a oxidação.

Quando presentes no alimento, os aditivos devem constar sempre da lista de ingredientes do género alimentício, mencionados claramente, com o nome químico ou a designação “E” e as funções que deve desempenhar.

 

POTENCIAIS EFEITOS ADVERSOS DOS DIFERENTES ADITIVOS ALIMENTARES NA SAÚDE:

E 100 – 199

Corantes

asma, alterações na mucosa gástrica, manifestações na pele (urticária, dermatite), dores de cabeça, tonturas, vómitos e fadiga, danos neurológicos, lesões hepáticas e biliares e a longo prazo certos aditivos podem ser cancerígenos

E 200 – 299

Conservantes

E 300 – 399

Antioxidantes

E 400 – 499

Emulsionantes e estabilizadores

E 500 – 599

Espessantes

E 600 – 699

Intensificadores de sabor

E 900 – 999

Edulcorantes

Acidificantes e reguladores de acidez

 

 Para além do cuidado na utilização dos aditivos alimentares, é também necessário ter atenção aos contaminantes. Os contaminantes são substâncias potencialmente tóxicas à saúde humana, de natureza inorgânica ou orgânica, que não são intencionalmente adicionados a alimentos. Essas substâncias podem ter origem numa ampla gama de fontes alimentares como resultado da produção, fabricação, processamento, preparação, tratamento, embalagem, transporte (a chamada Cadeia Alimentar) ou armazenamento de alimentos ou rações, ou ainda, serem fruto da contaminação ambiental. Os contaminantes ambientais, por sua vez, são impurezas que ocorrem naturalmente no ambiente ou que são introduzidas pela ação humana, como os metais pesados. A exposição humana aos metais pesados via alimentação relaciona-se com o consumo de vegetais, frutos, peixe ou marisco contaminados a partir dos solos ou da água circundante.

 

POTENCIAIS EFEITOS ADVERSOS DOS DIFERENTES METAIS PESADOS NA SAÚDE:

METAL PESADO

IMPACTOS NEGATIVOS NA SAÚDE

Arsénio

Existe em forma orgânica e inorgânica. A ingestão excessiva de arsénio pode provocar doenças cardiovasculares e hipertensão. A toxicidade das suas formas inorgânicas é a que tem maior impacto no corpo humano, e a longo prazo pode ser cancerígeno.

Cádmio

A ingestão excessiva de cádmio pode resultar em insuficiência renal, amolecimento dos ossos e até fraturas ósseas nos casos mais graves.

Chumbo

A quantidade de chumbo absorvida pelo organismo determinará a gravidade dos danos infligidos aos órgãos, embora seja mais nocivo para os sistemas neurológico, reprodutivo e imunológico.

Mercúrio

A exposição a longo prazo pode causar dormência, perceção sensorial prejudicada, danos neurológicos, e afetar o cérebro e o desenvolvimento intelectual nos fetos e nas crianças.

Estanho

Induz desconforto gastrointestinal.

Sistematizar e integrar informação sobre aditivos e contaminação alimentar, avaliar o seu impacto na saúde, sensibilizar e contribuir para a formação dos profissionais da saúde e outros em segurança alimentar. Assim, é garantida a qualidade em todo o processo de manipulação alimentar e consumo com devida segurança.

Não fique pelo desconhecido, a SEA Soluções garante formação nas área da Higiene e Segurança Alimentar.

Elisabete GonçalvesEngª Segurança no Trabalho e Técnica Higiene Alimentar

Quais são as consequências dos metais pesados em uma cadeia alimentar?

A contaminação dos alimentos por metais pesados pode trazer consequências graves à saúde, como infertilidade, danos ao sistema neurológico, complicações renais, osteoporose e vários tipos de câncer.

Como os metais pesados podem contaminar os alimentos?

Metais pesados (por exemplo, cádmio, arsênio e mercúrio) podem contaminar alimentos através de práticas agrícolas ou no uso de solo ou água contaminados. Além disso, a presença de metais pesados em equipamentos, recipientes ou utensílios pode também contaminar os alimentos durante o processamento.

Quais são os riscos dos metais pesados?

Os metais pesados não provocam sintomas quando entram pela primeira vez em contato com o organismo, no entanto, têm a capacidade de ir se acumulando dentro das células do corpo, provocando problemas como alterações renais, lesões cerebrais e existe a suspeita de que também possam aumentar o risco de câncer.

Como a presença de metais pesados no ambiente se relaciona com a cadeia alimentar?

Micropartículas de metais pesados liberadas no meio ambiente chegam aos oceanos e, enquanto ficam em suspensão em águas superficiais, são absorvidas pelo zooplâncton, invertebrados microscópicos que formam o esteio da cadeia alimentar oceânica.