Qual percentual mínimo que um fundo de investimento de renda fixa no exterior deve alocar fora do país?

O investidor brasileiro está mais sofisticado. Se há dez anos tinha cerca de quatro tipos de ativos na carteira, agora já são mais de 14, de acordo com a fintech SmartBrain. Mas, a demanda precisa acompanhar a oferta, e vice-versa. O que vimos no Brasil nos últimos anos foi um aumento significativo de produtos “diferentes” do que estávamos acostumados por aqui. Se antes quem quisesse aplicar uma parte do patrimônio no exterior para diversificar o risco tinha meia dúzia de opções se não quisesse abrir conta lá fora, agora a gama é muito mais ampla.

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Gestoras de investimentos, plataformas, fintechs e as áreas de atendimento premium de grandes bancos são responsáveis por aumentar o leque de alternativas, que incluem desde fundos que aplicam em cotas de fundos renomados no exterior, a fundos em ouro, em cannabis, os tradicionais cambiais e também temáticos. Isso sem contar o ETF (fundos que espelham índice) de S&P 500 que é negociado na B3 em reais e os BDRs (Brazilian Depositary Receipts Patrocinados), certificados que permitem que companhias gringas negociem ações aqui.

Nem tudo é para qualquer tamanho de bolso. Os investidores pessoas físicas, do segmento de varejo, têm muito menos opções disponíveis. Os qualificados (que tenham mais de R$ 1 milhão em investimentos financeiros) e os profissionais (acima de R$ 10 milhões) já encontram uma oferta consideravelmente maior de fundos.

Para a pessoa física que quisesse colocar uma parte do dinheiro em dólar como proteção da carteira contra a variação do câmbio, acaba vendo os fundos cambiais como primeira opção. A preferência ficou clara durante a pandemia, momento em que o dólar disparou frente a todas as moedas no mundo, em especial ao real.

Dados da Anbima mostram que os fundos cambiais captaram R$ 530 milhões em maio, somando R$ 1,9 bilhão no ano. O apetite pelos fundos se deve pela facilidade – quase toda plataforma de investimento tem fundo cambial e não é preciso gerenciar a carteira, já que um gestor faz isso pelo cotista.

Mas, nem só de fundos cambiais vive o pequeno investidor que quer diversificar a carteira. Elencamos nesta matéria algumas opções disponíveis no mercado brasileiro para o segmento de varejo e o que os mais endinheirados têm a mais de alternativas.

Fundos cambiais

Mais conhecidos, esses fundos aplicam em uma ou mais moedas, principalmente o dólar. É bastante lembrado em momentos de desvalorização do real, como agora. O investidor que comprar cota(s) em uma plataforma aqui do Brasil paga em real e fica exposto às oscilações da(s) moeda(s) que compõem o fundo.

Por regra, 80% dos investimentos de um fundo cambial devem ser ligados à moeda estrangeira e variação cambial. O restante (20%) normalmente é aplicado em fundos de renda fixa e títulos mais conservadores.

Vale lembrar que o mercado de câmbio é o mais difícil de prever já que é reflexo de incontáveis variáveis externas e internas. Esse tipo de fundo fica muito concentrado em um risco – justamente o cambial – e é de alta volatilidade, ou seja, chacoalha bastante. Basta ver o vai-e-vem do dólar/real este ano, saindo de R$ 4, indo pra R$ 6 e voltando para R$ 5 em menos de seis meses.

Por isso, o investidor tem que encará-lo mais como um mecanismo de proteção contra as oscilações do real e não como especulação.

Por R$ 500 já é possível aplicar em um fundo cambial.

Fundos de ouro

O ouro é um ativo valioso há milênios e continua sendo visto como um porto-seguro para momentos turbulentos. Esse tipo de fundo investe em contratos futuros do metal ou em contratos do metal negociados no mercado à vista da bolsa de valores. Não há uma entrega e estoque físicos do metal. Geralmente são fundos classificados como multimercado, mas que têm uma estratégia específica. Esses fundos podem ser em dólar ou em reais. Se forem em dólar, além da exposição à variação do ouro em si, também o investidor fica exposto às oscilações do câmbio.

O valor mínimo de aplicação depende de cada plataforma, mas com R$ 500 já dá para aplicar nesta opção. As plataformas que vendem hoje: Órama, Vitreo, XP e BTG Digital

Fundos "aguados" que investem no exterior

Por regra da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o investidor de varejo só pode aplicar em fundos que invistam até 20% do patrimônio no exterior. O restante precisa ser aplicado em títulos de renda fixa locais. Com esses 20% podem comprar diretamente ações, ETFs e papéis de dívida de empresas e governos lá fora ou podem aplicar a fatia em cotas de outro fundo que investe no exterior. Neste último caso, pode ser um fundo de ações, multimercado ou renda fixa, ou ainda um fundo de fundos, que compra, por sua vez, cotas de diversos gestores.

Não são muitas as opções hoje disponíveis para o investidor pessoa física não. Mas, nesse segmento, de fundos conhecidos como "aguados", uma gestora em particular tem se destacado: a Vitreo.

A Vitreo tem usado uma estratégia simples: ao mesmo tempo em que lançam um fundo que investe 100% no exterior, também lança um fundo “light”, que usa um quinto do patrimônio, máximo permitido por lei, para comprar cotas daquele primeiro fundo e os 80% restantes aplica em títulos públicos. Assim, dá acesso a um gostinho de seu fundo principal ao investidor pessoa física.

Até agora a casa fez isso com seis fundos: um focado em criptoativos; um em ações e ETFs de empresas de cannabis; um que aplica em ações da XP; um fundo de fundos de grandes gestores internacionais; outro em dólar que aplica em papéis de renda fixa e variável globais; e um que investe em títulos de dívida de empresas brasileiras no exterior.

COE

O COE (Certificado de Operações Estruturadas) é uma versão abrasileirada do que nos Estados Unidos e Europa se chama Notas Estruturadas.

Basicamente é um produto que mistura ativos de renda fixa e variável ao gosto do banco ou corretora que o emite. A seleção, que pode incluir ativos no exterior, geralmente é feita com base em um cenário esperado para bolsa, juros, câmbio e inflação.

A ideia é colocar nesse pacote uma combinação de títulos que tenham o objetivo de um retorno esperado superior ao CDI, caso determinado cenário se concretize. Mas nem sempre isso acontece. Os COEs brasileiros têm uma particularidade: um mecanismo chamado de “capital protegido”, que garante ao investidor o mesmo dinheiro que ele aplicou de volta, caso o cenário desejado não se concretize. O problema é que, se o investidor ficar anos esperando um retorno do COE e ele não performar bem, deixou de colocar aquele dinheiro em um ativo que teria dado ao menos o CDI ou pouco mais.

Por isso, vale avaliar na hora de escolher um COE o que ele tem na carteira, qual o prazo (em um momento tão incerto como o atual, nada que você não possa resgatar em até um ano é muito recomendado) e o custo – os COEs são criticados por serem caros para o investidor. A maioria deles tem uma taxa de administração que varia de 0,5% a 2,0%, mas alguns chegam a cobrar 3%.

Ele teve um importante papel no passado de quebrar o tabu sobre investimento internacional, sempre visto como inacessível, caro e exigir que o investidor abrisse uma conta no exterior, já que algumas casas começaram há alguns anos a oferecer COEs com uma pequena parte do patrimônio aplicada em ações estrangeiras e/ou índices de bolsas americanas. Não são todos, porém, que têm investimento lá fora.

Diretamente na bolsa americana

Praticamente todos os grandes bancos e os bancos de investimento, além das corretoras disponibilizam a possibilidade de comprar um ativo no exterior. Quem não tem uma corretora lá fora, tem uma parceria com uma gringa. Mas até pouco tempo só se pensava em investir diretamente lá fora quem tinha um bom dinheiro. Agora, começam a surgir no mercado opções que facilitam esse trabalho, como a Avenue, uma fintech de investimento com o objetivo de tornar mais acessível o mercado americano ao investidor de varejo no Brasil.

A Avenue é uma empresa com sede em Miami (EUA) fundada e comandada por brasileiros. Ao não cobrar taxa de abertura e manutenção de conta e baixar o valor das ordens de compra e venda de ativos para US$ 1 para valores de até US$ 100, ela abre ao investidor brasileiro um mercado gigantesco, o americano. A corretagem máxima, para investimentos acima de US$ 2 mil, é de US$ 8,6 cada.

Com cerca de US$ 50 (R$ 260), por exemplo, o investidor brasileiro pode aplicar em um fundo que investe em títulos do governo americano, considerados os de menor risco do mercado. O tesouro americano paga bem pouquinho (0,25% ao ano), mas o dinheiro está aplicado em dólar.

São mais de 5 mil opções de produtos, que vai desde desconhecidos ETF de empresas de biotecnologia, ações de empresas aeroespaciais, fundo imobiliário que investe em antenas e galpões logísticos ao redor do mundo e por aí vai, até papéis das empresas de tecnologia Google, Amazon e Netflix, para citar alguns exemplos.

“Ao investir diretamente na bolsa americana, o investidor tem um número de opções de ativos muito grande e pode se beneficiar também da valorização dos papéis, além de ter o cofre em dólar. A maior parte das pessoas físicas clientes da Avenue buscam grandes nomes da bolsa dos EUA, como Google, Amazon e Netflix, mas temos visto uma demanda por ETFs de índices, de ouro, de petróleo e de renda fixa de dívida do governo americano”, conta William Castro Alves, sócio e chefe de Estratégia na Avenue.

Claro, quem quiser encarar um investimento direto lá fora, precisa estar ciente que terá que declarar no Imposto de Renda do Brasil e ainda pagar os impostos por lá, um sistema que é diferente do brasileiro.

Vale ressaltar ainda que, ao enviar o dinheiro para lá, o investidor está sujeito, claro, á cotação do câmbio no momento da transferência e, de acordo com a Avenue, na primeira remessa de dólares para a conta de investimentos nos EUA, será tarifado o custo único de US$ 2, referente ao formulário W-8 Ben exigido pelas autoridades tributárias americanas.

ETF S&P 500

Na B3 é possível encontrar o ETF do S&P 500, negociado com o código IVVB11, o principal índice do mercado americano e que representa uma carteira com as 500 maiores ações listadas lá.

A diferença entre comprar esse produto aqui no Brasil ou diretamente na bolsa americana está no custo (lá fora a taxa de administração cobrada é de 0,03% ao ano e aqui, de 0,24% ao ano) e a moeda, já que na bolsa brasileira ele é vendido em reais (em 1º de junho era negociado a R$ 176), ou seja, o investidor perde a exposição ao dólar. Na conta, é preciso colocar ainda o custo de corretagem.

Fundos multimercados e de ações

No mercado nacional, há diversos fundos de ações e multimercados que também aplicam um pouco do patrimônio no exterior, seja em ações, em juros americanos e/ou em dólar mesmo. Se a fatia do fundo investida lá fora for pequena, o fundo não precisa ter “Investimento no Exterior” em seu nome. Muitos desses estão disponíveis aos investidores de varejo nas plataformas de investimento.

Empresas exportadoras

Vale lembrar que quem investe em um fundo ou diretamente via bolsa que tem ações de empresas exportadoras, como Vale, Petrobras, Klabin e Suzano, também está sujeito às variações do mercado exterior, ainda que indiretamente. Essas empresas não apenas têm parte de sua receita em dólar, como também depende da economia global. Investindo nelas, o investidor diversificará também um pouco do risco Brasil.

Fundos, fundos e mais fundos

Além de todas as opções já citadas, os investidores com cheques maiores têm acesso a uma quantidade de fundos de investimento bem maior. Isso inclui diversos fundos que gestores internacionais e brasileiros estão oferecendo aqui no país, sem que o cotista precise abrir conta lá fora.

Uma gestora pode criar um fundo aqui e aplicar lá fora ou trazer um fundo de lá para cá por meio de uma estrutura chamada feeder, que nada mais é do que um fundo que compra cotas de outro fundo no exterior.

BDRs

Os mais endinheirados podem ainda investir em BDRs (Brazilian Depositary Receipts) na bolsa brasileira.

Os BDRs são títulos representativos de ações de empresas estrangeiras negociados na bolsa brasileira e só podem ser adquiridos pelos tubarões. Ou seja, comprar BDRs do Google, Amazon, Microsoft, Uber e Tiffany & Co, só se for investidor qualificado ou profissional.

Há, porém, uma intenção da CVM em mudar isso e abrir o mercado de BDRs também para o varejo. No ano passado, a entidade chegou a fazer uma consulta pública sobre o tema, mas até agora nenhuma mudança foi ainda definida.

O que considerar ao investir no exterior?

Uma questão primordial quando se pensa em investir no exterior é o percentual. Não há um número ideal porque, obviamente, varia de patrimônio para patrimônio e do perfil de risco de cada investidor. Mas, os analistas falam em, no mínimo, uns 5% do patrimônio. Lembrando que for um investimento em dólar, volátil, ou em bolsa americana, ainda que em reais, é preciso contabilizar na fatia de “renda variável”, mais arriscada.

“Apesar de não ter percentual cravado de quanto deve ser aplicado, sempre recomendamos que o investidor diversifique seu portfólio em ativos descorrelacionados com o Brasil, alocados em economias desenvolvidas, dado que somos emergentes”, afirma Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de renda variável e derivativos do BTG Pactual digital.

Para ele, o percentual do patrimônio depende de quanto dinheiro o investidor tem e seu perfil de risco, mas em momentos de estresse, como hoje, essa fatia acaba ganhando uma importância maior.

Com a volatilidade dos mercados e a desvalorização do real na pandemia, a XP aumentou nos últimos meses a fatia sugerida a investidores arrojados: 13% em renda fixa global e 12% em renda variável global – ou seja, um quarto do patrimônio. Na carteira a moderados, a soma das duas classes de ativos é menor, de 16% (8% cada), mas ainda assim significativa. Para os conservadores, porém, não é sugerido ativo nenhum fora do país.

“Carregar bolsa americana em dólar sempre foi interessante. Acreditamos que em momentos que a bolsa brasileira sofre, outros ativos se comportam diferente. A própria bolsa americana não cai na mesma proporção da brasileira”, comenta Nathalia de Sá, estrategista de Alocação na XP Investimentos.

Para ela, a crise da covid-19 trouxe também oportunidades, como aplicação em renda fixa no exterior, que, depois de uma forte queda nos papéis de dívida corporativa, é esperado que tragam um retorno maior ao investidor.

Real X Dólar

Outra pergunta-chave é se você deve aplicar em um produto dolarizado ou em reais. A resposta, mais uma vez, é depende.

Ter uma parcela das aplicações em dólares é bom para diversificar a carteira. Entretanto, é importante fazer uma análise de ativos e passivos. Se você pode precisar dos recursos no prazo de até dois anos, não é uma boa ideia ter parte significativa da carteira em dólares, porque a taxa de câmbio varia muito”, comenta Marcelo d’Agosto, economista e blogueiro do Valor Investe.

Importante também destacar que quem aplica em fundos dolarizados, fundos cambiais ou diretamente na bolsa americana está diretamente exposto à variação do câmbio. O risco cambial é muito alto. Vale aqui dizer que o câmbio é o terror dos economistas porque é a variável econômica mais difícil de prever, uma vez que depende de incontáveis fatores domésticos e externos.

A vantagem de investidor em produtos em dólar ou outra moeda estrangeira é ganhar quando o real se desvaloriza e isso funciona como uma proteção à desvalorização em geral da carteira de investimento correlacionada ao risco Brasil. Por outro lado, quando o real sobe, a parte dolarizada do portfólio de investimento se desvaloriza junto.

Em dólares, o investidor pode optar por investir, por exemplo, em fundos cambiais que só o expõem à moeda mesmo, ou em fundos dolarizados que aplicam o dinheiro dos cotistas em ativos lá fora. Neste segundo caso, além da variação da moeda, o investidor fica sujeito à oscilação dos ativos comprados – para o bem e para o mal.

Mas quem tem receio de ficar exposto ao câmbio, há opções em reais. Gestores e plataformas entenderam que essa é uma demanda ainda importante no Brasil e por isso, há quem ofereça as duas opções – em dólar e em reais – do mesmo fundo. A diferença é que o que é em real conta com o chamado “hedge”, um mecanismo que anula a variação cambial. Mais uma vez: o lado bom é que não há grandes surpresas se o dólar/real subir ou cair muito, mas o lado ruim é que o investidor não ganha quando o real se desvaloriza.

"Se você quiser investir no exterior por meio de fundos de investimentos brasileiros, você pode aplicar nos fundos de ações que compram BDRs ou ETFs estrangeiros. Outra forma são os fundos de investimento no exterior que investem em ativos estrangeiros tais como títulos de renda fixa, ações cotas de fundos estrangeiros, ou outras modalidades", recomenda d'Agosto.

Tudo na vida - e nos investimentos - é uma questão de escolha.

Quais os percentuais mínimo e máximo um fundo de renda fixa pode ter de aplicações em títulos públicos federais?

Eles devem manter 95% do patrimônio investido em ativos que acompanhem o indicador e ter no mínimo 80% aplicados em títulos públicos federais, ativos de renda fixa considerados de baixo risco de crédito ou cotas de fundos de índice que invistam em ativos com essas características.

Qual o percentual mínimo de um fundo referenciado que deve estar comprado em título público federal?

No que se refere à segurança do investimento, os fundos simples devem manter no mínimo 95% do seu patrimônio em títulos públicos federais, operações compromissadas neles lastreadas ou títulos de emissão de instituições financeiras de risco de crédito no mínimo equivalente ao risco soberano.

Quais fundos que podem ter 100% do seu patrimônio investido no exterior?

Criptos..
Nasdaq..

Quanto Um fundo multimercado pode investir no exterior?

Investimento no exterior: Para receberem essa classificação, os fundos multimercados devem investir pelo menos 40% do patrimônio líquido em ativos financeiros no exterior.