Quando rezar o salmo 23

Possivelmente, o Salmo 23 é o mais conhecido de toda Bíblia, tanto por sua beleza poética, quanto pela mensagem de confiança e segurança nele contida, comumente lembrado ou lido em momentos de dor e aflição.

No original hebraico, o poema começa com a expressão מזמור לדוד (Mizmor LêDavid): “Canção de Davi”. Aparentemente, algo que não mereceria destaque, uma vez que, dos 150 salmos, 73 são atribuídos ao Rei Davi. Entretanto, qualquer pessoa minimamente familiarizada com os textos sagrados logo traria à memória as histórias de coragem e cuidado do destemido jovem pastor para com suas ovelhas. Em I Samuel 17:34–37 há o registro de como ele convenceu Saul a permiti-lo enfrentar o filisteu, Golias, apresentando o argumento de que havia matado ursos e leões para defender seu rebanho.

Creio que não seria forçar muito a interpretação dizer que este belo salmo emana de uma experiência existencial de identificação de um mero pastor ao reconhecer-se débil e frágil, como uma de suas ovelhas, ao encontrar-se sob os cuidados do seu Supremo Pastor. Apenas esta imagem forneceria um cenário repleto de beleza e significado!!! No entanto, valerei-me de alguns recursos hermenêuticos básicos para tentar extrair deste salmo uma interpretação que nos ajude a considerar a importância de utilizarmos os salmos em nossas orações. Como ensinava Bonhoeffer:

“Toda oração verdadeira é oração mediada. Nem mesmo na oração há acesso imediato ao Pai. Somente por meio de Jesus Cristo podemos, na oração, encontrar o Pai. O pressuposto para orar é a fé, a comunhão com Cristo. Ele é o único mediador de nossa oração. Oramos com base em sua palavra. Assim nossa oração será sempre oração vinculada à sua palavra”.

O Salmo do Pastor começa dizendo: יהוה רעי (Yavé Roí): “Yavé é meu pastor”.

O nome sagrado de Deus (posteriormente impronunciável, segundo a tradição dos judeus) é evocado e lhe é atribuída a imagem de um cuidador. A palavra “Roê” (pastor) tem a mesma raiz da palavra “Rêa” (amigo). Na antiguidade, o pastor passava muito tempo com o rebanho, quase sempre distante do acampamento da família, que as ovelhas (ou cabras) tornavam-se seus melhores companheiros, enquanto ele, seu provedor e protetor, exatamente como anuncia outro salmo (100:3) “Saiba que somente Yavé é Deus: ele nos fez e a ele pertencemos, somos seu povo e ovelhas do seu rebanho”, onde, mais uma vez, o nome de Deus (יהוה) é empregado de maneira que um de seus atributos se torna comunicável e perfeitamente compreensível.

Vejamos o salmo traduzido em estrutura de quiasmo*.

1a) v.1, — o Senhor é meu pastor; não me faltará (nada);

1b) v.2, — Ele me faz deitar em pastos verdes; Ele me leva para junto das águas paradas;

1c) v.3a, — Ele restaura a minha alma;

1d) v.3b, — Ele me conduz nos caminhos da justiça;

eixo central) v.3c, — por causa do seu nome;

2d) v.4a, — Embora eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque Tu estás comigo;

2c) v.4b, — a tua vara e o teu bordão me consolam;

2b) v.5, — Preparas uma mesa para mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo; minha taça transborda;

2a) v.6, — Certamente bondade e misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida. Habitarei para sempre na casa do Senhor.

Observando a estrutura quiasmática dos versos, percebe-se claramente que o clímax da música, ou seja, o seu apogeu encontra-se no exato ponto que o compositor quer dar maior destaque: o nome.

Todos os atos de Deus, bem como toda segurança que se deve depositar nele são garantidos “por causa do seu nome”.

Parte da igreja brasileira tem redescoberto a importância do uso dos salmos na devoção cristã diária, sobretudo porque eles são um conjunto de orações inspiradas, portanto, orar os salmos é orar segundo a vontade de Deus. Infelizmente, muitos ainda são enganados pelo orgulho de um certo tipo de “exibicionísmo espontaneista” ao orar, falsamente justificado pelo argumento de que “Deus não ouve orações repetidas”.

As Escrituras são enfáticas quanto à intenção correta que deve guiar nossas orações. De acordo com Jesus (Mateus 6), qualquer atitude, interna ou externa, que não considere que todas as coisas acontecem, existem e são “por causa do nome” serão consideradas vazias, inócuas e sem sentido.

Tiago (5:16) sabia o que isso significava exatamente ao dizer que “A oração do justo pode muito em seus efeitos”. Obviamente, ele não referiu-se aos “efeitos” conforme alguns ramos da ciência moderna e mesmo algumas religiões empregam o “princípio de causa e efeito, ou lei de ação e reação”. Complemente afetado pelas marcas do Evangelho de Jesus Cristo, ele bem conhecia o “Alfa e Ômega, o Princípio e o fim”. (Ap 1:8).

“Todas as coisas foram criadas por ele e por causa dele…” (Joa 1:3, Col 3:16, Rom 11:36)

Os efeitos produzidos por orações nutridas pela Palavra brotam no coração do orante na forma de uma confiança singela e segura. Essa atitude, por sua vez, reflete a glória de Deus gerando tranquilidade e descanso, pois quem ora sabe que é ovelha, como o Rei Davi, e a única maneira de permanecer seguro nesta vida é estar no aprisco do Bom Pastor.

Precisamos ser mais cautelosos com expressões populares no meio cristão, como: “plantar e colher”, “determinar isso ou aquilo”, “lei de semeadura”, “oração move a mão de Deus” e muitas outras, geralmente ditas e ensinadas em contextos de oração. Há um grande equívoco nesse tipo de interpretação, pois o foco é a circunstância, e a segurança está na própria oração; no poder de quem ora, não a quem se ora.

Medo, incerteza, angustia, insegurança, desamparo, abandono e solidão são apenas alguns dos sentimentos que brotam de experiências negativas que identificamos como prejuízo à integridade humana. Constantemente, somos movidos a orar apenas durante momentos de adversidade, e é claro que devemos fazê-lo. No entanto, na minha modesta opinião, enquanto agimos assim, reduzimos a melhor de todas as experiências aos piores momentos da vida, enquanto isso, perdemos o melhor da relação com o nosso Pastor: a comunhão contínua dada a nós “por causa do seu nome”, revelada no rosto do seu Filho, Jesus.

Note que o salmo 23 considera fortemente a possibilidade real de que as adversidades podem acontecer, porém, nenhuma delas tem força suficiente para abalar a confiança daquele que está no lugar da habitação de Deus.

Orações dirigidas pelas Escrituras movem o maior de todos os obstáculos: nossa incapacidade de produzir até mesmo palavras corretas para nos expressarmos com Deus. Sua bondade e misericórdia nos seguem e se revelam pelo fato de que, se precisamos orar corretamente, até isso ele providenciou para seus filhos.

Oremos com fé, oremos sem cessar!

Aquece o nosso coração com a Tua Palavra, Senhor!

*Por não estarmos utilizando o texto em hebraico, a métrica fica comprometida visualmente, no entanto, preservamos a estrutura como aparece no original hebraico.

* O quiasmo é um método antigo de construir versos; uma espécie de métrica poética onde os blocos são constituídos de antíteses ou paralelismos e o clímax, ou o ponto central é o lugar de destaque daquela obra.

Obs: os seminaristas vão adorar isso, afinal, durante as aulas de hermenêutica e exegese sempre se perguntam pra que serve um quiasmo. rsrsrs

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