Quem foi que disse que a vida acaba aos 40?

Quem foi que disse que a vida acaba aos 40?
De acordo com o estudo, a crise da meia idade pode ser considerada real, já que as pessoas atingem seu menor nível de felicidade e satisfação com a vida nessa faixa etária, independente do local onde vivem, da cultura ou da composição familiar. A boa notícia é que ela passa e o bem estar volta a aumentar até os 70 anos Anthony Nagelmann/Getty Images/Getty Images

Publicidade

A crise dos 40 anos existe — e foi comprovada cientificamente. Segundo um estudo que será publicado na próxima edição do periódico científico Economic Journal, a satisfação de uma pessoa com a própria vida começa a diminuir com o início da idade adulta, chegando a ser ainda mais baixa entre os 40 e 42 anos. Depois disso, o nível de contentamento começa a aumentar novamente até os 70 anos.

Realizado pela Universidade de Warwick, na Inglaterra, o estudo é o primeiro a monitorar o bem-estar e a felicidade de milhares de pessoas em diferentes países ao longo da vida. Os pesquisadores acompanharam a rotina de 50 000 adultos que viviam na Austrália, Grã-Bretanha e Alemanha. Durante esse período, os participantes responderam questionários sobre o grau de satisfação que tinham com a própria vida em diferentes fases.

Os resultados mostraram que o nível de felicidade e bem- estar de um indivíduo segue uma curva com o formado da letra “U”. Ou seja, o grau de contentamento começa alto e, com a chegada da vida adulta, diminui progressivamente, até atingir sua pior fase a partir dos 40 anos. Ele volta a subir a partir dos 42 anos até a chegada dos 70 anos.

Leia também:

Excesso de álcool na meia-idade aumenta risco de derrame

Exercitar-se na meia-idade pode preservar o cérebro na velhice

De acordo com os pesquisadores, fatores externos, como a quantidade de filhos dos participantes e a cultura na qual eles estavam inseridos, não alteraram os resultados. Para Phillip Hodson, psicoterapeuta e patrono do Centro de Aconselhamento West London, na Grã-Bretanha, essas descobertas corroboram com a observação de que a meia-idade pode ser um período extremamente estressante na vida de uma pessoa.

“A infância e a velhice podem ser consideradas, até certo ponto, momentos protegidos da vida. Na maioria dos casos, você tem menos responsabilidades. Assim, os fardos recaem nas pessoas de meia-idade. Elas estão cuidando dos filhos, dos pais e de si mesmas”, disse Hodson ao jornal britânico The Guardian.

(Da redação)

Continua após a publicidade


O Brasil está mudando. O tempo todo.

Acompanhe por VEJA e também tenha acesso aos conteúdos digitais de todos os outros títulos Abril*
Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

*Acesso digital ilimitado aos sites e às edições das revistas digitais nos apps: Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH. * Pagamento anual de R$ 96, equivalente a R$ 2 por semana.

Como entender a crise dos 40 anos? O nome “crise dos 40” é tão pouco explicado que, às vezes, mulheres que passam por esse período podem nem entender do que se trata essa fase de questionamentos. Uma coisa é certa: ela não precisa estar atrelada ao sofrimento, e pode ser uma fonte de transformações para uma etapa mais criativa e feliz da sua vida.

Quem foi que disse que a vida acaba aos 40?

A chegada dos 40 pode trazer questionamentos positivos para uma mudança de vida

Foto: Image Point Fr/Shutterstock

A psicóloga Lúcia Magnus Marques, especialista em terapia de casal e família, explica que a crise dos 40 anos é um processo de passagem da adultez jovem para a maturidade e, do ponto de vista da psicologia, um dos momentos de instabilidade esperados ao longo da vida. “Mas para a mulher existe uma pressão bem maior, que perpassa por questões de beleza, juventude, maternidade e outras exigências sociais muito cruéis com as mulheres”, afirma. 

Para Lúcia, a crise dos 40 anos pode ser, em parte, fruto dessas opressões exercidas sobre as mulheres. “Isso é tão naturalizado na sociedade que acaba se internalizando, e a mulher acha que aquilo vem dela. Se cobra sem perceber que essas exigências são irreais. O valor de uma mulher não está atrelado à beleza física, juventude, o quanto você foi bem na sua carreira, se você teve filhos ou não”, avalia a psicóloga. 

Ansiedade e solidão

A especialista explica que não existe um diagnóstico para esse tipo de crise, afinal, ela não é uma patologia. Existem sinais que podem ser observados: ansiedade, tristeza sem motivo, solidão, e incompreensão dos amigos e familiares, por exemplo, são alguns deles. 

“É importante que a mulher observe se ela está mais deprimida ou mais ansiosa, se perdeu interesse nas atividades que fazia, como está o apetite, qual seu sentimento e seu humor. É uma avaliação que cada um pode fazer para identificar seus momentos de crise”, explica Lúcia. 

Oportunidade de reinvenção

A resposta para passar por esse processo de transformação é entender que essa fase da vida também vem com vantagens. “Seria bem mais fácil para as mulheres enfrentarem a crise dos 40 como uma oportunidade de reinvenção, não de declínio”, diz a psicóloga.

Quem foi que disse que a vida acaba aos 40?

Aproveite para rever antigos sonhos e refletir se não é hora de realizá-los

Foto: michaeljung/Shutterstock

Também pode ser uma oportunidade de rever interesses antigos, lembrar dos sonhos não realizados, retomar as metas deixadas para trás. “A mulher deve se perguntar: e aquele curso? Aquela viagem que eu adiei? É importante ter esse espírito de reinvenção e buscar dentro de si coisas que possam deixar essa mulher realizada, não para os outros, mas para ela mesma”, explica Lúcia. 

Cultura patriarcal

Para Beatriz Del Picchia, coautora do livro “O feminino e o sagrado – mulheres na jornada do herói”, as mulheres estão imersas em uma cultura patriarcal que determina o que elas são e o que sentem por meio de uma visão dos homens. Além disso, em alguns lugares como o Brasil, a juventude feminina é muito valorizada. 

“São preconceitos que cercam as mulheres. Essa questão da juventude, por exemplo, eu atribuo ao sistema patriarcal. A mulher dos 40 começa a se sentir velha, e pode entrar em crise. Isso é totalmente cultural, e não tem sentido, não é verdade”, afirma. 

Metanoia - A crise positiva

Pós-graduada em psicologia junguiana, Beatriz lembra de outro fator, baseado nessa linha de pesquisa, que pode aparecer para as mulheres nessa faixa etária. “Jung fala que, dos 40 anos para frente, as pessoas entram em uma etapa que se chama metanoia: começam a ter um questionamento sobre aonde chegaram, e para aonde querem ir. Essa crise é muito positiva porque ela pode induzir a um repensar, a uma reflexão”, explica Beatriz.

Quem foi que disse que a vida acaba aos 40?

Mergulhar na crise pode fazer você sair ainda mais feliz dela, pronta para novos projetos de vida

Foto: Diego Cervo/Shutterstock

Segundo essa linha de pensamento, refletir sobre aonde se chegou e o que se quer fazer daqui para frente faria parte, então, da estrutura psíquica dos seres humanos. “Conheço várias mulheres, profissionais bem sucedidas, que não querem mais passar 12 horas por dia trabalhando, e vão fazer outras coisas. Além disso, a gente está numa época que favorece essa mudanças. Antigamente, 40 era a porta da velhice, agora é um pedaço de vida cheio de novas possibilidades, é uma libertação”, diz a pesquisadora.

Para Beatriz, existem duas formas de vivenciar as crises: uma que é vinda da sociedade patriarcal, que valoriza só a juventude, e pressiona as mulheres a serem o que não são, resultando em um momento negativo, e outra que é uma crise extremamente positiva, porque é revolucionária. “Você pode ficar na superfície, ou mergulhar nela e sair dela de forma extremamente criativa, criando uma etapa da vida ainda melhor que a anterior”, afirma.

+Os melhores conteúdos no seu e-mail gratuitamente. Escolha a sua Newsletter favorita do Terra. Clique aqui!

Quem disse que a vida começa aos 40?

A frase se tornou popular por obra de um psicólogo norte-americano chamado Walter Pitkin. No ano de 1932, ele publicou um livro de autoajuda exatamente com este título: “Life begins at forty”. Na época, a frase causou sensação.

Porque se diz que a vida começa aos 40 anos?

O renomado ator americano Morgan Freeman, que já revelou em entrevistas ter vivido como um sem-teto, só conquistou o sucesso e reconhecimento depois dos 40 anos de idade. Pode-se dizer, que o ator é a personificação da expressão popular, “a vida começa aos 40!”