A obesidade é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a epidemia mundial do século XIX. Segundo um relatório da instituição, “esta doença é a causa direta provável de pelo menos 200 mil casos de cancro anuais, um número que se
prevê que aumente nas próximas décadas”. E é responsável por “1,2 milhões de mortes por ano” só no continente europeu. Afeta homens mulheres, adultos e crianças. Em Portugal, mais de metade da população é considerada obesa. Zé Lopes fazia parte deste grupo. Em março, o apresentador da TVI fez uma partilha nas suas redes sociais onde revelou o procedimento que fez para o excesso de peso que colocava em risco a sua saúde. “Chegou a hora de vos revelar a minha maior mudança de vida: fiz uma
cirurgia metabólica porta única”, escreveu. Zé Lopes contou à NiT que a sua motivação foi tornar-se mais saudável, porque sempre se sentiu bem na sua pele: “nunca tive nenhum complexo e continuo a achar que um corpo feliz é aquele onde nos sentimos bem”. Quando fez análises de rotina percebeu que o seu excesso de peso tinha consequências, além das estéticas. “Os exames revelaram que estava num nível em que era considerado pré-diabético, as tensões estavam descontroladas e o colesterol
demasiado elevado para um jovem de 24 anos.” Quando se apercebeu da gravidade da situação, Zé começou a pesquisar possíveis tratamentos, entre eles, as cirurgias bariátricas. “Senti que precisava de mudar o chip e que havia chegado o momento para o fazer. Percebi que a operação metabólica podia ser o meu ponto de partida”, conta à NiT. Durante este percurso, a clínica Centro de Inovação Médica contactou-o para saber se estaria interessado numa parceria. “Parece
que os astros se alinharam e foi um sinal.” O apresentador de televisão visitou vários hospitais, públicos e privados, antes de tomar uma decisão. “Na primeira vez que fui ao Centro de Inovação Médica senti que foi a única equipa que me deu o que procurava. Prometeram-me longevidade e não só emagrecimento. Exatamente o que procurava. Tenho 24 anos e adoro a vida. Tudo o que quero é poder viver muitos anos com qualidade.
“A cirurgia era o primeiro passo que precisava
dar”
O caminho que o levou ao bloco operatório foi longo. Começou com uma consulta de medicina geral onde avaliaram as suas análises ao sangue, foi pesado e calcularam o índice de massa corporal. Depois, consultou um nutricionista para delinearem um plano alimentar para as semanas anteriores à cirurgia e, no final, encontrou-se com os dois cirurgiões. A primeira médica analisou os exames e viu se estava apto para a cirurgia e informou-o sobre o procedimento mais adequado ao seu
caso. O segundo explicou detalhadamente como iria decorrer a cirurgia metabólica com sleeve gástrico. Zé Lopes fez uma dieta cetogénica nas semanas anteriores à cirurgia durante a qual não ingeriu hidratos de carbono. “Logo aí perdi alguns quilos, mas esta dieta era também para reduzir a inflamação do fígado, de forma a que a sonda passasse sem complicações e não fosse necessário alterar o plano cirúrgico.” No dia da cirurgia, Zé confessou que se sentia nervoso, mas muito animado: “Sabia
que estava nas mãos certas para o fazer”. Quando acordou, passado pouco mais de uma hora só queria saber se estava tudo bem. “Não sentia dores e levantei-me quase de seguida”. Ficou internado durante dois dias apenas para confirmarem que estava mesmo tudo bem. “Sentia-me ótimo, quem me visse nunca diria que tinha sido submetido a uma cirurgia. O único mal-estar que senti foi causado pelo ar que entrou no abdómen durante o procedimento, que me causou algumas dores nas costas.
Depois de algumas caminhadas, quando retomei a minha vida normal, saiu naturalmente.”
Quando iniciou este processo pesava 139 quilos. Quatro meses depois o apresentador já perdeu cerca de 45 quilos. “Ainda me faltam cerca de 15 para atingir o meu objetivo.” Quando questionado sobre a sua meta, explicou: “será um peso com o qual me sinta confortável e me dê liberdade para engordar dois ou três quilos quando for de férias ou durante nas épocas festivas, como acontece
com uma pessoa saudável”. As análises passaram a apresentar valores dentro do esperado e, para já, ainda não sabe se irá ser necessário recorrer à cirurgias plásticas para remover pele em excesso — um problema muito comum em quem perde muito peso. “Esta cirurgia era o primeiro passo que precisava dar para mudar. Agora como com prazer refeições mais completas e saudáveis. Já não bebo refrigerantes, mas quando me apetece tenho liberdade para o fazer. Com peso e medida.” Além disso, também
se rendeu ao exercício físico: “Faço medicina desportiva e treino três vezes por semana. Uma delas acompanhada por um personal trainer”. E continua: “sinto-me mais leve, menos cansado. Consigo subir escadas muito mais facilmente e caminhar por mais tempo, sem me cansar”.
A cirurgia metabólica com sleeve gástrico
A NiT falou com Rodrigo Oliveira, o coordenador da Unidade Bariátrica do Hospital Cruz Vermelha para perceber o método cirúrgico a
que Zé Lopes foi submetido. O cirurgião começou por explicar a obesidade é uma doença crónica, incurável e progressiva. Todos os tratamentos disponíveis têm o objetivo de fazer com que o paciente entre em remissão. A cirurgia é a principal forma de conseguir travar a doença, mas o sucesso da mesma depende do estado de cada paciente. “Existem dois grandes tipo de cirurgias bariátricas: a metabólica de porta única e a restritiva. A primeira serve para mudar o metabolismo
do doente, enquanto a segunda restringe o tamanho do estômago”. A técnica da porta única refere-se à forma de entrada no abdómen. “Neste caso é através de uma única entrada, normalmente feita na zona do umbigo”, refere o médico. A gastroplástica sleeve — o procedimento realizado pelo apresentador da TVI — é um método endoscópio utilizado para reduzir o tamanho do estômago. “A diferença em relação a outras cirurgias bariátricas metabólicas é o facto de ser mais estética, não altera o curso da
passagem de comida e os efeitos são mais duradouros — se os pacientes mantiverem o compromisso de uma alimentação saudável e da prática de exercício físico”, ressalva Rodrigo Oliveira. Esta cirurgia, atualmente, pode ser realizada por paciente entre os 16 e os 65 anos. Os riscos associados são muito reduzidos. “Quando é realizada equipas com experiência é uma operação muito segura. Tem menos riscos para a saúde do paciente, do que uma apendicectomia”, refere o especialista.
Texto
da jornalista Catarina Simões, publicado a 01/07/2022, na NIT.
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Como fica o estômago depois da Sleeve?
O sleeve gástrico pode provocar náuseas, vômitos e azia. No entanto, as complicações mais graves desta cirurgia incluem o surgimento de uma fístula, que é uma ligação anormal entre o estômago e a cavidade abdominal e, que pode aumentar as chances de infeções. Nesses casos, pode ser necessária uma nova cirurgia.
Quantos quilos se perde no Sleeve?
Quantos quilos se perde com a cirurgia bariátrica sleeve? É possível perder com cirurgia bariátrica sleeve entre 30% e 35% do peso inicial. Então, se um paciente pesar 100 quilos, ele deve perder de 30 a 35 quilos. No bypass, a perda de peso pode chegar a 40% ou até mais.
Porque não fazer Sleeve?
Quanto às contraindicações, esse pode não ser o método ideal para quem tem doença do refluxo gastroesofágico (por, em determinados casos, agravá-la). Para pacientes com Diabetes Tipo 2, geralmente, prefere-se utilizar a técnica Bypass Gástrico.
Quem faz Sleeve volta a engordar?
O Paciente Bariátrico Volta a Engordar? Em média, 18 meses após a realização da Cirurgia há a estabilização do peso do paciente e, consequentemente, seu peso mínimo. Contudo, após a estabilização do peso é comum que o paciente recupere um pouco do peso perdido.