Como a educação física inclusiva contribui na vida da pessoa com deficiência?

Postado em 30/06/2020

Muitas investigações de responsabilidade da Unesco preconizam a educação para todos, assentadas em princípios de direito, e não de caridade; igualdade de oportunidades, e não de discriminação; promoção de sucesso de todos e de cada um.

    A educação inclusiva pressupõe escola aberta para todos, ambiente em que todos aprendem juntos, quaisquer que sejam as suas dificuldades.

    A escola tem que cumprir essa prerrogativa como reflexo de uma sociedade democrática na qual a justiça, o respeito pelo outro e a equidade sejam princípios para uma escola inclusiva.

    Os professores poderão ter autonomia para inserir no contexto escolar a diversidade humana, o que inclui desde os mais desfavorecidos até os que apresentam deficiências graves.

    É o ensino que deve se adaptar ao aluno, e não o aluno se adaptar a normas preestabelecidas. Nesse contexto, todas as disciplinas e, em especial, a Educação Física, passam do processo de exclusão para um de inclusão.

A Educação Física nasceu de uma visão homogeneizada na busca do rendimento e da competição. Quem não atingia a performance esperada ou não se enquadrava no perfil físico almejado pelos educadores era excluído da prática.

    A prática de educação física por partes desses alunos era fora do contexto inclusivo, em que a educação física é adaptada exclusivamente para eles. Mesmo com a adaptação, a visão era a busca de rendimento no esporte.

    Hoje, porém, dentro do contexto escolar, já estamos acompanhando a educação inclusiva, na qual os alunos participam da mesma atividade, tendo ou não necessidades especiais.

    Assim, a busca pelo ensino inclusivo na educação física é aceitando a heterogeneidade da classe e trabalhando com base nessa heterogeneidade.

    Partindo da sociedade, entrando na escola e atingindo os professores, a inclusão depende muito mais de um entendimento por parte do professor e dos alunos chamados de “normais”. Os alunos com necessidades especiais devem ter a oportunidade de evoluir e mostrar que são capazes de aprender e se relacionar.

    E a educação física é uma das melhores disciplinas no ambiente escolar, pois, através de atividades e jogos lúdicos, promove a interação de todos os alunos, criando oportunidades para os deficientes mostrarem que também são capazes de evoluir em conjunto.

    A Educação Física Escolar

    A Educação Física é um componente curricular no qual todos os alunos devem desenvolver determinadas habilidades, inclusive as motoras ou esportivas.

    Mesmo no ambiente escolar, a educação física era e é vista por alguns como atividade que visa ao rendimento, apenas para descobrir talentos. Os estudantes com deficiência eram dispensados da disciplina.

    Para praticar atividades físicas, esse alunos buscavam outras alternativas, como projetos de extensão da escola, em uma educação física adaptada. Todavia, essa prática também estava no entorno de esportes de rendimento, pois o professor queria mostrar para o aluno que ele também, mesmo com necessidades especiais, poderia ser um atleta.

    Mas a Educação Física Escolar não deve ser pensada só como esporte. Ela deve ser pensada influenciando o cotidiano dos praticantes através de uma interdisciplinaridade. O educador tem que ir além de sua área e buscar pontos de contato com outras disciplinas.

    É na interdisciplinaridade que o professor de Educação Física pode colaborar para o completo desenvolvimento tanto individual quanto coletivo dos alunos, sem excluir os estudantes menos favorecidos, seja por deficiência física ou intelectual, social ou psicológica.

    Nas aulas de Educação Física, os alunos podem mostrar seu potencial através do movimento e do raciocínio. Seja em um jogo ou em uma brincadeira, elas oportunizam o convívio, a socialização e o respeito.

    Na vivência lúdica, o aluno pode experimentar o gosto por uma atividade específica e querer se aprimorar nela, independentemente de ter ou não alguma deficiência.

Educação física: adaptada ou inclusiva

    Podemos dizer que há duas linhas na Educação Física quando se trabalha com portadores de necessidades especiais. São duas modalidades de atuação que dependem muito mais dos educadores do que propriamente dos alunos.

     Uma das modalidades é a Educação Física Adaptada, na qual os alunos com deficiência praticam atividades físicas separados dos seus colegas.

    A outra é a Educação Física Inclusiva, na qual todos participam das mesmas atividades propostas.

    A prática das duas modalidades requer um ambiente acessível, que ofereça oportunidades iguais, com inclusão social e valorização das diferenças, estimule o desenvolvimento de habilidades e valorize as competências individuais. Para isso, cabe ao professor planejar as aulas de acordo com as especificidades dos alunos de cada turma.

    Sabe-se que essas duas modalidades se encontram designadas à sociedade em uma só, que é a Educação Física Adaptada, mas deve ser de uma maneira diferente: a inclusão deve acontecer com a adaptação dos recursos, das regras, dos professores, dos alunos, dos pais e de todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem de uma pessoa.

    A Educação Física contribui para o desenvolvimento físico, intelectual, social e psicológico através de jogos e brincadeiras. É nesse contexto que a inclusão deve ocorrer.

    As melhores atividades para inclusão

    Qualquer atividade física é recomendada tanto para portadores de necessidades especiais como para as pessoas “normais”, desde que se adapte o jogo ou a brincadeira para que ambos os grupos possam ser incluídos, sem necessidade de montar uma turma extra.

    Portanto, na escola, as atividades oferecidas como recreativas, tanto os jogos como as brincadeiras, devem ser pensadas de tal maneira que abranjam todos os praticantes, com deficiência ou não.

    Através de atividades recreativas, jogos lúdicos e passatempos, todos os alunos podem se beneficiar com o senso de realização, a consciência corporal, os desafios físicos e mentais, a melhora da autoestima, a expressão criativa, a chance de fazer amizades, a oportunidade de competir, em um sistema de cooperação e tudo mais que explore a socialização.

Os desafios da Educação Física Adaptada

    Sabemos que nem todas as escolas estão preparadas para receber o aluno portador de uma deficiência, e isso por vários motivos, entre eles, porque os professores não se sentem preparados para atender adequadamente às necessidades daqueles alunos e porque os alunos que não têm deficiência não foram preparados acerca de como aceitar ou brincar com os colegas com deficiência.

    Talvez a grande dificuldade nas aulas de Educação Física esteja em atingir, ao mesmo tempo, todos os alunos e cada um deles. Isso porque não existem pessoas iguais; portanto, a diversidade se torna um ponto de análise para não ocorrer fracasso na educação.

    Nesse caso, o professor é a ferramenta principal, e isso implica dizer que ele influencia diretamente no desenvolvimento do aluno e, muitas vezes, interfere na gestão familiar e social do indivíduo. Portanto, a maior dificuldade é o próprio professor saber se está preparado e se tem condições favoráveis de receber os alunos com necessidades especiais na turma.

    A partir daí, no seu trabalho didático-pedagógico com base nos campos psicomotor, cognitivo e social, o professor deve se preparar e trabalhar gradualmente, do grau menos complexo até o mais complexo, respeitando a heterogeneidade da turma e levando à independência do aluno com necessidades especiais, para a sua evolução global.

    Nessa oportunidade de independência, o professor, como promotor do convívio entre os alunos, estimula no aluno com necessidades especiais a autoestima, o autoconhecimento, o autodomínio, suas habilidades psicomotoras e sociais; e estimula os outros alunos a entenderem e aceitarem as diferenças, apoiando esse desenvolvimento, o que fecha a ideia de inclusão.

Modalidades esportivas adaptadas ao deficiente físico

    Só para elucidar, atualmente as pessoas com deficiência física praticam esportes como: atletismo, arco e flecha, basquete em cadeira de rodas, bocha, ciclismo, esgrima em cadeira de rodas, futebol para amputados e paralisados cerebrais, halterofilismo, hipismo, iatismo, natação, rúgbi, tênis em cadeira de rodas, tênis de mesa, voleibol sentado para amputados etc.

    Essas práticas esportivas e que hoje estão entre as modalidades das paralimpíadas mostram o quanto a educação física evoluiu desde a Segunda Guerra.

Como a atividade física contribui na inclusão de alunos com deficiência?

A Educação Física contribui para o desenvolvimento, por ser uma disciplina onde a ludicidade, a liberdade e a individualidade se expressam, tornando-se ambiente ideal para aprendizagem tanto das crianças tidas como "normais", quanto das com necessidades especiais e propicia o relacionamento entre elas.

Como a educação física pode incluir as pessoas com deficiência?

Existem duas linhas na educação física quando se trata de pessoas com deficiência: a educação física adaptada e a educação física inclusiva. As duas modalidades dependem mais dos educadores que dos alunos. Na educação física adaptada, os estudantes com deficiência praticam atividades físicas separadamente dos colegas.

Qual é a contribuição da educação física para o desenvolvimento na inclusão?

A construção de regras pelo grupo permite que a criança trabalhe com mais autonomia para desenvolver os objetivos das atividades e construa referências para enriquecer suas habilidades sociais. Muitas dessas habilidades sociais são necessárias para participar com sucesso na escola e na sociedade.

Quais os benefícios da educação física inclusiva para o aluno portador de deficiência?

Melhora na autoestima; Redução do estresse; Prevenção de doenças do coração e respiratórias. Todos benefícios citados podem e ser estendidos aos estudantes que possuem qualquer tipo de deficiência, afinal esses são os efeitos esperados com a Educação Física Inclusiva.