Como estudar os documentos oficiais BNCC, currículo municipal com toda a comunidade escolar

Por se tratar de um documento novo, ainda há muitas dúvidas sobre como o PPP pode ser adaptado para contemplar as diretrizes da BNCC. Abaixo, listamos algumas dicas para a revisão dadas pelas educadoras Priscila Arce e Sonia Guaraldo no curso “Projeto político-pedagógico alinhado à BNCC”, de NOVA ESCOLA (clique aqui para saber mais):

Para a escola incorporar as propostas da BNCC ao projeto político-pedagógico é necessário identificar quais são as competências que devem ser desenvolvidas, considerando também a atuação que a escola já têm dentro desses campos de desenvolvimento. Ou seja, o primeiro passo para começar essa construção é fazer um diagnóstico das práticas pedagógicas e do aprendizado dos alunos. Conhecer a comunidade e os desafios de aprendizagem dela é essencial para que o PPP não só contenha a identidade local, mas trace diretrizes condizentes com o presente e futuro da instituição. “Para iniciar a revisão, o gestor escolar deve estar ligado ao que está acontecendo  no seu município e estado, ele deve participar destes momentos de formação da secretaria de educação, pois é importante que a revisão do PPP esteja contextualizada com o local”, diz Sonia Guaraldo, especialista em gestão escolar e consultora da Fundação Lemann, mantenedora de NOVA ESCOLA. Nesse contexto, o gestor escolar é o responsável por compartilhar tanto informações relacionadas ao contexto da instituição quanto sobre os documentos com a equipe para a implementação das diretrizes da Base. “O gestor deve estar bem informado e  seguro para passar essa segurança e orientar o resto da equipe”, afirma Sonia.

É necessário que as escolas reelaborem o conteúdo de forma democrática e colaborativa, dando voz aos professores e revendo como a Base pode ser implementada em cada disciplina. A BNCC também incentiva o respeito à igualdade e a diversidade cultural, o que traz a necessidade de se planejar e rever o currículo e prática segundo a cultura e experiência local de cada escola. O PPP também deve conciliar a missão com a prática pedagógica desenvolvida. Segundo Karina Padial, coordenadora dos cursos da NOVA ESCOLA, “muitas vezes vemos na missão da PPP uma intenção da escola de formar alunos críticos, conscientes, mas isso não está desenvolvido em outras partes do plano pedagógico”. Aulas expositivas, salas de aula com carteiras enfileiradas uma atrás da outra revelam que as opções metodológicas não refletem a missão do PPP no caso, por exemplo, de uma escola que tenha optado por estimular o protagonismo dos alunos, ou não contemplam de forma efetiva o que a escola pretender realizar, aponta Karina.

Outro ponto a ser revisto e que está definido pela Base é a formação de professores, que deve possibilitar o aperfeiçoamento contínuo para o desenvolvimento dos alunos. Novas transformações pedagógicas também apontam para a necessidade dos professores de estarem sempre atualizados e terem orientação constante do coordenador escolar. “Os professores muitas vezes querem fazer algo novo sem saber como fazer, Essa falta sentida pelos professores deve ser levada em consideração na hora de reorganizar o projeto pedagógico da escola”, afirma Priscila Arce, diretora da EMEF Sebastião Francisco O Negro e mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP).

Para que a comunidade se aproprie da BNCC, o gestor escolar deve fazer reuniões pedagógicas com os professores, conversar com alunos e seus responsáveis, envolvendo-os também nas mudanças. No curso realizado pela NOVA ESCOLA, a diretora Priscila Arce mostrou um exemplo de implementação da BNCC e revisão do projeto político-pedagógico da instituição.  Ela conta que a primeira iniciativa foi mapear o perfil da comunidade e fazer o levantamento dos problemas e das forças da escola. “Percebemos que o PPP possuía a visão dos gestores e professores, mas faltava a dimensão dos alunos, pais e a comunidade”. As reuniões podem seguir um modelo mais informal, de forma que todos sintam acolhidos e entendam o processo como necessário e não apenas ma medida burocrática e obrigatória. Dependendo da dinâmica escolhida pela escola para coletar sugestões, essa etapa pode ser desenvolvida através de questionários. No exemplo implementado por Priscila, os questionários abordavam o conhecimento dos pais e responspaveis sobre os metódos desenvolvidos na escola, o que poderia ser melhorado e o que eles mais gostavam. “Era importante observar se o PPP observava a realidade, o que realmente estava sendo realizado na escola”, relata a diretora.

Cabe ao gestor divulgar o resultado e as mudanças implementadas, apresentando o documento por comunicados ou por meio de plenárias realizadas com os pais e responsáveis. A participação dos alunos também pode realizada através da formação de diretórios estudantis, o que incentiva a autogestão, autonomia e cooperação – competências previstas pela Base. Outra forma de incluir os estudantes é o uso da ferramenta Google Docs, uma versão gratuita online do Word, que permite à comunidade compartilhar suas sugestões em tempo real e pode ser utilizada por todos ao mesmo tempo. A ferramenta também pode servir para otimizar o tempo dos professores e de toda equipe, resevando as reuniões para consolidação do que já foi lido e revisto.

As competências descritas pela BNCC podem ser desenvolvidas de diversas maneiras pelo PPP, não aparecendo apenas no currículo disciplinar. Integrar disciplinas, rever as avaliações com base na escuta de estudantes e professores, incorporar aspectos culturais regionais nas práticas pedagógicas, todas essas podem ser formas de atender às demandas da Base.  O projeto polítco-pedagógico também deve incentivar a cultura da participação, estimulando o protagonismo dos professores e alunos nas mudanças. A identidade da escola também deve ser respeitada no processo, podendo ser feito um mapeamento da comunidade e das especificidades locais para estabelecer um novo PPP. Isso inclui pensar a mobilidade dos alunos, a arquitetura do entorno e também possibilidades de visitas a museus, institutos, teatros o outros passeios culturais que enriqueçam o repertório dos estudantes sobre a história e transformações da região em que estudam. Dessa forma, é possível contemplar o objetivo da BNCC em formar cidadãos íntegros, autônomos e criativos, que possam alcançar sucesso pessoal e profissional.

Quais serão as ações que deverão ser tomadas pela gestão escolar Segundo o documento BNCC?

A liderança escolar deve adequar a sua instituição a partir do projeto político pedagógico, que deverá estar alinhado às diretrizes da BNCC. O gestor escolar deve refletir sobre que aluno deseja formar, qual ambiente pedagógico deseja construir e buscar sempre essa resposta no planejamento de cada aula.

Quais documentos devem ser considerados além da BNCC?

Além da BNCC, diversos marcos legais e documentos oficias norteiam as políticas educacionais e, por isso, podem ser mencionadas no texto introdutório do currículo, como a Constituição Federal, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, as Diretrizes Curriculares Nacionais e o Plano Nacional de Educação.

Como a equipe gestora tem recebido formação para conhecer o documento da BNCC?

Boa resposta C. Nas escolas, a equipe gestora deve trabalhar com os docentes para transformar o conteúdo da Base e as propostas que vierem das redes em uma versão própria. A parceria vale também para rever o PPP. A BNCC traz os conhecimentos que se quer alcançar, mas é o currículo que determina como isso será feito.

Quais são os documentos considerados imprescindíveis ao trabalho no espaço educativo?

Entre os documentos que são importantes para que uma escola efetivamente exerça sua função estão o Livro de Registro de Classe, o Regimento Escolar, o Projeto Político-pedagógico e a Proposta Pedagógica Curricular.