Em que situação uma floresta e considerada a sequestradora de carbono?

7 maio 2015

Em que situação uma floresta e considerada a sequestradora de carbono?

Crédito, ROEL BRIENEN

Legenda da foto,

Amazônia abriga 17% do carbono estocado pela vegetação do planeta

Metade do carbono que árvores amazônicas capturam da atmosfera é aprisionada por apenas 1% das espécies da floresta, segundo um estudo científico internacional.

A Amazônia abriga cerca de 16 mil espécies de árvores, mas apenas 182 dominam o processo de captura de gases que causam o efeito estufa, de acordo com a pesquisa, publicada na revista Nature Communications.

Com 5,3 milhões de quilômetros quadrados, o ecossistema é a maior floresta tropical do mundo e essencial para o ciclo de sequestro de carbono do planeta: responde por cerca de 14% do carbono assimilado por fotossíntese e abriga 17% de todo o carbono estocado em vegetação em todo o planeta.

"Considerando que a Amazônia é tão importante para o ciclo de carbono e armazena tanto da biomassa do planeta, calcular exatamente quanto carbono é armazenado e produzido é importante para entender o que pode acontecer no futuro sob condições ambientais diferentes", disse a co-autora do estudo, Sophie Fauset, da Universidade de Leeds, no Reino Unido.

O novo estudo toma como base as conclusões de uma outra pesquisa, de outubro de 2013, que encontrou 227 espécies "hiperdominantes" que respondem por metade dos 390 bilhões de árvores amazônicas.

Dentro desse universo, árvores de grande porte, que contém mais biomassa e portanto mais carbono, são mais influentes no ciclo, diz a pesquisadora.

"E como as árvores são organismos que vivem por muito tempo, isto significa que o carbono é removido da atmosfera por décadas, se não séculos."

Mudanças

Apesar dessa dinâmica, a cientista alertou contra a tentação de estimular a multiplicação das 182 espécies identificadas de plantas, na tentativa de capturar mais carbono da atmosfera.

Crédito, ROEL BRIENEN

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Árvores maiores guardam carbono 'por décadas ou séculos', diz cientista

"Embora tenhamos um número pequeno de espécies exercendo uma influência desproporcional no ciclo de carbono, isto é apenas o que conseguimos medir hoje", disse Fauset.

"Dada a quantidade de mudanças que estão ocorrendo nas regiões tropicais, em termos de clima e uso do solo, no futuro espécies diferentes podem se tornar mais importantes."

Em um estudo anterior, Fauset e uma equipe de cientistas perceberam que a capacidade de armazenamento de carbono de florestas no Oeste da África aumentaram apesar de uma seca de 40 anos na região.

O estudo sugeriu que o incremento da biomassa capaz de armazenar carbono nessas florestas resultou de mudanças na composição das espécies: a seca prolongada havia beneficiado espécies que conseguiam viver nessas condições.

Emissões ignoradas

Outro estudo, publicado na terça-feira, sugeriu que as emissões globais de carbono da floresta podem estar sendo subestimadas, pois os cálculos não levariam em conta árvores mortas logo após o desmatamento.

O dióxido de carbono é liberado por essa vegetação durante o processo de decomposição. O estudo foi feito em Bornéu e publicado na revista científica Environmental Research Letters.

A perda de floresta contribui por até 30% das emissões de gases que causam o efeito estufa causadas pela atividade humana, rivalizando com o setor de transporte.

No Brasil, 61% das emissões são resultantes de mudanças de uso do solo e desmatamento, segundo a ONG Institude de Pesquisa Ambiental da Amazônia.

O país está entre os cinco maiores emissores mundiais de gases de efeito estufa, de acordo com a organização.

Aproximadamente 17% da floresta – uma área equivalente ao território da França ou quase duas vezes ao do Estado do Maranhão – já foram convertidos para outras atividades de uso do solo.

Texto Rafael Tonon

É a absorção de grandes quantidades de gás carbônico (CO2) presentes na atmosfera. A forma mais comum de seqüestro de carbono é naturalmente realizada pelas florestas. Na fase de crescimento, as árvores demandam uma quantidade muito grande de carbono para se desenvolver e acabam tirando esse elemento do ar. Esse processo natural ajuda a diminuir consideravelmente a quantidade de CO2 na atmosfera: cada hectare de floresta em desenvolvimento é capaz de absorver nada menos do que 150 a 200 toneladas de carbono.

É por essas e outras que o plantio de árvores é uma das prioridades para a diminuição de poluentes na atmosfera terrestre. “A recuperação de áreas plantadas, que foram degradadas durante décadas pelo homem, é uma das possibilidades mais efetivas para ajudar a combater o aquecimento global”, afirma Carlos Joly, do Instituto de Biologia da Unicamp.

Porém não é a única: já existem estudos avançados para realizar o que os cientistas chamam de seqüestro geológico de carbono. É uma forma de devolver o carbono para o subsolo. Os gases de exaustão produzidos pelas indústrias são separados através de um sistema de filtros que coletam o CO2. Esse gás é comprimido, transportado e depois injetado em um reservatório geológico apropriado – que podem ser campos de petróleo maduros (já explorados ou em fase final de exploração), aqüíferos salinos (lençóis de água subterrânea com água salobra não aproveitável) ou camadas de carvão que foram encontradas no solo. (veja infográfico ao lado)

“Os reservatórios geológicos são altamente eficazes para aprisionar fluidos em profundidade. Do contrário, o forte terremoto que causou o tsunami na Ásia teria rompido diversos depósitos geológicos naturais. No entanto, nenhum campo de gás natural ou petróleo vazou”, explica o geólogo José Marcelo Ketzer, coordenador do Centro de Excelência em Pesquisa sobre Armazenamento de Carbono (Cepac). Ketzer lembra ainda que os campos de petróleo ou gás natural guardaram esses fluidos por milhões de anos e que eles permaneceriam intactos se o homem não resolvesse trazê-los para a superfície.

Solução que vem da terra

Saiba como é possível seqüestrar o carbono do ar e deixá-lo enterrado para sempre, no cativeiro

O gás carbônico é separado no processo de exaustão das indústrias por meio de um sistema de filtros. Esse gás é comprimido e transportado até um local geológico. Ali, o gás é injetado em 3 tipos de reservatório: campos de petróleo maduros (já explorados ou em fase final de exploração), aqüíferos salinos (lençóis de água subterrânea com água salobra não aproveitável) ou camadas de carvão.

1. Nas árvores

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Em fase de crescimento, as árvores são verdadeiros aspiradores de CO 2 da atmosfera. O tronco de uma árvore é 80% composto de carbono, portanto não é de admirar que elas suguem, por hectare, 150 a 200 toneladas de CO 2 do ar. Uma árvore, sozinha, é capaz de absorver 180 quilos de CO 2.

2. Camadas de carvão

Assim como nos campos de petróleo, a injeção de carbono em reservas de carvão também pode ser lucrativa: o carvão retém o CO 2 e libera no processo o gás natural, que pode ser explorado e comercializado. Nos depósitos localizados em profundidades muito grandes, o gás carbônico pode ser armazenado.

3. Campos de petróleo

Os poços maduros, onde não há mais produção de petróleo e gás, podem se transformar em grandes depósitos de CO 2. Seria dar apenas mais um passo, uma vez que as petrolíferas já injetam o gás carbônico em campos maduros de petróleo para, por intermédio dessa pressão, aumentar o potencial de extração neles.

4. Aqüíferos salinos

Nestes enormes mantos de água no subsolo, a água é tão salobra que não serve para o consumo. Dessa forma, eles seriam uma ótima alternativa para estocar carbono. Trata-se das formações com mais capacidade de armazenar CO 2: os especialistas estimam que os aqüíferos possam reter até 10 mil gigatoneladas do gás.

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  • Estudos e pesquisas
  • Sustentabilidade

O que é seqüestro de carbono?

Cada hectare de floresta em desenvolvimento é capaz de absorver nada menos do que 150 a 200 toneladas de carbono.

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Como se dá o sequestro do carbono?

De forma simples, o sequestro do carbono é a fixação do CO2 da atmosfera no processo de fotossíntese das plantas, mantendo o carbono retido na biomassa da vegetação e assim ajudando na luta contra a intensificação do efeito estufa, que acarreta no aumento da temperatura terrestre.

O que se entende por sequestro de carbono?

O Sequestro de Carbono é o termo utilizado para indicar a exclusão do gás carbônico (CO₂) da atmosfera e transformar em oxigênio (O₂). Esta técnica é feita de forma espontânea pelos oceanos, florestas e solos.

Como as árvores sequestram carbono?

A neutralização de carbono por plantio de árvores acontece através sequestro de carbono da atmosfera. O carbono é retirado do meio ambiente e fixado na biomassa da planta. As florestas sequestram o elemento apenas na fase do crescimento das árvores, pois ao atingirem o seu clímax, o balanço da compensação de CO2 é 0.