O que é cuidados paliativos

O ex-atleta luta contra um câncer desde 2021 e, atualmente, está internado no hospital

Retrato de Pelé, fotografado em 2000 Marcio Scavone via Wikimedia Commons

Aos 82 anos, Pelé está internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, desde a última terça-feira (29). O ex-atleta luta contra um tumor no cólon, descoberto em 2021. Segundo um boletim médico divulgado pelo hospital, ele está passando por uma “reavaliação da terapia quimioterápica” e também pelo tratamento de uma infecção respiratória. As informações foram fornecidas na sexta-feira (2).

Neste sábado (3), a Folha de S.Paulo publicou que Pelé deixou de responder à quimioterapia e que estaria recebendo cuidados paliativos. Até o fechamento desta matéria, o Hospital Albert Einstein ainda não havia publicado um novo boletim médico.

Mas, afinal, o que são cuidados paliativos?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu esse conceito em 1990 e o atualizou em 2002. A instituição diz o seguinte: “Cuidados paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais”.

Essa abordagem é especialmente comum em pacientes que sofrem de câncer. Quando uma equipe médica toma a decisão de introduzir cuidados paliativos, o objetivo central é a minimização do sofrimento, mas não apenas isso. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) destaca que é realizada a “identificação precoce de situações possíveis de serem tratadas”.

Ao prever a preocupação com aspectos “sociais, psicológicos e espirituais”, o tratamento paliativo propõe uma abordagem particularmente humanizada no cuidado com pacientes que se encontram em estado grave. Esse é um ponto importantíssimo.

O estigma em torno dos cuidados paliativos

Esse tipo de tratamento está muito associado à preparação para o momento da morte. De fato, especialistas no assunto até mesmo usam a expressão “qualidade de morte” (numa associação à qualidade de vida) para falar sobre os objetivos dos cuidados paliativos.

Mesmo assim, a escolha por esse tipo de tratamento não deve ser encarada como um atestado de morte. A médica Ana Cláudia Quintana Arantes, uma das maiores defensoras da abordagem paliativa no Brasil, acredita que esses cuidados devem ser introduzidos na vida do paciente a partir do diagnóstico de qualquer doença que ameace a continuidade da vida.

1. O que são Cuidados Paliativos?

São cuidados multidimensionais (nas dimensões física, emocional, familiar, social e espiritual) desenvolvidos e oferecidos por equipe multiprofissional capaz e qualificada à pessoa portadora de doença que ameaça a continuidade da vida desde o seu diagnóstico até o momento de sua morte, se completando com o suporte ao luto oferecido a família e amigos. Neste trabalho, todos os recursos diagnósticos e terapêuticos disponíveis são utilizados como amplo suporte à qualidade de vida do paciente e de sua família para que acessem o momento vivenciado com sentido, conforto, valor e significado. Todo o trabalho desenvolvido pela equipe tem como objetivos o alívio e a prevenção do sofrimento envolvido na evolução do adoecimento, no processo humano de morrer e despedir-se, vivendo sua vida em plenitude até seu último instante. Um trabalho e uma sabedoria que se complementam para que o paciente sinta e saiba que é um ser humano com o qual nos importamos e oferecemos o nosso melhor para que sua vida possa valer a pena até o fim.

Texto de Ana Claudia Quintana Arantes

Segundo a Organização Mundial de Saúde, Cuidados Paliativos é a assistência integral oferecida para pacientes e familiares quando diante de uma doença grave que ameace a continuidade da vida. O objetivo dos Cuidados Paliativos é oferecer o tratamento eficaz para os sintomas de desconforto que podem acompanhar o paciente, sejam eles causados pela doença ou pelo tratamento. (OMS, 2017)

2. Quem é o paciente que se beneficia de Cuidados Paliativos?

Todos os pacientes que são portadores de doenças graves, que ameacem a continuidade da vida e que apresentem sintomas de sofrimento se beneficiam do atendimento de uma equipe de Cuidados Paliativos, desde o diagnóstico da doença, passando por todos os tratamentos que busquem a cura ou o controle da doença, bem como os cuidados intensamente necessários na finitude humana. Aqui se encaixam todas as doenças com este perfil de gravidade e não somente o câncer!

3. Como é o trabalho de Cuidados Paliativos?

Os Cuidados Paliativos atuam nas necessidades do paciente e de sua família, comprometendo-se a avaliar e tratar os sintomas físicos de desconforto, como dor, fadiga, cansaço, falta de ar e outros que possam causar sofrimento e piora da qualidade de vida. Ao mesmo tempo em que trata os sintomas da dimensão física, orienta-se no sentido de avaliar e cuidar das necessidades emocionais, sociais, familiares e espirituais do paciente e de sua família, respeitando seus valores e crenças.

Tratando-se de um Cuidado Integral, devemos contar sempre com uma equipe de profissionais de saúde que sejam treinados e capacitados em tratar sintomas de desconforto relativos às dimensões do ser humano que são descritas como: dimensão física, emocional, social, familiar e espiritual.

Os profissionais que compõem a equipe são os que controlam os sintomas do corpo – dimensão física – (todos os profissionais de saúde podem ajudar neste controle!), da mente – dimensão emocional – (psicólogo, psicoterapeuta, psicanalista, psiquiatra), do espírito – dimensão espiritual – (padre, pastor, rabino, guru, sacerdotes das diferentes crenças religiosas professadas pelos pacientes) e do social e familiar (assistente social, voluntário, psicólogo).

Os tratamentos curativos e paliativos são complementares entre si, pois com um melhor controle de sintomas o paciente e sua família podem passar pelo tempo de tratamentos curativos de maneira mais efetiva, mesmo que estes tratamentos sejam mais agressivos. O que ocorre em geral, é que à medida que a doença apresenta progressão, percebe-se uma maior necessidade dos cuidados paliativos; sendo possível que, em algum momento da evolução da doença de base, a prioridade de cuidados visa o conforto e qualidade de vida exclusivamente.

Fazem parte dos princípios dos cuidados paliativos:

  1. Respeitar a dignidade e autonomia dos pacientes.
  2. Honrar o direito do paciente de escolher entre os tratamentos, incluindo aqueles que podem ou não prolongar a vida.
  3. Comunicar-se de maneira clara e cuidadosa com os pacientes, suas famílias e seus cuidadores.
  4. Identificar os principais objetivos dos cuidados de saúde a partir do ponto de vista do paciente.
  5. Prover o controle impecável da dor e de outros sintomas de sofrimento físico.
  6. Reconhecer, avaliar, discutir e oferecer acesso a serviços para o atendimento psicológico, social e questões espirituais.
  7. Proporcionar o acesso ao apoio terapêutico, abrangendo o espectro de vida através de tratamentos de final de vida que proporcionem melhora na qualidade de vida percebida pelo paciente, por sua família e seus cuidadores.
  8. Organizar os cuidados de modo a promover a continuidade dos cuidados oferecidos ao paciente e sua família, sejam estes cuidados realizados no hospital, no consultório, em casa ou em outra instituição de saúde.
  9. Manter uma atitude de suporte educacional a todos os envolvidos nos cuidados diretos com o paciente.

O que são os cuidados paliativos?

Os cuidados paliativos focam na pessoa e não na doença, tratando e controlando os sintomas, para que os últimos dias de vida sejam dignos e com qualidade, cercado de seus entes queridos. Está também focada na família para a tomada de decisões.

Quais são os 3 principais cuidados paliativos?

Promover o alívio da dor e de outros sintomas. Afirmar a vida e considerar a morte como um processo natural. Não acelerar nem adiar a morte. Integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente.

Quando o paciente entra em cuidados paliativos?

Quando deve iniciar? O mais precoce, sempre que possível. Podem vir associados ao tratamento com objetivo de cura da doença a fim de auxiliar no manejo dos sintomas de difícil controle e melhorar as condições clínicas do paciente.

Quais são os tipos de cuidados paliativos?

Os tipos de cuidados que podem ser envolvidos são:.
Físicos: servem para tratar os sintomas físicos que podem ser incômodos como dor, falta de ar, vômitos, fraqueza ou insônia, por exemplo;.
Psicológicos: cuidam dos sentimentos e de outros sintomas psicológicos negativos, como angústia ou tristeza;.