Porque os cafeicultores do Oeste Paulista não apoiavam a monarquia?

Golpe Republicano – Proclamação da República – 1889

Porque os cafeicultores do Oeste Paulista não apoiavam a monarquia?

Figura 1 - Alegoria da República Brasileira, homenagem da Revista Illustrada - 1889-1898 - Angelo Agostini - Angelo Agostini [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Republica_no_brasil.jpg">via Wikimedia Commons</a>

O Golpe Republicano, ou a Proclamação da República, ocorrido no dia 15 de novembro de 1889 não foi uma surpresa. O Segundo Reinado passava por problemas sérios tanto de ordem social quanto econômica e política. Foram 67 anos de Império no Brasil, e no final, ficou claro que as mudanças que o país vivia também correspondiam ao sistema de governo.Veremos as medidas que levaram ao golpe e como se deu esse processo.

A economia imperial ainda era basicamente agrária visando exportação, sendo o café o principal produto no século XIX. O dinheiro proveniente da venda dos grãos financiou transformações urbanas, desenvolvimento ferroviário, portuário e das cidades. O Brasil passou a ter bancos e algumas indústrias, o que acelerava o crescimento do mercado interno e aumentava sua importância no comércio internacional.

Figura 2 - Reprodução de Mapa de Guilherme Gaensly "Map Showing The Distribution of Coffee Culture In The State Of S. Paulo (Brazil) For The Year 1901 - Museu Paulista - São Paulo -  Guilherme Gaensly [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/F

O enriquecimento da elite agraria ligada ao café mudou a estrutura social brasileira, já que os antigos fazendeiros do açúcar ou do tabaco não tinham mais tanta influência. Junto dos cafeicultores, a classe média comerciante e pequenos industriais também ascenderam. Houve uma mudança na configuração política, porque aqueles ligados ao Oeste Paulista e ao Vale do Paraíba agora faziam parte do quadro político brasileiro. Esses buscavam a modernização do Congresso e muitos encabeçavam o Movimento Republicano, que era uma nova forma de se opor ao Império e ao que era considerado atraso ao se comparar a outros países.

Figura 3 - Capa do Jornal a República de 1870, contendo o Manifesto Republicano -  Jornal &quot;A República&quot; [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:A-republica-3-12-1870.jpg">via Wikimedia Commons</a>

O movimento surgiu paulatinamente, e ganhou força em 1870 com o período A República e a publicação do “Manifesto republicano brasileiro”, que era liderado pela elite urbana e, como tempo, ganhou apoio dos fazendeiros. O Partido Republicano foi criado em 1872, e em 1873, o Partido Republicano Paulista (PRP) que teve muito peso no movimento devido ao protagonismo econômico. De início, nem todos os cafeicultores apoiaram o ideal republicano, como os do Vale do Paraíba, que acreditavam na monarquia. O cenário mudou com a Lei Áurea, pois os fazendeiros perderam sua mão de obra, não foram indenizados e passaram para o lado da oposição. Nem todos se tornaram republicanos, mas todos pararam de defender o Império.

Os militares foram parte crucial na Proclamação. Se no reinado de D. Pedro I (1798-1834) e na regência o exército perdeu espaço, enquanto a Marinha se desenvolveu, após a Guerra do Paraguai tudo mudou. Isso se deu com a nova configuração social dentro das instituições, já que houve um aumento do efetivo durante o conflito. Além disso, as lideranças mudaram ao longo do tempo, sobretudo depois de 1850 quando reformas foram inseridas na Academia Militar e o Exército ganhou muita relevância também na política. Floriano Peixoto (1839-1895), por exemplo, foi marechal e se enveredou pela política.

Figura 4 - Proclamação da República - Benedito Calixto - 1893 - Pinacoteca Municipal de São Paulo - Benedito Calixto [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Proclama%C3%A7%C3%A3o_da_Rep%C3%BAblica_by_Benedito_Calixto_1893.jpg">via Wikimedia Commons</a>

Enquanto o país enfrentava momentos ruins, D. Pedro II (1825-1891) fez várias viagens pela Europa, tanto por questões familiares quanto pelo gosto do imperador de estar perto das inovações cientificas expostas nas Grandes Feiras. No país, inclusive, se desenvolvia o Positivismo que foi fundamental para a queda da Monarquia e que guiou intelectualmente os republicanos.

A questão religiosa foi outro ponto que auxiliou o cenário de mudança. O padroado, que foi a oficialização do Catolicismo como religião do Estado e instituiu que os eclesiásticos fossem funcionários públicos; e o beneplácito, que era a aprovação do Imperador aos cargos de bispo, demonstrando o controle exercido sobre a Igreja. Outro atrito ocorreu por causa da maçonaria, que foi condenada pelo Papa em 1864. Contudo, essa medida só teve repercussão em 1872 quando os bispos de Olinda e Belém do Pará decidiram cumprir a ordem de Roma e atacaram as dioceses ligadas a maçons. O governo federal invocou o padroado e interferiu nas decisões da Igreja brasileira. Prenderam os dois religiosos que só foram soltos tempos depois. A estreita ligação entre Estado e Igreja passou a ser condenada por boa parte dos políticos, aumentando o número daqueles que acreditavam na proposta republicana.

Esse era o cenário no final da década de 1880, acrescido das medidas que foram extinguindo, paulatinamente, a escravidão. Manifestações contra o Império começaram a crescer, apoiadas por militares e pelo Partido Republicano. A monarquia estava enfraquecida, sem apoio político significativo. O Imperador, além disso, estava extremamente enfermo, um possível terceiro reinado comandado pela Princesa Isabel (1846-1921) não era apoiado pelas elites. O governo, contudo, tentou uma última manobra. D. Pedro II convocou eleições para 1889 e em novembro os congressistas assumiram seus postos. Antes disso, propuseram uma reforma radical na Monarquia, encabeçada pelo Visconde de Ouro Preto, Afonso Celso de Assis Figueiredo (1836-1912). Essas medidas não agradaram oposição nem os poucos monarquistas conservadores que não aceitavam mudanças.

Figura 5 - A República - Manuel Lopes Rodrigues - 1896 - Museu de Arte da Bahia - Salvador, BA - Manuel Lopes Rodrigues [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Rodrigues-republica-mab.jpg">via Wikimedia Commons</a>

Os republicanos decidiram tomar o poder, movimento esse liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca (1827-1892) e iniciado em 11 de novembro. Após uma tentativa de contenção da ação republicana feita por militares aliados à coroa, na manhã do dia 15 de novembro o Ministério do Quartel-General foi destituído e a República proclamada.

A situação em si não foi dificultosa, o contrário do que foi a República da Espada, como ficaram conhecidos os dois primeiros mandatos comandados por militares. A família real voltou a Portugal no dia 17 de novembro de 1889 e a população pouco participou do golpe. Um novo sistema político foi iniciado no Brasil, mas a organização social pouco mudou.

O golpe republicano é uma das formas revistas para tratarmos da proclamação, pois esta alcunha tem uma visão mais aproximada do movimento enquanto a primeira tem uma visão mais crítica. Dessa forma, o aluno deve observar as mudanças de perspectiva sobre os fatos históricos para entender como eles são vistos e analisados. Além disso, é fundamental saber os antecedentes e os porquês do golpe

1. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Leia o texto para responder à(s) questão(ões) a seguir.

O Rio de Janeiro dos primeiros anos da República era a maior cidade do país, com mais de 500 mil habitantes. Capital política e administrativa, estava em condições de ser também, pelo menos em tese, o melhor terreno para o desenvolvimento da cidadania. Desde a independência e, particularmente, desde o início do Segundo Reinado, quando se deu a consolidação do governo central e da economia cafeeira na província adjacente, a cidade passou a ser o centro da vida política nacional. O comportamento político de sua população tinha reflexos imediatos no resto do país. A Proclamação da República é a melhor demonstração dessa afirmação.

(José Murilo de Carvalho. Os bestializados, 1987.)

(Unesp 2018) A Proclamação da República, em 1889,

a) expressou a interferência norte-americana e reduziu a influência britânica nos assuntos internos do país.   

b) teve forte participação dos sindicatos operários da capital e ampliou os direitos de cidadania no Brasil.   

c) representou o fim da hegemonia das elites cafeeiras e açucareiras na condução da política brasileira.   

d) foi rejeitada e combatida militarmente pelos principais clérigos católicos no Brasil e no exterior.   

e) resultou da ação de um setor das forças armadas e contou com o apoio de grupos políticos da capital.   

2. (Fatec 2017) Observe a imagem.

A charge faz referência ao cenário político brasileiro do fim do Segundo Reinado. O movimento republicano ganhara fôlego a partir da década de 1870 e a pressão sobre D. Pedro II se intensificou na década seguinte.

Sobre o contexto político que culminou na Proclamação da República no Brasil, é correto afirmar que

a) a República foi proclamada por representantes das classes populares, insatisfeitas com as condições de vida oferecidas pelo Império.   

b) a abolição da escravidão aumentou a popularidade a monarquia, que tornou-se mais forte, adiando por meio século o projeto republicano.   

c) a Princesa Isabel, opositora do Imperador e defensora da igualdade jurídica entre brancos e negros, foi uma das principais partidárias da República.   

d) os comandantes das Forças Armadas, prestigiados após a vitória na Guerra do Paraguai, defenderam a monarquia em troca de melhores postos e salários.   

e) o movimento republicano se transformou em uma força política decisiva quando a monarquia perdeu o apoio dos cafeicultores, da Igreja Católica e dos militares.   

Gabarito: 

Questão 1 - [E] – O texto aborda a proclamação da República como um golpe promovido pelos militares, mas com apoio de boa parte da elite.

Questão 2 - [E] – A questão pede que o aluno alie os conhecimentos sobre o período e análise da imagem destacada, que é de D. Pedro II. O Imperador teve várias crises no seu governo, que se intensificaram no final, dando espaço para o surgimento do movimento republicano.

Proclamação da República - Golpe Republicano - 15 de novembro de 1889

- Ciclo econômico – café - principal produto no século XIX - Oeste Paulista e Vale do Paraíba

- Movimento Republicano – 1872 - Partido Republicano; 1873 - Partido Republicano Paulista (PRP)

- Movimento Abolicionista

- Guerra do Paraguai

- Positivismo

- Questão religiosa – descontentamento com a maçonaria

- 15 de novembro de 1889 – Proclamação da República

- República da Espada

Porque os cafeicultores do Oeste Paulista estavam insatisfeitos com a monarquia?

Os fazendeiros de café queriam que o imperador custeasse a vinda de imigrantes europeus (trabalhadores livres) para substituir a mão-de-obra escrava. No entanto, as províncias do nordeste e do Vale do Paraíba ainda defendiam o trabalho escravo e lucravam com o tráfico interprovincial.

Por que os fazendeiros pararam de defender a monarquia?

Os fazendeiros romperam com Dom Pedro II por conta do não pagamento de indenização logo após a abolição dos escravos em 13 de maio de 1888. Com isso, os fazendeiros se aproximaram do movimento republicano.

Qual o interesse dos cafeicultores do Oeste Paulista em defender uma nova organização política para o Brasil?

Os cafeicultores do Oeste Paulista passaram a defender uma nova organização política para o Brasil, que assegurasse mais poder para as províncias e, na prática, um controle maior dessa camada social sobre as instituições do Estado.

Porque os cafeicultores do Oeste Paulista defendiam a implantação da república e do federalismo no país?

Os cafeicultores do oeste paulista defendiam a implantação de uma república federalista, pois assim cada estado teria mais autonomia sobre os impostos sobre as mercadorias e assim ele teriam maiores benefícios ao controlar os impostos sobre o café.