Qual a definição de turismo e qual sua importância para a economia?

Resumo:

O presente texto objetiva tratar de um tema da maior import�ncia que � o enquadramento econ�mico do turismo. Para tanto, retoma um questionamento que vem sendo realizado na Espanha, desde finais dos anos 1980, pelo Prof. Dr. Francisco Mu�oz de Escalona: o turismo � uma atividade econ�mica? Se de fato o �, de que tipo �? Esta quest�o traduz a inten��o de Mu�oz de Escalona em estimular o debate sobre o tema, n�o tendo obtido at� ent�o, no entanto, receptividade junto � comunidade dos experts cient�ficos do turismo que, provavelmente, n�o ve�m o que discutir diante da j� consolidada e difundida �teoria econ�mica do turismo�, � qual Mu�oz de Escalona denomina de convencional, caracterizando-a como uma abordagem macroecon�mica e com enfoque de demanda. Mu�oz de Escalona contrap�e a esta abordagem o modelo te�rico alternativo por ele formulado, que qualifica como de car�ter microecon�mico e com enfoque de oferta. Al�m dessas duas vertentes, o texto tamb�m apresenta a contribui��o do Prof. Dr. Elies Furi� Blasco, que analisa a quest�o sob o enfoque do desenvolvimento econ�mico por meio de enlaces, enfatizando a express�o territorial do turismo. H� uma tend�ncia de considerar o turismo como atividade pertencente ao setor terci�rio da economia, pelo predom�nio da presta��o de servi�os em sua concretiza��o no processo produtivo. O debate est� em aberto, pois a quest�o ainda n�o foi respondida de modo definitivo, devendo ser buscado um modelo que integre as distintas correntes anal�ticas e permita a sistematiza��o de um corpo te�rico unificado no �mbito da economia aplicada ao turismo.

Palavavras-chave: turismo; teoria econ�mica; turismo na economia.

Abstract:

The present text aims to treat a theme of the largest importance that is the economical framing of the tourism. For so much, it retakes a question that has been accomplished in Spain, from ends of the years 1980, by Prof. Dr. Francisco Mu�oz de Escalona: is the tourism an economical activity? If in fact it is, what type is it? This subject translates the intention of Mu�oz de Escalona in stimulating the debate on the theme, not having obtained until then, however, receptivity close to the community of the scientific experts of the tourism that, probably, don�t see wthat to discuss before the already consolidated and spread " economical theory of the tourism ", which one Mu�oz de Escalona denominates of conventional, characterizing it as a macroeconomics approach and with focus on the demand. Mu�oz de Escalona opposes to this approach the alternative theoretical model for him formulated, that he qualifies as microeconomics character and with focus on the offer. Besides those two trends, the text also presents the contribution of Prof. Dr. Elies Furi� Blasco, that analyzes the subject under the focus of the economical development through connections, emphasizing the territorial expression of the tourism. There is a tendency of considering the tourism as activity belonging to the tertiary section of the economy, for the prevalence of the services rendered in it materialization in the productive process. The debate is opened, because the subject still was not answered in a definitive way, and should be looked for a model to integrate the different analytical currents and allow the sistematizetion of a theoretical scope unified in the extent of the economy applied to the tourism. 

Key words: tourism; economical theory; tourism in the economy.

Introdu��o

Neste texto, fazendo coro � voz do Prof. Dr. Francisco Mu�oz de Escalona, questiona-se sobre qual o mais adequado enquadramento do turismo no dom�nio da Teoria Econ�mica � o turismo � uma atividade econ�mica? Se o �, de que tipo �?. O turismo pode ser considerado como um �setor� econ�mico? Como uma �ind�stria�? Dentre os setores econ�micos em qual o turismo pode melhor ser enquadrado: no setor prim�rio, no secund�rio, ou no terci�rio? A melhor forma de analisar o turismo, sob o ponto de vista da ci�ncia econ�mica, � sob a �tica da �produ��o tur�stica� � com foco na oferta, ou sob a perspectiva dos �gastos tur�sticos / consumo tur�stico� � com foco na demanda?

O presente texto contrap�e distintas abordagens te�ricas com o objetivo de alcan�ar uma aproxima��o de respostas a esses questionamentos, buscando realizar uma an�lise sistematizada de t�o relevante tem�tica.

O turismo se apresenta, em sua forma mais simples, como uma corrente massiva que se desloca desde um mercado de origem at� um n�cleo receptor, apresentando dois problemas b�sicos: sua m� distribui��o no tempo e sua polariza��o no espa�o. Isso revela a necessidade de um disciplinamento no contexto global onde opera o turismo, visando dot�-lo de uma racionalidade econ�mica que permita o controle das vari�veis envolvidas, possibilitando a obten��o do pleno desenvolvimento das suas potencialidades.

O turismo se preocupa com a produ��o e distribui��o de bens e servi�os que tornam poss�veis os benef�cios esperados pelos turistas em viagem. Os principais objetivos econ�micos gerais do turismo, s�o:

                   maximiza��o da quantidade de experi�ncia psicol�gica para os turistas [da utilidade dos bens e servi�os];

                   maximiza��o dos lucros das firmas que produzem bens para os turistas;

                   maximiza��o dos impactos prim�rio e secund�rio dos gastos tur�sticos sobre uma determinada comunidade, regi�o ou pa�s. (Havas 1981: 6).

O tratamento econ�mico do turismo requer, no entanto, uma abordagem que contemple ao lado da an�lise cient�fica, a considera��o do elemento humano que � fundamental em sua manifesta��o.

A economia � parte do humanismo cient�fico, porque o fato econ�mico � um aspecto do fato humano. Como em nossa sociedade livre contempor�nea o interesse econ�mico se converteu em dominante, desde um ponto de vista quantitativo, o tratamento econ�mico do turismo deve fazer-se sob distinta considera��o que a do resto do tratamento human�stico.

Todo o rigor cient�fico da ci�ncia econ�mica deve centrar-se no tratamento do fen�meno tur�stico. Por�m, o seu car�ter [...] humano [...] faz que nem sequer para seu tratamento econ�mico possa desumanizar-se o turismo.

Se se desumaniza, se desvirtua e perde realidade, e a economia n�o opera sobre entidades irreais. Por isso, as categorias econ�micas do turismo t�m que possuir uma espec�fica personalidade, sem perder seu rigor cient�fico; devem ser o suficientemente flex�veis para estudar o fen�meno tur�stico de uma maneira real e, por sua vez, para poder integrar-se nas categorias econ�micas gerais.

Quando se criou a ci�ncia econ�mica, o turismo n�o tinha a atual transcend�ncia, e o elemento humano da economia era bastante menos respeitado que hoje. Por isso, � justo que, na pr�tica e na id�ia, tratemos de encontrar formas mais adequadas para as categorias econ�micas do turismo, [tradu��o livre nossa]. (Cierva y de Hoces 1963: 48-49).

O produto tur�stico se realiza, em conformidade com Sessa (1983), por interm�dio de um composto de atividades e servi�os relativos ao alojamento � ind�stria da constru��o e ind�stria de transforma��o; � alimenta��o e �s bebidas � atividade agr�cola e ind�stria aliment�cia; aos transportes � ind�stria de transforma��o e de consumo energ�tico, al�m de servi�os; �s aquisi��es de produtos locais � artesanato e ind�stria do vestu�rio ou de transforma��o; �s visitas e aos divertimentos � tamb�m servi�os. Todas essas atividades s�o ligadas a uma atra��o natural ou cultural.

Esse conglomerado de atividades permite, segundo Sessa, a realiza��o do produto tur�stico que na sua fase final � atividade produtiva, de servi�os. Deste modo, os bens naturais e culturais tornam-se bens diretamente produtivos, participando do processo geral de expans�o da economia.

O turismo, portanto, representa um conjunto de atividades produtivas, no qual os servi�os t�m um car�ter prevalente, que interessam a todos os setores econ�micos de um pa�s ou uma regi�o, se caracterizando por possuir, de acordo com Sessa, uma interdepend�ncia estrutural com as demais atividades, em maior grau e intensidade que qualquer outra atividade produtiva.

Nesse sentido, a raiz do fen�meno tur�stico se encontra na coloca��o em circula��o econ�mica dos bens naturais e culturais, que, at� ent�o, permaneciam � margem dos circuitos econ�micos por sua anterior natureza de bens livres.

Para a emiss�o dos bens naturais no circuito econ�mico torna-se necess�rio incorrer em custos de transforma��o, representados, num primeiro est�gio, pela implanta��o de infra-estruturas que podem afetar o meio ambiente. O c�lculo dos custos se apresenta complexo pelas caracter�sticas estruturais deste tipo de produ��o. O mesmo se pode afirmar para o c�lculo dos benef�cios. � quase imposs�vel determinar quantitativamente a op��o entre o desenvolvimento desta atividade em rela��o a uma de outro tipo.

Devido ao elevado grau de diversifica��o do produto tur�stico, Havas (1981) afirma existir um grande n�mero de restri��es � consecu��o dos objetivos estabelecidos:

          a demanda por bens e servi�os tur�sticos limita a capacidade de obten��o de lucros e impactos sobre a  comunidade;

          a oferta de atra��es tur�sticas limita a quantidade de benef�cios  que  os  turistas podem  obter e, portanto, tamb�m os lucros e os impactos econ�micos sobre a comunidade;

          as restri��es de ordem t�cnica e ambiental envolvem situa��es  que tratam da capacidade f�sica de determinado centro receptivo;

          as restri��es temporais - de um lado o tempo dispon�vel para viajar limita  as atividades que o turista pode desenvolver, e de outro lado a dura��o da esta��o tur�stica influencia a rentabilidade dos neg�cios e o impacto dos gastos tur�sticos sobre a economia;

          os problemas relativos � indivisibilidade de determinados produtos e servi�os.

Marco Conceitual da Conta Sat�lite do Turismo

Pelas caracter�sticas da produ��o tur�stica e pelas restri��es elencadas no t�pico anterior, existe uma s�ria dificuldade para se determinar a renda decorrente do consumo da produ��o dita tur�stica. A mesma reside na correta especifica��o ou delimita��o da atividade tur�stica geradora de renda. Assinalar o limite do que � e n�o � turismo representa um grave problema, dado n�o haver uma clara defini��o da atividade tur�stica, em seu contexto econ�mico.

Para Figuerola, a renda tur�stica � representada pelo

conjunto de recursos econ�micos que se originam no marco do processo produtivo de todas as atividades propriamente tur�sticas, mais aqueles que se originam nos setores parcialmente tur�sticos e os influidos por estes, desde que sejam causados expressamente pelo nascimento e expans�o do fato tur�stico. � a agrega��o sucessiva de todas as rendas parciais (ou valores agregados) que s�o originados pelo turismo nos diversos ramos produtivos, os quais, de maneira direta ou indireta, sejam influidos pela atividade, [tradu��o livre nossa]. (Figuerola 1985: 95).

Torna-se necess�ria uma sistematiza��o coerente e rigorosa, que permita avaliar o impacto do turismo na renda nacional. Entretanto, a falta de uma conceitua��o generalizada e aceita da atividade tur�stica, impede uma correta estimativa, setor por setor, do valor agregado gerado pelo turismo em cada um deles e no conjunto da produ��o nacional.

Em fun��o dos seus elementos constitutivos, de acordo com Figuerola (1985), o valor ou porcentagem da renda que possa ser atribuida ao turismo, poder� ser decomposto em tres categorias espec�ficas:

          1�- valor agregado ou renda de atividades ou ramos produtivos �plenamente� tur�sticos  (hotelaria,  restaurantes, transportes, ag�ncias de viagens, centros urban�sticos e de recrea��o), ponderados pelo coeficiente de consumo tur�stico no total da produ��o;

          2�- valor agregado ou renda de atividades ou ramos produtivos que vendem servi�os ou bens aos turistas, sem que sejam considerados �setores� tur�sticos (estabelecimentos comerciais, bancos, reparo de ve�culos), na parte  proporcional da demanda tur�stica; e

          3�- valor agregado ou renda de setores industriais, agr�rios ou de servi�os, gerado pela repercuss�o da demanda tur�stica (conte�do direto e indireto), ou seja, constru��o, alimenta��o, obras de infra-estrutura.

A acumula��o ou agrega��o desses valores expressar� o peso global do turismo, como atividade econ�mica, na renda de um pa�s.

Tendo em vista a supera��o das dificuldades de valora��o da renda gerada por turismo em uma dada economia, Goded Salto considera

 [...] que o turismo � um fen�meno essencialmente de demanda � pelo fato de n�o existirem empresas tur�sticas por natureza, mas sim produtos que se convertem em tur�sticos por seu destino final, [analisa e concorda que] as t�cnicas insumo-produto permitem valorar apropriadamente o car�ter multisetorial da atividade [do turismo]. [... Al�m do que], � poss�vel estimar uma conta sat�lite de turismo que permite estabelecer uma compara��o da atividade com o resto dos setores da economia, [grifo nosso], [tradu��o livre nossa]. (Goded Salto 1998: 194-195).

Com o objetivo de mensurar a incid�ncia do turismo nas economias nacionais ou regionais, um grupo de trabalho integrado pela Organiza��o Mundial do Turismo (OMT), Organiza��o das Na��es Unidas (ONU), Organiza��o de Coopera��o e Desenvolvimento Econ�micos (OCDE) e pelo Escrit�rio de Estat�stica das Comunidades Europ�ias (EUROSTAT), elaborou um estudo sobre o Marco Conceitual  da Conta Sat�lite do Turismo (CST), do qual se apresenta alguns conceitos e elementos b�sicos:

          Consumo Tur�stico (CT) - se refere a "todo gasto de consumo efetuado por um visitante (ou por conta de um visitante) durante seu deslocamento e sua estada no lugar de destino". Considera os gastos de consumo que correspondem �s aquisi��es de bens e servi�os destinados a satisfazer as necessidades de um visitante, incluindo, eventualmente, os adquiridos com a finalidade de uso como recorda��es e presentes;

          Demanda Tur�stica (DT) - se refere a um agregado mais amplo que o consumo tur�stico, incluindo al�m do consumo tur�stico (CT), a forma��o bruta de capital fixo tur�stica (FBKFT) e o consumo coletivo tur�stico do governo (CCT). O que torna um consumo tur�stico n�o � a natureza intr�nseca pr�pria do bem ou servi�o consumido, e sim a condi��o dentro da qual se encontra o consumidor, ou seja, ele � um visitante ou pretende s�-lo;

Situa��o anterior � Conta Sat�lite do Turismo (conceito "convencional")

          Gastos Tur�sticos (GT) � aqueles realizados pelos visitantes durante sua estadia no lugar de destino, no consumo de bens e servi�os,

          Gastos Tur�sticos (GT) = Consumo Tur�stico (CT) = Demanda Tur�stica (DT), ou seja, DT = CT;

Situa��o no contexto da Conta Sat�lite do Turismo (conceito "ampliado")

          Consumo Tur�stico (CT) � consumo (monet�rio e n�o monet�rio) de bens e servi�os pelo visitante (incluindo os de pequeno valor e bens dur�veis de qualquer valor), adicionado do consumo intermedi�rio de empresas / institui��es (produ��o tur�stica ou direcionada ao turismo),

          Consumo Coletivo Tur�stico do Governo (CCT),

          Forma��o Bruta de Capital Fixo Tur�stica (FBKFT), onde,

  DT = CT + CCT + FBKFT;

          Consumo Tur�stico Interior Total (CTIT)

          Consumo Tur�stico Interior (CTI) � consumo tur�stico interno + consumo tur�stico receptor (no pa�s/regi�o),

          Consumo Tur�stico Emissor (CTE) � gastos antes da viagem (organiza��o e realiza��o da viagem) + gastos durante a viagem (entram na conta de transa��es com o resto do mundo/importa��es, do balan�o de pagamentos) + gastos depois da viagem (ao regressar, por conta da viagem), logo,

 CTIT = CTI + parte do CTE (realizado antes e depois da viagem).

A CST, interessa-se, inicialmente, pelo efeito do turismo sobre a oferta e a demanda de bens e servi�os, sobre o n�vel geral da atividade econ�mica e sobre o emprego.

O ponto de partida para esta an�lise econ�mica � a considera��o da atividade dos visitantes como uma atividade de consumo em um sentido amplo, a qual constitui o n�cleo dos aspectos econ�micos do turismo [...] [grifo nosso], [tradu��o livre nossa], (ONU et al. 2001: 14).

Dado que o turismo se define como a atividade das �pessoas�, o primeiro passo � identificar claramente quem s�o estas pessoas, porque elas constituem o centro do estudo do turismo, a partir do qual se apresentam os diferentes componentes da demanda tur�stica.

As pessoas �s quais se faz refer�ncia na defini��o de turismo se denominam �visitantes�: �toda pessoa que se desloca a um lugar distinto ao de seu entorno habitual [de resid�ncia] por um per�odo de tempo inferior a 12 meses, e cuja finalidade principal da viagem n�o � a de exercer uma atividade remunerada [fixa] no lugar visitado�, [tradu��o livre nossa]. (ONU 1994 apud ONU et al. 2001: 14).

Quando os visitantes n�o pernoitam no lugar s�o denominados de �visitantes do dia� ou �excursionistas�, j� quando eles pernoitam ou permanecem um m�nimo de 24 horas no lugar visitado, s�o classificados como �turistas�.

Muitas, e inclusive a maioria das atividades econ�micas do turismo em um pa�s sucedem enquanto os visitantes se encontram em viagem. Por�m, a CST tamb�m inclui a atividade de consumo por parte dos poss�veis visitantes na previs�o [ou provis�o] de suas viagens (tais como aquisi��es de equipamentos para acampar ou o seguro de viagem), ou por parte dos visitantes uma vez que tenham regressado de viagem (como a revela��o de fotos tiradas durante a viagem), [tradu��o livre nossa]. (ONU et al. 2001: 14).

A an�lise econ�mica do turismo exige, segundo a ONU et al., a identifica��o dos recursos utilizados pelos visitantes em suas viagens, do consumo de bens e servi�os por eles adquiridos e, portanto, a identifica��o das unidades econ�micas provedoras desses bens e servi�os.

O turismo � um fen�meno que se tem definido, desde suas origens, do ponto de vista da demanda, embora a maioria das classifica��es econ�micas gerais de atividades se estabelecem desde o ponto de vista da oferta dos produtores e da caracteriza��o dos processos de produ��o. Por conseq��ncia, s�o necess�rias algumas adapta��es destas classifica��es com o fim de descrever e medir, de forma apropriada e �til, a incid�ncia econ�mica do turismo.

A estas dificuldades metodol�gicas, deve-se acrescentar o fato de que, at� o presente, as experi�ncias nacionais em quantificar o turismo desde um ponto de vista da demanda s�o muito mais escassas. � dif�cil, portanto, [ainda se] identificar de forma precisa os crit�rios estat�sticos que possam ser utilizados de forma universal, [tradu��o livre nossa]. (ONU et al. 2001: 39).

Considera-se que a metodologia da CST � um caminho de solu��o, e um merit�rio e promissor caminho, para a quest�o relativa � medi��o da incid�ncia do turismo nas economias nacionais e regionais, por�m ainda n�o � a pr�pria solu��o � pronta, acabada e definitiva.

O Turismo na Economia: Atividade, Setor ou Ind�stria?

Apesar desse mais recente desenvolvimento conceitual e metodol�gico, � difundido o princ�pio de n�o reconhecer-se ao turismo o car�ter de �setor� econ�mico, j� que os outputs do processo produtivo tur�stico s�o heterog�neos e gerados em fontes muito diferentes.

No sistema econ�mico, as empresas distribuem-se em seis grandes grupos denominados de setores econ�micos, quais sejam: Agricultura; Minera��o; Ind�stria; Constru��o; Com�rcio; e Servi�os, sendo que, nos quatro primeiros, as empresas realizam atividades produtivas orientadas para a obten��o de diversos tipos de bens. Segundo Boull�n (1997), Colin Clark, em 1940, prop�s uma nova classifica��o, que se tornou universalmente aceita, pela qual os setores econ�micos se reduziram a tr�s: Prim�rio; Secund�rio; e Terci�rio.

Boull�n procede uma detalhada reflex�o te�rica, analisando em qual setor o turismo melhor se enquadraria, chegando a algumas conclus�es a respeito.

Fica claro [...] que o turismo n�o pertence ao setor prim�rio pois ainda que o turismo utilize os atrativos naturais, n�o os extrae (como a minera��o) nem os produz (como a agricultura); portanto, o turismo n�o �explora� os atrativos naturais, somente os �usa�, [...] pode-se afirmar que o turismo n�o � um resultado da constru��o porque esta produz obras f�sicas como estradas, pontes, represas, casas, aeroportos, hospitais, etc., os quais prestam diversos servi�os.

[...] a ind�stria � uma atividade de transforma��o que emprega numerosos recursos, alguns dos quais podem ser mat�ria-prima e, outros, produtos industriais intermedi�rios. Em geral, � o produto final que serve para qualificar os diferentes tipos de ind�stria; [...] se o turismo fosse uma ind�stria, deveriam existir, mas n�o existem, f�bricas de turismo ou processos industriais cujo produto final ou intermedi�rio fosse o turismo. Em troca, podem citar-se numerosos produtos industriais que s�o utilizados pelos turistas, [... que] se originam em diferentes ramos da ind�stria, [...] e n�o em uma especial chamada ind�stria do turismo.

Fica claro, pois, que o turismo � uma forma de consumir, algo assim como um canal para o qual conflue uma demanda especial de muitos tipos de bens e servi�os elaborados por outros setores, mais o consumo de alguns servi�os especialmente desenhados para satisfazer necessidades pr�prias dos viajantes. Portanto, o turismo pertence ao setor terci�rio, e n�o ao secund�rio, como deveria ser para que se pudesse catalog�-lo como pertencente � ind�stria, [grifo nosso], [tradu��o livre nossa]. (Boull�n 1997: 26-29).

A valora��o da produ��o tur�stica, portanto, � complexa, devido a n�o se poder recorrer ao c�lculo de um ou v�rios ramos produtivos da contabilidade nacional, em fun��o de n�o existir nenhum  setor  cuja  produ��o dirija-se por completo � demanda tur�stica, e tamb�m, porque a atividade tur�stica, inclusive diretamente, afeta praticamente a todos os setores da economia.

A demanda tur�stica, conforme Armellini Di Santi e Isabella Revetria (2003), excede os servi�os que oferecem os setores tradicionalmente vinculados de forma direta ao turismo, abrangendo a quase totalidade de bens e servi�os existentes na economia, j� que todos eles s�o pass�veis de consumo direto ou indireto por parte dos turistas.

Isto implica uma dificuldade para observar a atividade tur�stica desde a oferta por setores ou ind�strias relacionadas, j� que o consumo tur�stico se define no momento em que se concretiza a compra por parte do turista, e n�o no momento em que se produz a oferta (dado que no momento da produ��o normalmente se desconhece quem � e onde reside habitualmente o consumidor). [...] Desde este ponto de vista ent�o, entende-se que n�o � correta a caracteriza��o do turismo como um �setor� da economia, j� que abrange a praticamente todos os setores e ind�strias da mesma, [grifo dos autores], [tradu��o livre nossa]. (Armellini di Santi e Isabella Revetria 2003: 6-7).

Mu�oz de Escalona (1990), comenta ser correto afirmar-se que n�o existe um �setor tur�stico� da mesma forma que existe o setor industrial, com o que a, por  ele denominada, teoria econ�mica convencional do turismo concorda, embora n�o o fa�a explicitamente. Acrescenta ainda, ser uma contradi��o da teoria cl�ssica admitir a considera��o do �setor tur�stico� como pertencente ao setor terci�rio, dados o elevado grau de agrega��o, a abrang�ncia e complexidade da atividade e do pr�prio produto tur�stico, que constituem a raz�o de ser de sua sustenta��o conceitual e metodol�gica.

Enfoque de Demanda x Enfoque de Oferta � Contribui��o de Mu�oz de Escalona

Mu�oz de Escalona (2004), formula a quest�o � que foi tomada como objeto de an�lise deste texto: o turismo, al�m de um fen�meno social, � uma atividade econ�mica? Se de fato o �, de que tipo �?

Buscando esclarecer este questionamento, o autor raciocina a partir do que consiste uma atividade econ�mica, a que tem por finalidade satisfazer necessidades humanas destinando para tal fim recursos escassos suscet�veis de usos alternativos. As atividades econ�micas podem ser de dois tipos, segue o autor: as produtivas, intermedi�rias ou indiretas � extrativas, transformadoras, distribuidoras, ou seja, geradoras de utilidades; e as consuntivas ou finalistas � destruidoras de utilidades, no sentido econ�mico, em alguns casos, e usu�rias em outras circunst�ncias.

As primeiras processam recursos n�o aptos para satisfazer diretamente necessidades e os transformam em bens e servi�os, [...] adicionando valor, quer dizer, trabalho. As segundas destinam os bens e servi�os obtidos pelas primeiras � direta satisfa��o de necessidades. As primeiras s�o realizadas pelos produtores. As segundas, pelos consumidores. Em economias pouco avan�adas, o consumidor � tamb�m um produtor (autoprodutor). Em economias avan�adas, as duas fun��es acabam separadas com o aparecimento do alteroprodutor, o que produz para os demais com esp�rito de lucro em virtude do princ�pio da divis�o do trabalho, [tradu��o livre nossa]. (Mu�oz de Escalona 2004: 6).

Mas, inquire o autor, a qual dos dois tipos de atividades econ�micas pertence o turismo?

Para a concep��o convencional, conforme Mu�oz de Escalona, o turismo n�o � uma �nica atividade produtiva e sim um heterog�neo e complexo grupo de atividades produtivas, tal assertiva � uma conseq��ncia direta da considera��o do turismo como atividade consuntiva, derivada de sua concep��o como fen�meno social, que o torna visualizado como um �conjunto massivo de atos de consumo realizados por determinados forasteiros em um lugar de refer�ncia� [tradu��o livre nossa], (Mu�oz de Escalona 2004: 6).

Predomina, a partir desta vis�o, uma investiga��o do turismo focada no ponto de vista do consumidor estrangeiro que demanda uma diversidade de bens e servi�os produzidos no lugar no qual se encontra na condi��o de residente passageiro ou tempor�rio, vis�o que resulta na aplica��o de um duplo enfoque, conjunto e inextr�cavel: de demanda e localizado. Tal enfoque implica que o estudo econ�mico do turismo parte do gasto do consumidor, o que decorre da considera��o do turismo como fen�meno social.

O conjunto de atividades produtivas se identifica em fun��o do conjunto de atividades consuntivas. O consuntivo determina o produtivo. Desde os consumidores se chega aos produtores. A an�lise parte da demanda para proceder a da oferta. O enfoque de demanda � vinculante, mesmo que o investigador n�o o saiba ou deseje desprender-se dele, [grifo do autor], [tradu��o livre nossa]. (Mu�oz de Escalona 2004: 7-8).

Referenciando-se a Alfred Marshall (�Princ�pios de Econom�a�, vers�o em espanhol de 1963), o autor n�o desconhece que as atividades produtivas devem satisfazer as necessidades dos consumidores, mas � evidente que antes de um bem ou servi�o ser consumido tem de ser produzido. �A necessidade do agente consumidor precede a resposta do agente produtor, mas, tanto o analista como o investidor, se centram na atividade do segundo para estudar e executar a resposta vi�vel e rent�vel que se dar� ao primeiro� [tradu��o livre nossa], (Mu�oz de Escalona 2004: 13).

N�o � certo que a teoria do consumo seja a base cient�fica da economia, pois muito do que � de interesse primordial na teoria das necessidades pertence � dos esfor�os e atividades. Ambas as teorias se complementam mutuamente; uma � incompleta sem a outra; mas se uma delas pode pretender ser int�rprete da hist�ria do homem, quer seja do ponto de vista econ�mico ou desde qualquer outro, esta teoria �, sem nenhuma d�vida, a das atividades e n�o a das necessidades, [grifo do autor], [tradu��o livre nossa]. (Marshall 1963 apud Mu�oz de Escalona 2004: 13).

Para o autor, muitos estudiosos, economistas ou n�o, por n�o ter claro ou n�o se convencerem do acima explicado, continuam sustentando que o turismo se consome ao mesmo tempo que se produz, ou ainda, que sem a participa��o do consumidor no processo produtor n�o h� turismo.

Equivocadamente, mas com freq��ncia, segundo Mu�oz de Escalona (1991), a express�o �atividade tur�stica� tem sido utilizada para designar tanto a atividade produtiva como a consuntiva, ou seja, tanto a gera��o de renda � produ��o e oferta, como a realiza��o de um gasto final � demanda e consumo.

O autor denomina de teoria econ�mica cl�ssica do turismo ou teoria convencional, todo o arcabou�o conceitual e metodol�gico desenvolvido no sentido da aplica��o da teoria econ�mica � atividade do turismo privilegiando um enfoque de demanda e de natureza macroecon�mica, a qual ele qualifica como sendo sociol�gica, multisetorial e agregada. Em sua contribui��o, de car�ter original, Mu�oz de Escalona formula e defende um modelo te�rico alternativo, fundamentado em um enfoque de oferta e de car�ter microecon�mico, caracterizado ainda por ser de natureza empresarial e unisetorial.

O enfoque de demanda imputa, segundo o autor, um evidente car�ter de multisetorialidade � teoria cl�ssica do turismo. �Para a teoria �multisetorial� da produ��o tur�stica, [...] qualquer empresa e qualquer setor s�o potencialmente tur�sticos, o que equivale a negar a exist�ncia do produto tur�stico como tal� [grifo nosso], [tradu��o livre nossa], (Mu�oz de Escalona 1991: 214).

O que se vem chamando, portanto, de �economia do turismo�, de acordo com o autor,

� uma express�o com a qual se designa, no melhor dos casos, um conjunto de economias setoriais, n�o existindo em absoluto a possibilidade de aplicar a an�lise microecon�mica [com o objetivo] de agregar todas as economias setoriais presentes em qualquer sistema produtivo. Para tanto, se disp�e da an�lise macroecon�mica e de seus instrumentos, [sendo] um deles o multiplicador keynesiano [...].

[...] n�o � dif�cil compreender que a macroeconomia do turismo n�o pode ser distinta da macroeconomia de todo o sistema produtivo tomado em seu conjunto. A �nica coisa que se pode fazer com a macroeconomia aplicada ao turismo � analisar e quantificar os efeitos do gasto que os turistas realizam em uma regi�o receptora concreta, algo que, com maior ou menor dificuldade, somente � operativo quando a regi�o de refer�ncia � uma na��o, por�m n�o quando � um estado ou um munic�pio, pela simples raz�o de que, no primeiro caso, pode se utilizar a informa��o sobre c�mbio de moedas, enquanto que, nos demais casos, n�o existe tal possibilidade, com o que somente se pode estudar os efeitos do chamado turismo internacional, [tradu��o livre nossa]. (Mu�oz de Escalona 1991: 216-217).

Um ponto fundamental sobre o qual os te�ricos da abordagem cl�ssica n�o prestaram a aten��o devida, conforme o autor, refere-se ao aspecto diferencial que singulariza um consumidor tur�stico em rela��o a outro que n�o o �: o plano ou programa de viagem ou deslocamento de ida e volta, o qual, sob o enfoque de oferta, corresponde � defini��o de produto tur�stico. Neste sentido, turista � toda aquela pessoa que adquire e consome um plano de viagem de ida e volta, quer dizer, um produto tur�stico. Assim, o enfoque de oferta sustenta que a demanda tur�stica � formalmente id�ntica � demanda de qualquer outro produto mercadej�vel.

Com a concep��o unisetorial da produ��o tur�stica, que sup�e definir o produto tur�stico como um plano ou programa de viagem de ida e volta, o conjunto das empresas que se dedicam a elaborar planos de viagem constitui o �setor� tur�stico. Estas empresas utilizam, sem d�vida, uma tecnologia pr�pria, perfeitamente distinguivel da que empregam as demais empresas produtoras, tecnologia que � o objeto do que se pode denominar engenharia tur�stica, consistente na uni�o de determinados inputs, a maioria dos quais s�o produtos obtidos em empresas que pertencem ao chamado setor servi�os, Por conseguinte, as empresas tur�sticas produzem servi�os � base de servi�os. Empresas tur�sticas [...] ser�o, consequentemente, aquelas que se dedicam a produzir planos de ida e volta para ser oferecidos no mercado com especifica��o de qualidades, pre�os e formas de pagamento (...). De acordo com este enfoque alternativo, empresas tur�sticas s�o os chamados operadores tur�sticos ou ag�ncias �atacadistas�, [grifo nosso], [tradu��o livre nossa]. (Mu�oz de Escalona 1991: 240-241).

Mu�oz de Escalona (1994), denomina de engenharia tur�stica ou t�cnicas propriamente tur�sticas aos procedimentos que aplicam os operadores tur�sticos. �s t�cnicas facilitadoras e incentivadoras ele chama de t�cnicas paratur�sticas.

Um dos problemas com os quais se defronta os chamados pa�ses tur�sticos, [...] radica no fato de terem se especializado em produzir servi�os com as t�cnicas paratur�sticas e renunciado � produ��o de planos de deslocamento, quer dizer � aplica��o das t�cnicas tur�sticas. As t�cnicas tur�sticas se cultivam com grande �xito nos pa�ses nos quais residem os turistas, aproveitando-se dos baixos pre�os de compra dos servi�os facilitadores e incentivadores que se produzem nos lugares de acolhida ou recep��o. Por esta raz�o, os pa�ses �mal� chamados de tur�sticos sofrem uma situa��o de depend�ncia e de explora��o comercial por parte das empresas tur�sticas dos pa�ses onde residem os turistas e os operadores tur�sticos, [grifo do autor], [tradu��o livre nossa]. (Mu�oz de Escalona 1994: 8).

Considerar o plano de deslocamento como o �nico produto tur�stico final, segundo o autor, equivale a mudar o enfoque de demanda que emerge da concep��o convencional do turismo e substitui-lo por um enfoque de oferta, ou seja, significa passar da sociologia � microeconomia.

O enfoque de demanda ou sociol�gico apresenta de um modo incorreto as rela��es de interc�mbio entre os agentes que operam no setor e a sua concep��o funcional. [...] a chamada �oferta b�sica�, composta pelos servi�os de transporte e de alojamento, se situa ao mesmo n�vel da produ��o de artigos de consumo final nos demais setores produtivos. Ao mesmo tempo, as ag�ncias de viagens atacadistas (operadores tur�sticos) e varejistas s�o consideradas como meros intermedi�rios entre a oferta e a demanda.

O enfoque de oferta [...] conduz a uma concep��o do turismo acorde com a an�lise microecon�mica que se utiliza para estudar qualquer setor produtivo. Este enfoque permite situar �s empresas produtoras de servi�os facilitadores e incentivadores ao n�vel que lhes corresponde, isto �, no de abastecedores de servi�os intermedi�rios ou semi-elaborados, e as ag�ncias atacadistas ou operadores tur�sticos no de produtores de bens aptos para o consumo final, [grifo nosso], [tradu��o livre nossa]. (Mu�oz de Escalona 1994: 9).

O operador tur�stico, portanto, � a figura central do modelo de an�lise da atividade tur�stica sob o enfoque de oferta, de car�ter unisetorial, empresarial e microecon�mico, desenvolvido por Mu�oz de Escalona. O termo operador tur�stico � utilizado pelo autor para designar um tipo de empresa muito concreto que desenvolve sua atividade produtiva em um n�mero muito variado de setores e mercados. O autor afirma ainda que, de forma clara, o turismo � um sub-setor do setor terci�rio, do mesmo modo que as ag�ncias de viagens, atacadistas ou varejistas, que realizam uma fun��o intermedi�ria, por�m, com estas pertencendo a um outro diferente sub-setor do setor terci�rio.

As ag�ncias de viagens constituem um sub-setor dedicado a elaborar produtos paratur�sticos espec�ficos, concretamente servi�os de distribui��o e comercializa��o de produtos tur�sticos e outros servi�os paratur�sticos como os elaborados pelos sub-setores dedicados a servi�os de alojamento, restaura��o [alimenta��o], transporte, etc. As ag�ncias atacadistas s�o intermedi�rias, ou podem s�-lo, no processo de abastecimento dos inputs que necessitam os operadores tur�sticos para elaborar seus produtos tur�sticos, enquanto que as ag�ncias varejistas s�o, ou podem ser, intermedi�rios entre os operadores tur�sticos e a demanda final, assim como entre os ofertantes de outros produtos paratur�sticos e os autoconsumidores de turismo. [J�] a atividade produtiva dos operadores tur�sticos gera as seguintes rela��es de interc�mbio:

- Abastecimento de inputs aos operadores tur�sticos, diretamente ou por interm�dio de ag�ncias atacadistas (brokers).

- Comercializa��o de produtos de operadores tur�sticos at� a demanda final, diretamente ou por meio das ag�ncias varejistas.

[...] a atividade produtiva dos autoconsumidores d� lugar a rela��es de interc�mbio em parte similares �s anteriores,  [tradu��o livre nossa]. (Mu�oz de Escalona 1990: 11-12).

Enfoque do Desenvolvimento Econ�mico por meio de Enlaces � Contribuiu��o de Furi� Blasco

Para estabelecer sua defini��o de produto tur�stico, Furi� Blasco (1994) toma como ponto de partida a oferta, ou seja, a produ��o, desde quando, para o autor, a produ��o � o plano no qual adquire maior significado a rela��o entre fun��o e territ�rio. Esta posi��o implica uma menor aten��o aos aspectos de demanda ou de consumo.

Na concep��o de Furi� Blasco, o turismo n�o pode ser considerado como um setor, uma ind�stria ou um mercado, neste sentido o pr�prio enquadramento do turismo como uma atividade de servi�os do setor terci�rio � relativizado. Na atualidade, afirma o autor, n�o basta falar-se de setor prim�rio, secund�rio, terci�rio ou at� quatern�rio, o que se enfatiza � a necessidade de explorar as rela��es t�cnico-econ�micas, mas tamb�m socioecon�micas, que se estabelecem entre diversas atividades econ�micas a partir de uma dada produ��o, ou melhor, da realiza��o de um produto.

Mais oportuno seria ent�o, conforme Furi� Blasco, considerar a produ��o tur�stica como um continuum de bens e servi�os, como um conjunto de atividades econ�micas, n�o necessariamente equivalentes entre si, mas com fortes interdepend�ncias, no que concerne a esta produ��o.

Em termos similares, Vera Rebollo (1997), considera que o turismo n�o � uma atividade econ�mica, mas sim uma pr�tica social coletiva geradora de atividade econ�mica, de diversas manifesta��es econ�micas.

A maior �nfase nas interdepend�ncias entre atividades econ�micas remete ao conceito de fili�re, que pode ser utilizado, como exposto em Furi� Blasco (1994), como significativo de uma �cadeia de ind�strias integradas�, ou como um �conjunto articulado de atividades econ�micas integradas, cuja integra��o resulta de articula��es em termos de mercados, de tecnologia e de capitais�. O sistema produtivo, portanto, pode ser tomado como �uma s�rie de fili�res que come�am com os recursos prim�rios para desembocar na satisfa��o de uma necessidade humana�.

Esta conceitua��o de fili�re como a transforma��o progressiva de uma mat�ria-prima em um produto acabado ou [...] como um conjunto de opera��es t�cnicas, constitui a defini��o mais imediata. Mas tamb�m s�o poss�veis outras duas defini��es deste mesmo conceito. Por um lado, a fili�re pode ser vista como um conjunto de opera��es econ�micas e, por outro lado, como um conjunto de organiza��es, [tradu��o livre nossa]. (Furi� Blasco 1994: 176).

Poderia-se ent�o, comenta Furi� Blasco, representar-se a produ��o tur�stica a partir do conceito de fili�re e, consequentemente, referir-se a uma fili�re tur�stica. Para o autor, no entanto, ambas as representa��es, a decorrente da nova economia de servi�os � continuum de bens e servi�os, e a que se desenvolve com base no conceito de fili�re, podem obter-se do modelo te�rico do desenvolvimento econ�mico, por ele formulado, a partir do enfoque de enlaces.

Em primeiro lugar, ambas representa��es enfatizam principalmente os aspectos t�cnico-econ�micos das interrela��es e, em menor medida, os socioecon�micos, enquanto que o enfoque do desenvolvimento econ�mico por meio de enlaces [encadeamentos], al�m destes, tamb�m incorpora plenamente os socioecon�micos, com a inclus�o dos culturais e pol�ticos.

Em segundo lugar, [...] os dois primeiros enfoques exploram as interrela��es entre atividades econ�micas a partir de uma produ��o com um elevado grau de homogeneidade interna. [...] pretendem reconstruir as interrela��es estritamente econ�micas de um produto perfeitamente definido por uma destas atividades participantes. Por sua parte, o enfoque do desenvolvimento por meio de encadeamentos, al�m da reconstru��o anterior, autoriza tamb�m representa��es das interrela��es entre atividades humanas cujo elemento definidor, tamb�m, seja o pr�prio consumidor. [Ou seja], o enfoque de enlaces permite a representa��o das interrela��es entre as atividades necess�rias para a elabora��o de um produto que define ou termina de definir o pr�prio consumidor e, portanto, � este que [...] �diz� com sua atua��o que atividades se interrelacionam, [grifo nosso], [tradu��o livre nossa]. (Furi� Blasco 1994: 176).

Depreende-se daqui, uma aparente contradi��o, desde quando a aplica��o ao turismo do enfoque do desenvolvimento a partir de enlaces ter� a determina��o das interrela��es definidas, em �ltima inst�ncia, pelo consumidor, o turista, ou seja, o determinante � a demanda. No entanto, para estabelecer a defini��o de produto tur�stico Furi� Blasco afirma partir da oferta, o que implicaria uma menor aten��o aos aspectos de demanda.

Para fundamentar sua formula��o do conceito de produto tur�stico, Furi� Blasco (1994) recorre aos �Princ�pios de Economia Pol�tica� de Carl Menger (Gruns�tze der Volkswirtschaftslehre, 1871), o qual denominou de �utilidades� ou coisas �teis �quelas que t�m a capacidade de estabelecer uma rela��o causal com a satisfa��o das necessidades humanas. Menger chamou de �bens� �s coisas nas quais o ser humano reconhe�a esta rela��o causal e tenha o poder de empreg�-las na satisfa��o de suas necessidades. Como exposto por Furi� Blasco, para uma determinada coisa alcan�ar a qualidade de �bem�, devem confluir para ela as seguintes condi��es:

          exist�ncia de uma necessidade humana;

          que a coisa tenha qualidades que a capacitem para manter uma rela��o ou conex�o causal com a satisfa��o dessa necessidade;

          um conhecimento por parte do ser humano desta rela��o causal;

          um poder de disposi��o sobre a coisa, de tal modo que possa ser utilizada de fato para a satisfa��o da mencionada necessidade.

A qualidade acima referida n�o � intr�nseca ao bem em si mesmo, n�o � uma propriedade do bem, mas sim que se �apresenta unicamente como uma rela��o que algumas coisas t�m com os homens. Se esta rela��o desaparece, aquelas coisas deixam automaticamente de ser bens�, [tradu��o livre nossa]. (Menger 1871 apud Furi� Blasco 1994: 194).

Segundo Furi� Blasco, esta rela��o das coisas com o ser humano n�o se constitui, necessariamente, numa rela��o imediata, podendo se traduzir tamb�m em uma rela��o mediata. Neste sentido, os bens podem ser de primeira ordem, segunda ordem, terceira ordem, ... e bens de ordem superior.

Esta ordem indica, t�o somente, que um bem � contemplado desde a perspectiva de uma determinada utiliza��o do mesmo [de consumo], tem uma rela��o causal certas vezes mais pr�xima e outras vezes mais distante com respeito � satisfa��o de uma necessidade humana, n�o se tratando, entretanto, de uma propriedade inserida no bem, [grifo nosso], [tradu��o livre nossa]. (Menger 1871 apud Furi� Blasco 1994: 194).

Podem ocorrer tr�s modos de o ser humano, conforme Furi� Blasco, empregar a quantidade de bens dispon�veis para satisfazer suas necessidades da maneira mais completa poss�vel: em primeiro lugar, a necessidade pode ser maior que a quantidade dispon�vel, neste caso, os bens seriam considerados, recorrendo � terminologia adotada por Menger, como bens econ�micos; em segundo lugar, a necessidade pode ser menor que a quantidade, teria-se aqui o caso dos bens n�o econ�micos; e a necessidade pode ser igual � quantidade. A diferen�a entre os bens econ�micos e os n�o econ�micos, portanto, corresponde � diferen�a existente na rela��o entre a necessidade e a quantidade dos bens.

Com base na formula��o te�rica de Carl Menger a respeito da natureza dos bens, sobre a qual a an�lise de Furi� Blasco vai muito mais al�m dos extratos acima referidos e que se consideraram mais relevantes para o objetivo deste texto, o autor busca ent�o verificar qual � a natureza dos bens que satisfazem as �necessidades tur�sticas� do ser humano, denominando ao bem de primeira ordem que satisfaz estas necessidades � de lazer e entretenimento, de �produto tur�stico�.

Em seu componente material, o produto tur�stico cabe considerar-se como uma cesta de bens. Os componentes desta cesta s�o, em rela��o com a satisfa��o das necessidades tur�sticas, bens de segunda ordem. Estes bens de segunda ordem n�o guardam  uma rela��o isolada com a satisfa��o do conjunto de necessidades humanas. Pelo contr�rio, muitos deles guardam uma rela��o ou conex�o causal, imediata ou mediata segundo os casos, com a satisfa��o de amplas necessidades humanas, entre elas as tur�sticas. Talvez, a particularidade dos bens tur�sticos de segunda ordem � que, em muitas ocasi�es, t�m uma rela��o quase imediata com a satisfa��o de outras necessidades humanas distintas das tur�sticas.

Estes bens de segunda ordem adquirem conjuntamente a qualidade de bem (de primeira ordem) tur�stico, n�o por algo intr�nseco a eles pr�prios, [mas] porque apresentam-se unicamente como uma rela��o que algumas coisas t�m com os homens. [...] a partir da rela��o com a necessidade tur�stica do homem � como se adquire a qualidade de bem tur�stico de primeira ordem. A este bem tur�stico de primeira ordem � que se denomina produto tur�stico, [grifo nosso], [tradu��o livre nossa]. (Furi� Blasco 1994: 210).

Genericamente, para o autor, o produto tur�stico, como bem de ordem inferior, � constitu�do por uma cesta de bens de ordem secund�ria, sendo que a import�ncia de cada um desses bens secund�rios assume um car�ter distintivo para cada caso concreto, em uma compara��o espacial e em sua evolu��o temporal, apresentando certas caracter�sticas que permitem estabelecer entre eles diversos agrupamentos.

Seguem alguns bens relacionados com a satisfa��o de �necessidades tur�sticas�, considerados como de segunda ordem por Furi� Blasco:

          os atrativos tur�sticos � bens naturais, bens hist�ricos, bens culturais, bens de ��cio� ou lazer / entretenimento, bens relacionados;

          o �deslocamento� do n�cleo emissor para o receptor;

          o alojamento no local de destino;

          a restaura��o, no sentido de alimenta��o;

          uma s�rie de bens relacionados e necess�rios quando se produzem aglomera��es populacionais em uma zona e que satisfazem suas necessidades fisiol�gicas e sociais;

          capacidades ou rendimentos do trabalho � qualifica��o da m�o-de-obra.

Considera��es Finais

N�o se percebe na abordagem de Furi� Blasco uma clarifica��o definitiva do conceito de produto tur�stico, desde quando a depender de qual seja a necessidade ou necessidades que o turista busque satisfazer, da intensidade e prioridade com que ela(s) se manifeste(m) e da condi��o que o mesmo tenha de poder pagar para satisfaz�-la(s), na qualidade e quantidade que desejar, o produto tur�stico incorporar� uma menor ou maior variedade de itens em sua composi��o, pois uns poucos ou muitos dos chamados bens de segunda ordem passar�o a ter uma rela��o imediata com a satisfa��o da necessidade do turista, passando ent�o � condi��o de bens de ordem inferior ou de primeira ordem, afirmando-se, tamb�m nesta concep��o, o car�ter determinante da demanda.

A defini��o adotada por Furi� Blasco, para quem o produto tur�stico � um bem de ordem inferior, ou de primeira ordem, alude que a qualidade de bem tur�stico n�o � dada por algo intr�nseco ao pr�prio bem, mas pelo fato de apresentarem uma rela��o imediata com a satisfa��o de necessidades tur�sticas do ser humano � o consumidor, o turista. Neste sentido, ela remete e guarda alguma similaridade com a defini��o de consumo tur�stico formulada dentro do marco conceitual da Conta Sat�lite do Turismo, conforme ONU et al. (2001), pela qual, o que torna um consumo tur�stico n�o � a natureza intr�nseca pr�pria do bem ou servi�o consumido, e sim a condi��o dentro da qual se encontra o consumidor, ou seja, ele deve ser um visitante ou pretender s�-lo.

Esta similaridade evidencia ainda mais que a defini��o de produto tur�stico de Furi� Blasco mesmo que tomando como ponto de partida a oferta, acaba se revelando um enfoque de demanda, a qual, inclusive, como o pr�prio autor afirma, atua como fator definidor da natureza dos encadeamentos para tr�s e para frente da fili�re de produ��o dita �tur�stica�, em seus interrelacionamentos diretos, indiretos e induzidos.

Ressalva-se que as peculiaridades da atividade do turismo, de acordo com Garrido (2001), dificultam a padroniza��o de processos, bastante presente na cadeia produtiva � fili�re na nomenclatura francesa utilizada por Furi� Blasco, cujo modelo foi inicialmente desenhado para atender a sistemas de produ��o industrial.

Pode-se argumentar que o modelo de cadeia produtiva mant�m o enfoque na produ��o de bens, controlando o processo de todos os elos que, nesse caso, s�o quase que totalmente previs�veis e resultam em produtos com caracter�sticas similares. No turismo mant�m-se o enfoque na demanda e no consumo, e a referida �heterogeneidade� de componentes e produtos traz alguns obst�culos ao estabelecimento desse modelo, nos moldes convencionais. [...]. (Garrido 2001: 61).

Concorda-se com a argumenta��o de Garrido, quando aponta como principal empecilho � aplica��o do conceito de cadeia produtiva ao turismo, justamente o fato de se pretender considerar a atividade econ�mica do turismo como significativa de uma �nica cadeia produtiva, a despeito da diversidade de segmentos de mercado e de tipologias de motiva��es e manifesta��es tur�sticas.

Na verdade n�o se pode falar de �um� turismo e sim de �v�rios� turismos, logo n�o se pode delimitar e analisar �uma� cadeia produtiva do turismo e sim �diversas� cadeias produtivas relacionadas ao turismo. E tal delimita��o e an�lise deve ser orientada para os produtos e atividades �caracter�sticos� do turismo, em conson�ncia com a classifica��o uniforme estabelecida no marco conceitual da CST, [...]. (Silva 2004: 357).

No caso de situa��es em que o deslocamento possa vir a se tornar um bem de primeira ordem, a defini��o de produto tur�stico de Furi� Blasco corresponder� � formulada por Mu�oz de Escalona. Ou, dito de outra forma, o plano ou programa de deslocamento de ida e volta, o �nico produto efetivamente tur�stico, na concep��o de Mu�oz de Escalona, passaria a corresponder, na abordagem de Furi� Blasco, a um bem de ordem inferior ou de primeira ordem, coincidindo com sua defini��o de produto tur�stico.

Mas, na medida que o turista chegue � regi�o receptora e v� tendo um contato direto com os servi�os / t�cnicas facilitadores e incentivadores e da� satisfazendo suas necessidades de consumo, ter�amos os bens de segunda, terceira ordem e de ordem superior transmutando-se, subseq�entemente, em bens de ordem inferior e at� de primeira ordem.

Por outro lado, considerando-se o fato dos planos de deslocamentos de ida e volta serem direcionados para a satisfa��o dos consumidores turistas, tanto nos pacotes convencionais e indiferenciados pr�prios de um turismo massivo, como, principalmente, nos pacotes sob medida ou encomenda que s�o cada vez mais solicitados e que s�o formatados pelos operadores tur�sticos visando a atender �s mais diversificadas motiva��es pr�prias de um turismo diferenciado e a cada dia mais personalizado, pergunta-se: n�o se poderia entender tal forma de atua��o operativa como uma segmenta��o das atividades produtivas dos operadores tur�sticos?, que os mesmos estariam atuando em nichos de mercado para corresponder ao car�ter multisegmentado do mercado tur�stico?. N�o se trataria aqui, mais que implicitamente, tamb�m de um enfoque de demanda?

Al�m do que, pelas tend�ncias da economia mundializada de uma multisegmenta��o da demanda � qual haver� sempre que corresponder uma multisegmenta��o da oferta, o conhecido enunciado da �Lei de Say� (Trait� d��conomie Politique, 1803) � a oferta cria sua pr�pria demanda, se torna, a cada dia, mais fr�gil para explicar as rela��es econ�micas do mundo contempor�neo.

As empresas, tur�sticas ou n�o, tanto nos pa�ses desenvolvidos e majoritariamente emissores, quanto nos pa�ses em desenvolvimento ou subdesenvolvidos e majoritariamente receptores, estruturam suas atividades produtivas objetivando viabilidade e rentabilidade, em conformidade com os preceitos referendados pela teoria microecon�mica.

O turismo, atrav�s da din�mica dos deslocamentos de pessoas como turistas ou como trabalhadores, de rendas pessoais, de produtos e servi�os, de investimentos ou de capitais, etc., influencia e define rela��es intersetoriais internas aos diversos pa�ses envolvidos e externas, entre esses mesmos pa�ses, assumindo, em menor ou maior medida um importante papel nas economias nacionais, conformando fluxos f�sicos e monet�rios, e efeitos derivados, de car�ter marcadamente macroecon�mico.

Al�m disso, deixando de lado a �nfase no turismo internacional, esses pa�ses, qualquer que seja o seu n�vel de desenvolvimento, possuem em determinado grau um fluxo tur�stico interno, de natureza dom�stica, o qual pode implicar uma movimenta��o econ�mica representativa, que, particularmente para os pa�ses menos desenvolvidos, pode ser bem mais significativa e relevante em termos econ�micos e sociais, do que o movimento representado pelo turismo internacional.

Assim, se acredita n�o ser apropriado qualificar os pa�ses onde residem os turistas e os operadores tur�sticos como pa�ses �bem� chamados de tur�sticos e os pa�ses que os turistas visitam como �mal� chamados de pa�ses tur�sticos, como considerados por Mu�oz de Escalona. Pelo contr�rio, por vezes, estes � que seriam mais apropriadamente merecedores de serem denominados pa�ses tur�sticos.

Acredita-se que apesar da tend�ncia, mesmo sem contar com a unanimidade dos experts cient�ficos, de ser o setor terci�rio considerado o melhor enquadramento do turismo na economia, tendo em vista que, de modo predominante, tanto na perspectiva da produ��o tur�stica como na do consumo tur�stico, o turismo se concretiza em suas diversas manifesta��es econ�micas como atividade de servi�os, permanece a indefini��o quanto ao que � realmente o turismo e o produto tur�stico, em sua delimita��o como atividade econ�mica e em termos de sua contribui��o � renda e riqueza de pa�ses e regi�es.

De um lado tem-se a teoria cl�ssica ou convencional orientada por um enfoque de demanda � da qual j� se disponhe de uma excelente revis�o e compila��o dos seus contributos te�ricos mais relevantes, realizada por Mu�oz de Escalona (1991); de outro lado tem-se o modelo alternativo do enfoque de oferta formulado pelo pr�prio Mu�oz de Escalona; e, conta-se ainda, com a importante e expressiva contribui��o de Furi� Blasco (1994), baseada no enfoque de enlaces com �nfase na express�o territorial do turismo.

Disp�e-se, portanto, de uma massa cr�tica de significativa dimens�o e qualidade de conte�do, a qual constitui-se campo f�rtil para a realiza��o de uma s�ntese das distintas vertentes anal�ticas, propiciadora da integra��o em um corpo te�rico unificado da perspectiva empresarial e microecon�mica, com a abordagem sociol�gica e macroecon�mica e com o enfoque territorial e mesoecon�mico, favor�vel � sistematiza��o de uma �teoria econ�mica aplicada ao turismo� ou uma �teoria do desenvolvimento tur�stico de base econ�mico-territorial�.

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[1] Doutor em Ci�ncias da Comunica��o - �rea de Concentra��o Turismo - ECA/USP. Professor e pesquisador do Mestrado em An�lise Regional e do Curso de Turismo da Universidade Salvador - UNIFACS. Consultor em Turismo. Diretor da TRIUMPH Consultoria em Turismo Ltda. E-mail: e .

Qual é a importância do turismo para a economia?

O turismo interessa muito o setor público - ele gera emprego e renda, dinamiza a economia, gera impostos, que são revertidos para saúde, educação e obras. Acreditamos no turismo como uma poderosa alavanca para o desenvolvimento de territórios, desde que planejado e que a gente diga que turismo quer.

Qual é a definição de turismo?

Relativo a turista ou ao turismo.

Qual é a importância do turismo para o?

O turismo é uma das melhores formas de difundir a cultura de um território, mostrar a beleza dos ambientes e movimentar a economia. A importância do turismo é enorme para os brasileiros, seja para o lazer, seja para a cultura e os negócios.

O que é a economia do turismo?

Reúne estudos econômicos relacionadas às atividades de turismo no Brasil e sua participação na economia do país.