Qual a sua interpretação do trecho Ninguém ouviu um soluçar de dor no canto do Brasil?

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RIO DE JANEIRO – Não tenho o menor pudor em confessar que estou dominado pelo que se chama de TPC. O leitor ou a leitora que está aqui no blog há de se perguntar que diabos será essa TPC.

É a Tensão Pré-Carnaval, ora bolas. Como bom folião que sou, aguardo ansiosamente pelo momento de cair no samba, nas marchinhas e nos blocos – com moderação, é claro. Nada é bom quando feito com excesso.

Eu poderia logicamente fazer o que fiz noutras ocasiões: encher esse post com vídeos de desfiles de escola de samba que apresentaram sambas, no meu ver, antológicos ou significativos. Mas dessa vez, não.

Vou homenagear uma personagem que, se viva estivesse, com certeza seria ovacionada em sua passagem pela avenida: Clara Nunes.

A Guerreira, nascida em 1942 na cidade mineira de Cedro, hoje Caetanópolis, consolidou-se nos anos 70 como uma das maiores cantoras do país e uma vendedora de discos de mão cheia. Clara quebrou o tabu que mulher não vendia disco e se tornou uma das artistas mais queridas pelo povão. Abraçou a Portela, a cultura afro e foi abraçada pela escola, pelos compositores e sambistas, que a adoravam.

Incrivelmente, mesmo cantando em português, Clara Nunes fazia muito sucesso no exterior. Ela era idolatrada no Japão e em seus shows por lá, o público levava instrumentos de percussão para acompanhar o Conjunto Nosso Samba e demais músicos brasileiros. Uma loucura, como atestou o surdista Gordinho, um mestre na sua especialidade.

“Eles ficam na plateia tocando baixinho. Mas não são bobos, não. Estudaram, tocaram bem. Tinha um pandeirista e eu até brinquei com ele dizendo que não era japonês e sim brasileiro. Ele tocava bem o pandeiro e até rodava no dedo. Esperto, o cara”, conta. “No último espetáculo que fizemos no Japão, a gente pediu para ela (Clara) os deixar subirem no palco, pois ia ser uma loucura. Ela concordou, mas pediu que fosse ao final do show. Um grupo de mais de 15 pessoas subiu. Foi uma maluquice”, diverte-se Gordinho.

A prova do sucesso de Clara Nunes no Oriente está aqui no vídeo abaixo: uma apresentação da cantora para o canal NHK, em estúdio, onde ela e seus músicos arrebentam em “Canto das Três Raças” (Mauro Duarte/Paulo Cesar Pinheiro), um dos maiores sucessos da Sabiá. Reparem ao fim da apresentação que a cantora é entrevistada e responde em português com a maior naturalidade. No comecinho dos anos 80, os japoneses – esses danadinhos – já tinham inventado o ponto eletrônico, onde alguém traduzia as perguntas para Clara e ela respondia tudo direitinho.

“Canto das Três Raças” é o clip da semana.

Leia abaixo um trecho da m�sica “Canto das tr�s ra�as” composta por Mauro Duarte e Paulo C�sar Pinheiro:

Ningu�m ouviu

Um solu�ar de dor

No canto do Brasil

Um lamento triste

Sempre ecoou

Desde que o �ndio guerreiro

Foi pro cativeiro

E de l� cantou

Negro entoou

Um canto de revolta pelos ares

No Quilombo dos Palmares

Onde se refugiou

Fora a luta dos lnconfidentes

Pela quebra das correntes

Nada adiantou

E de guerra em paz

De paz em guerra

Todo o povo dessa terra

Quando pode cantar

Canta de dor

Dispon�vel em: http://letras.terra.com.br/clara-nunes/83169/

No contexto do regime escravista do Brasil Col�nia e a partir do trecho da m�sica “Canto das Tr�s Ra�as”, assinale a alternativa INCORRETA:

a)

durante a exist�ncia do regime escravista, houve fugas de escravos dos engenhos e a forma��o de quilombos no sert�o brasileiro;

b)

a hist�ria relata que houve resist�ncia dos escravos negros e ind�genas e o medo que os senhores sentiram diante das insurrei��es, revoltas, atentados e fugas de escravos;

c)

como forma de resist�ncia, homens e mulheres escravizados buscavam praticar suas culturas, por meio de dan�as, cantos, cren�as;

d)

a medida que a empresa a�ucareira se expandia no Brasil, fez-se op��o pela m�o-de-obra escrava de origem africana, em substitui��o ao trabalho ind�gena;

e)

os ind�genas lutaram contra a escravid�o, enquanto os negros ofereceram pouca resist�ncia ao regime escravocrata da col�nia.

O que você entende sobre o significado do título da música O Canto das Três Raças?

A canção recorre à imagem corrente de três raças constituindo o Brasil. Ainda, a canção afirma que os inconfidentes lutaram “pela quebra das correntes”, mas, como mostram as pesquisas históricas, apenas alguns inconfidentes entendiam que a escravidão era incompatível com a causa da independência em relação a Portugal.

Porque o canto do trabalhador deveria ser um canto de alegria mas é um soluçar de dor?

“Ai, mas que agonia o canto do trabalhador. Esse canto que devia ser um canto de alegria soa apenas como um soluçar de dor”. Este é um trecho da música Canto das Três Raças, interpretada por Clara Nunes e que o quadro Tocando Direito, da Rádio TRT FM 104.3, usa para falar sobre igualdade no mercado do Trabalho.

Quem não ouviu um soluçar de dor no canto do Brasil?

num canto do Brasil…” RIO DE JANEIRO – Não tenho o menor pudor em confessar que estou dominado pelo que se chama de TPC.

Por que ao longo da história do Brasil o povo dessa terra canta dor?

Resposta: A escravidão. Porque a música retrata-se da dor e revolta dos escravos e indígenas.