Qual é a classificação das cidades globais?

cidade-alfa

José Horta Nunes

O discurso de globalização produz seus efeitos no vocabulário citadino, com o surgimento de palavras como “cidade global”, “cidade mundial”, “capital mundial”, etc. É nessa panorama mais amplo que surge o nome cidade-alfa. Esse termo de especialidade está inserido em uma classificação das cidades globais realizada por trabalhos ligados ao Globalization and World Cities Research Network (GaWC), ligado ao Departamento de Geografia da Universidade de Loughborough, na Inglaterra.

Essa classificação distingue as cidades globais em três níveis: alfa, beta e gama, de acordo com o critério de "conectividade internacional". A cidade alfa seria a que possui o maior índice e conectividade internacional. Londres, Nova York e Tóquio são consideradas cidades-alfa. No Brasil, São Paulo é considerada cidade-alfa.

Os estudos das cidades globais trazem subsídios para se pensar as relações entre as cidades, as concexões, as redes que se formam entre elas. Ao mesmo tempo, leva a perceber os silenciamentos que se dão em relação às situações mais imediatas que envolvem as cidades, ou seja, no caso brasileiro, a relação com o município, as regiões, o Estado, e mesmo suas relações internas, já que as cidades globais como São Paulo apresentam profunda desigualdade social, com espaços característicamente globalizados, de um lado, e espaços deteriorados, de outro.


Bibliografia

GLOBALIZATION AND WORLD CITIES RESEARCH NETWORK (GaWC).  Disponível em: http://www.lboro.ac.uk/gawc/index.html. Acesso em 07 de abril de 2015.

SASSEN, Saskia. The Global City. Princeton: Princeton University Press, 2001.

TAYLOR, Peter James. World city network : a global urban analysis. London : Routledge, 2004.

Ouça este artigo:

Metrópoles – são cidades com altas densidades demográficas e que concentram variados tipos de universidades, de estabelecimentos comerciais, alem de bancos, sedes de órgãos públicos, jornais e emissoras de televisão, entre outros.

Hierarquia Urbana

Metrópoles mundiais ou globais

Influenciam pessoas em todo o planeta, como as cidades de Paris, Nova York, Londres, São Paulo e Rio de Janeiro. Geralmente são grandes centros econômicos e/ou turísticos.

Metrópoles nacionais

No Brasil, esse grupo é representado pelas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Exercem influência sobre todo território nacional, determinando importantes aspectos da vida cultural, cientifico, social e econômica do País.

Metrópoles estadual

Correspondem às cidades que exercem grandes influências sobre o território dos estados onde estão localizados e, muitas vezes, sobre extensas áreas de estados vizinhos. Ex: Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre.

Metrópoles regionais

São cidades com mais de 1 milhão de habitantes que abrigam atividades econômicas diversificadas, mas possuem uma área influência menor que a das metrópoles nacionais. Ex: Belém, Goiânia, Manaus.

Capitais regionais

Correspondem às cidades de grande e médio porte que exercem influência sobre um vasto número de municípios à sua volta. Apesar do nome, podem não ser capitais de estado. Não são consideradas metrópoles, mas possuem um número razoável de indústrias, de prestadores de serviços (hospitais, médicos, universidades, etc.). Ex: Campo Grande, Ribeirão Preto, Cuiabá.

Centros regionais

São cidades de porte médio que estão sob a influência de capitais regionais, mas que exercem influência sobre várias cidades menores em seu entorno.

Centros locais

Correspondem aos centros urbanos espalhados por todo o país, que exercem influência apenas sobre a área de seu município.

Rede Urbana

São as ligações que as cidades estabelecem entre si, formando naturalmente uma hierarquia, cuja importância é medida de acordo com a área de abrangência de cada uma, estabelecida pela prestação de serviços e pela concentração de atividades que a mesma possui.

Os agrupamentos Urbanos

Conurbação

Encontro físico sócio-econômico das cidades. Ex: ABCD Paulista.

Regiões Metropolitanas

Conjunto de municípios integrados entre si fisicamente e socioeconomicamente.

Megalópoles

Junção de Metrópoles.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/geografia/classificacao-das-cidades/

Qual é a classificação das cidades globais?

Qual é a classificação das cidades globais?
Cidades globais e megacidades. Imagem: Pixabay.

Você já ouviu falar em megacidades, né? Mas e em cidades globais ou cidades alfas? Você consegue entender o porquê algumas cidades são consideradas globais e a diferença entre megacidades e cidades globais?

Cidades globais é um termo criado pela socióloga e escritora Saskia Sassen para identificar aquelas cidades com importância e renome internacional com um fluxo econômico de bens, serviços e de capital que impactam na economia mundial. São cidades palcos de grandes transformações sociais, políticas e culturais.

Já as megacidades é um conceito similar, que compreende as características de tamanho, diversidade de população e estão em constante mudanças com um processo crescente de urbanização, porém se diferenciam no posicionamento geopolítico de importância nas relações econômicas e financeiras globais.

Nesse texto, você vai aprender o que são as cidades globais, quais são as suas características e as diferenças com as megacidades e quais os problemas que enfrentam atualmente.

Leia também: Planejamento urbano no Brasil: um breve histórico

O que é uma Cidade Global

As cidades globais são geralmente cidades com importância e renome internacional. São cidades centros que integram a economia global nas dimensões urbanas, culturais, econômicas, financeiras, políticas e industriais de maior desenvolvimento do mundo.

São cidades que se tornaram centro de intercâmbio internacional financeiro, de serviços e tecnologia onde funcionam uma variedade de empresas e um fluxo migratório diverso que fazem as dinâmicas sociais intensas e politicamente ativas nas relações internacionais.

O termo “cidade global” foi elaborado pela socióloga e escritora Saskia Sassen para identificar aquelas cidades com mais de 10 milhões de habitantes que são mundialmente cidades líderes por possuírem, nas palavras da autora: “uma concentração de serviços de produção e uma forte orientação para o mercado financeiro global e serem cidades de referência para outras cidades a nível mundial” (Sassen, 1991, p. 164).

A autora utiliza como exemplo as cidades de Nova York, Londres e Tóquio por possuírem uma importância geopolítica nas áreas econômicas, um fluxo intenso de pessoas e se destacarem em inovações e novas tecnologias.

As cidades globais também são protagonistas nas relações com outras cidades do mundo, pelo intercâmbio cultural e de demandas sociais que se espalham por outras regiões do mundo, como por exemplo, o movimento occupy Wall Street, ou liderando redes como a C40 para a promoção de um desenvolvimento sustentável.

Além disso, são cidades altamente conectadas com sistema avançado de transportes, aeroporto internacional, rede de comunicações, grandes empresas multinacionais, indústrias, dentre outros.

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Quais as principais características de uma cidade global?

  • Ocupam uma grande extensão territorial com uma densidade populacional intensa e são o centro de uma conurbação de cidades e possuem população maior que 10 milhões de habitantes;
  • Tem importância turística e são centros de grandes eventos internacionais (Copa do Mundo, Olímpiadas, Convenções, etc);
  • Instituições de ensino de alta qualidade, incluindo universidades renomadas, atendimento de estudantes internacionais e centros de pesquisa;
  • São hiperconectadas, com aeroportos com as principais rotas comerciais do mundo e possuem um sistema massivo de transporte terrestre;
  • Possuem um sistema de telecomunicação avançado;
  • Possuem uma diversidade cultural que lhes dão uma identidade própria;
  • Participam efetivamente da economia mundial e são grandes centros financeiros globais de negociações e produção de inovações tecnológicas;
  • São atores políticos engajados tanto na política nacional e internacional;

Como são classificadas

Um estudo ligado ao Departamento de Geografia de Loughborough, na Inglaterra, criou uma série de critérios através da rede de pesquisa conhecida como Globalization and World Cities Research Network (GaWC) que diferencia as cidades globais em três níveis: alfa, beta e gama de acordo com o seu desenvolvimento e influência internacional.

As cidades alfas são as que estão conectadas internacionalmente através do fluxo de serviços, finanças, tecnologia e comércio global, ligadas com outras cidades, sendo centros de poder da economia global com influência no mundo todo. Exemplos: Nova York (EUA), Tókio (Japão), São Paulo(BR), Londres (Inglaterra), Hong Kong (China), Paris (França).

As cidades betas, são cidades mundiais mas com maior influência regional, importantes pois conectam região ou estado à economia mundial, . Exemplos: Lima (Peru), Bogotá (Bolívia), Rio de Janeiro (BR), Berlim (Alemanha), Vancouver (Canadá).

Já as cidades gamas, são aquelas com influência em estados menores importantes para a economia, mas não a nível global. São cidades que estão em processo de desenvolvimento para ofertar serviços avançados de produção de bens e serviços. Exemplos: Medellín (Colômbia), Guadalajara (México), Porto (Portugal).

Megacidades X Cidades Globais

O conceito de megacidade é similar ao de uma cidade global, visto que ambas são cidades que possuem mais de 10 milhões de habitantes e um crescente grau de urbanização e de desenvolvimento. A diferença apontada pela autora Saskia Sassen é referente a hierarquia de importância geopolítica das cidades.

Para entendermos melhor, podemos citar como exemplo as cidades de Lagos (Nigéria), Daca (Bangladesh) e Nova Déli (Índia), que são consideradas megacidades, porém, no ranking de importância para o sistema financeiro e de desenvolvimento global, tem menos impacto as decisões e acontecimentos que ocorrem nessas cidades do que as que ocorrem em cidades como Nova York ou São Paulo.

Também se associa ao conceito de megacidades uma valorização quantitativa, ou seja, cidades com um rápido crescimento populacional que chega a ser descontrolado e sem planejamento, o que intensifica os problemas sociais e urbanos como o aumento da poluição, expansão da favelização, desemprego, problemas com trânsito e de violência.

Já uma cidade global, o conceito se refere a um reconhecimento qualitativo, por oferecerem um certo grau de infraestrutura, e qualidade de vida conectado à oferta de bens e serviços à população.

Contudo, pode-se dizer que uma megacidade pode ser também global, por alcançar a pontuação referente aos critérios de desenvolvimento em infraestrutura, qualidade de vida e oferta de serviços que a conecte à escala de importância na economia global.

O Rio de Janeiro, por exemplo, é uma cidade reconhecida mundialmente por sua cultura, que abriga vários megaeventos como a Copa do Mundo, porém vive muitas contradições como a alta taxa de violência, uma densidade urbana descontrolada, refletida nas comunidades, e a falta de acesso da população a serviços básicos em muitas localidades como saneamento, saúde e educação de qualidade.

Mas também, uma cidade considerada global pode não ser uma megacidade, como é o caso das cidades Zurique (Suíça) e Londres (Inglaterra), com populações com menos de 10 milhões de habitantes, são cidades com um maior índice de desenvolvimento humano (IDH), urbanizadas e com centros financeiros da economia global.

Quais as dificuldades que enfrentam as cidades globais e as megacidades

Tanto as megacidades como as cidades globais enfrentam várias dificuldades relacionadas à urbanização, como o crescimento acelerado da população sem planejamento, crescimento de bairros marginalizados, problemas com saneamento básico, transporte, assistência a saúde de qualidade com pouco ou nada de gestão pública o que contribui para o aumento da poluição, pobreza e violência.

Mas, para além disso, as cidades globais enfrentam problemas cada vez maiores de conciliação das pressões locais e globais. O rápido crescimento de um mundo cada vez mais interconectado e deslocalizado das telecomunicações e finanças globais confronta o mundo mais doméstico, tradicional e autóctone do local.

A globalização produz um duplo efeito nas comunidades a ela expostas. Por um lado, promove um cosmopolitismo baseado no intercâmbio econômico, financeiro e cultural. Mas também motiva um retorno aos valores do nacionalismo, xenofobia e fascismo e em algumas cidades inclusive, ameaças de Terrorismo.

E aí, gostou de saber as diferenças entre cidades globais e megacidades? Se ainda ficou alguma dúvida ou tem alguma sugestão, deixe nos comentários!

Referências:
  • CEPAL – Pensar el territorio: los conceptos de ciudad global y región en sus orígenes y evolución
  • Geography Department at Loughborough University – Globalization and World Cities Research Network
  • GaWC Research – Bulletin 300 – Measuring the World City Network: New Results and Developments
  • OpenMind BBVA – La ciudad global :introducción a un concepto
  • PNUD Brasil – índice de desenvolvimento sustentável – IDH Global 2014
  • Repositório Universidade Nova – Das cidades-estado às cidades-globais
  • SASSEN, Saskia. The global city: New York, London, Tokyo. United Kingdom: Princeton University Press, 1991.
  • TodaMatéria – O que são cidades globais
  • TodaMatéria – Megacidades
  • TodaMatéria – Globalização
  • UNICAMP – cidade global

Qual a classificação das cidades globais?

As cidades globais – também conhecidas como cidades mundiais – é um termo utilizado para designar aquelas localidades onde há um intenso avanço econômico, urbano e social.

O que caracteriza define as cidades globais?

Cidades globais é um termo criado pela socióloga e escritora Saskia Sassen para identificar aquelas cidades com importância e renome internacional com um fluxo econômico de bens, serviços e de capital que impactam na economia mundial. São cidades palcos de grandes transformações sociais, políticas e culturais.

Quais as cinco categorias que as cidades foram classificadas?

São eles: metrópoles (grande metrópole nacional, metrópole nacional e metrópole), capitais regionais (A, B e C), centros sub-regionais (A e B) e centros de zona (A e B).