Qual foi a maior catástrofe da história?

Artigo enviado por Moacir Soares – Secretário de Saúde de Caucaia

O mundo está cavalgando na onda do caos, diante da maior ameaça que marcará o século XXI. Não há óbice que estamos vivendo uma tragédia sanitária sem paralelos. O risco é desmedido, mediante o avanço globalizado dessa “gripe chinesa” causada pelo nCoV -19 – sigla em inglês que significa: “n”, de novo, “CoV”, de coronavírus e “19”, seu ano de surgimento. Esse agressivo agente infeccioso microscópio, causador da mais danosa pandemia que já tem lugar na história, entre as doenças que mais mataram em séculos passados, com destaque para a AIDS, gripe espanhola, sarampo, peste bubônica, varíola, febre tifóide, cólera, ebola, dentre outras, assim como as demais, deixará um rastro de mortandade na história da humanidade.

A COVID-19 é uma patologia emergente ainda pouco conhecida pela ciência, em virtude da ausência de argumentos baseados em evidência científica. Sabe-se que surgiu em Wuhan, cidade chinesa, em um mercado de mariscos, local do início da disseminação desse vírus que, velozmente, ganhou espaço no globo e tornou-se pandemia mundial sem precedentes.

No país asiático, a COVID-19 já matou 4.632 mil chineses e, ao redor do mundo, já se contabilizam mais de 180 mil mortes decorrentes do coronavírus. Mais de 2,5 milhões de pessoas foram infectadas, segundo dados da Universidade de Jonhs Hopkins, que monitora a doença. Vale ressaltar que Itália, Estados Unidos e Espanha registram metade dos óbitos totais ocorridos em todo o mundo.

No Brasil, até ontem, 23 de abril, contabilizaram-se 49.990 casos da doença, resultando em 3.330 mortes. Esses números apresentados diariamente, poderiam ser muito maiores se os laboratórios conseguissem devolver no máximo em 4 dias o resultado dos testes. Estão levando em média de 12 a 15 dias. Outro problema que mascara a decolagem dos números de casos é baixíssima oferta de testes rápidos que os municípios recebem do Ministério da Saúde e por fim, a subnoficação ainda é uma realidade.

No Ceará, já são, aproximadamente, 120 cidades com casos confirmados e a letalidade global chega a 5,8%. Nosso Estado é o terceiro no ranking dos mais afetados, contabilizando 4.702 infectados e 271 óbitos decorrentes do coronavírus, permanecendo atrás apenas de megalópoles, como São Paulo (epicentro brasileiro da doença) e Rio de Janeiro. A capital do Ceará concentra a maioria dos registros do Estado, com 3.781 casos confirmados e 212 óbitos.

Por fim, vamos à Caucaia. No momento, são 525 casos notificados, 162 confirmados, 213 em investigação, 150 descartados e 08 óbitos. Pode-se dizer que essa doença viral não é mais uma possibilidade, e sim, uma certeza, e uma grave ameaça ao sistema de saúde, à economia e à psiquê da humanidade, em dimensões incalculáveis.

No município de Caucaia, visando desacelerar e reprimir o avanço do coronavírus, foi elaborado um plano de contingência contendo dezenas de ações estratégicas. O prefeito, Naumi Amorim, assinou vários decretos contendo medidas restritivas, dentre elas, o de isolamento social, uma medida dura, um exílio doméstico, porém necessária para proteção da população, para retardar o curso da pandemia. Outra ação importante foi reservar, no hospital municipal, uma ala exclusiva para pacientes infectados pelo vírus. São 36 leitos de enfermaria para tratamento dos casos leves e moderados; e 10 leitos de Terapia Intensiva. Vale destacar, também, a condição de 500 mil máscaras reutilizáveis que estão em processo de confecção para serem distribuídas a todos os caucaienses. Merece destaque o projeto Teia da Saúde, um trabalho planificado com os quase 500 ACS do município, completamente voltado para o enfrentamento do coronavírus.

Quem foi recalcitrante e desacreditou da gravidade da doença e das medidas adicionais de proteção pode, agora, observar os números que comprovam o desastre. Quem não lembra o que aconteceu na Itália, Estados Unidos e outros países? Descontrole da doença, estrangulamento do sistema de saúde, muitos infectados e inúmeras mortes, a ponto de os médicos submeterem-se fazer a escolha mais difícil e traumatizante de suas carreiras, tendo que decidir quem iria receber o tratamento e quem iria morrer.

Vale salientar que a partir da próxima semana começam os dias decisivos. Temos que correr contra o tempo para mitigar os impactos do que está por vir. O pico da doença vem com muita intensidade. Os números de infectados e dos casos graves acometidos pela covid-19 vão disparar. Temos de transformar o máximo possível de leitos de enfermarias em leitos de UTI, reforçar toda a equipe profissional para enfrentar o pior cenário até então. Quanto mais efetivas forem, nossas ações menores serão as percas humanas por essa pandemia.

É justo e oportuno exaltar nossos profissionais de saúde pela travessia desafiadora e pelo risco de contaminação que estão expostos. Esses guerreiros estão na linha de frente, enfrentando com pertinácia esse funesto vírus, arriscando a própria vida no combate da pandemia. É uma árdua missão para esses devotados profissionais de jaleco. Eles não puderam ficar em casa, foram à luta honrando seus juramentos, por dever de ofício e pela força dos bons exemplos. São combatentes que estão se expondo, diariamente, a alto risco, para reprimir a cadeia de contágios, tratarem pessoas infectadas e salvar vidas. Nosso sincero reconhecimento ao exército que veste branco. Vocês são imprescindíveis! Nessas horas, confirmamos uma antiga premissa de que saúde não tem preço, e sim, trata-se de um grande investimento.

Sem dúvida, o ano de 2020 já tem lugar na história das tragédias da saúde. Um vírus inaugurou a morte sem abraços e sem adeus. O mundo está enfrentando tempos de grandes ameaças, desafios, enormes temores e incertezas. Mas é nessas travessias longas e espinhosas que precisamos mais do que nunca uns dos outros, da união dos esforços e de doses de sacrifícios, para resistirmos essa tormenta juntos, em prol da coletividade.

Moacir de Sousa Soares – Secretário da Saúde do Município de Caucaia, Ceará – 24 de abril de 2020


Fernando Cruz / Mário Cabral / Pedro Luna

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Qual foi a maior catástrofe do mundo?

Dez enchentes mais mortíferas.

Qual foi a pior tragédia do mundo?

→ Desastre de Chernobyl (1986) O acidente em Chernobyl, na Ucrânia, ocorreu no dia 26 de abril de 1986 quando um reator de energia nuclear explodiu, liberando uma grande quantidade de material radioativo no ambiente e provocando um incêndio que durou dez dias.

Qual foi a maior catástrofe do Brasil?

Deslizamentos e enchentes mataram 918 pessoas na região serrana do Rio; 99 pessoas estão desaparecidas até hoje. No dia 11 de janeiro de 2011, centenas de histórias, sonhos e lembranças foram soterradas pela lama na maior tragédia natural da história do Brasil.

Qual foi o pior desastre que aconteceu no Brasil?

Rompimento da barragem em Brumadinho (2019) O rompimento da barragem em Brumadinho foi caracterizado como o maior acidente de trabalho no Brasil, e um dos maiores desastres ambientais da história do país. Ao todo, a enchente causada pelos dejetos tirou 270 vidas, das quais seis estão desaparecidas até hoje.