Qual foi a primeira mulher a ganhar uma medalha de ouro no atletismo?

Nas vésperas do dia internacional da mulher vamos trazer um pouco da história da mulher na prática esportiva, buscando lembrar as conquistas e fatos históricos relacionados ao acesso e evolução da mulher no esporte.

Durante o período da Grécia Antiga (393 a.C. a 393 d.C.) foram iniciadas as Panatéias (primeiros jogos olímpicos), onde ocorriam jogos e lutas, nesse evento a presença da mulher era completamente proibida até como expectadora. A exclusão da mulher das Panatéias estava relacionada a visão do estado com relação ao papel do cidadão, a exclusão da mulher como cidadã grega limitava muito sua participação dos esportes, as leis com relação a participação de mulheres no esporte eram tão rígidas nessa época que puniam com a morte mulheres casadas que assistissem os jogos.

Na Idade Média a mulher as mulheres participavam das mesmas atividades esportivas que os homens envolvendo-se em esportes populares como os esportes com bola. No século XVII a mulher é privada de qualquer prática esportiva, sendo subjugada por seu marido ou familiar homem mais próximo. A proibição da prática esportiva pelas mulheres se intensificou na era vitoriana chegando ao século XIX, onde voltaram a ser realizados os jogos olímpicos.

Jogos Olímpicos Modernos

Em 1896 foram retomados os jogos olímpicos, nessa primeira olímpiada somente era permitida a participação de homens, as mulheres só puderam participar assistindo.

A primeira olímpiada na qual uma mulher participou oficialmente foi a olímpiada de 1900 sediada em Paris, nessa olimpíada participaram 22 mulheres as únicas modalidades permitidas para mulheres foram o golf, tennis, vela e criquet. Hélène de Pourtalès foi a primeira mulher a completar um evento olímpico e levar a medalha de ouro participando de um evento misto de vela com seu marido. Nos anos seguintes foram adicionadas as modalidades de arco e flecha, natação, mergulho, ginástica e algumas modalidades do atletismo. Conforme os anos foram passando através de diversas lutas as mulheres foram aumentando sua participação nos jogos olímpicos, em 1932 se inicia a participação de atletas brasileiras nas olimpíadas com a estréia de Maria Lenk na natação.

Figura 2 Número de participantes nas olímpiadas por gênero.

Participação de Mulheres Brasileiras nas Olimpíadas

Maria Lenk nasceu em 1915, descendente de alemães, foi incentivada a iniciar a prática de natação para tratar problemas respiratórios, ela treinava nas aguas do Rio Tietê até então limpas. Nas olimpíadas de Los Angeles em 1932, com 17 anos fez sua estréia olímpica, nadando os 100m livres, 100m costa e 200m peito. Já em 1936, além de Maria Lenk, competiram Sieglind Lenk, irmã de Maria, Piedade Coutinho, Helena de Moraes Salles e Scylla Venâncio, e ainda Hilda Puttkammer, na esgrima. Importante também destacar que essas atletas competiram em provas individuais, afirmando a participação feminina no esporte brasileiro a partir de esforços pessoais, mais do que coletivos, situação essa que perdurou por várias décadas ao longo do século XX.

Nas olimpíadas seguintes houve uma grande diminuição do número de mulheres brasileiras participantes do evento devido a uma política de exclusão reforçada pelo Decreto-Lei 3.199, de 1941, que deliberava: “Às mulheres não é permitida a prática de desportos incompatíveis com a sua natureza” (Souza & Mourão, 2011). Esse decreto é ainda detalhado pela Deliberação n. 7 do Conselho Nacional de Desportos, que entrou em vigor a partir de 1965, e foi revogada apenas em 1979.  Essa lei determinava as práticas esportivas liberadas para mulheres tornando proibidas as lutas de qualquer natureza, o futebol, o futebol de salão, o futebol de praia, o polo aquático, o polo, o rúgbi, o halterofilismo e o baseball.

Em 1964 ainda sob o período da ditadura militar sem nenhum suporte Aída dos Santos única mulher da delegação brasileira viajou para Tóquio sem técnico, sem tênis e sem uniforme e mesmo assim conseguiu o quarto lugar no salto em altura. Obtendo o melhor resultado das mulheres brasileiras até então.

Após o fim da ditadura e revogação da lei que limitava a participação de mulheres em eventos esportivos houve um grande aumento do número de competições femininas nacionais e regionais. O que levou a formação de times muito fortes no basquete feminino, vôlei, futebol entre outras modalidades que hoje trazem orgulho ao esporte feminino.

No ano de 1996 Jacqueline e Sandra conseguiram a primeira medalha de ouro no vôlei de praia juntamente com a primeira medalha de prata na mesma modalidade por Adriana e Mônica. Além das medalhas no vôlei de praia no mesmo ano as mulheres ainda levaram a prata no basquete, com o time que contava com grandes nomes do basquete feminino como Hortência e Magic Paula.

Lentamente as mulheres vem conquistando seu lugar no esporte, mesmo após todas as conquistas somente em 2012, foi possível a participação de mulheres em todas as modalidades olímpicas e de pelo menos uma mulher em cada delegação. O esporte nacional é cheio de heroínas que devem ser valorizadas e incentivadas, criando assim oportunidades mais iguais tanto na quadra quanto na vida.

Qual foi a primeira mulher a ganhar uma medalha de ouro nas Olimpíadas?

Quem foi a primeira mulher brasileira a ganhar uma medalha olímpica no atletismo?

Quem foi a primeira atleta feminina a ganhar uma medalha no atletismo?

Qual o primeiro brasileiro a ganhar uma medalha de ouro no atletismo?