Quem disse o patriotismo é o último refúgio dos canalhas?

“O PATRIOTISMO É O ÚLTIMO REFÚGIO DO CANALHA” (Samuel Johnson)

É IMPRESSIONANTE A quantidade de brasileiros que nas redes sociais ignoram não apenas parcialmente (ignoram totalmente) o que quer dizer ironia. Isto acontece devido à educação que receberam nas escolas e faculdades. Essa educação os impede de compreender textos irônicos quando (raramente) os leem. É a carência superlativa de letramento mínimo. É o país dos times de futebol, das festas “raves”, dos churrasquinhos carnavalescos, das biritas regadas a baseados.

NUM PAÍS COM educação de tal grau de baixo nível as pessoas precisam, em caráter de urgência urgentíssima, providenciar a própria cultura literária!!! Ou então continuarão prontas a aceitar a promiscuidade discursiva do demagogo da vez. Todo demagogo é um político covarde por definição: “Ele Não” se aproveita dessa condição precária de cultura literária da maioria dos eleitores para vomitar mentiras de palanque.

O BOZONARISMO É demagogia da pior larva. É a demagogia metafórica dos discursos de Cão Danado de seu antecessor Lullalau. É o patriotismo ufanista para idiotas ouvirem e acreditarem nele. Vocês, eleitores direitopatas, já se esqueceram tão rapidamente do ilusionismo discursivo de Lullalau!!! Como podem ter memória tão curta??? O antecessor desse presidente fazia discursos muito, muito semelhantes, cheios de razão e enganação.

AGORA O PERIGO contra a democracia é ainda maior. A Bodega Chique do Palácio do Planalto está, apenas nominalmente, “Sob Nova Direção”. Mas, a direção ruma na mesma direção do totalitarismo que, ao invés de esquerda é de direita. O malefício sedutor desse demagogo patriota é ainda pior do que o do antecessor. Porque a Bodega Chique do Palácio do Planalto já se transformou num quartel do exército.

O POVO ELEITOR brasileiro não é uma prostituta que se deita com quem o engana melhor, com quem tem mais voto, com quem tem mais armas, com quem renova o discurso enganador do presidencialismo Macunaíma, sem nenhum caráter.

O POVO BRASILEIRO, suponho, não vai se deixar levar por outro período longo de caça às bruxas, de ameaça aos direitos civis, às liberdades individuais garantidas pela Constituição. O Povo brasileiro está do lado da imprensa livre sem a qual a democracia é uma piaba em meio ao aquário dos tubarões. A manifestação vulgar e vulgarizada nas redes para o dia 15 de março não possui fundamentos democráticos. Nem de longe.

O ENTORNO DO PRESIDENTE e ele próprio, tal como afirmam deputados na Câmara, “viraliza ódio e afasta investidores”. Tenho escrito artigos nos quais a definição do antecessor do Bozo, Lullalau, é a de “Cão Hidrófobo”. Seu sucessor está a se comportar exatamente igual a Lullalau. Seus discursos disseminam o ódio entre os eleitores e os chama para manifestação no dia 15 de março contra o Congresso.

TODOS SABEMOS QUE OS congressistas não são flores que se cheire. Mas eles estão a afirmar uma verdade: o atual governo gera grande insegurança para a sociedade e para os investidores. O entorno dele está abusar das redes sociais por meio de “fake news”. A exemplo da “fake news” sobre o parlamentarismo branco no Congresso. A contestação da democracia pelo pessoal da Bozolândia é simplesmente inegável. E o “Gabinete do Ódio”, segundo a deputada federal Joyce Hasselmann, é o principal propagador desse tipo de notícias viciadas pela distorção da verdade.

“CONHECEI A VERDADE E A Verdade Vos Libertará”. A verdade que liberta o eleitor é a que divulga a pressão social e a dos empresário com relação a um governo que está, propositalmente, a atrasar as reformas que precisam ser feitas para que a economia possa ganhar impulso e o país sair do hipnotismo demagógico desse presidente patriota cheio de patriotadas de palanque. Tal como seu antecessor.

Quem disse o patriotismo é o último refúgio dos canalhas?
Que ressaca cívica, senhoras e senhores.

O tipo da ressaca que não se cura com água de coco e muito menos suco de tomate.

Não adianta brigar com esse tipo de ressaca. É mais forte e destemida que a ressaca moral, como deu a pista o Paulo Mendes Campos.

É um sacode.

Mesmo assim, stop, paramos nós ou parou a passeata? Aí já estamos com Drummond, mas ainda em Minas Gerais.

Não parou nada. Assim como ninguém para o trem, o busão, o Penha/Lapa da história.

Há, porém, uma pergunta, igualmente drummondiana, na voz popularíssima de Paulo Diniz. Escute aqui.

E agora José, para onde?

Pergunto também ao pó das ruas, pergunto à poeira de Casa Amarela –agora saltamos para a voz rouca de Miguel Arraes, Recife, Pernambuco.

Deixo aqui apenas dois dedos de prosa, como quem rumina um capinzinho metafísico no canto da boca.

A rua soltou a voz, a polícia de SP soltou o lacrimogêneo e o fermento. De alguma forma, como disse a Cora Rónai n´O Globo, obrigado Alckmin.

O resto vocês já sabem.

Estávamos todos muito silenciosos. Agora, creio, os velhos políticos ouviram o recado até do Ipiranga.

Legítimo que as nossas vidas tenham padrão-Fifa. Eu também quero. E rápido.

Lutar contra a corrupção, oba, facílimo, pelo que sabemos até o Ali Babá levantava essa bandeira. Quero ver é na prática.

Essa masturbação sociológica toda, como dizia o Sérgio Motta, uma das minhas melhores fontes jornalísticas ao lado do PC Farias, para adentrar o gramado com outro assunto.

Este sim me preocupa:

O patriotismo é o último refúgio do canalha, disse um certo Dr. Johnson, pensador inglês. A sentença também é atribuía ao gênio Nelson Rodrigues.

Mas o melhor da frase é o uso que o Millôr Fernandes, filósofo do Meier, fez da mesma:

“O patriotismo é o último refúgio do canalha. No Brasil, é o primeiro”.

A face mais estranha da onda de protestos tem sido o patriotismo/nacionalismo dos últimos dias, esse gesto de pendor inicialmente tão bacana e historicamente tão fascista.

Nunca vi tanto patriota, dentro e fora das tais arenas.

O amor à pátria acima do bem e do mal? Tô fuera. Neste sentido me sinto um verdadeiro cavalo paraguaio.

Se fosse só o amor à pátria em chuteiras, aqui já voltando ao velho tio Nelson, vá lá… Se bem que misturar futebol e pátria -como faz o próprio governo federal ao se apropriar do conceito rodriguiano- também não é grande coisa.

Tenho um certo medo daquelas criaturas exageradamente patriotas. Por trás dessa bandeira, costuma rolar o vale tudo,  a intolerância, o incontrolável sururu na área.

Sou tão filho teu quanto qualquer um outro, querida pátria envelhecida em barris de bálsamo, mas fujo de uma luta burra facim facim, pela porta dos fundos. Afinal de contas, o que nós queremos, Mário Alberto?, como perguntou hoje o botafoguense Arthur Dapieve.

Não sou ordem nem sou progresso, sou da turma do amorzinho gostoso. Na rua ou entre as quatro paredes.