Como a população investe em outros países

Agência Senado — Como senhor avalia o teto de R$ 44 bilhões para o novo auxílio emergencial deste ano e o do ano passado, tanto do ponto de vista fiscal quanto do social?

Felipe Salto — No ano passado, o custo do programa foi de cerca de 4% do PIB. Neste ano, com a limitação proposta na PEC Emergencial, haverá uma limitação a algo como 0,6% do PIB (ou R$ 44 bilhões). Isto é, o programa será bem menor, de saída, e o governo precisará calibrar bem os requisitos exigidos para acesso ao novo benefício. Obviamente, terá de ser para um número menor de pessoas, com benefício médio mais baixo e por menos tempo. O risco é a pandemia não ser enfrentada à altura, dado o atraso que se vê na vacinação ampla da população, e haver necessidade de novas rodadas. De todo modo, para o valor imposto pela PEC, entendemos que seria possível financiar até cinco meses a R$ 250 ao mês, para 45 milhões de pessoas, contabilizando, para os beneficiários do Bolsa Família, apenas o incremento em relação ao que já recebem hoje mensalmente.

[No momento da entrevista a PEC havia sido aprovada no Senado e estava em tramitação na Câmara dos Deputados] 

Agência Senado — Pelas preocupações do senador Tasso Jereissati em relação à votação da PEC Emergencial, ficou claro que o Parlamento ensaia uma estratégia entre responsabilidade social e responsabilidade fiscal. Qual é a contribuição que a IFI pode dar para acabar com o que poderíamos chamar de "falsa dicotomia" entre austeridade e investimento em programas sociais?

Felipe Salto — A despesa social não pode ser vista como contraditória à responsabilidade fiscal. É possível ter um Estado atuante e zeloso em relação à disciplina nas contas públicas. Simultaneamente. Este é o desafio. A IFI pode colaborar com esse importante debate por meio de suas publicações, análises e eventos, como este webinar que realizamos com economistas e o senador Jereissati. Vale dizer, a IFI não dá recomendação de políticas públicas, mas apresenta números e, assim, pode ajudar a mostrar as ineficiências alocativas do orçamento público e colaborar para uma melhor compreensão de custos e benefícios dos gastos sociais hoje realizados. A discussão do auxílio emergencial tem sido importante, sob esse aspecto. A IFI divulgou estimativas sobre o programa no ano passado usadas à larga pela imprensa, e está fazendo o mesmo para este ano, com a possibilidade prevista na PEC Emergencial (186) de uma segunda versão do programa. 

Agência Senado — Agora, com o cruzamento de mais de dez bases de dados, o governo afirma ter construído um bom cadastro dos potenciais beneficiários de programas de renda. Não seria o momento de colocar em prática uma ajuda mais eficiente e eficaz para reduzir a desigualdade no país?

Felipe Salto — Sim. Certamente, o governo deve ter passado por um aprendizado grande com os cadastros e a operação da Caixa Econômica no ano passado. Agora, vai ser o caso de definir, em lei ou medida provisória, as diretrizes e requisitos para este novo benefício, de posse dessas informações e desse sistema de informações (espera-se) mais avançado, sobretudo se comparado ao início da crise, em março/abril de 2020. A discussão sobre um programa de renda mínima para uma população maior — e de maneira permanente —, por sua vez, dependerá de debate mais aprofundado sobre os diversos programas que já existem e sobre a abertura de espaço orçamentário e fiscal para essa finalidade. Não seria trivial fazer isso de maneira apressada.

Agência Senado — O Bolsa Família, segundo muitas avaliações, mostrou-se um programa eficiente, eficaz e com baixo impacto orçamentário (para não usar a qualificação de baixo custo fiscal). Outros países, inclusive, seguiram a iniciativa brasileira. O México foi um deles. Em função disso, turbinar o Bolsa Família não seria o melhor caminho? Qual o espaço fiscal para tanto?

Felipe Salto — O Bolsa Família é, sem dúvida, um programa exitoso. A lei que o criou, da lavra do ex-senador Eduardo Suplicy, previa a criação, por etapas, de um programa de renda mínima. Mas isso não aconteceu até aqui. O problema está na discussão fiscal e nas restrições impostas pelo deficit elevado e pela dívida alta e crescente. O Brasil está, desde 2013, aumentando sua dívida em relação ao PIB. De lá para cá, a dívida pública bruta já passou de 51,5% do PIB para 89,3% do PIB, devendo atingir 92,7%, em 2021, de acordo com as projeções da IFI, conforme Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) de fevereiro. Mas o debate é importante, sobretudo partindo-se do Bolsa Família. É preciso ter um bom diagnóstico de todos os programas atuais, a exemplo do Benefício de Prestação Continuada, abono salarial, Bolsa Família, entre outros, e desenhar uma saída que permitisse maior abrangência, mas dentro do grupo dos mais pobres. É muito importante, também, o debate sobre as portas de saída dos programas. A geração de emprego e o fortalecimento da economia nacional continuam em aberto. Perdemos a capacidade de planejar o futuro. Na base da inércia, não vamos crescer mais do que 2,5% ao ano, uma taxa baixíssima para promover maior igualdade social e desenvolvimento econômico.

Agência Senado — Há espaço fiscal para aprovar um programa de transferência direta de renda para as crianças pobres?

Felipe Salto — Programas novos têm de ser compatíveis com o espaço fiscal prospectivo. Tudo dependerá do desejo de se repensar os programas já existentes e criar esse espaço, preferencialmente, cortando outros gastos menos importantes. Outra possibilidade, mas essa não resolveria a restrição do teto de gastos, é aumentar receitas para bancar o novo programa. De todo modo, sem dúvida, um programa como esse seria meritório. Há que se ter presente, sempre, a responsabilidade fiscal. 

Para um investidor de valor que mantém o seu foco no longo prazo, estar ciente dos conceitos existentes dentro da conjuntura macroeconômica é importantíssimo e, neste cenário, saber a respeito do crescimento econômico é bastante relevante.

Muitas pessoas não se atentam, contudo, a representativa expressividade que existe em relação ao crescimento econômico e, portanto, é preciso esclarecer esse conceito.

O que é Crescimento Econômico?

Crescimento econômico é um conceito quantitativo que consiste no aumento da capacidade produtiva de uma nação. Ou seja, o crescimento envolve uma elevação no nível de atividade econômica de um local, quando se avalia todos os setores produtivos que fazem parte daquela economia.

No entanto, é importante destacar que essa métrica econômica pode ser medida em termos nominais ou reais, sendo o último normalmente ajustado pela inflação.

De forma geral, esse crescimento é medido em função do Produto Interno Bruto (PIB) de determinado período, muito embora às vezes sejam utilizadas métricas alternativas.

Muitas vezes, mas não necessariamente, é comum que os aumentos de produtividade se correlacionem com o aumento da produtividade média.

Ou seja: o trabalhador médio em uma determinada economia se torna, em média, mais produtivo.

Entretanto, é interessante salientar que também é possível se alcançar o crescimento econômico de um país sem que necessariamente se apresente uma maior produtividade média.

Isso pode ser possível caso se observe, no período em questão, um grau significativo de imigração acima da média em determinado período ou, ainda, um aumento nas taxas de natalidade da população em uma época específica.

Como funciona o crescimento econômico?

Vale ressaltar que uma economia crescente ou mais produtiva pode apresentar uma alta na produção de bens e fornecer maior quantidade de serviços do que antes.

No entanto, alguns bens e serviços são considerados mais valiosos do que outros.

Por exemplo, um carro é considerado mais valioso do que um caldo de cana ou um copo de suco e, por conta disso, o crescimento deve ser medido no valor dos bens e serviços, não só nas suas quantidades, em si.

Um desafio dentro da abordagem que foi destacada acima é que as pessoas normalmente não atribuem mesmo valor nos mesmos produtos e serviços.

Por exemplo: um ar condicionado é mais valioso no Rio de Janeiro do que no Rio Grande do Sul, por conta das maiores temperaturas na primeira cidade.

Portanto, é possível deduzir que o conceito de valor é subjetivo, de modo que a sua mensuração em função da coletividade é muito complicada.

Quando ocorre o crescimento econômico?

Quando ocorre um aumento na produção e consumo de produtos e serviços, é dito que houve um crescimento econômico.

Contudo, para que ocorra o crescimento econômico, é necessário um resultado conjunto de todos os setores da economia.

Por exemplo: é possível que haja uma maior demanda pela prestação de um serviço em um determinado país, fazendo com que empresas desse setor cresçam consideravelmente.

No entanto, isso não é considerado um dos fatores de crescimento econômico, uma vez que apenas aquele setor em questão está apresentando desenvoltura.

Portanto, esse crescimento na economia só ocorre quando os setores avançam de forma integrada, geralmente estimulada por medidas de desburocratização e aumento da produtividade.

Diferença entre crescimento e desenvolvimento econômico.

Muitas vezes, os termos crescimento econômico e desenvolvimento econômico são usados como se fossem sinônimos.

No entanto, ambos possuem significados diferentes: crescimento é quando há um aumento quantitativo na produtividade, gerando enriquecimento que pode ser medido por métricas como o produto interno bruto (PIB).

Entretanto, o desenvolvimento econômico envolve, além do crescimento em produtividade, uma melhora nas condições sociais de um país.

Dessa forma, esse desenvolvimento econômico é medido através de métricas de saúde, educação, segurança e tantos outros fatores sociais.

Geralmente, métricas como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que faz uma união de todos os fatores sociais de uma região, são usadas para averiguar o desenvolvimento econômico de um local.

Como se calcula o crescimento econômico de um país?

O crescimento econômico de um país é calculado através do Produto Interno Bruto (PIB), um cálculo que envolve diversos fatores, como:

  • Consumo das famílias;
  • Investimento das empresas;
  • Gastos governamentais;
  • Exportações;
  • Importações;

1. Consumo das famílias

O consumo das famílias considera o gasto das pessoas. Quanto maior o gasto, maior o crescimento econômico, resultando em um aumento do PIB.

2. Investimento das empresas

O investimento das empresas é fundamental, uma vez que, quanto maior o crescimento das empresas, maior a movimentação econômica, fazendo o PIB aumentar.

3. Gastos governamentais

Quando os gastos governamentais aumentam através de obras de infraestrutura, contratações, produtos e serviços, o PIB aumenta por causa do crescimento econômico.

4. Exportações

Quanto maior o número de exportações (venda para outros países), maior o PIB.

5. Importações

Quanto maior o número de importações (compra de outros países), menor o PIB.

Cálculo do PIB

Portanto, o cálculo do PIB é presentado pela seguinte equação:

PIB = C + I + G (X – M)]

Onde:

  • C = Consumo das famílias
  • I = Investimento das empresas
  • G = Gastos governamentais
  • X = Exportações
  • M = Importações

Crescimento econômico brasileiro

Nos últimos anos, o Brasil vem caminhando no seu crescimento econômico através de mudanças estruturais através de importantes reformas econômicas.

Sendo assim, na conjuntura nacional, os efeitos que geram um aumento de produtividade podem ser bastante positivos no âmbito econômico.

Portanto, investidores estrangeiros podem voltar os seus olhos para o país, em um cenário positivo dessa magnitude, o que pode representar o aumento de investimentos de outros países no Brasil.

Dessa forma, em tese, a taxa de câmbio seria reduzida. Ou seja: o valor do dólar frente ao real em determinado período.

Ainda, mercado, investimento e especialização de mão-de-obra são fatores primordiais no que diz respeito ao crescimento econômico.

Por conta disso, tais fatores devem sempre ser considerados no que diz respeito a uma análise conjuntural de fatores relevantes no âmbito do desenvolvimento do mercado e do país como um todo.

Ficou com alguma dúvida a respeito de crescimento econômico? Comente abaixo!