Como essa estrela se formou e qual será o destino dela daqui a alguns bilhões de anos?

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Imagem do Sol capturada pela sonda Solar Dynamics.NASA

O Sol é uma estrela bastante medíocre, vamos deixar isto claro. É medíocre tanto no tamanho como na luz que emite e em suas demais características. Não é das menores nem das maiores, nem das mais luminosas nem das menos luminosas. Mas é a nossa! Estima-se que sua vida será de cerca de 10 bilhões de anos e, como se formou há aproximadamente 4,6 bilhões de anos, lhe resta a outra metade.

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No momento, como está no meio de sua vida, está queimando hidrogênio. Quando dizemos queimar, isto significa que em seu núcleo, que está muito, muito quente (15 milhões de graus) e com muitíssima pressão, o hidrogênio original está se fundindo para produzir hélio, que é um elemento um pouco maior e um pouco mais pesado. Isto continuará a acontecer quase até o final de sua vida.

Nesse processo de queima de hidrogênio, o que será notado na Terra é que o Sol está aumentando de tamanho e luminosidade pouco a pouco. Não é um aumento excessivamente significativo, mas é algo que já acontece. Em sua vida, o Sol cresceu aproximadamente 20%.

Quando o hidrogênio acabar, começará a queimar o próximo elemento, que é o hélio, e será aí que estaremos de fato no final da vida da estrela. Mas para isso acontecer ainda faltam cerca de 5 bilhões de anos. A fase atual é chamada de sequência principal e terminará quando o hidrogênio acabar. Depois, entrará na fase chamada de gigante vermelha, que será quando começará a queimar hélio.

O processo no final será o seguinte: quando o hidrogênio acabar, o núcleo começará a se comprimir. Para entender o que acontecerá a partir desse momento, é importante ter em mente que a estrela sobrevive porque há duas forças opostas que atuam nela. Por um lado, a massa da estrela empurra para dentro, pela gravidade, mas, por outro, as reações de fusão nuclear liberam muita energia e isso cria uma pressão para fora, no sentido contrário à gravidade. O núcleo está atualmente em equilíbrio por causa da ação dessas duas forças opostas. Quando o hidrogênio se esgotar, desaparecerá a energia que estava empurrando para fora e é por isso que o núcleo entrará em colapso.

Ao se contrair, o núcleo ficará muito quente até atingir temperatura suficiente para começar a queimar hélio, um elemento que precisa de uma temperatura mais alta para se fundir porque é um pouco mais pesado que o hidrogênio. Enquanto o núcleo do Sol se contrai para fundir hélio, as camadas ao redor do núcleo (pensemos no interior do Sol como se fosse uma cebola) queimarão hidrogênio, que as aquecerá e as levará a se expandir enormemente. É por isso que essa fase é chamada de gigante vermelha. A cor vermelha aparece porque as camadas externas esfriarão à medida que se expandem.

Há uma coisa que nós, pesquisadores, ainda não sabemos: é se essa expansão, que será brutal e fará o Sol atingir um tamanho entre 150 a 200 vezes o que tem agora, chegará a engolir a Terra. Sabemos que crescerá tanto que tragará Mercúrio e Vênus, mas, quanto à Terra, não está muito claro. De qualquer forma, mesmo que não nos engula, a temperatura será tão alta que a vida em nosso planeta se tornará impossível muitos milhões de anos antes.

Nesse período, teremos o núcleo comprimindo-se muito e começando a queimar hélio e, ao mesmo tempo, as camadas externas crescendo, crescendo, crescendo. E como essa história terminará no fim de sua vida? O núcleo queimará todo o hélio que tiver, voltará a se contrair e a se aquecer. Mas nunca alcançará temperatura suficiente para queimar o próximo elemento mais pesado, o carbono. O fim ocorrerá quando todas essas camadas externas forem ejetadas para o espaço, no que é chamado de nebulosa planetária, que é um envoltório espetacular de gás e poeira em forma de anel, e no centro ficará uma bolinha muito densa (mais ou menos do tamanho da Terra), que é o núcleo da estrela e é chamada de anã branca. Depois de alguns milhares de anos, essa anã branca se esfriará porque não gerará energia, se apagará e esse será o fim do Sol. Como consolo nos resta saber que somos feitos de átomos de estrelas que morreram antes de nosso Sol.

Ada Ortiz Carbonell é doutora em Física, pesquisadora da Universidade de Oslo no campo da astrofísica solar e cientista de dados na Expert Analytics.

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O Sol é uma estrela que já viveu 4,6 bilhões de anos (Foto: NASA/GSFC/SOHO)

Vamos entender um pouco mais sobre o Sol: as estrelas se formam principalmente de gás hidrogênio e um pouco de hélio. Mas elas não são iguais, e o que define a diferença entre elas é a quantidade (a massa) desses gases e da composição química das misturas que cada uma contém.

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O Sol é uma estrela relativamente pequena que já viveu 4,6 bilhões de anos, ou seja, metade da sua vida. Sabemos o tempo que o Sol vai viver justamente por sua massa e sua composição química.

No núcleo solar, a temperatura e a densidade são gigantescas e causam fusão nuclear de hidrogênio em hélio. Quatro átomos de hidrogênio se fundem para formar um átomo de hélio. E essa fusão é uma forma incrível de produzir energia! Ela ocorre cerca de 1038 vezes por segundo no interior solar! Essa quantidade é maior do que a energia produzida durante toda a existência da humanidade.

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Estudar o Sol e estrelas bem parecidas com ele é muito importante porque podemos entender as condições favoráveis para a presença de seres vivos em outras estrelas e também para nossa própria sobrevivência por aqui.

Sabemos que o nosso Sol passará por momentos dramáticos no futuro, e isso causará um grande impacto em todo o Sistema Solar. Quando acabar o hidrogênio no núcleo do Sol, a força da gravidade vai tentar esmagar o núcleo. Sua temperatura aumentará muito e, para se reequilibrar, o Sol vai se expandir bastante e virar uma gigante vermelha, podendo chegar ao ponto de engolir a Terra e até Marte.

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Depois dessa fase gigante, a temperatura vai baixar, e o núcleo estará agora cheio de hélio. Então, a força da gravidade vai começar a compactar o núcleo até que os átomos de hélio passem a se fundir e formar novos átomos de carbono, produzindo, assim, energia suficiente para segurar a gravidade por um tempo. Esse capítulo vai durar alguns milhões de anos, até que o hélio do núcleo acabe e a produção de energia cesse novamente. E aí não terá mais jeito: o Sol irá ejetar a maior parte de todo o seu material para o espaço, formando uma linda e colorida nebulosa planetária.

O que sobrar do núcleo do Sol se tornará uma estrela anã branca que não vai mais produzir energia e habitará a nebulosa planetária até esfriar e se apagar. O material ejetado que sobrará terá um futuro interessante, contribuindo para o enriquecimento do meio interestelar. Esse material que foi digerido e transformado pelo Sol provavelmente fará parte de outras estrelas e de novos sistemas planetários e, quem sabe, ajudará a formar novas vidas no futuro. Foi assim que viemos parar aqui. Somos mesmo feitos de poeira de estrelas!

*Ana posses, Duília de Mello e Geisa Ponte são astrônomas que querem mostrar ao Brasil a importância da ciência. Trabalham para atrair mais jovens — especialmente meninas — para esse campo.

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Mulheres das Estrelas: Ana Posses, Duília de Mello e Geisa Ponte (Fotos: arquivo pessoal)