Fale sobre um dos estudiosos que se destacou durante a Revolução Científica do século XVII

Durante o Renascimento, observamos que a troca de conhecimento não possibilitou somente o desenvolvimento de novas formas de arte. De fato, uma considerável parcela dos nomes dessa época esteve envolvida no desenvolvimento de estudos relacionados ao homem e à natureza. Podemos assim ver, que esse período também fora marcado por um “renascimento científico”, onde vários campos do conhecimento como a astronomia, a matemática, a física e a medicina avançaram.

Em geral, os cientistas dessa época organizavam suas pesquisas através de observações e experimentos capazes de suscitarem novas questões científicas e elaborar outras formas de conhecimento. Historicamente, essa nova atitude com relação ao mundo estabelecia um grande marco na produção do saber. Afinal, através da razão, os homens desse tempo rompiam com o monopólio de conhecimento exercido pela Igreja ao longo da Idade Média. Na astronomia, a comprovação da teoria heliocêntrica, onde a Terra girava em torno do Sol, estabelecia a quebra da antiga concepção geocêntrica que defendia que o Sol girava em torno da Terra. O primeiro a estipular essa nova tese foi Nicolau Copérnico (1473 - 1543), que passou vários anos atuando como professor na cidade italiana de Pádua. Logo depois, Galileu Galilei (1564 – 1642) comprovou essa teoria através de cálculos e do uso de um telescópio desenvolvido por ele mesmo. Aclamado como um dos pais da Física Moderna, Galileu também foi de grande importância para a realização de estudos que fundamentaram a lei da queda dos corpos. Ainda com relação à Física, não podemos deixar de fazer a devida menção a Leonardo da Vinci. Considerado um dos maiores nomes da Renascença, esse estudioso italiano contribuiu nesse campo com a realização de experimentos relacionados à hidráulica e à hidrostática. Nas ciências médicas, Mundinus teve grande importância na dissecação de cadáveres para o conhecimento da anatomia humana. Após ele, vários outros interessados pela anatomia conseguiram desvendar algumas estruturas formativas do corpo. Falópio realizou o estudo que comprovou a presença dos ovidutos, também conhecidos como trompas de Falópio; Miguel Servet e William Harvey obtiveram novas informações sobre a circulação sanguínea; e Estáquio investigou as estruturas do ouvido humano. Indicando o intercâmbio de conhecimento dessa época, devemos também destacar as descobertas de Johan Kepler (1571 – 1630). Retomando as teorias de Copérnico, ele não só comprovou que os planetas giravam em torno do Sol, mas também demonstrou que a órbita deste, formava uma elipse. Ainda no campo da medicina, o suíço Paracelso (1493 – 1541) comprovou a importância dos estudos químicos para o desenvolvimento do saber médico. De forma geral, observamos que os vários estudiosos da Renascença foram de suma importância para que a obtenção de conhecimento fosse modificada. Ao invés de contemplar e aceitar os fenômenos naturais enquanto manifestação da natureza divina, os homens dessa época acreditaram que o experimento e o uso de argumentos racionais pudessem revelar as “engrenagens” que movimentavam o mundo à sua volta. Por Rainer Sousa Graduado em História

Equipe Brasil Escola

Idade Moderna - História Geral - Brasil Escola

Leia o trecho a seguir: É em função da astronomia que se elabora (...) a nova física; mais precisamente: em função dos problemas postos pela astronomia coperniciana, e, especialmente, da necessidade de responder aos argumentos físicos apresentados por Aristóteles e por Ptolomeu contra a possibilidade do movimento da Terra. (KOYRÉ, Alexandre. Estudos Galilaicos. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1992. p. 205.)

O historiador do pensamento científico, Alexandre Koyré, destaca que a “nova física”, que foi erigida sobretudo por Galileu e, depois, Newton, desenvolveu-se a partir das discussões em torno dos fenômenos astronômicos, sobretudo a respeito do movimento da Terra. Copérnico, Galileu e outros questionavam a física aristotélica e ptolomaica porque essa afirmava, entre outras coisas:

a) que as teses sobre a imobilidade da Terra não tinham valor porque foram concebidas por pessoas ignorantes.

b) que o telescópio usado por Aristóteles não era preciso o suficiente para a observação astronômica.

c) que as investigações de Aristóteles não puderam ser compreendidas, haja vista que seus livros foram alterados pelos árabes.

d) que Aristóteles não poderia compreender bem os fenômenos naturais, pois viveu na época errada.

e) que o cosmos estava organizado em esferas celestes e que a Terra era imóvel.

A magia natural como ficou conhecida incidiu em várias áreas do conhecimento, mesclando matemática com a numerologia, astronomia com astrologia, a física com a filosofia da Cabala, farmacêutica com curandeirismo, etc. Embora a magia natural fosse permitida, a magia negra era considera herética, e seus adeptos, os bruxos e bruxas eram perseguidos e queimados em fogueiras nessa época.

Por muito tempo a alquimia fora vista como uma prática mais voltada para a magia natural do que a filosofia natural, no entanto, a alquimia contribuiu para o desenvolvimento de conhecimentos utilizados na química, física, astronomia, mineralogia, botânica, farmacêutica, medicina, etc. 

O saber alquímico existe desde a Antiguidade, do Egito a China, vários povos praticavam a alquimia, e essa adentrou a Europa através dos gregos e posteriormente fora difundida pelos romanos. Na Idade Média, os estudos alquímicos na Europa eram modestos, já que a mesma era vista por alguns como sendo bruxaria, no entanto os árabes deram grande valor e deixaram importantes contribuições que foram úteis para o desenvolvimento da alquimia posteriormente.

Os trabalhos do alquimista, médico, astrônomo suíço Paracelso (1493-1541) e do alquimista e médico alemão André Livabius (1555-1616) tiveram grande impacto e influência na época. Embora os métodos alquímicos fossem contestados por alguns, seus métodos foram adotados posteriormente pela química, física, biologia, medicina, etc., por constituírem uma metodologia de observação, análise, contestação e experimentação. Tal fato é bem verídico, quando nota-se que o livro de Livabius, intitulado Alquimia (1597) fora utilizado pelos mais diversos estudiosos ao longo do século XVII, incluindo nomes notáveis das ciências, como Francis Bacon e Isaac Newton, ambos eram dados as práticas alquímicas

André Livabius ao lado de Paracelso, foram os mais notórios alquimistas do século XVI.

"Parece inegável que as tradições mágicas desempenharam um importante papel na grande transformação da filosofia natural escolástica na nova filosofia natural da revolução cientifica, mais empírica, de uso mais prático". (HENRY, 1998, p. 57). 

Não obstante, outros médicos, alquimistas e filósofos naturais como Giovanni Pico, Pomponazzi, Girolamo Fracastoro e Daniel Sennert, trabalharam no intuito de conseguirem desenvolver através da alquimia um elixir para curar todas as doenças, a lendária panaceia, a cura para todos os males.  

XVII: O século das ciências

Como fora dito anteriormente, boa parte dos historiadores e filósofos das ciências consideram o século XVII como o século onde decorreu a Revolução Científica, pois fora nesses cem anos que muitos filósofos naturais deixaram importantes contribuições para diversas áreas que contribuíram para o surgimento da dita "ciência moderna". 

Assim, iniciando o século XVII um dos estudiosos que estava em alta nesse período era o notório astrônomo, matemático e astrólogo alemão Johannes Kepler (1571-1630). Kepler conheceu Brahe em 1599 em Praga, quando o mesmo residia e trabalhava como astrônomo real na corte do rei Rodolfo II. Kepler tornou-se assistente de Brahe e estes trabalharam por pouco tempo já que Brahe veio a falecer em 1601, no entanto, fora a partir dos trabalhos, anotações e observações de seu mestre que Kepler repensou o universo.

Em 1609 ele lançou seu livro chamado Nova Astronomia, no qual defendia que a órbita dos planetas não era circular assim como sugeriram Ptolomeu, Copérnico e Brahe, na realidade a órbita era elíptica. Isso fora possível graças as observações feitas em relação a Marte. Não obstante, além de refutar a ideia da trajetória circular, Kepler deixou outras importantes contribuições que ficaram conhecidas como as Leis de Kepler que fundamentam a mecânica celeste, a qual estuda o movimento dos astros no universo. Tais leis, foram estudadas por vários astrônomos, matemáticos e físicos, incluindo Galileu e Newton, o qual comprovou a veracidade das leis de Kepler, com uma equação. Em 1618 ele lançou a Harmonia do Mundo, complementado sua mecânica celeste agora tendo estudado o movimento dos planetas, sua velocidade e harmonia. 

Diagrama retratando as Leis de Kepler, as quais inferem em definir o movimento elíptico dos planetas e de outros astros. 

Galileu Galilei (1564-1642) deu continuidade nos trabalhos astronômicos. De fato, fora a partir do século XVII que Galileu concebeu seu próprio modelo do telescópio e deu início a seus trabalhos em astronomia. Claro, que além disso, o mesmo seguiu com seus estudos na matemática, física e um pouco em filosofia.  Um dos importantes livros de Galileu fora O ensaiador (Il Saggiatore) publicado em 1623, no qual trazia assuntos de astronomia e física, e ao mesmo tempo perfazia uma sagaz e ácida resposta aos críticos de suas ideias.


"O ensaiador, não era polêmico em absoluto. Nele Galileu expôs seus pontos de vista sobre a realidade científica e sobre o novo método científico; explicou sua doutrina das qualidades primárias (as que podiam ser medidas) e secundárias (não mensuráveis, isto é, qualidades como odor e o sabor). Explicou também como definir um problema com o auxílio de experiências preliminares e, a partir dos resultados, formar uma teoria, a qual poderia, então, ser usada para "predizer" consequências capazes de ser testadas pela observação". (RONAN, 2001, p. 82).


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Pintura retratando Galileu e seu discípulo Vincenzo Viviani conversando.



No entanto, os trabalhos de Galileu segundo Koyré contribuíram para o desenvolvimento da "nova física" ou "física moderna". Isso levou vários outros estudiosos a se embrenharem pela física, astronomia e matemática para repensarem suas "ciências". De fato, dois discípulos de Galileu, Vincenzo Viviani e Evangelista Torricelli (1608-1647) fundaram em 1657 a Accademia del Cimento (Academia de Experiências) dedicada a pesquisa e desenvolvimento das "ciências". Infelizmente a academia fora fechada dez anos depois, por um dos Medici. 

Não obstante, deixando a astronomia e adentrado a física, três aspectos importantes são merecedores de destaque: os estudos voltados para a compreensão da temperatura, realizados por Galileu, Santorio Santorio (1561-1636), mas especialmente pelo dinamarquês Ole Romer (1644-1710). Romer embora tenha sido um astrônomo de carreira, dedicou-se a estudar arquitetura, engenharia, matemática, física e química. Romer, fora o primeiro a definir as bases para a escala termométrica, desenvolvida no século XVIII, especialmente por Daniel Fahrenheit (1686-1736) e Anders Celsius (1701-1744), os quais desenvolveram suas próprias escalas termométricas, amplamente utilizadas hoje em dia, designadas pelos seus sobrenomes. Entretanto, Romer também é conhecido como tendo sido o primeiro a desenvolver o conceito de velocidade da luz, e dizer que a mesma não era infinita.



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Ole Romer fora o primeiro a considerar a velocidade da luz, como uma velocidade constante mas não infinita.


O físico, engenheiro, diplomata e político alemão Otto von Guericke (1602-1686) se interessou por física na metade da vida, mas dedicou-se a essa até o final dela. Ele deixou importantes trabalhos no estudo da pressão atmosférica, nos estudos da pneumática, da propagação do som, da luz no vácuo, no magnetismo e na estática. Ele também é lembrado por ter criado sua própria versão da bomba de ar, e por ter criado a máquina eletroestática, a qual seria desenvolvida no século seguinte contribuindo para o entendimento acerca da eletricidade. 



Não obstante, fora num seguimento da óptica que surgiu a microscopia. Graças ao desenvolvimento do microscópio, isso abriu possibilidades para estudos tanto na física, química, botânica, zoologia, fisiologia, medicina, mineralogia, etc. Dentre os nomes que se destacaram estavam: Jan Swammerdam (1637-1680) um dos pioneiros nos estudos da microscopia, deixou um vasto trabalho zoológico acerca dos insetos, além de ter deixado importantes descrições anatômicas de alguns órgãos do corpo humano; Marcello Malphigi (1628-1694) o qual deixou importantes trabalhos no estudo da fisiologia e fora um dos primeiros a se dedicar aos estudos da embriologia; Nehemiah Grew (1641-1712) notório nos estudos fisiológicos, anatômicos e morfológicos das plantas. Seu trabalho mais importante fora Anatomia das Plantas, um volumoso trabalho abrangendo anos de pesquisas através do microscópio.

Entretanto, os microcopistas mais famosos na época foram, o holandês Anton van Leeuwenhoek (1632-1723) e o inglês Robert Hooke (1605-1723), os quais deixaram importantes contribuições na física, e na microbiologia. Leeuwenhoek é lembrado por seus trabalhos na microbiologia, onde o mesmo desenvolveu estudos acerca das células animais e vegetais, descobriu microrganismos como as bactérias e os protozoários, além de ter estudado os órgãos internos do corpo humano sob a lente do microscópio contribuindo para avanços na anatomia e medicina. O mesmo também projetou uma gama de microscópios e lentes, aperfeiçoando o aparelho até o final da vida. Hooke fora o criador do termo "célula", e por sua vez não apenas deixou contribuições para a microscopia e a microbiologia, as quais podem ser vista em seu livro Micrografia (1665), mas também atuou no desenvolvimento de microscópios, telescópios, além de estudar física, matemática, astronomia, química, geologia, etc. 

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Um dos modelos de microscópio construído por Robert Hooke, retratado por ele mesmo em um desenho para o seu livro Micrografia (1665).


No campo da metodologia, teoria e da filosofia dois notórios filósofos naturais que se destacaram nesse período fora o polímata britânico Francis Bacon (1561-1626) e o filósofo, matemático e físico francês René Descartes (1596-1650). Embora, Bacon tenha deixado vários trabalhos no campo do direito, leis, alquimia e história, ele é principalmente lembrado para as ciências pelo seus trabalhos no campo da filosofia natural, onde deixara importantes obras a respeito da metodologia e teoria, nesse caso o chamado Empirismo. Desenvolvido em seu livros, O progresso do conhecimento (1605), Instauratio Magna (1620) e Novum Organum (1620). 


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Capa do Novum Organum de Francis Bacon (1620)


"Bacon propôs (...) um método investigativo fundamentado em observação, descrição, classificação, comparação, eliminação e, só então, dedução das possíveis causas de um fenômeno. Em síntese, tratava-se do empirismo". (SERJEANTSON, 2009, p. 72).



"O principal mérito do método empírico é o de assinalar com vigor a importância da experiência na origem dos nossos conhecimentos. Os empiristas de um modo geral têm razão ao afirmar que não existem ideias inatas, e de que antes da experiência não há e nem pode haver conhecimento algum sobre o mundo exterior". (OLIVEIRA, 1997, p. 53).



No caso de Descartes, o mesmo deixou importantes trabalhos para a matemática, como o plano cartesiano; na óptica, junto com Christian Huygens (1629-1695) o qual se destacou nos estudos acerca da natureza e do movimento da luz, e fora o criador da "teoria da ondulação da luz", algo que influenciou Isaac Newton a desenvolver o telescópio de reflexão, utilizado para realizar seus experimentos descritos em seu famoso livro Optica. Entretanto, Descartes é principalmente lembrado como o desenvolvedor do Racionalismo na filosofia moderna. 


Seu pensamento metafísico pode ser analisado e estudado em duas de suas importantes obras: O Discurso sobre o método (1637) sua obra mais famosa, onde ele desenvolveu o conceito do método, e como esse pode ser aplicado na filosofia natural, além de dá os primeiros passos para o desenvolvimento do racionalismo moderno. É nesse livro que ele traz a famosa frase: "Penso, logo existo". Em as Meditações sobre Filosofia Primeira (1641), onde ele questionou a necessidade de duvidar-se de tudo excerto da própria razão. Nesse caso, ele dizia que ao duvidar, isso leva você a questionar o por quê dessa dúvida, logo, isso o impulsiona a procurar por respostas. Não obstante, ele também dedica parte do livro a falar sobre a constituição do universo, e acerca da existência de Deus e da alma e como através de seu método eles podem ser comprovados. 


Na química um dos mais notórios filósofos naturais dessa época fora Robert Boyle (1627-1691). Além de químico, Boyle também fora alquimista e físico, fato esse que o levou a trabalhar e se tornar amigo de Robert Hooke e Isaac Newton, onde os mesmos desenvolveram pesquisas na física. Boyle deixou uma série de trabalhos onde criticava algumas teorias platônicas e aristotélicas sobre a matéria, criticou também algumas teorias sobre a matéria desenvolvidas na alquimia, no entanto, deixou importantes contribuições no estudo dos gases, dos minerais, dos alcoóis, aperfeiçoou técnicas de destilação e aparelhos de laboratório além de desenvolver o conceito de elemento químico.



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Robert Boyle fora um dos maiores químicos da Modernidade. Para alguns, fora o fundador da "química moderna". 



"O mundo do pensador moderno seria, cada vez mais, um mundo mecanisticamente reduzido à matéria e ao movimento, descrito por leis rígidas e quantificáveis, onde o espírito vitalista e qualitativo do alquimista iria perdendo espaço até não encontrar mais lugar. A própria mudança de Boyle diante de seus estudos de química nos fornecerá um excelente exemplo deste fenômeno". (GOLDFARB-ALFONSO, 2001, p. 161).

Na matemática além dos nomes já citados aqui, outros que se destacaram foram: o francês Blaise Pascal (1623-1662), o qual além de matemático, atuou também como físico, filósofo e teólogo. Entretanto, suas maiores contribuições residem na matemática, como a geometria projetiva, a teoria das probabilidades e o triângulo de Pascal, são algumas de suas notórias contribuições, além de uma curiosa máquina chamada La pascaline criada em 1642, tendo sido a primeira calculadora mecânica do mundo. 

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Diagrama retratando o triângulo de Pascal

O matemático e físico italiano Evangelista Torricelli (1608-1647), chegou a ser discípulo de Galileu como já fora dito anteriormente, no entanto deixou algumas importantes contribuições para o estudo da pressão atmosférica, dentre as quais a descoberta do barômetro; estudou também cinemática nos sólidos e nos fluídos, onde nos estudos do movimento dos fluídos concebeu a Lei Torricelli e no movimento dos sólidos concebeu a Equação de Torricelli. Substituiu Galileu como matemático sênior da Academia Florentina

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Equação de Torricelli

Da Alemanha o matemático, filósofo, diplomata e bibliotecário Gottfried Leibniz (1646-1716) fora considerado um dos grandes nomes da matemática no final do século XVII e começo do XVIII. A Leibniz é creditado a origem do conceito de "função" ainda hoje ensinado nas escolas; ao lado de Newton desenvolveu o chamado "cálculo moderno", estudou produto integral, regra do produto, linguagem binária, análise combinatória, harmonia, etc.; além de ter também deixado contribuições no campo da filosofia do direito, história, religião, lógica, etc.   

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Gottfried Leibinz é considerado ao lado de Isaac Newton um dos fundadores da "matemática moderna".

Um dos últimos grandes nomes da filosofia natural ainda do século XVII é o famoso físico, matemático, astrônomo e alquimista inglês Isaac Newton (1643-1727). Nos fins do século XVII, o mesmo correspondeu-se com Robert Hooke, além de ter conversado com o famoso astrônomo Edmond Halley (1656-1742) acerca de astronomia. Newton juntou seu conhecimento sobre física e matemática, herdados de Kepler, Galileu, Descartes, Pascal, entre outros. 

Assim, ele em 1687, lançou os Princípios Matemáticos da Filosofia Natural (Philosophiae Naturalis Principia Mathematica) nessa obra reeditada posteriormente mais duas vezes pelo próprio autor, Newton tratou basicamente de três assuntos: a cinemática, a mecânica celeste e expôs sua lei da gravitação universalNesse livro, ele desenvolveu de forma mais geométrica do que algébrica as teorias de movimento no que geraram as famosas Três Leis de Newton, comumente definidas como: inércia, dinâmica e ação e reação. A partir dessas leis e da descoberta da gravidade, ele comprovou a veracidade das teorias de Kepler, e introduziu novos conceitos e uma nova visão para o estudo da matemática e da física. 

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Capa de Princípios Matemáticos da Filosofia Natural, de Isaac Newton (1687).

"Os Principia eram uma obra-prima; foi considerado o maior livro cientifico de todos os tempos. Seu impacto foi imenso. Mas talvez isso fosse apenas o que de devesse esperar, pois, em um único volume, Newton reescrevera toda a ciência dos corpos em movimento com uma incrível precisão matemática. Ele completou o que os físicos do fim da Idade Média haviam começado e Galileu  tentara trazer à realidade; suas três "leis do movimento" formaram a base de todo o trabalho posterior. Newton tinha também resolvido um problema astronômico de 2 000 anos - o movimento dos planetas no espaço". (RONAN, 2001, p. 99).

De fato, Newton encerrou as grandes descobertas do século XVII e deu os primeiros passos para novas descobertas no século seguinte, já que seu segundo mais famoso livro, Óptica (Opticks) fora publicado em 1704 e contou com mais duas edições feitas pelo próprio, até o fim da sua vida. 

"A ciência moderna não saiu, perfeita e completa, como Atena da cabeça de Zeus, dos cérebros de Galileu e de Descartes. Pelo contrário, a revolução galieana e cartesiana - que, apesar de tudo, permanece como uma revolução -, fora preparada por um longo esforço de pensamento". (KOYRÉ, 1982, p. 181).

O fim da revolução?

O século XVIII fora marcado pelo Iluminismo, a Revolução Industrial e a Revolução Francesa. No entanto, o que recaí aqui no interesse desse trabalho diz respeito ao Iluminismo e a Revolução Industrial. De fato, o século XVIII fora chamado de o "século das luzes", o alvorecer de um novo futuro ou novo mundo. O Iluminismo diferente da Revolução Científica embrenhou-se mais claramente como um movimento sociopolítico e cultural, do que tendo ficado mais atrelado a questões "científicas".

Assim, para alguns historiadores o século XVIII marca o fim da Revolução Científica e a ascensão de novos modelos e conceitos, que embasariam a sociedade do século XIX. Entretanto, alguns dos historiadores das ciências aqui mencionados logo no começo desse texto, possuem opiniões diferentes acerca dos fins da revolução. 

"Na década de 1750, os dois editores da Encylopédie, Denis Diderot (1713-84) e Jean Le Rond d'Alembert (1717-83), falaram da revolução na ciência que fora iniciada no século anterior e que viam como em prosseguimento". (HENRY, 1997, p. 103).

Como fora dito inicialmente, Henry [1997] o qual se dedicou a escrever acerca do Renascimento e das origens da Revolução Científica, concebe a ideia de que a ciência esta constantemente se atualizando e sendo repensada, logo, a "revolução" termo que ele não gosta de usar nesse contexto, estaria acontecendo ao longo do século XVIII, agora, influenciada pelos modelos e posicionamentos do ideal iluminista, o qual segundo Burke [2001] o Iluminismo trouxe novas discussões para o meio político, social, cultural, religioso, econômico, etc. Ele procurou laicizar o Estado, colocar um fim no Antigo Regime, e ao mesmo tempo deixou mais "democrático" a divulgação e a opinião do conhecimento.

No caso de Kuhn [1988] como o mesmo defende a ideia de "revoluções", logo surgiram paradigmas no século XVIII que foram interpretados como microrrevoluções: os trabalhos de Laplace, Lavoisier, Vico, Lamarck, etc., todos esses e outros filósofos, também deixaram importantes contribuições que repensaram o mundo. De fato, alguns historiadores, consideram a origem do Iluminismo tendo ocorrido ainda no século XVII, mas especificamente em suas últimas décadas, logo este seria uma continuação da revolução antes começada.

"O nosso século é chamado o Século da Filosofia por excelência. Se examinarmos sem prevenção o estado atual dos nossos conhecimentos, não se pode deixar de convir que a filosofia registrou grandes progressos entre nós. A ciência da natureza adquire a cada dia novas riquezas; a geometria, ao ampliar os seus limites transportou seu facho para as regiões da física que se encontravam perto dela; o verdadeiro sistema do mundo ficou conhecido, foi desenvolvido e aperfeiçoado. Desde a Terra a Saturno, desde a história dos céus à dos insetos, a ciência da natureza mudou de feições. Com ela, quase todas as outras ciências adquiriram novas formas e, com efeito, era imprescindível que o fizessem". (D'ALEMBERT, 1758, p. 1 apud CASSIRER, 1994, p. 21).

Tal ponto de visão é cogitado e defendido por Ronan [2001] o qual como fora dito no início, considera o período da Revolução Científica tendo ocorrido entre 1500-1600 e 1600-1800, sendo o segundo bicentenário o auge da revolução em si, logo, o Iluminismo e a Revolução Industrial que se encontram no centenário do século XVIII, seriam consequências diretas das rupturas e mudanças surgidas no século XVII.

Diderot, Voltaire, d'Alembert, Laplace, Buffon, entre outros não negaram em seu tempo a importância da contribuição da física newtoniana e do racionalismo cartesiano, como fundamentais para a formação do pensamento iluminista, logo, Cassirer (1994) considera o Iluminismo profundamente enraizado na Revolução Científica e em certos aspectos um continuador desse legado.

Assim, dependendo dos argumentos dos historiadores, a Revolução Científica ou terminou no século XVII, ou continuou pelo século XVIII, misturada entre o movimento próprio do Iluminismo e da Revolução Industrial, ou no fim, a revolução em si fora apenas um marco histórico, e várias outras "revoluções" continuaram após o século XVIII. 


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