O filósofo que usou o termo Sociologia pela primeira vez

Filósofo francês

Auguste Comte (1798-1857) foi um filósofo francês, considerado o fundador do Positivismo - corrente filosófica que propõe uma nova organização social. Foi o primeiro a empregar o termo sociologia.

Isidore-Áuguste-Marie-François-Xavier Comte, conhecido como Auguste Comte, nasceu em Montpellier, França, no dia 19 de janeiro de 1798, onde fez os seus primeiros estudos. Filho de família católica e monarquista, em 1814, com 16 anos ingressa na Escola Politécnica de Paris, da qual foi expulso, dois anos depois, por liderar um movimento de protesto. Passou a colaborar com jornais e dar aulas particulares.

Influencia de Saint-Simon

Auguste Comte tornou-se discípulo de Caude-Henri de Rouvroy, conde de Saint Simon, um dos teóricos franceses do socialismo utópico, que orientou Comte para o estudo das ciências sociais e transmitiu-lhe duas ideias básicas, que orientaram seu pensamento:

  1. que o os fenômenos sociais, como os de caráter físico, também obedecem a leis,
  2. que todo conhecimento científico e filosófico deve ter por finalidade o aperfeiçoamento moral e político do homem.

Em 1926, Comte inaugurou um curso público para expor suas ideias. Durante 12 anos se dedicou à publicação do “Curso de Filosofia Positiva”, em seis volumes.

Positivismo

Segundo o sistema filosófico criado por Comte, o conhecimento humano passa por três estágios:

  • Teológico – em que os fenômenos são considerados como resultantes da ação de uma vontade livre,
  • Metafísico – em que os fenômenos são atribuídos à abstração, chamadas causas,
  • Positivo – abandona as explicações anteriores, substituindo as hipóteses e causas primeiras, religiosas ou metafísicas, pelas leis científicas.

Física Social ou Sociologia

Auguste Comte afirmava que as diversas ciências já haviam atingido a positividade, mas o sistema ainda estava incompleto. Sentiu necessidade de uma nova disciplina, que ele chamou de física social ou Sociologia, que figuraria em um quadro de ciências dispostas em grau de generalidade decrescente e complexidade crescente: matemática, astronomia, física, química, biologia e sociologia. Mais tarde, acrescentou mais uma ciência, a moral.

Para Comte, a sociologia deveria utilizar-se dos mesmos métodos positivos das ciências anteriores (observação, experimentação e comparação), e de um novo método, o da filiação histórica. Dessa forma, seria possível estudar e compreender a sociedade, para reorganiza-la e reforma-la depois.

Religião da Humanidade

A partir de 1847, Comte dedicou-se integralmente à instituição da “Religião da Humanidade”, que teve muito adeptos e influenciou o pensamento de teóricos por todo o mundo. O filósofo impregnou-se de misticismo, criou um sacerdócio, sacramentos e orações, além de propor uma rígida disciplina para seus adeptos.

O desejo de firmar as bases do Positivismo levou Comte a propagar sua nova religião, com palestras públicas, cartas a políticos e intelectuais de todo o mundo. Nessa época, publicou: “Sistema de Política Positiva” (1851-1854) e “Catecismo Positivista” (1852).

O objetivo de Comte foi bem correspondido, conquistou adeptos em quase todos os países, sobressaindo-se no Brasil, Chile e México. A inscrição “Ordem e Progresso”, da bandeira do Brasil, teve como base o lema de Auguste Comte que diz: "Amor como princípio, ordem como base e progresso como objetivo".

Auguste Comte morreu em Paris, França, no dia 5 de setembro de 1857.

Obras de Auguste Comte

  • Plano de Trabalho Científico para Reorganizar a Sociedade, 1822
  • Opúsculos de Filosofia Social, 1816-1828
  • Curso de Filosofia Positiva, 1830-1842
  • Discurso sobre o Espírito Positivo, 1848
  • Discurso sobre o Conjunto do Positivismo, 1848
  • Catecismo Positivista, 1852
  • Sistema de Política Positiva, 1851-1854
  • Apelo aos Conservadores, 1855
  • Síntese Subjetiva, 1856

Nascido em Montpellier, na França, no ano de 1798, Isidore Auguste Marie François Xavier Comte foi um filósofo francês que ficou conhecido por ter sido o primeiro a sintetizar a necessidade de uma ciência da sociedade (Sociologia) e por ter fundamentado, pela primeira vez, a teoria positivista.

Comte era filho de uma família monarquista francesa tradicional e católica. Estudou na cidade de Montpellier até mudar-se para Paris, onde ingressou na Escola Politécnica. Após o fechamento temporário da Escola Politécnica, Comte retornou à sua cidade natal para estudar na Faculdade de Medicina.

Em 1817, retornou à Escola Politécnica, em Paris, mas foi expulso por liderar manifestações dentro da instituição. Comte passou a escrever para jornais e dar aulas particulares, até que começou a trabalhar como secretário do Conde de Saint Simon, filósofo francês progressista que se autoproclamava um socialista (como ainda não existia o socialismo científico, de Marx e Engels, ele é classificado hoje como socialista ou socialista utópico).

Saint Simon introduziu Comte no círculo intelectual francês de sua época e influenciou-o em muitos aspectos, o principal deles é o entendimento de que haveria uma marcha progressiva constante na história da humanidade, ou seja, que a humanidade sempre caminharia para o desenvolvimento. Também são ideias de Saint Simon que influenciaram o jovem Comte: a noção de que existem leis sociais — assim como a natureza obedece às leis da Física — e de que o conhecimento científico aperfeiçoa o ser humano.

Comte passou a dedicar-se à formulação de sua doutrina positivista e, em 1822, publicou o Plano de trabalhos necessários para a reorganização da sociedade. O filósofo começou a redigir o seu Curso de Filosofia Positiva em 1830 e terminou o último dos seis volumes apenas no ano de 1842.

Nos primeiros escritos, Comte já planejava um esboço da Sociologia, a qual nomeou de “Física Social”, em referência à semelhante organização por leis entre as ciências da natureza e a ciência da sociedade. O termo “sociologia” surgiu somente nos volumes do Curso de Filosofia Positiva.

Comte já havia rompido o trabalho com Saint Simon devido à incompatibilidade de ideais. Em 1947, o filósofo fundou o que ele chamou de Religião da Humanidade, ou Religião Positivista. Essa seria uma doutrina que daria lugar à religião comum, colocando o homem e o desenvolvimento do estágio positivo da humanidade (a ciência e a crença no cientificismo) no lugar da ideia comum de Deus.

As ideias de Comte conquistam adeptos fora da França, inclusive no Brasil – os militares que lideraram a Primeira República inspiraram-se na doutrina positivista. O filósofo morreu no ano de 1857, em Paris, aos 59 anos.

Videoaula sobre Auguste Comte

Sociologia

Auguste Comte é considerado o “pai” da Sociologia. O filósofo é o primeiro a teorizar a necessidade de uma ciência que estudasse a sociedade, a fim de reorganizá-la e colocá-la nos trilhos certos para o maior desenvolvimento possível.

Mesmo sendo de família monarquista, o filósofo apostava no acerto da Revolução Francesa: o fim do Antigo Regime. Para ele, os ideais republicanos soavam como o despertar de um novo tempo que abriria caminho para as ciências e a tecnologia desenvolverem-se plenamente. Porém, a Revolução Francesa havia deixado um período de caos e instabilidade social na França.

A Revolução Industrial, impulsionada na primeira metade do século XIX, principalmente pelo motor movido a vapor, também era crucial para o desenvolvimento. No entanto, muitos problemas tinham resultado da grande explosão demográfica dos centros urbanos decorrente da Revolução Industrial, como o desemprego, a miséria e a forte desigualdade social. Comte enxergava que seria necessário criar uma ciência que conseguisse teorizar todos esses fatores para apontar possíveis saídas para eles.

Leia também: Explosão demográfica, o crescimento elevado da população do mundo

O filósofo que usou o termo Sociologia pela primeira vez

O motor a vapor foi a principal inovação que impulsionou a Revolução Industrial.

Comte propôs uma ciência chamada, em um primeiro momento, de Física Social e, depois, de Sociologia. Era essa que seria capaz de aplicar o método de observação e experimentação das ciências da natureza na sociedade. Esse método encontraria as mesmas estruturas e leis que existem na Física, porém na sociedade. Nascia aí a Sociologia, que seria mais bem delimitada, mais tarde, com o pensador Émile Durkheim, que criou um método de operação próprio para a Sociologia.

Positivismo

Comte também foi o primeiro teórico a estabelecer as raízes do positivismo. Segundo o pensador, o positivismo era o que o ser humano tinha criado de mais profundo e organizado: a observação e o entendimento da natureza com base no trabalho científico. Politicamente, o positivismo seria expresso pelo trabalho integrado entre ciência e política, visando ao desenvolvimento da sociedade. Para explicar a sua teoria positivista, o filósofo estabeleceu a Lei dos Três Estados, que descrevia os três estágios de desenvolvimento da humanidade.

  1. Estado teológico: o ser humano, em seus primórdios, necessitava encontrar explicações para os fenômenos naturais. Essas explicações eram fornecidas por narrativas mitológicas e religiosas, pois, ao não conseguirem explicar a natureza, os homens criaram seres sobrenaturais para fundamentarem as suas explicações.

  2. Estado metafísico: esse segundo ponto de desenvolvimento consiste no início da Filosofia. O ser humano já não se contentava mais com as explicações religiosas e passou a formular teorias racionais para conjecturar as possíveis causas dos efeitos observados na natureza. Nesse estágio, ainda há a prevalência do raciocínio sem a observação da própria natureza.

  3. Estado positivo: esse estágio seria o mais desenvolvido da humanidade. O ser humano entendeu que, para encontrar respostas sobre a natureza, ele deveria procurar as explicações na própria natureza. Nesse ponto, haveria o desenvolvimento das ciências e de um modo de pensar o mundo por meio do entendimento desse como algo que está dado fisicamente. O estágio positivo seria marcado pela Física, pela Biologia (ciência que, junto com a Sociologia, seria a mais desenvolvida para Comte) e pela busca incessante do progresso.

Para saber mais, acesse: Positivismo – origem, características e Positivismo no Brasil.

Influências

Auguste Comte foi fortemente influenciado por Saint Simon, principalmente pelo entendimento da História enquanto marca de uma marcha constante rumo ao progresso. Também foi influenciado por cientistas, como Newton e Galileu. Algumas especulações positivistas podem ter relação com a teoria evolucionista, de Darwin, mas não como as ideias de Herbert Spencer (também um dos primeiros postuladores da Sociologia), que formulou o Darwinismo Social. No entanto, não se pode dizer que Comte tenha sido influenciado por Darwin, até mesmo por questões cronológicas.

Comte influenciou a teoria sociológica de Émile Durkheim, que elaborou uma crítica ao pensamento comtiano. O positivismo junto ao Materialismo Histórico Dialético, de Karl Marx, representam dois expoentes antagonistas, mas que explicam os dois rumos principais pelos quais a Filosofia e a historiografia do século XIX caminharam.

Leia também: Pensadores clássicos da Sociologia

Curso de Filosofia Positiva

Comte organizou um curso de Filosofia que resultou na escrita da obra Curso de Filosofia Positiva, dividida em seis tomos e escrita entre 1830 e 1842. O livro trata de diversos assuntos, como a necessidade do estabelecimento da Sociologia e a importância de recorrer-se à ciência, pois o progresso inteiro e pulsante da humanidade estaria no conhecimento científico.

No entendimento de Comte, a ciência não deveria ser vista como uma forma de acúmulo de conhecimento pelo próprio conhecimento, mas porque esse acúmulo resultaria no desenvolvimento da humanidade. O ser humano consegue, por meio da ciência, entender a natureza, a complexa sociedade (com a Sociologia), desenvolver as tecnologias que melhoram a sua vida e modificar o seu meio político. A política seria, na teoria comtiana, fortemente influenciada pelo conhecimento científico, que ensinaria a necessidade da ordem para a obtenção da glória e do progresso.

Frases

"O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim."

"Todos os bons intelectos têm repetido, desde o tempo de Bacon, que não pode haver qualquer conhecimento real senão aquele baseado em fatos observáveis."

"Viver para os outros não é somente a lei do dever, mas também a da felicidade."

"Saber para prever a fim de poder."


*Credito da imagem: Lefteris Papaulakis / Shutterstock

Por Francisco Porfírio

Professor de Sociologia