O que o bolsonaro falou sobre os estudantes

Declaração de Jair Bolsonaro sobre a prova do Enem trouxe dano aos candidatos que se preparam há meses para a prova

Fora a visão autoritária que revela, a declaração de Jair Bolsonaro de que as questões virão mais parecidas com o seu governo já trouxe dano aos candidatos que se preparam há meses para a prova.

Neste Diagnóstico, quadro de análises em vídeo da coluna, observo a covardia por trás da frase de Bolsonaro, que vive e defende um mundo diferente em tudo com o que é ensinado: excludente, racista, misógino, homofóbico, anticientífico e que vê 31 de março de 1964 como o começo de uma revolução, e não um golpe.

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O que estará pensando quem se preparou para passar numa prova feita à imagem de uma sociedade que condena tudo isso? Que narra os fatos históricos tal qual eles aconteceram? Que defende a vacina e sabe que cloroquina é ineficaz? Com medo, claro.

No domingo, 21 de novembro, saberemos se o presidente de meteu ou não no Enem, mas o prejuízo já foi causado.

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Do UOL, em São Paulo

16/03/2022 16h36

O presidente Jair Bolsonaro (PL) foi recebido em Salvador, na Bahia, hoje com vaias, xingamentos e cobranças de estudantes no Senai Cinematec (Campus Integrado de Manufatura e Tecnologia).

Com a chegada do presidente, os alunos fizeram um coro de "Ei Bolsonaro, vai tomar no cu" e "Fora, Bolsonaro". Alguns estudantes gritavam pela volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao poder.

Outro vídeo mostra pessoas vaiando e pedindo que Bolsonaro "use máscara" em meio a pandemia da covid-19.

A agenda do presidente indica que ele ficará em Salvador até às 19h30 de hoje. Mais cedo, o chefe do Executivo foi homenageado com a medalha do mérito indigenista, concedida pelo ministro da Justiça Anderson Torres.

Criada em decreto de 1972, ela é dada "como reconhecimento pelos serviços relevantes em caráter altruísticos, relacionados com o bem-estar, a proteção e a defesa das comunidades indígenas". Entre os condecorados anteriores, estão o cacique Raoni, o primeiro deputado federal indígena, Mário Juruna, e o sociólogo Darcy Ribeiro.

Bolsonaro, porém, não reconheceu uma terra indígena desde o início do governo, em 2019, como prometeu em campanha, defende exploração de minério em território protegido, e já disse que "índio é pobre coitado". Ele também já foi denunciado duas vezes pela Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) pela prática de "política anti-indígena".

A coordenadora da entidade, Sonia Guajajara, afirmou que vão entrar com ação judicial para anular a medalha. "É totalmente inaceitável. Estou muito indignada com esse cinismo", escreveu nas redes sociais.

Presidente visitou o Senai Cimatec ao lado de ministros do governo; fez discurso de 20 minutos a convidados

Um grupo de estudantes do Senai Cimatec, em Itapuã, na Bahia, recebeu o presidente Jair Bolsonaro (PL) com vaias nesta 4ª feira (16.mar.2022). Os alunos publicaram vídeos em suas páginas nas redes sociais nos quais aparecem hostilizando o chefe do Executivo e pedindo para a equipe que o acompanha colocar a máscara de proteção individual.

No Senai, os alunos ficaram em cercadinhos, espaços reservados longe do presidente. Eles, porém, não deixaram de registrar o momento em que Bolsonaro passou pelo corredor.

Assista o momento (1m9s):

O chefe do Executivo desembarcou na manhã desta 4ª em Salvador. Acompanhado pelo ministro da Cidadania e pré-candidato ao governo, João Roma (Republicanos), visitará, além do centro técnico, a entidade Obras Sociais Irmã Dulce. Bolsonaro deve chegar a Brasília às 19h30.

Depois da visita guiada ao Senai, Bolsonaro discursou a convidados em um salão do local. Criticou os governos do Partido dos Trabalhadores e afirmou que a sigla deixou um legado negativo na educação do país.

“O único lugar para qual o PT nos levou foi a educação ficar pior. Estamos em último lugar na prova do Pisa. Parabéns, PT. Não podemos piorar. E alguns querem o retrocesso, a volta”, disse o presidente.

Bolsonaro declarou ainda: “Temos, graças a Deus, força para lutar contra o mal. Não é esquerda contra a direita, é o bem contra o mal”.

O PT está no poder na Bahia há 16 anos. Jaques Wagner esteve à frente do Estado de 2007 a 2014. Rui Costa assumiu em 2015 e sai neste ano.

A cúpula petista trabalhava com a possibilidade de não ter um candidato a governador no Estado. Nesse cenário, queria que o candidato fosse o senador Otto Alencar (PSD). Os dirigentes petistas achavam possível conseguir o apoio nacional do PSD se apoiassem o partido na Bahia e alguns outros locais.

O palanque para Lula em solo baiano continuaria forte. Mas Otto quer disputar a reeleição ao Senado. Caso ACM Neto vença, será a volta do que ficou conhecido como “carlismo” –fenômeno da política baiana que cresceu em torno de Antônio Carlos Magalhães (1927-2007, avô de ACM Neto).

O cenário político da Bahia tem importância além da local. O Estado tem 10 milhões de eleitores, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). É o 4º maior do Brasil nessa métrica, atrás de São Paulo (32 milhões), Minas Gerais (15 milhões) e Rio de Janeiro (13 milhões). Ter apoiadores bem colocados na Bahia é importante para quem disputa a Presidência da República.

Hoje, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 40% das intenções de voto do país para o 1º turno, contra 30% de Jair Bolsonaro (PL), segundo pesquisa PoderData divulgada nesta 4ª feira (16.mar). Ambos estão com dificuldades em seus palanques na Bahia.

A pretensão de cada um no Estado e no Nordeste, de forma geral, é diferente:

  • Lula – tem na região sua principal fortaleza eleitoral. Precisa ganhar de Bolsonaro com grande vantagem de votos para ter mais tranquilidade com possíveis resultados de outras regiões;
  • Bolsonaro – é impopular no Nordeste. Tem se movimentado para reduzir a resistência do eleitorado local. Precisa evitar uma derrota elástica na região para não comprometer a vantagem que poderá conquistar em outros lugares do Brasil.

O que o bolsonaro falou sobre os estudantes

Jovem diz que seguranças da Presidência exigiram que ela apagasse vídeo da conversa com o presidente

O presidente Jair Bolsonaro (PL) foi chamado de “farsa” por uma estudante durante conversa com apoiadores em frente ao Palácio do Alvorada na 2ª feira (24.jan.2022). Ao Poder360, Hadassa Gomes, de 19 anos, afirmou que seguranças da Presidência exigiram que ela apagasse o vídeo de sua interação com o presidente.

“Presidente, posso falar um verso bíblico para o senhor? É aquele verso que o senhor diz que gosta muito, e eu também. É um dos meus favoritos, que é: ‘Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará’. E a verdade é Jesus, a verdade é justiça, a verdade é honestidade. E sabendo disso, dá para considerar que o senhor é uma farsa, presidente”, disse a estudante.

Assista (1min26s):

Segundo a estudante, ela foi retirada do local pelos seguranças, que tentaram “tomar” o seu celular e também exigiram que ela apagasse a gravação da conversa.

“Os seguranças me tiraram com a força do corpo deles e tentaram várias vezes tomar meu celular. Eu não deixei. Disseram que eu só saía tendo apagado o vídeo da galeria e da lixeira”, disse ao Poder360.

Ela afirma que conseguiu salvar o vídeo em outro local antes de precisar apagar a gravação. Procurado, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) ainda não respondeu sobre o caso. O espaço segue aberto para manifestação.

O trecho da conversa entre Hadassa e o presidente não foi divulgado pelo canal bolsonarista que publica diariamente vídeos do presidente com apoiadores. Bolsonaro respondeu a fala da estudante com uma pergunta: “Você veio aqui falar isso?”. A estudante afirma então que queria “questionar” o chefe do Executivo.

“Aquele que crê na Bíblia também questiona. Presidente, mas o senhor não é o fortão? Vai fugir da pergunta, presidente?”, disse Hadassa Gomes. Bolsonaro declarou em seguida: “Usa a palavra de Deus para chegar até mim e me receber com essa mentira”. O presidente também disse que a estudante deveria ser “filiada ao PT”.

“Eu não falei nada de PT, presidente. Presidente, rachador deve ir para a prisão, presidente?”, respondeu a estudante, em referência às acusações de rachadinha envolvendo filhos de Bolsonaro. No momento da interação, apoiadores do presidente reclamaram da fala da estudante.

Hadassa Gomes é estudante de jornalismo e mora na cidade de Sorocaba (SP). Estava em viagem e resolveu tentar falar com o presidente. “Eu queria confirmar que realmente ele não era o grande confrontador, o grande defensor da liberdade de expressão e que ele não aguentava quem o criticasse. Então, fui lá como uma cidadã qualquer falar o que pensava e provar que ele não passava de uma grande farsa realmente”, afirmou.