O que significa chamar uma pessoa de praga

praga
pra·ga

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1 Expressão com que se exprime o desejo de males a alguém; imprecação, maldição: “Ao romper da aurora já muita gente estava de pé e o vendeiro passava uma revista minuciosa no pátio, avaliando e carpindo, inconsolável e furioso, o seu prejuízo. De vez em quando soltava uma praga. Além do que escangalharam os urbanos dentro das casas, havia muita tina partida, muito jirau quebrado […]” (AA1).
2 Grande mal coletivo ou grande desgraça; calamidade, flagelo: Alguns cientistas acreditam que as pragas do Egito existiram, mas foram decorrentes de fenômenos naturais.
3 Abundância de coisas nocivas ou desagradáveis: “– No tempo das águas era pior ainda, porque a praga das muriçocas aumentava, e as noites se tornavam chiantes de zunidos” (JMV2).
4 Pessoa ou coisa que importuna ou desagrada: Aquela mulher é uma praga.
5 Conjunto de insetos e moléstias que atacam os animais e as plantas: Os ácaros constituem uma das mais severas pragas que atacam a mandioca.
6 Planta daninha que cresce entre outras plantas, prejudicando-as: A tiririca é uma praga difícil de controlar.
7 Reg (N., N.E.) Conjunto de mosquitos hematófagos: carapanã, muriçoca, pium etc.
8 fig Qualquer coisa que traz malefícios, que provoca desarmonia ou intranquilidade: A mudança do interior para a cidade foi uma praga para a educação dos nossos filhos.
9 ant Lesão na pele, de qualquer origem; chaga, ferida.
10 Zool V bicho-de-galinha.
EXPRESSÕESRogar praga: desejar o mal a alguém; proferir imprecações: “Ela olhou novamente com ódio e deitou a correr. Mas na esquina mais próxima parou, virou para ele que ainda olhava e rogou praga com uma voz que o encheu de medo: – Peste, fome e guerra te acompanha, desgraçado. Deus te castiga, desgraçado” (JA).
ETIMOLOGIAlat plagam.

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Não é raro estarmos incomodados, irritados ou até furiosos com alguém. Isso pode ser objetivo, porque essa pessoa nos trouxe algum tipo de prejuízo, ou pode ter base numa idéia sem maior fundamento.

De qualquer modo, quando estamos assim, muitas vezes usamos de uma série de recursos de pensamento, ou até os cristalizamos em linguagem. O poder da palavra se manifesta fortemente em nossa fantasia. Vamos falar um pouco nisso.

PRAGA – vem do Grego plegma, “golpe, ferida, aflição, desgraça, surra” pelo Latim plaga, com o mesmo significado, e ainda com o de “região, país”. Plaga também se transformou em “chaga”, em Português e “llaga” em Espanhol.

Aqui registramos mais uma tradução mal feita em nosso filmes da TV: em Inglês, plague significa “peste”, a doença infecto-contagiosa. Nossos gloriosos tradutores, no entanto, não se dão ao trabalho de abrir um livro quando escutam essa palavra e assim nos impingem, nas legendas, praga. Diz o mocinho: -“Ele está contaminado com a praga! Afaste-se!” Depois ele chega para o doente, que está quase apodrecido, e pergunta: -“Are you OK?”…

Falando em filmes e pragas, podemos citar o damn que tanto aparece nos diálogos de Hollywood. O Latim damnus significava “dano, perda“; daí veio damnare, “prejudicar, causar dano”. O seu sentido acabou passando a “julgar”, tanto no sentido jurídico quanto no teológico. O nosso verbo condenar descende deste. Dizer que alguém estava damned significava que esta pessoa estava com a alma condenada, perdida.

Para nós, parece estranho que isso soe ameaçador, mas para os povos de cultura inglesa as palavras que lidam com assuntos divinos e diabólicos são importantes. Tanto que eles muitas vezes trocam o damn por darn, Jesus por geez, etc.

MALDIÇÃO – em Latim, male, “mal” e dicere, “dizer, falar” formaram maledicere, que inicialmente significava apenas “falar mal de alguém”. Foi com o cristianismo que surgiu o significado de execração, de afastamento do que é sagrado e correto. Por longo tempo, chamar alguém de “maldito” ou “amaldiçoado” era ofensa muito grande.

Na década de 70 havia uma revista editada nos Estados Unidos, chamada Maledicta. Era uma publicação inteiramente dedicada a estudar os desaforos usados nos mais diversos idiomas. Ali se constatou que o Português é particularmente pobre na matéria, pouco se afastando da emissão de juízos desabonatórios sobre a progenitora alheia.

A fama da existência de maldições sobre as tumbas dos nobres egípcios é coisa de literatura e cinema, apenas. São raríssimos os túmulos que apresentam alguma praga escrita rogada sobre eventuais violadores.

IMPRECAÇÃO – vem do Latim precatio, “rogo, pedido, oração”. Se alguém está desejando o mal a outra pessoa, talvez esse alguém faça uma imprecação, de in, “contra”, e precari, “orar”. Pelo visto, orações podem servir a maus propósitos também.

Agora, se você se encontra numa situação difícil, apertada, com os credores à sua porta, filhos incomodando, cônjuge resmungando, saúde ruim, provavelmente você apele às orações para que isso passe. Seu estado então poderá ser descrito, em Latim, com as palavras precari e o sufixo osus, “cheio”. Em Português, você estará em situação precária.

AMEAÇA – quando nos sentimos ameaçados, não parece que há alguma coisa pendendo sobre a nossa cabeça, prestes a cair e nos esmagar? Pois os antigos, em sua sabedoria, usaram uma raiz que significava “estender, projetar” para formar, em Latim, mincia, “ameaça, intenção de causar dano”, minare, “ameaçar”, minax, “ameaçador”.

Esta palavra, aliás, parece boa para um conjunto de rock daqueles com componentes bem sujos, descabelados e promotores de quebra-quebra em tudo que é lugar. “Banda Minax presa por desordem”, diriam as manchetes.

EXECRAÇÃO – vem do Latim exsecratio, “juramento, maldição, imprecação”. E esta palavra por sua vez é composta de ex, “fora”, e sacer, “sagrado”. Tudo o que se afasta do que é sagrado é considerado detestável, ruim.

ANÁTEMA – é mais uma palavra que anda sumida dos textos atuais, exceto na linguagem religiosa. Em Latim, anathema significava inicialmente “dom, oferenda”.

Origina-se no Grego anathema, de ana, “para cima” e tithenai, “colocar”. Tratava-se do gesto de elevar com as mãos, na frente do altar, algo devotado a um deus, como um perfume, uma flor, um cálice de vinho. Como muitas vezes a oferta era um animal a ser sacrificado, a palavra se distorceu e veio a assumir a conotação de “a ser exterminado, condenado, amaldiçoado”, como a Igreja Católica usa agora. Tanto é assim que, a partir de certa altura, ainda em Latim, passou a significar “excomunhão, reprovação, rechaço”.

É de se perguntar como é que os antigos gregos faziam a oferta de um boi ou pelo menos a perna de um boi, erguendo-a aos ares. Os sacerdotes deviam ser muito fortes.

FULMINAR – do Latim fulmen, “raio”. Fulminare significava “atingir com um raio”, o que era um dos numerosos maus hábitos de Júpiter. Mas, pensando bem, quantos de nós se conteriam se tivessem à mão um sortimento de raios estalando de novos?

No Latim medieval, passou a significar “pronunciar uma censura eclesiástica sobre alguém”. Naquelas épocas, ser censurado pela Igreja tinha mesmo um efeito semelhante ao de um raio, pois se podia perder uma série de direitos.

Nos sinos de igrejas antigas se inscrevia muitas vezes a frase Fulgura frango. Antes que alguém imagine todos os frangos da aldeia correndo pelos campos, aterrorizados com os raios da tempestade, avisamos que esse frango do sino pertencia ao verbo frangere, “quebrar, romper”. Fulgura frango quer dizer “destruo os raios”. Frágil vem daí: é “aquilo que pode ser rompido”. ,

Naquelas épocas se acreditava que o som dos sinos conseguia dominar os raios. Aliás, estes não eram pouca ameaça, já que muitas casas eram de madeira e não existiam os pára-raios.

EXCOMUNGAR – do Latim ex, “fora” mais communicare, “compartilhar, colocar em comum”. Significava “afastar do contato, da comunhão dos fiéis”. Era coisa das mais sérias. Uma pessoa excomungada ficava impedida de receber os sacramentos. Assim, ela não podia receber os últimos ritos e a sua alma só encontraria guarida lá embaixo, onde ninguém queria ir. Tal pessoa seria isolada em sua comunidade, não conseguiria fazer negócios e acabaria na miséria. As autoridades eclesiásticas tinham na excomunhão uma arma poderosa .

EXORCISMO – esta, digamos, é a excomunhão levada ao extremo, usada contra a turma de Satanás.

Vem do Latim exorcismus, “afastamento de espíritos maus”, do Grego exorkizein, formado por ex-, “fora”, mais horkos, “juramento”.

Conhece-se pelo nome de praga a irrupção súbita e multitudinária de insetos, animais ou outros organismos de uma mesma espécie que provoca diversos tipos de prejuízos. O conceito, porém, pode ser entendido de diferentes maneiras.

A aranha vermelha, a formiga e o pulgão são algumas das pragas que podem afetar as plantas. Quando registadas a grande escala e afetam cultivos, este tipo de praga pode destruir colheitas inteiras e impedir o normal desenvolvimento da agricultura. Para evitar que uma praga afete uma planta, é necessário recorrer a inseticidas, que são substâncias que afastam ou eliminam as espécies integrantes da praga.

É importante relatar que embora um inseto possa causar danos para uma planta, esse inseto só pode ser considerado uma praga se ele atingir um certo nível de dano econômico para a cultura dessa planta.

Um exemplo de cultivo que sofre com o ataque de pragas é o de cana-de-açúcar, sendo que todos os anos é contabilizada uma perda de cerca de 20% apenas devido ao ataque de pragas.

Crê-se que a disseminação das pragas e a consequência disso (as perdas nas plantações) seja o resultado do uso indiscriminado dos agrotóxicos, onde esses contribuíram para que essas pragas evoluíssem, agora havendo espécies que possuem maior resistência a inseticidas.

Existem diferentes métodos para o controle de praga, tais como o controle químico que é o mais comum, onde são utilizados os inseticidas. Há ainda o controle biológico onde se utilizam inimigos naturais dessas pragas para lidar com elas, algo mais natural. Existe também o controle físico que acontece através de queimas ou inundação, por exemplo. Mas também há o método de resistência de plantas, onde se usam plantas resistentes a insetos.

Também se pode chamar praga ao avanço de uma doença numa determinada região. Uma bactéria ou um vírus que infectam um número cada vez maior de pessoas numa cidade ou num país podem provocar uma praga. É possível ler, neste sentido, que a Europa sofreu no século XIV as consequências da praga negra (ou peste negra).

Em alguns âmbitos, até se chega a falar de praga humana em referência às consequências negativas da superpopulação no planeta. A quantidade de pessoas, vinculada às tendências de consumo, fazem que o ser humano aja como uma praga e provoque danos sérios para o Ambiente.

Em sentido figurado, pode qualificar-se de praga uma catástrofe ou uma tragédia que afetam uma população ou um território. Exemplos: “O desemprego é uma praga difícil de combater”, “O sequestro transformou-se numa praga para esta cidade”.

É ainda comum que as pessoas usem o termo praga para descreverem uma pessoa que causa tormenta para uma ou mais pessoas, por exemplo: “aquele homem é uma verdadeira praga na vida de sua família”.

Por fim, com letra maiúscula (Praga), é o nome da capital da República Checa.

O Museu Nacional de Praga, construído entre os anos de 1885 e 1891 por Josef Schulz, trata-se de um dos principais museus de Praga. Ele possui diversos edifícios e é considerado o mais importante museu de toda a capital tcheca.

Citação

Equipe editorial de Conceito.de. (30 de Março de 2015). Conceito de praga. Conceito.de. https://conceito.de/praga