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Etanol, biodiesel e HVO (Óleos Vegetais Hidrogenados) formam o grupo de biocombustíveis com maior participação na demanda mundial para o consumo relacionado ao transporte. Entre eles, no entanto, a produção de etanol foi a única a registrar crescimento no ano passado. Em 2015, o Brasil registrou um importante avanço em relação à produção de biocombustíveis, frente ao volume adicionado pelos demais produtores mundiais de combustíveis renováveis. O estado da produção de etanol e biodiesel em todo o mundo está apresentado a seguir, junto com a evolução nos últimos cinco anos. Confira a seguir os destaques: - Lista com os 16 maiores produtores mundiais de etanol em 2015 e o volume fabricado em cada país - Crescimento da produção mundial de biocombustíveis no último ano e desde 2010 - Ranking dos cinco países em capacidade produtiva de etanol e biodiesel em 2015 - Produção adicionada em biocombustíveis pelos 16 maiores produtores e pela União Europeia
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O Brasil é o segundo maior produtor mundial de etanol combustível, e até 2010, o maior exportador do mundo. Juntos, Brasil e Estados Unidos lideram a produção industrial de etanol, representando em conjunto 87,8% da produção mundial em 2010[1][2] e 87,1% em 2011.[3] Em 2011, o Brasil produziu 21,1 bilhões de litros, o que representava 24,9% do total de etanol do mundo usado como combustível.[3] O país é classificado como a primeira economia sustentável com base em biocombustíveis do mundo, além de ser um líder da indústria de biocombustíveis,[4][5][6][7] um modelo para outros países; e seu etanol de cana-de-açúcar é considerado "o combustível alternativo mais bem sucedido até o momento."[8] No entanto, alguns autores consideram que o modelo brasileiro só é sustentável no Brasil devido à sua tecnologia agroindustrial avançada e devido a enorme quantidade de terra arável disponível em seu território;[8] enquanto de acordo com outros autores, o etanol brasileiro seria uma solução apenas para alguns países da zona tropical da América Latina, Caribe e África.[9][10][11] O programa de etanol combustível do Brasil é baseado na tecnologia agrícola mais eficiente para o cultivo de cana-de-açúcar no mundo[12] e utiliza equipamentos modernos e plantas baratas como matéria-prima, enquanto o bagaço residual é usado para produzir calor e energia, o que resulta em um preço muito competitivo e também em um equilíbrio de alta energia (produção de energia / energia gasta), que varia de 8,3 para condições médias a 10,2 na produção com melhores práticas.[6][13] Em 2010, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos designou o etanol brasileiro como um biocombustível avançado, devido à sua redução de até 61% das emissões totais na análise do ciclo de vida de gases do efeito estufa, incluindo emissões diretas através de mudanças no uso indireto da terra.[14][15] Já não há quaisquer veículos leves no Brasil rodando apenas através de gasolina. Desde 1976, o governo tornou obrigatória a mistura de etanol anidro à gasolina, oscilando entre 10% a 22%,[16] e que requer apenas um pequeno ajuste em motores a gasolina normais. Em 1993, a mistura obrigatória foi fixada por lei em 22% de etanol anidro (E22) em volume em todo o país, mas com uma margem de manobra dada ao poder executivo para definir diferentes porcentagens de etanol, dentro dos limites pré-estabelecidos. Em 2003, esses limites foram fixados a um mínimo de 20% e um máximo de 25%.[17] Desde 1 de julho de 2007, a mistura obrigatória é de 25% de etanol anidro e 75% de gasolina (E25).[18] O limite inferior foi reduzida para 18% em abril de 2011, devido a recorrentes escassez de oferta de etanol e os preços elevados que ocorrem entre as épocas de colheita.[19] A indústria de transformação brasileira desenvolveu veículos flex, que podem rodar com qualquer proporção de gasolina e etanol hidratado (E100).[20] Lançados no mercado em 2003, os veículos flex tornaram-se um sucesso comercial,[21] alcançaram um recorde de participação de 92,3% de todos os carros novos e vendas de veículos leves em 2009.[22] A produção cumulativa de automóveis flex atingiu a marca de 10 milhões de veículos em março de 2010[23][24] e de 15,3 milhões de unidades em março de 2012.[25] Em meados de 2010, havia 70 modelos de veículos flex disponíveis no mercado, fabricados por 11 grandes fabricantes de automóveis.[26] O sucesso dos veículos "flex", em conjunto com a mistura E25 obrigatória em todo o país, permitiu que o consumo de álcool combustível no país atingisse uma quota de mercado de 50% da frota de carros movidos a gasolina em fevereiro de 2008.[27][28] Em termos de energia equivalente, o etanol de cana representou 17,6% do consumo total de energia do país no setor dos transportes em 2008.[29] Cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) pronta para a safra, Ituverava, São Paulo. Os primeiros usos práticos do etanol deram-se entre meados dos anos 1920 e início dos anos 1930. Mas somente nos anos 1970, com a crise do petróleo, que o Brasil passou a usar maciçamente o etanol como combustível. Na segunda metade da década de 1980 por diversos motivos ocorreu uma forte retração no consumo de álcool combustível. Atualmente uma combinação de fatores como a preocupação com o meio ambiente e a esperada futura escassez de combustíveis fósseis levaram a um interesse renovado pelo etanol. Primeiras experiênciasA primeira experiência de uso do etanol como combustível no Brasil aconteceu em 1925.[30] Neste ano, um automóvel adaptado para funcionar com álcool etílico hidratado foi intensamente testado.[30] A responsável por esta experiência foi a Estação Experimental de Combustíveis e Minérios (futuro Instituto Nacional de Tecnologia).[31] A Usina Serra Grande Alagoas (USGA) foi a primeira do país a produzir etanol combustível em 1927.[32] No início da década seguinte com a queda nos preços do petróleo, este empreendimento não teve condições de prosseguir. Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, João Bottene[33] desenvolveu um combustível a base de álcool e óleo de mamona para auxiliar os revolucionários. Anteriormente ele já adaptara veículos para utilizarem etanol. Mais tarde fabricou uma locomotiva movida a álcool e adaptou um avião para funcionar com este combustível.[34] Apesar destas experiências bem sucedidas com o etanol, o uso deste como combustível acabou por ser posto de lado. Tanto que, durante a II guerra mundial o Brasil optou pelo gás de síntese produzido por gasogênios[35] como alternativa à gasolina para os automóveis. Em 1974, a TENENGE (Técnica Nacional de Engenharia) organizou uma equipe de tecnologia chefiada por Miguel Mauricio da Rocha Neto e composta pelos engenheiros Vito Pecori, Luigi Fornoni e Luiz Eugênio Coli. Essa equipe desenvolveu uma escuderia de competição automobilística para testar e aprimorar o motor a álcool no Brasil. A TENENGE forneceu a tecnologia do motor à álcool para todas as escuderias que disputavam o Campeonato Paulista da Divisão 1 e realizou a primeira corrida no Brasil com carros movidos 100% a álcool, em outubro de 1976, mostrando a viabilidade do projeto. Para a realização dessa competição, Miguel Mauricio da Rocha Neto, diretor da TENENGE, solicitou autorização do presidente do Conselho Nacional do Petróleo (CNP) no governo Geisel, General Oziel Almeida Santos e do presidente do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), General Alvarez Tavares do Carmo.[36][37][38][39] Crise do petróleo e Programa Nacional do ÁlcoolPrimeiro protótipo de veículo equipado com motor a álcool (um Dodge 1800), em exposição no Memorial Aeroespacial Brasileiro de São José dos Campos. Fiat 147, o primeiro automóvel produzido em série equipado com motor a álcool.[40] Em 14 de Novembro de 1975 o decreto n° 76.593 cria o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), sendo os engenheiros Lamartine Navarro Júnior e Cícero Junqueira Franco considerados "os pais do Proálcool", acompanhado pelo empresário Maurílio Biagi. O programa de motores a álcool foi idealizado pelo físico José Walter Bautista Vidal e pelo engenheiro Urbano Ernesto Stumpf.[41][42] O programa substituiu por álcool etílico a gasolina, o que gerou 10 milhões de automóveis a gasolina a menos rodando no Brasil, diminuindo a dependência do país ao petróleo importado. A decisão de produzir etanol a partir da cana-de-açúcar por via fermentativa foi por causa da baixa nos preços do açúcar na época. Foram testadas outras alternativas de fonte de matéria-prima, como por exemplo a mandioca. A grande disponibilidade de álcool nesse período rendeu a pesquisadores a possibilidade de estudos da alcoolquímica, análoga da petroquímica baseada no petróleo, como, por exemplo, estudos sobre a viabilidade da produção de óxido de etileno e monômeros a partir do etanol, matérias-primas básicas para a produção de uma gama de compostos químicos usados no dia a dia.[42] Com a substituição do combustível, os automóveis precisaram passar por alterações. Como exemplo, os tubos tiveram seu material substituído; o calibre do percurso de combustível teve de ser aumentado; por causa do poder calorífico menor do álcool, foi necessário instalar injeção auxiliar a gasolina para partida a frio; o carburador teve de ser feito com material anticorrosivo, assim como a bomba de combustível, que passou a ser composta de cádmio. O primeiro automóvel produzido em série, equipado com motor a álcool, foi Fiat 147 lançado em 1979.[40][42] O programa começou a ruir à medida que o preço internacional do petróleo baixava, tornando o álcool combustível pouco vantajoso tanto para o consumidor quanto para o produtor. Para agravar o problema, o preço do açúcar começou a aumentar no mercado internacional na mesma época em que o preço do petróleo baixava, fazendo com que fosse muito mais vantajoso para os usineiros produzir açúcar no lugar do álcool. E, por causa disso, começou a faltar regularmente álcool combustível nos postos, deixando os donos dos carros movidos a combustível vegetal sem opções. Essas sucessivas crises de desabastecimento, aliadas ao maior consumo do carro a álcool e o menor preço da gasolina, levaram o pró-álcool a descrença geral por parte dos consumidores e das montadoras de automóveis, e desde então, a produção de álcool combustível e de carros movidos a esse combustível entrou em um declínio que parecia não ter fim, chegando ao ponto de a maioria das montadoras não oferecerem mais modelos novos movidos a álcool.[42] Século XXIO VW Gol 1.6 Total Flex modelo 2003 foi o primeiro veículo de combustível flexible desenvolvido e comercializado no Brasil, com capacidade de operar com qualquer mistura de gasolina (E20-E25) e etanol (E100). No início do século XXI, na certeza de escassez e de crescente elevação no preço dos combustíveis fósseis, priorizam-se novamente os investimentos na produção de etanol por um lado e, por outro, um amplo investimento na pesquisa e criação de novos biocombustíveis. Diante de uma situação nacional antiga e inconstante, justamente causada pelas altas e baixas do petróleo, as grandes montadoras brasileiras aprofundaram-se em pesquisas e, dessa forma, lançaram uma tecnologia revolucionária: os carros dotados de motor bicombustível, fabricados tanto para o uso de gasolina quanto de álcool. A tecnologia flex-fuel já estava em testes de adaptação no Brasil desde meados da década de 1990, porém por falta de regulamentação governamental, esses modelos não podiam ser vendidos ao público. Essa regulamentação só saiu no final de 2002, e logo no início de 2003 a VW apresentou ao mercado o primeiro carro flexível em combustível, o Gol Total-Flex, rapidamente seguida pela General Motors, com o seu Chevrolet Corsa FlexPower. Desde então, salvo algumas exceções, todas as montadoras instaladas no Brasil produzem carros bicombustíveis, e hoje, 16 anos após o lançamento do primeiro carro bicombustível, os carros equipados com motores flex já correspondem 85% das vendas de automóveis 0 km, colocando novamente o Brasil na vanguarda do chamado combustível verde. De 2002 a 2011 não houve quedas na produção do etanol no centro-sul do Brasil.[43] O país passou a produzir álcool combustível da celulose (etanol de 2ª geração) em Setembro de 2014, quando a primeira usina para a produção de etanol celulósico entrou em operação na cidade de São Miguel dos Campos em Alagoas.[44] Vista panorâmica da Destilaria Costa Pinto em Piracicaba, fábrica que produz açúcar e etanol combustível além de outros tipos de álcool. A indústria automobilística brasileira desenvolveu veículos que funcionam com flexibilidade no tipo de combustível, que são conhecidos na língua inglesa como "full flexible-fuel vehicles" (FFFVs), ou simplesmente "flex", no Brasil, pela sua capacidade do motor funcionar com qualquer proporção na mistura de gasolina e álcool. Disponíveis no mercado desde 2003, os veículos flex resultaram em sucesso comercial,[21] e já em Agosto de 2008, a frota de automóveis e veículos comercias leves tipo "flex" tinha atingido a marca de 6,2 milhões de veículos, representando 23% da frota automotriz do Brasil.[45] O sucesso dos veículos "flex", conjuntamente com a obrigatoriedade ao nível nacional de usar de 20 a 25% do álcool misturado com gasolina convencional (E20-E25), permitiu ao etanol combustível superar o consumo de gasolina em Abril de 2008.[5][5][27][46] Para melhorar a eficiência dos motores a álcool, novas tecnologias ainda são desenvolvidas.[47] Experiências indicam que o uso de álcool vaporizado como combustível é uma alternativa promissora.[48] Esta seria uma forma de reduzir consumo e emissões e, ao mesmo tempo, obter ganhos de potência nestes motores (ver: estequiômetro e motor a álcool pré-vaporizado). O consumo do álcool representou quase 18% da matriz de combustíveis veiculares em 2006 (a matriz inclui os veículos que utilizam óleo diesel).[49][50] No Brasil, o refino do etanol é controlado pela Raízen, uma joint venture entre Shell e Cosan, São Martinho, Bunge e Braskem.
A importância do etanol como combustível no Brasil remonta ao século XX, mas sua importância econômica como um todo é bem mais antiga, estando associada a produção de açúcar no século XVI e posteriormente a produção de aguardente. Foi apenas no século XIX, na Alemanha e na França que técnicas industriais de produção de etanol como combustível foram desenvolvidas. Em fins do século XIX, tinha início a produção de etanol combustível no Brasil. Mas, foi apenas na Primeira Guerra Mundial (1914/1918) que a produção de etanol combustível ganhou destaque no mundo, sendo utilizado como combustível líquido de motores a explosão. No Brasil, seria apenas a partir de 1929 com o Crash da Bolsa de Nova York e o surgimento de crises econômicas no planeta inteiro que o excedente da produção de açúcar e e seus subprodutos seria direcionado para produção de etanol combustível. A dificuldade de importação de combustíveis em decorrência da crise e pela falta de divisas forçou o Brasil a buscar soluções e alternativas, e o etanol combustível foi uma das mais proeminentes. Nos anos que precederam a Segunda Guerra Mundial, ainda no Governo Provisório de Getúlio Vargas em 1931, estabeleceu-se a obrigatoriedade de mistura-se ate 5% de etanol à gasolina (Decreto 19.717) como forma de economizar divisas na importação de combustíveis. Com a deflagração da Segunda Grande Guerra, o etanol combustível ganhou ainda mais proeminência, mas com o fim do conflito em 1945, e a normalização da produção e do comércio de combustíveis, em especial a gasolina ele viria a perder parte da importância adquirida na década anterior. Foi somente em 1974 com a Crise do Petróleo que o governo militar brasileiro enxergou a necessidade de solucionar o problema do Brasil em relação à importação de combustíveis. Foi lançado então o programa Pró-álcool que finalmente transformaria a produção de etanol combustível no Brasil em uma das maiores do mundo.[61]
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