Por que sai afta na boca

Maria Helena Varella Bruna é redatora e revisora, trabalha desde o início do Site Drauzio Varella, ainda nos anos 1990. Escreve sobre doenças e sintomas, além de atualizar os conteúdos do Portal conforme as constantes novidades do universo de ciência e saúde.

Por que sai afta na boca

Afta é uma pequena úlcera rasa que aparece na cavidade oral, geralmente em decorrência de acidentes, mas é preciso procurar um médico caso não desapareça em três semanas.

Aftas são pequenas úlceras rasas que aparecem na cavidade oral, geralmente na mucosa bucal, nas gengivas e embaixo da língua.

Elas são ovais, normalmente brancas (ou levemente amareladas), têm bordas avermelhadas e costumam medir aproximadamente 1 cm de diâmetro.

Causas da afta

Ainda não se sabe exatamente o que provoca o aparecimento da afta. Entretanto, alguns fatores, isolados ou em conjunto, podem ser determinantes.

Sabe-se que as aftas são mais comuns em mulheres e que cerca de 30% das pessoas acometidas têm casos na família, talvez por associação genética ou exposição ambiental semelhante.

Pequenos machucados decorrentes de acidentes ou escovação excessiva podem criar ambiente propício ao aparecimento das aftas. Além disso, um sistema imunológico debilitado, carência de vitamina B12, reações alérgicas às bactérias bucais, doenças inflamatórias do sistema digestivo e até o estresse emocional podem contribuir para o surgimento das aftas.

É importante lembrar que as aftas NÃO são causadas pelos vírus herpes.

Veja também: Herpes simples

Sintomas da afta

Os sintomas podem aparecer um ou dois dias antes de a afta surgir. É comum surgir ardor ou um tipo de queimação na região afetada. Quando as aftas aparecem em grande número, pode ser difícil engolir alimentos ou líquidos, especialmente os mais ácidos.

Eventualmente, podem aparecer gânglios no pescoço (“ínguas”), cansaço e até febre.

Diagnóstico e tratamento das aftas

Não existe um exame específico para diagnosticar as aftas. É possível identificá-las com o exame clínico. Às vezes, uma biópsia da lesão pode ser necessária, se houver suspeitas de outras doenças.

As aftas pequenas geralmente não precisam de tratamento e desaparecerem em até duas semanas.

Se houver muita dor ou dificuldade para deglutir, pode-se recorrer a tratamentos sintomáticos, como os bochechos com medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos, assim como à aplicação de pomadas para uso oral (orabase) com analgésicos. Em casos mais graves, pode ser necessário o uso de anti-inflamatórios sistêmicos (como os corticoides) ou medicamentos para reduzir a acidez estomacal.

Durante a recuperação, algumas medidas simples podem ajudar. Entre elas destacam-se: evitar alimentos ácidos ou muito condimentados (eles são irritantes) e escovar os dentes suavemente. Também ajuda quebrar pequenos pedaços de gelo e deixá-los dissolver na boca, como forma de aliviar a irritação.

Recomendações em caso de afta

Procure um médico:

  • Se as aftas forem muito grandes;
  • Se as crises de aftas forem frequentes;
  • Se for muito difícil deglutir (comidas ou líquidos);
  • Se tiver dor que não melhora com analgésicos comuns;
  • Se as lesões durarem mais de três semanas;
  • Se surgirem lesões nos lábios.

A afta na boca é uma ferida caracterizada por ser uma lesão arredondada (ou ovalada) recoberta por uma membrana branco-amarelada e com uma mancha avermelhada em volta.

Além das paredes internas da boca, é possível que as lesões ocorram qualquer ponto da cavidade bucal e por isso não é raro casos de afta na língua, na gengiva, no céu da boca ou na garganta.

A afta também pode ser chamada de estomatite aftosa recorrente, quadro que ocorre pela perda do tecido normal da mucosa oral - podendo ser um caso de feridas múltiplas ou única, provocando dor e desconforto.

Normalmente, a afta acomete mais as mulheres pelas influências hormonais. Outros fatores contribuem para que ela ocorra, como alergias, predisposição genética, estresse e alteração nutricional.

A odontologista Vivian Farfel afirma que as aftas pequenas geralmente não precisam de tratamento e desaparecerem em até 15 dias. Contudo, se houver muita dor é indicado fazer bochechos com medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos, assim como à aplicação de pomadas para uso oral com analgésicos. Em casos mais graves, pode ser necessário o uso de corticoides ou medicamentos para reduzir a acidez estomacal.

As aftas não são contagiosas, mas muitas vezes são confundidas com herpes simples, causado por um vírus contagioso e que não é a causa de aftas.

Aftas são formas comuns de úlcera bucal, causadas por alguma doença específica ou por uso de medicamentos em pessoas com baixa imunidade.

Veja algumas doenças, condições e situações que corroboram para que o sistema imunológico fique debilitado e a afta apareça:

  • HIV/Aids: O vírus do HIV, que pode levar à Aids, ataca diretamente o sistema imunológico. Pessoas infectadas com esse vírus são mais propensas ao surgimento de aftas e esse, por sinal, costuma ser um dos primeiros sinais de ação do HIV no organismo
  • Câncer: a imunidade também diminui em pacientes com câncer, principalmente por causa do tratamento realizado com radioterapia e quimioterapia
  • Diabetes: em pessoas com diabetes não tratada ou com a doença mal controlada, a saliva costuma apresentar grandes quantidades de açúcar, que encoraja o crescimento de fungos
  • Infecções vaginais: o mesmo fungo causador da afta é o responsável por algumas infecções vaginais. Apesar de não ser muito perigosa, esse tipo de infecção costumar causar mais problemas na gravidez, pois a doença pode ser transmitida ao bebê durante o parto
  • Estresse emocional
  • Deficiência de ferro, vitamina B12 e ácido fólico na dieta
  • Período menstrual
  • Mudanças hormonais
  • Alergias a alimentos.

As aftas podem ser divididas em três tipos: (3)

Esta é a forma mais comum, que afeta mais de 80% dos pacientes com afta. As feridas são geralmente pequenas (menos de 1 centímetro de diâmetro), cicatrizam em cerca de uma semana e não causam cicatrizes.

Esta forma mais grave afeta aproximadamente 15% dos pacientes com aftas. Essas feridas geralmente duram duas semanas ou mais e geralmente têm mais de 1 centímetro de diâmetro. Eles podem ser extremamente dolorosos e muitas vezes curam com cicatrizes.

Esta forma da doença é incomum, ocorrendo em menos de 5% das pessoas com aftas. Eles ocorrem como aglomerados de úlceras muito pequenas (menos de um milímetro em alguns casos) que às vezes se fundem para formar úlceras maiores. Eles geralmente curam em pouco mais de uma semana.

Além disso, as aftas existem outras duas formas:

  • Aftas traumáticas: são úlceras ocasionadas por um trauma mecânico, sendo uma prótese dentária que não está adaptada corretamente, ou um fio de aparelho ortodôntico, por exemplo.
  • Aftas alérgicas: são provenientes de alguma reação alérgica, sendo algum medicamento ou alimento. A falta de vitamina B12 pode ocasionar ulcerações também.

O principal sintoma da afta é a dor, o que pode até interferir na fala e alimentação. Em geral as aftas duram em torno de 10 dias. Outros sintomas são

  • Pequenas feridas abertas presentes no interior da boca, brancas ou amareladas, com contorno vermelho brilhante. Costumam estar mais presentes na língua e nas paredes da boca
  • Dor
  • Leve sangramento em casa de lesão na região da afta
  • Vermelhidão e ressecamento da região lateral da boca
  • Perda do paladar (disgeusia).

Sintomas menos comuns incluem:

  • Febre
  • Indisposição
  • Inchaço nos linfonodos.

Em casos mais graves, as lesões podem se espalhar pelo esôfago, causando dificuldade para engolir e a sensação de comida presa na garganta.

Bebês com aftas costumam sentir muita irritação e incômodo ao serem alimentados. Além disso, eles podem passar a infecção para a mãe durante a amamentação. Mulheres com lesões nos seios após amamentar os filhos podem apresentar os seguintes sintomas:

  • Vermelhidão e sensibilidade extrema nos mamilos
  • Região ao redor do mamilo mais brilhante e ressecada
  • Dor na região dos mamilos
  • Dor nos seios

Especialista responde: aftas podem aparecer no céu da boca?

Se as lesões se restringirem à boca, um exame físico poderá ser suficiente para realizar o diagnóstico. Se houver alguma dúvida, a realização de bióspia pode ser indicada.

Para saber se algum problema mais grave está causando as aftas, alguns exames de sangue devem ser solicitados para identificar as causas.

Qualquer pessoa pode desenvolver aftas, mas alguns fatores podem contribuir para o surgimento dessas feridas. Veja:

Saiba mais: Sabia que celíacos têm mais chances de ter aftas?

  • Idade: crianças pequenas costumam apresentar afta com mais frequência do que pessoas mais velhas
  • Imunidade baixa: algumas doenças ou medicamentos podem comprometer o sistema imunológico e, assim, facilitar o surgimento de aftas
  • Próteses bucais: pessoas que usam dentaduras apresenta feridas causadas pelo trauma, mas estas feridas não são aftas. Se ajustar a prótese a ferida desaparece
  • Problemas de saúde: outras complicações podem ajudar no surgimento de aftas, como anemia
  • Medicamentos: o uso de determinados tipos de medicamentos podem comprometer a imunidade e contribuir para o aparecimento de aftas na boca, como alguns antibióticos e corticosteroides
  • Quimioterapia e radioterapia: quando os tratamentos são feitos em região de cabeça e pescoço, pode surgir feridas que parecem com aftas, mas são conhecidas como mucosite
  • Histórico familiar: aftas também podem ser hereditárias.

Especialistas que podem diagnosticar as aftas são:

  • Clínico geral
  • Odontologista
  • Gastroenterologista.

Estar preparado para a consulta pode facilitar o diagnóstico e otimizar o tempo. Dessa forma, você já pode chegar à consulta com algumas informações:

  • Uma lista com todos os sintomas e há quanto tempo eles apareceram
  • Histórico médico, incluindo outras condições que o paciente tenha e medicamentos ou suplementos que ele tome com regularidade
  • Se possível, peça para uma pessoa te acompanhar.

O médico provavelmente fará uma série de perguntas, tais como:

  • Quais são os seus sintomas?
  • Quando você notou esses sintomas pela primeira vez?
  • Quão severa é a sua dor?
  • Você já teve feridas semelhantes no passado? Em caso afirmativo, você percebeu se alguma coisa em particular parecia acioná-los?
  • Você já foi tratado por feridas semelhantes no passado? Se sim, qual tratamento foi mais eficaz?
  • Você já teve algum trabalho dentário recente?
  • Você recentemente experimentou estresse significativo ou grandes mudanças na vida?
  • Qual é a sua dieta diária típica?
  • Você já foi diagnosticado com alguma outra condição médica?
  • Quais medicamentos você está tomando, incluindo medicamentos prescritos e de venda livre, vitaminas, ervas e outros suplementos?
  • Você tem uma história familiar de afta?

Também é importante levar suas dúvidas para a consulta por escrito, começando pela mais importante. Isso garante que você conseguirá respostas para todas as perguntas relevantes antes da consulta acabar. Para aftas , algumas perguntas básicas incluem:

  • Eu tenho uma afta?
  • Se sim, que fatores podem ter contribuído para o seu desenvolvimento? Se não, o que mais poderia ser?
  • Preciso de algum teste para confirmar?
  • Qual abordagem de tratamento você recomenda, se houver?
  • Que passos de autocuidado posso tomar para aliviar os sintomas?
  • Existe alguma coisa que eu possa fazer para acelerar a cura?
  • Em quanto tempo você espera que meus sintomas melhorem?
  • Há algo que eu possa fazer para ajudar a evitar uma recorrência?

Não hesite em fazer outras perguntas, caso elas ocorram no momento da consulta.

Consulte o seu médico se você tiver:

  • Feridas muito grandes
  • Feridas recorrentes, com novas que se desenvolvem antes que as antigas se curem, ou frequentes surtos
  • Feridas persistentes, com duração de duas semanas ou mais
  • Feridas que se estendem até os próprios lábios (borda vermelha)
  • Dor que você não pode controlar com medidas de autocuidado
  • Extrema dificuldade em comer ou beber
  • Febre alta junto com aftas.

Consulte o seu dentista se você tiver superfícies dos dentes pontiagudas ou aparelhos dentários que parecem provocar as feridas.

Normalmente, não é necessário tratamento. Na maioria dos casos, a afta desaparece sozinha.

Quando a dor fica insuportável, pomadas com anestésico podem ser indicadas por seu dentista. Outro tratamento que pode ser realizado é a laserterapia.

Manter a higiene oral regular é importante para que bactérias da boca não cause uma infecção mais grave.

Para crianças e suas mães que também estejam com a infecção na região dos seios, o médico (no caso, um pediatra) poderá receitar medicamentos antifúngicos: um para o bebê e outro para a mãe.

O tratamento para adultos com imunidade baixa também pode ser feito via antifúngicos, mas eles podem simplesmente parar de fazer efeito. Isso acontece principalmente em casos de pacientes no último estágio da ação do vírus do HIV, em que o fungo causador da afta torna-se resistente à ação do medicamento. Nesses casos, o médico poderá receitar anfotericina B para exterminar de vez o fungo da boca do paciente. Alguns medicamentos antifúngicos, entretanto, podem causar danos ao fígado.

Leia mais: Dá para curar uma afta de um dia para o outro?

Muitos medicamentos caseiros para afta, como bicarbonato de sódio, própolis, entre outros, não são efetivos.

Medidas feitas em casa visando o tratamento das aftas são bochechos com anti séptico bucal, evitar alimentos mais ácidos por intensificar a dor e diminuírem a queratinização da mucosa oral, e uso de analgésicos para alívio da dor.

Saiba mais: Remédios para aftas: entenda o que funciona

Os medicamentos mais usados para o tratamento de afta são:

Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e nunca se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.

A afta costuma curar-se sozinha e, em casos que necessita de tratamento, a ferida também tende a ser solucionada quando o paciente segue as orientações indicadas pelo médico.

Contudo, é possível que a afta volte a acontecer caso não exista ele seja exposto novamente aos fatores de risco.

Algumas medidas podem ajudar a prevenir a afta. Confira:

  • Mantenha uma higiene bocal saudável
  • Consuma iogurtes que contenham lactobacilos vivos
  • Vá ao dentista regularmente
  • Cuidado com a alimentação
  • Evite o consumo exacerbado de açúcar.

As aftas normalmente desaparecem sozinhas. Em geral, a dor diminui em poucos dias. O tratamento também costuma ser bem-sucedido. Para ajudar no alívio da dor considere seguir essas dicas:

  • Evite comer alimentos apimentados, ácidos ou muito condimentados, pois causam dor
  • Enxaguantes bucais vendidos sem receita ou água com sal podem ajudar, além da boa higiene bucal
  • Existem remédios de venda livre que acalmam a área dolorosa. Esses remédios são aplicados diretamente na área lesionada da boca.

Aftas podem voltar mesmo depois de tratadas. Mas para algumas pessoas, em especial aquelas com sistema imunológico comprometido, as aftas podem desenvolver para complicações mais graves:

  • Espalhamento de aftas pelo corpo, incluindo o trato digestório, pulmão e fígado
  • Agravamento dos sintomas na boca e no esôfago, provocando dor e dificultando a ingestão de alimentos.

Especialista responde: o que pode causar aftas que não saram mesmo com remédio?

De acordo com odontologista Catia Veneziani, a afta não pode ser transmitida por beijo. Ela trata-se de uma inflamação pequena e branca, cercada por uma área avermelhada, como uma ulceração, bastante dolorida, com duração de aproximadamente 7 dias. Apesar de não ser transmissível pelo beijo, normalmente dói muito e é bom evitar até sua cura completa.

"Não, afta não é ocasionada por rinite. Aftas são pequenas ulcerações na mucosa bucal, ocasionadas por atritos, alimentos muito ácidos e outras causas ainda não conhecidas. Não tem nenhuma relação com rinite", afirma a alergista Gilka Schoenaker.

Segundo o odontologista Fabio Alves, a falta ou má higiene oral pode levar a vários problemas na boca, como doenças na gengiva, cárie, halitose, candidíase, dentre outros.

Contudo, a falta de higiene não está diretamente relacionada com o surgimento de aftas. As vezes, as aftas podem dificultar a higiene bucal devido a dor na boca. Alguns colutórios podem auxiliar na higienização da boca no período que apresenta aftas.

"Normalmente não, porém o que comumente ocorre, é uma dificuldade de higienização na área da afta, que provoca aumento do acúmulo de placa, e isso sim, pode causar mau hálito ou halitose", indica o odontologista Leonardo Panza.

Veja imagens a seguir

As aftas provocam dor e desconforto, como:

(1) Luccas Carvalho, odontologista.

(2) Mayo Clinic. Conteúdo disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/canker-sore/symptoms-causes/syc-20370615

(3) The American Academy of Oral Medicine. Conteúdo disponível em: http://www.aaom.com/index.php%3Foption=com_content&view=article&id=82:canker-sores&catid=22:patient-condition-information&Itemid=120

(4) Ministério da Saúde. Conteúdo disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/153-aftas