Fifa diz que flamengo não tem mundial 2022

12 Feb, 2022

O Palmeiras fez um jogo digno contra o Chelsea. O time inglês, que já não é dos melhores da Europa, esteve longe de uma grande atuação. E ainda assim conquistou o Mundial de Clubes neste sábado, em Abu Dhabi.

A equipe alviverde segue sem o seu sonhado Mundial. Sua frustração da chance perdida é gigante. Mas a ducha de água fria serve como um todo para o futebol brasileiro.

Luan em disputa de bola com Lukaku Getty Images

Cada vez é mais difícil acreditar que um clube brasileiro possa de novo ganhar um Mundial (já são dez anos sem conquistas para times do país).

Mesmo em cenários positivos, como o Palmeiras de 2022, ou com atuações memoráveis, como o Flamengo contra o Liverpool em 2019, fica claro que mesmo no limite um time brasileiro tem poucos chances contra gigantes europeus que investem centenas de milhões de euros.

Por mais que os clubes europeus nunca pareçam tratar o Mundial como prioridade, fica evidente o abismo com os clubes sul-americanos, incluindo os brasileiros.

O Chelsea em um momento ruim foi dominante quase o tempo todo com o Palmeiras, e foi campeão merecidamente.

O Flamengo de 2019 foi mais corajoso, mas a diferença técnica com o Liverpool ficou evidente no resultado final.

A situação pode piorar ainda mais se o plano da Fifa com um Mundial de 24 equipes sair do papel. Com quase uma dezena de clubes europeus, dá para cravar que nunca mais um time brasileiro será campeão do planeta.

O Palmeiras não é campeão mundial. E muito dificilmente será um dia. Assim como qualquer outro clube brasileiro terá essa título novamente.

Paulo Cobos11:24 BRST

A CBF não fez consulta para Mano Menezes ser o próximo técnico da seleção brasileira.

Mas vai ser impossível passar a Copa do Mundo sem o debate de quem irá substituir Tite, que já anunciou sua saída do cargo independente do resultado que seu time conseguir no Qatar.

O presidente da CBF tem razão em não querer levantar o assunto agora. E vai sofrer na escolha.

O técnico Tite em treino da seleção brasileira em Turim, na Itália, antes da Copa do Mundo de 2022, no Qatar Leonardo Benhossi / MoWA Press

Nenhum técnico brasileiro hoje seria escolhido para o lugar de Tite sem uma forte contestação popular e da crítica.

Cuca e Renato Gaúcho, que já foram favoritaços para o cargo, hoje nem são cogitados. Dorival Jr., mesmo campeão da Copa do Brasil e da Libertadores, não é unanimidade nem no Flamengo. Mano Menezes é "retranqueiro demais". Rogério Ceni e Fernando Diniz "inventam demais".  

Para ter forte aprovação popular e de crítica na escolha do próximo técnico da seleção, a CBF tem duas alternativas.

A primeira é contar com o único treinador brasileiro capaz de assumir a missão para a Copa de 2026 sem contestação.

Improvável. Primeiro, Tite teria que conquistar o hexa no Qatar. Depois, se isso acontecer, convencer o treinador a voltar atrás de sua promessa e renovar o contrato.

Muito mais simples é a CBF derrubar um tabu que não faz mais sentido algum hoje.

Escolher um estrangeiro para comandar a seleção. Nem sonho com Guardiola ou Klopp. Mas Abel Ferreira ou Jorge Jesus teriam aprovação gigantesca.

Os escolhidos de Tite: As 'malvadezas' e o grande astro da companhia do Brasil na Copa do Mundo no Qatar

Paulo Cobos15 Nov, 2022

Na história das Copas do Mundo, em que o Brasil é o único país que disputou todas edições, nenhuma convocação do time nacional é tão contestada como a do lateral direito Daniel Alves.

Não sem motivos. A presença do jogador na lista de 26 convocados parece muito mais um capricho de Tite do que um verdadeiro merecimento.

Já repeti algumas vezes que não estou com a maioria. Tenho convicção que Tite tem motivos sólidos para ter chamado o lateral de 39 anos.

Daniel Alves dá entrada forte no atacante Pedro durante treino da seleção brasileira, em Turim, na Itália Chris Ricco/Getty Images

Mas, pela "realidade" das redes sociais (e também de qualquer pesquisa séria), chamar Daniel Alves é um absurdo para a maioria dos brasileiros,  O lateral virou uma espécie de "mala nacional".

E isso gera um perigo para a realidade.

Nesta terça-feira, Daniel Alves virou um espécie de vilão nacional por suas supostas entradas violentas em Raphinha e Pedro em treino da seleção brasileira em Turim.

Tive o privilégio de acompanhar a seleção brasileira em quatro Copa do Mundo como repórter.

Na maioria delas, o acesso aos treinos era sem restrições. E vi dezenas de lances como os de Daniel Alves com Raphinha e Pedro.

Daniel Alves tem muitos motivos para ser criticado. Mas levar em conta um replay ou uma foto que não dizem a verdade é injusto. 

Não gosto, pessoalmente, de Daniel Alves. Mas aprendi que opiniões pessoais não devem servir como a verdade definitiva.

No bobinho, Daniel Alves dá carrinho em Raphinha, que grita e manca, e lateral pede desculpa

VEJA entrada forte de Dani Alves em Pedro durante treino da seleção brasileira

Paulo Cobos14 Nov, 2022

Nos próximos 40 dias, Cristiano Ronaldo vai definir como será o capítulo final da sua grandiosa carreira.

Hoje um jogador sem nível para atuar em um grande clube europeu, o português se aproxima dos 40 anos como um garoto mimado, egoísta, chegando ao ridículo total com sua infame entrevista que teve trechos divulgados neste domingo.

Ronaldo se disse "traído" no Manchester United, detonou o ex e o atual técnico da equipe e reclamou até da jacuzzi do clube.

Cristiano Ronaldo lamenta lance em partida do Manchester United James Gill/Getty Images

Faz isso depois de atuações indecentes, falta de profissionalismo e minguados gols.

O declínio da carreira do craque português não é de hoje. Seus últimos meses na Juventus já foram muito ruins. Até a hegemonia na Itália o clube de Turim perdeu com Cristiano Ronaldo no time.

Ronaldo é hoje muito mais problema do que solução.

O camisa 7 entra fácil na lista dos dez maiores jogadores da história. Assim como caminha para entrar na lista dos 10 finais de carreira mais melancólicos entre os maiores atletas de todos os tempos.

Mas, por sorte, ele tem uma oportunidade para mudar isso.

No próximo domingo, começa a Copa do Mundo. Se levar Portugal ao título, vai calar os críticos e ter um final de carreira épico. E aí quem sabe é hora de se aposentar.

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Paulo Cobos13 Nov, 2022

A última rodada do Brasileiro-22 deixou muitos técnicos na lista dos perdedores e um grande vencedor.

Rogério Ceni não levar o São Paulo para a Libertadores é uma vergonha. Cuca colocar o Atlético-MG na competição sul-americana no sufoco não é muito melhor. O português Luis Castro deixar o Botafogo na 11a posição depois de tanto investimento é péssimo.

Mas o argentino Juan Pablo Vojvoda fez o contrário. O Fortaleza, que gasta muito menos pagando salários do que os times do Sul e Sudeste, está na fase prévia da Libertadores, depois de ficar na zona do rebaixamento em boa parte do primeiro turno do Brasileiro. Melhor que Vojvoda no Brasileiro, apenas o campeão Abel Ferreira.

Não vão faltar oportunidades de trabalho em muitos grandes clubes para Vojvoda.

Juan Pablo Vojvoda durante Santos x Fortaleza Flavio Hopp/Flavio Hopp/Gazeta Press

O  Vasco, agora ambicioso, está sem técnico, assim como o Corinthians. Atlético-MG, Botafogo,  São Paulo e Santos podem também procurar novo treinador para 2023.

Todos eles devem procurar Vojvoda. Mas o argentino deve trocar o gigante clube cearense por um desses grandões no papel?

Eu, se fosse ele, pensaria muito em deixar o Fortaleza por um desses grandes (muito mais no papel que na realidade).

Sem levar em conta dinheiro, Vojvoda só pode trocar o Fortaleza por um novo clube se receber propostas de Atlético-MG e Corinthians. No resto, deve ignorar outros grandes. O Fortaleza hoje é muito melhor.

Paulo Cobos11 Nov, 2022

Sergio Ramos tem 36 anos, três a menos do que Daniel Alves. Depois de seguidas contusões, voltou à boa forma e é titular absoluto no PSG, um dos maiores times do mundo. Daniel Alves passou as últimas semanas treinando na equipe B do Barcelona depois de modesta passagem pelo futebol mexicano.

Sergio Ramos é tão líder quando o lateral brasileiro. Os dois ganharam dezenas de títulos, mas só o espanhol já sabe o que é conquistar uma Copa do Mundo.

Em menos de duas semanas, Daniel Alves estará disputando a Copa do Mundo do Qatar pela seleção brasileira. Para Sergio Ramos, vai restar torcer por seus compatriotas.

Sergio Ramos após jogo entre Espanha e Kosovo, em 2021 Jose Breton/Pics Action/NurPhoto via Get

Nesta sexta-feira, Luis Enrique, o técnico do time espanhol, anunciou os 26 convocados para a Copa sem o zagueiro que foi uma lenda do Real Madrid. Isso em uma lista com veteranos que há muito tempo não brilham, casos de Alba e Busquets, do Barcelona, e Koke, do Atlético de Madrid.

Deixar um Sergio Ramos saudável fora da Copa do Mundo é um erro absurdo, imperdoável.

Já defendi que é o maior zagueiro da história. Leiam bem: o maior, não o melhor.

Abrir mão da sua experiência, liderança e categoria não faz sentido algum.

Tite foi detonado por convocar Daniel Alves, pela pobreza técnico do lateral nos últimos tempos. Imagine se pudesse convocar Sergio Ramos para o Brasil. Dava a ele até a tarja de capitão.

Paulo Cobos10 Nov, 2022

Para quem defende o fim dos pontos corridos no Campeonato Brasileiro e a volta do mata-mata, a edição 2022 da principal competição do país é um prato cheio.

Todo mundo sabia que o Palmeiras seria campeão 2 meses antes do fim do torneio. A luta contra o rebaixamento, que quase sempre empolga, tem o risco de chegar na última rodada já definida: ainda assim, pelos critérios de desempate, a chance do Atlético-GO se safar e o Cuiabá cair é mínima.

Emoção apenas na disputa pelas (muitas) vagas na Pré-Libertadores.

Juventus x Flamengo, jogo que não valia nada pelo Brasileiro Marcelo Cortes/Flamengo

Chatice parecida aconteceu apenas em 2019, quando o Flamengo disparou, mas ainda teve o drama do Cruzeiro lutando, de forma fracassada, contra o rebaixamento até a última rodada.

É fácil usar o que aconteceu em 2022 para defender o fim dos pontos corridos. Mas antes é preciso reconhecer o que acontece com o Campeonato Brasileiro.

Começando pela disputa do título. O fato é que o país tem hoje dois clubes muito acima dos outros. Acabou a história que o Brasil tem "13 clubes brigando pelo título". Alguém duvida que Flamengo e Palmeiras também seriam favoritos no sistema de mata-mata?

O prêmio milionário da Copa do Brasil faz muitos clubes colocarem o torneio acima do Brasileiro, uma distorção sem sentido. A obsessão pela Libertadores até de clubes com chances remotas de ser campeão da América também atrapalha o Nacional.

Em 2022, nunca houve tantos grandes na Série B: Bahia, Cruzeiro, Grêmio, Sport e Vasco a disputaram nesta temporada.

O calendário abreviado por causa da Copa do Mundo foi outro fator para esvaziar o Brasileiro.

Pontos corridos é o sistema de disputa consagrado há décadas onde o futebol de elite é praticado. Não faz sentido o Brasil abandoná-lo por que algumas temporadas são chatas.

Ou você imagina a Espanha adotando o mata-mata por que Barcelona ou Real Madrid sempre são campeões? Ou a Alemanha pelo predomínio total do Bayern?

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Paulo Cobos09 Nov, 2022

O São Paulo ficou em 2022 no "quase" no Paulista e na Copa Sul-Americana, em que foi vice-campeão. Na Copa do Brasil, "quase" chegou na final. A vaga na Libertadores via Brasileiro também caminha para o "quase": só um milagre classifica o time depois da derrota para o Internacional nesta terça-feira.

O saldo final é mais um ano medíocre para o clube que já foi o mais invejado do Brasil.

A lista de erros que justifica tamanha mediocridade não está apenas nos jogadores do elenco caro e mediano e da diretoria, alvos da ira da torcida após a derrota para o Inter.

O técnico Rogério Ceni em partida do São Paulo no Morumbi Rubens Chiri / saopaulofc.net

Assim como o São Paulo ficou no "quase" em 2022, Rogério Ceni não consegue sair do "quase" grande treinador (até ensaiou isso com o time jogando bem em parte do ano, mas isso ficou para trás).

Com qualidades únicas para entrar na galeria dos técnicos top do Brasil, mais uma vez ele se perdeu nos erros de sempre na sua nova carreira.

Administração ruim do elenco, "trabalho autoral" em excesso, substituições ruins.

O São Paulo fracassou em 2022 também por culpa de Rogério Ceni. É injusto colocar toda a culpa nos jogadores e nos desastrados cartolas do Morumbi.

E vale o treinador refletir. O São Paulo um dia, ainda que demore, vai deixar de ser o time do "quase" e voltar a ser campeão. Se não mudar alguns conceitos, Rogério Ceni pode não ter essa oportunidade.

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Paulo Cobos08 Nov, 2022

Em junho passado, quando Daniel Alves estava sem clube, escrevi que Tite levaria o lateral-direito para a Copa do Qatar até se ele escolhesse o Íbis, o time pernambucano que se diz o "pior do mundo". 

Meses depois, depois de uma passagem sem brilho pelo futebol mexicano e treinando no time B do Barcelona, Daniel Alves efetivamente foi convocado.

Não acho tão absurdo assim sua convocação. A lateral direita é um deserto de talento no futebol brasileiro. Em seleções, Daniel Alves sempre exerceu uma liderança positiva. Em uma Copa com 26 convocados, é possível se dar ao luxo de chamar alguém para ser uma boa influência no grupo.

Tite e Daniel Alves durante Brasil x Peru, pela final da Copa América 2019 Lucas Figueiredo/CBF

Mas acho que Tite e eu somos minoria nesse assunto.

Nesta segunda-feira, na entrevista que concedeu após anunciar sua lista, o treinador da seleção foi questionado sobre a forte rejeição da convocação de Daniel Alves no Twitter. 

Na visão do treinador, o universo de pessoas nesta rede social não é suficientemente grande para tirar uma amostra verdadeira de quem apoia e de quem reprova a convocação de Daniel.

"Que referência é o Twitter, com (relação aos) milhões de torcedores que temos (no Brasil)? Não vim aqui para agradar mídias sociais. É um publico que não sei o percentual que é do total", apontou.

"Nosso papel é passar informação, opinião é de cada um. Mesmo essa parcela (das redes sociais) que é diminuta. Respeito...", complementou.

Concordo 100% com Tite que rede social nem sempre reflete mesmo a opinião de uma população toda.

Mas, assim como tinha certeza da convocação de Daniel Alves, tenho convicção que Tite não suportaria ver o resultado de uma pesquisa de um instituto sério (eles existem) sobre a opinião dos brasileiros sobre o lateral na sua lista.

Com qualquer margem de erro, a rejeição ao jogador seria maioria.

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Paulo Cobos07 Nov, 2022

Tite deixou de fora da Copa o melhor jogador do futebol brasileiros nos mais de quatro anos do ciclo entre os Mundiais da Rússia e do Qatar.

Em uma lista com 26 convocados e nada menos do que nove atacantes, é uma injustiça deixar Gabigol fora dela.

Contando jogos pelo Santos, Flamengo e pela própria seleção, o jogador do Flamengo marcou nada menos do que 151 gols depois da Copa de 2018. Nenhum dos atacantes chamados por Tite marcou tantas vezes nesse período.

Gabigol gesticula durante Atlético-MG x Flamengo pela Supercopa do Brasil Marcelo Cortes / Flamengo

E nem vale dizer que ele só brilhou por jogar no estrelado time do Flamengo. Gabigol foi o artilheiro do Brasileiro de 2018 com o Santos.

Ele fez gols em três finais de Libertadores. Nesta temporada, se sacrificou para que enfim Pedro pudesse ser titular no Flamengo. E, jogando mais fora da área, mostrou categoria como assistente.

É fato que nas chances que Tite deu a ele na seleção, Gabigol não foi o mesmo jogador. Mas também é verdade que ele não teve uma sequência mais duradoura.

Tite nunca mostrou entusiasmo com Gabigol. Ao deixá-lo fora da Copa, também parece ignorar o que aconteceu no futebol brasileiros nos últimos 4 anos e meio. 

Paulo Cobos04 Nov, 2022

“Há muito tempo tenho tanto dinheiro quanto o orçamento do Espanyol. Gosto de jogar no campo deles mais do que no Bernabéu. Fico feliz quando o Espanyol sobe à primeira divisão para poder jogar lá. Adoro ir lá, entrar no gramado, ser vaiado. Você ri e eles se irritam ainda mais. Não há nada assim no mundo. Eu diria que é melhor do que sexo.”

Esta frase define muito da carreira de Gerard Piqué, o zagueiro ídolo do Barcelona que anunciou sua aposentadora nesta quinta-feira.

Um gigante dentro do campo antes da decadência recente que fez abandonar os gramados, o zagueiro não entrou para a história do clube catalão apenas pelo que jogou.

Piqué celebra título da Uefa Champions League na temporada 2008/2009 Getty Images

Piqué está em qualquer lista dos maiores jogadores do  Barcelona também pelo poder que teve de enfurecer tanta gente fora do clube.

Sua frase do primeiro parágrafo deste texto foi sobre o Espanyol, um rival de cidade, mas insignificante comparado com o Barcelona.

No campo do Espanyol, Piqué ouviu gritos canalhas da torcida, antes e depois de ironizar várias vezes o clube.

Por quase 15 anos, o zagueiro enfrentou o Real Madrid, eterno rival do Barcelona, batendo boca com os rivais, reclamando das arbitragens (muitas vezes sem razão), fazendo o trabalho sujo de pressionar esses mesmos árbitros e exaltando o orgulho nacionalista catalão.

Esse sentimento nacionalista fez até ele ser vaiado em jogos e treinos da seleção espanhola dentro do próprio país, mesmo tendo sido um dos heróis da conquista da Copa do Mundo de 2010 e sempre defendendo a camisa vermelha de forma exemplar.

Seus bate bocas com a imprensa de Madrid foram épicos, assim como seus duelos com Sérgio Ramos, seu inimigo maior no Real Madrid, mas com quem formou dupla de zaga história na seleção.

Ao anunciar sua aposentadoria, Piqué disse uma das belas frases que já ouvi no futebol: "Quando pequeno não queria ser jogador, queria ser jogador do Barcelona".

Faz todo sentido. Para Piqué, futebol sempre foi defender as cores do Barcelona. E para isso criou uma lista imensa de inimigos no futebol.

Piqué encerra um ciclo do Barcelona! Paulo Calçade analisa aposentadoria do zagueiro: 'Resolveu parar por cima'          

Paulo Cobos03 Nov, 2022

Abel Ferreira chegou ao Palmeiras em novembro de 2020. Com apenas dois anos de trabalho, tem agora, com a conquista do Brasileiro-22 sacramentada nesta quarta-feira, seis títulos com o alviverde.

E o portfólio é variado: além do Nacional, são duas Libertadores, uma Copa do Brasil, um Paulista e uma Recopa Sul-Americana.

O tamanho da façanha do clube sob o comando do português fica evidente comparada com o que acontece nos últimos anos com os maiores rivais do Palmeiras.

Abel Ferreira durante a festa do título do Brasileirão conquistado pelo Palmeiras Cesar Greco/Palmeiras

Para somarem juntos os seis títulos de Abel em dois anos, Corinthians, São Paulo e Santos precisam dos resultados das últimas sete temporadas.

Desde 2016, o trio foi campeão seis vezes, e basicamente no esvaziado Campeonato Paulista. O Santos ganhou o Estadual em 2016. O Corinthians foi tricampeão entre 2017 e 2019. O São Paulo venceu em 2021.

Fora o Paulista, só o Brasileiro de 2017 do Corinthians.

O mais triste para os rivais estaduais do Palmeiras é saber que o abismo pode aumentar.

Com finanças em ordem, mais receitas com conquistas de títulos e com a chegada de Endrick, o alviverde esbanja fôlego e só tem rival no Brasil fora do Estado de São Paulo.

No curto e médio prazo, Corinthians, São Paulo e Santos não têm como competir de forma consistente com o Palmeiras.

Só podem fazer gastando o que suas finanças não permitem. E contratar jogadores nem pode resolver, pela liderança palmeirense em estrutura e organização.

Gastar de forma irresponsável pode criar uma ilusão passageira. Melhor que isso é trabalhar muito para competir de igual para igual com o Palmeiras com as mesmas armas: cofre cheio e organização.

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Paulo Cobos02 Nov, 2022

O torcedor brasileiro, definitivamente, não tem paciência com seu time de coração.

Basta fazer uma pesquisa rápida para fazer a lista de quais jogadores e treinadores ouviram a torcida "gritar time sem vergonha" em jogos da temporada 2022.

Como ponto de partida, vamos usar a lista dos fundadores do Clube dos 13, que inclui os grandes de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e mais o Bahia.

Apenas dois não tiveram que ouvir o nada agradável "time sem vergonha": o Palmeiras de Abel Ferreira e o Cruzeiro de Paulo Pezzolano.

Não sem motivos. O alviverde tinha o crédito de duas Libertadores conquistadas seguidas, e fez outra temporada vitoriosa, com os títulos do Paulista, da Recopa e o Brasileiro que pode confirmar já nesta quarta-feira.

O Cruzeiro do técnico uruguaio fez campanhas dignas no Mineiro, na Copa do Brasil e conseguiu o acesso à primeira divisão com campanha arrebatadora na Série B.

Paulo Sousa comandando o time do Flamengo Marcelo Cortes/Flamengo

Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Corinthians, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Santos, São Paulo e Vasco foram alvos do "time sem vergonha" em algum momento do ano.

Olhando a temporada como um todo, com os títulos da Copa do Brasil e Libertadores, parece absurdo saber que o estrelado time do Flamengo foi chamado de "sem vergonha". Mas, nos tempos sob o comando do português Paulo Sousa, era mesmo.

O Atlético-MG, seja com o Turco ou com Cuca, foi mesmo um time "sem vergonha" o ano todo pela força do seu elenco.

O corintiano ofendeu seus jogadores após uma derrota para o clássico contra o Palmeiras e empate contra o Always Ready na Libertadores. Mesmo sem empolgar e nada ganhar, "time sem vergonha" foi um exagero, assim como no caso do Fluminense, que ganhou o Carioca com Abel Braga e fez campanha brilhante no Brasileiro sob o comando de Fernando Diniz.

Bahia, Grêmio e Vasco, que sofreram ou sofrem em boa parte da Série B, contra rivais economicamente muito mais frágeis, mereceram ouvir o grito.

Rogério Ceni fez até mais do que o elenco do São Paulo permitia. Mas entendo o torcedor tricolor chamar o time de "sem vergonha" após perder a final da Copa Sul-Americana para o Independiente del Valle.

O torcedor do Internacional vai terminar o ano orgulhoso com o provável vice-campeonato brasileiro, mas estava certo de xingar o time após ser eliminado pelo modesto Melgar na Sul-Americana.

No caso do Santos, até a diretoria do clube deve concordar que a qualidade do elenco do clube não é das melhores.

O último a ouvir o "time sem vergonha" das arquibancadas foi o Botafogo do português Luís Castro, na derrota para o Cuiabá nesta terça-feira que deixou o time longe de uma vaga na próxima Libertadores.

O caso do alvinegro carioca explica bem  a falta de paciência da torcida. Praticamente da noite do dia, o time passou a ser propriedade de um milionário que começou a torrar uma fortuna na contração de jogadores.

Os resultados não chegaram e o time virou "sem vergonha". Não é fácil entender as arquibancadas mesmo.

Leila Pereira revela planejamento do Palmeiras para 2023, mas avisa: "Não serão feitas grandes alterações'          

Paulo Cobos01 Nov, 2022

Daniel Alves perdeu a chance de jogar a Copa da Rússia, em 2018, por uma contusão. Agora, aos 39 anos, tem no Qatar a última chance de disputar um Mundial, rara competição que nunca conquistou.

Longe dos tempos em que era o melhor lateral-direito do mundo, Daniel trabalha duro para entrar na lista de 26 convocados que será anunciada por Tite na próxima segunda-feira.

Depois da sua desastrosa passagem pelo São Paulo, poderia ter ido faturar muito dinheiro em um país onde se paga muito, mas o futebol é invisível para quem planeja jogar pele seleção brasileira.

Tite e Daniel Alves durante partida da seleção brasileira Lucas Figueiredo/CBF

Foi para o competitivo futebol mexicano. Com seu time eliminado, não ficou parado, e pediu para fazer toda a rotina de treinamentos do time B do Barcelona.

O esforço de Daniel Alves comove muito mais a Tite e sua comissão técnica.

Como relatou o correspondente da ESPN na Espanha, Gustavo Hofman, o trabalho do lateral nos treinos do time B do clube catalão "causou boa impressão" nos membros da comissão técnica da seleção que o visitaram em Barcelona.

Pelo que produz em campo, não existe justificativa alguma para Daniel Alves ser convocado para uma Copa do Mundo. Mas ele sempre foi um homem de confiança de Tite. Seu suor no México ou no time B do Barcelona pode ser a senha para ele estar no Qatar.

Paulo Cobos29 Oct, 2022

O Flamengo é tricampeão da Libertadores. Com a vitória sobre o Athletico-PR neste sábado,  o rubro-negro se iguala a Grêmio, Palmeiras, São Paulo e Santos como o clube brasileiro mais vezes vencedor da América.

Clube mais popular do país, o Flamengo chegou em um patamar único no futebol do país.

De piada há 10 anos por suas dívidas e resultados desastrosos, o time carioca viveu uma transformação que o colocou como o clube mais rico da América do Sul, se dando ao luxo de pagar 15 milhões de euros por um jogador que é reserva do time de Dorival Jr. (Cebolinha).

Gabigol marca para o Flamengo na final da Copa Libertadores 2022 Getty Images

Só o Palmeiras hoje é capaz de encarar o Flamengo nas finanças e em campo, mas acredito que nos próximos anos a diferença de faturamento entre os dois vai aumentar.

Todos os outros grandes do país vão precisar de anos de trabalho bem feito para poder competir de fora duradoura com o Flamengo, que ainda assim vai ter a vantagem da sua torcida gigantesca para seguir mais rico.

Evidente que trapalhadas de cartolas (elas seguem existindo) podem atrapalhar, mas a qualidade do elenco vai colocar o rubro-negro como favorito em todas as competições que disputar por anos.

O Flamengo só tinha uma Libertadores, conquistada em 1981 com o esquadrão comandado por Zico.

Agora, está no topo do ranking dos brasileiros campeões da competição. A questao não é "se" o rubro-negro vai se isolar como o líder isolado. Mas "quando". 

Paulo Cobos28 Oct, 2022

Em 2012, o Athletico-PR estava na Série B do Brasileiro. O Flamengo terminava a primeira divisão em uma modesta 11ª posição.

A dívida do gigante carioca era de R$ 804 milhões, a maior do país. No ano anterior, 2011, Flamengo era apenas o quinto no ranking de receitas dos clubes brasileiros. 

Também em 2011, o Athletico-PR tinha apenas a 14ª maior receita dos times nacionais (atrás do rival Coritiba), com déficit de quase R$ 5 milhões.

Pule para 2021.

Lance de Athletico-PR x Flamengo, pela Copa do Brasil Marcelo Cortes/Flamengo

O Flamengo é agora o clube mais rico do país, o único com receitas que ultrapassam R$ 1 bilhão. O superávit também é o maior do Brasil (177,6 milhões). A dívida caiu pela metade, e hoje é apenas a 11ª maior do país.

As receitas do Athletico-PR quase quadriplicaram em relação a 2011. No ano passado, o clube teve lucro de R$ 66 milhões, o quinto maior do Brasil. O estádio do clube é uma joia, assim como já era seu centro de treinamento.

Neste sábado, os rubro-negros do Rio e de Curitiba decidem a Libertadores-22.

Para muitos torcedores rivais, é uma decisão que exala antipatia. Não sem razão. Cartolas dos dois clubes tomam decisões egoístas, muitas vezes mesquinhas e que afetam até os seguidores de seus próprios clubes.

Mas quando a bola rolar, para um rival de bom senso o sentimento sobre Athletico-PR e Flamengo é muito mais de inveja do que antipatia.

Os dois foram os clubes que fizeram o melhor trabalho de longo prazo entre o fundo do poço e a final de uma Libertadores. 

E com as próprias pernas. O Palmeiras também é hoje uma administração invejável, mas contou com a ajuda de empréstimos camaradas do ex-presidente Paulo Nobre e do patrocínio milionário das empresas de Leila Pereira, a atual presidente.

Athletico-PR e Flamengo é a final de quem trabalhou bem para chegar no jogo mais importante que pode existir para um clube brasileiro.

Flamengo 'favoritaço' contra Athletico-PR? Quem será o herói do título? Veja os palpites para final da Libertadores          

Paulo Cobos27 Oct, 2022

Abel Ferreira será campeão brasileiro com o Palmeiras. Mas Cuca, que trocou farpas com o português nas quartas de final da Libertadores, escolheu outro treinador como o melhor do Brasileiro.

Após o empate do seu Atlético-MG contra o Fortaleza, Cuca disse que vai votar no argentino Juan Pablo Vojvoda, o comandante do time cearense, como o melhor treinador do Campeonato Brasileiro.

"Você vê um Fortaleza que no primeiro turno todos apontavam como um condenado à segunda divisão e tem uma recuperação fantástica como foi feita. Quando vier a votação do treinador (melhor treinador da Série A), já tenho meu voto, que é do Vojvoda, por tudo que ele fez, com a condição que não é a mesma de muitas equipes. O trabalho que ele está fazendo é maravilhoso", disse Cuca.

Não votaria em Vojvoda para melhor técnico do Nacional de pontos corridos. Mas, se houvesse no Brasil uma lista como a da revista inglesa 'FourFourTwo' dos melhores técnicos dos últimos 12 meses, o argentino seria meu escolhido.

Juan Pablo Vojvoda, técnico do Fortaleza Vinicius Palheta / Fortaleza EC

A revista que foi detonada por colocar Cristiano Ronaldo na frente de Pelé na lista de melhores de todos os tempos, tem critérios interessantes para ranquear o trabalho dos treinadores.

"Habilidade, é claro, assim quanto sua equipe conquistou nos últimos 12 meses, levando em conta os recursos disponíveis para cada treinador".

Vojvoda tem resultados espetaculares no time cearense. 

Nos últimos 12 meses, o Fortaleza terminou o Brasileiro de 2021 na quarta colocação. Foi campeão do Cearense e da Copa do Nordeste em 2022. Foi até as oitavas de final da Libertadores. Agora, com uma reação espetacular, novamente luta por vaga na Libertadores via Brasileiro.

Sobra "habilidade" para o argentino. Seu Fortaleza é um time que joga um futebol moderno, agradável de se assistir.

E, fechando o "critério FourFourTwo', faz tudo isso com "recursos disponíveis" muito mais modestos que da maioria dos times grandes do Sul e do Sudeste.

O Grêmio jogou a Série B em 2022. Corinthians e São Paulo não ganharam nada. O Botafogo gastou uma fortuna. Todos esses times têm elencos mais caros e qualificados que o Fortaleza. 

Curioso para saber o que faria Vojvoda em um elenco mais estrelado que o do Fortaleza.

Paulo Cobos26 Oct, 2022

Ele só tem 16 anos. Mas não existe dúvida: o atacante palmeirense Endrick, que nesta terça-feira marcou seu primeiro gol como profissional, é um fenômeno. 

E ele tem uma grande vantagem. É um fenômeno em uma época que um jogador como ele tem total controle da sua carreira, escolhendo em que time vai jogar.

Se eu tivesse o poder de fazer um roteiro ideal para Endrick, não teria dúvidas de como ele seria.

A alegria do menino Endrick Fabio Menotti / Palmeiras

O atacante não pode jogar em outro país até completar 18 anos, o que acontecerá em 2024. Mas ele tem contrato até 2025.

Endrick, no meu filme, ficaria no Palmeiras até 2025, arrebentando com gols e títulos e sob o comando de Abel Ferreira, que mais uma vez prova que estava certo com os cuidados para colocar o garoto no time.

O próximo passo seria o mais importante da sua vida.

A joia palmeirense tem metade dos gigantes europeus a seus pés. O ideal seria o Palmeiras conseguir vendê-lo agora pelo valor cheio da multa rescisória, de 60 milhões de euros, e ficar com ele até 2025.

Mas quem vai escolher seu próximo clube é Endrick.

Se fosse ele, não teria dúvida de qual seria.

Nada de PSG, com sua bagunça, seus egos inflados e a pouca competividade do Campeonato Francês.

O Barcelona até seria sedutor, mas é no outro gigante espanhol que está o melhor destino para Endrick.

Em 2025, Benzema vai completar 38 anos e a camisa 9 do Real Madrid, o maior clube do mundo, provavelmente estará disponível (não acredito na história que Haaland vai trocar o City pelo Real ao final de seu contrato).

Em três anos, Vinícius Jr. terá só 25 anos e Rodrygo. 24. Os dois provavelmente estarão no auge de suas carreiras na Europa. Endrick formaria com eles um trio 100% brasileiro, assustador para os adversários. 

A seleção brasileira também agradeceria. 

Gol do Palmeiras! Gustavo Gómez aproveita cobrança de escanteio, cabeceia e marca contra o Athletico-PR          

Paulo Cobos25 Oct, 2022

A Libertadores-22, que será decidida no próximo sábado (dia 29), terá Athletico-PR ou Flamengo como campeão. O Palmeiras pode conquistar o Brasileiro-22 já nesta quarta-feira (de qualquer forma a taça é questão de dias).

A definição das duas competições mais importantes para o futebol brasileiro deixa uma coisa coisa ainda mais evidente: se título é o que vale, o país tem hoje apenas quatro clubes grandes.

Os números são claros. Desde 2019 e depois do desfecho da Libertadores e do Brasileiro de 2022, serão 18 títulos de competições nacionais ou internacionais conquistados por times do país.

Hulk (Atlético-MG), Rony (Palmeiras), Vítor Roque (Athletico-PR) e Pedro (Flamengo) Fernando Moreno/AGIF | Divulgação/Palmei

Todos os 18 terão apenas quatro times como campeões: Atlético-MG, Athletico-PR, Flamengo e Palmeiras.

O Athletico-PR ganhou a Copa do Brasil de 2019 e a Sul-Americana de 2021. Agora, pode levar a Libertadores. O time também conquistou a Sul-Americana de 2018.

Com o Brasileiro-22, o Palmeiras vai para seu quinto título desde 2019: além do Nacional, duas Libertadores, uma Copa do Brasil e uma Recopa. Antes, também havia conquistado o Brasileiro de 2018.

O Flamengo acumula sete troféus no período: uma Libertadores, dois Brasileiros, uma Copa do Brasil, uma Recopa e duas Supercopas. A Libertadores-22 pode ser o oitavo.

Por fim, o Atlético-MG levou o Brasileiro e a Copa do Brasil de 2021 e a Supercopa desta temporada.

Do quarteto que domina o futebol brasileiro nos últimos anos, só o Atlético-MG não parece ter fôlego para estender o domínio por muito tempo. O time mineiro continua ancorado no dinheiro de seus mecenas, e eles dão sinais que logo vão deixar o clube andar com suas próprias pernas.

Athletico-PR, Flamengo e Palmeiras chegaram onde estão por que são muito mais competentes que os outros grandes brasileiros.

Os rivais vão ter que correr atrás para os três não monopolizarem os títulos nacionais e sul-americanos nas próximas décadas.

Prefeita de Guayaquil amolece com gesto do Flamengo e revela torcida para equipe carioca na final da Libertadores          

Paulo Cobos24 Oct, 2022

Marcelo Gallardo passou sete dos seus oito anos no River Plate acumulando taças: foram 14 títulos até o ano passado, incluindo duas Libertadores.

Em 2022, na sua temporada de despedida do clube (ainda não anunciou seu destino), acumulou fracassos. Não passou das oitavas de final da Libertadores. Foi eliminado pelo modesto Patronato na Copa Argentina.

Neste domingo, fez seu último jogo no comando do clube, na última rodada do Campeonato Argentino, com o River já sem chance de título.

Marcelo Gallardo durante partida do River Plate EFE/Juan Ignacio Roncoroni

Mas foi neste dia que Gallardo deu uma aula de caráter para colegas treinadores de todo o mundo.

O Boca Juniors, o eterno rival do River, precisava da ajuda do time de Gallardo para superar o Racing e ser campeão.

O Racing era justamente o adversário do River na rodada derradeira. 

E nada de entregar o jogo. O River ganhou o jogo, o Boca, que só empatou, foi beneficiado e a taça foi para a Bombonera.

Depois do jogo, Gallardo falou com a imprensa e suas palavras deveriam ser eternizadas.

“Entendo se houver torcedores do talvez zangados ou frustrados, mas acho que o de hoje foi a forma que temos de representar e transmitir certos valores. Mais além de ganhar ou perder, deixa a nossa dignidade salva. Acho que isso tem muito valor. Sim, estou feliz e muito orgulhoso, mais além de ter beneficiado nosso eterno rival. É um orgulho ter essa paz interior. Além de não ter tido um bom ano no futebol, tivemos um processo enorme, com muitas coisas bonitas vividas. E para fechar dessa forma, onde não tínhamos nada em jogo, mas tínhamos que proteger nossa integridade, dignidade e valores. Então estou muito feliz com tudo isso", falou o treinador, para depois fazer um paralelo com o que acontece na Argentina fora do futebol. 

“O que eu gostaria de destacar é que em um país onde tudo se suspeito de tudo, onde tudo é cruzado, onde tudo é tão mesquinho e parece até carecer de valores, pensamos que do futebol às vezes você tem a possibilidade de semear sementes que signifiquem que você pode ter respeito e dignidade pela profissão e pela paixão que esse esporte gera em nós.”

Isso vale para a Argentina. Para o Brasil. E para a maior parte do mundo.

Paulo Cobos21 Oct, 2022

Em 13 temporadas no Chicago Bulls, Michael Jordan disputou 930 jogos da fase regular da NBA. Em apenas 11 foi reserva (todos no seu segundo ano da liga, quando sofreu grave contusão).

Quando já era o melhor jogador da história, tinha seis títulos e estava aposentado, Jordan resolveu defender o Washingotn Wizards, com 38 anos.

No mediano time da capital americana, disputou 142 partidas. Ele seguia sendo ótimo, com média de mais de 20 pontos. Mas ainda assim aceitou sem problemas começar 22 jogos no banco de reservas.

Na temporada 2002/2003, topou ser o "sexto homem", ou o principal reserva da equipe.

Depois de 15 jogos nessa condição, com o time cheio de contusões e ele atuando bem, voltou a ser titular, e acabou disputando todos os 82 duelos da temporada.

Erik Ten Hag orientando Cristiano Ronaldo em partida do Manchester United EFE

Cristiano Ronaldo tem 37 anos, ou apenas um a menos de quando Jordan foi para os Wizards.

Mas o craque português não quer nem saber de esquentar o banco no Manchester United. Na última quarta-feira, deu um chilique ao se recusar a entrar no jogo contra o Tottenham nos acréscimos e foi punido ficando fora do jogo contra o Chelsea.

O comportamento dos dois mostra que Ronaldo é sim um dos melhores do futebol da história, mas nunca será como Michael Jordan, o maior de todos os tempos do basquete.

Não só por ter menos talento, mas também pelo triste final de carreira, jogando pouco e só arrumando confusão no Manchester United.

Mas o time inglês também tem culpa.

Assim como Cristiano Ronaldo não é Michael Jordan, futebol não é basquete.

No esporte da bola redonda, é possível ser estrela começando no banco de reserva. No futebol, isso é papel para coadjuvantes.

E não é preciso ser um grande especialista para ver que Cristiano Ronaldo não nasceu para ser coadjuvante. O Manchester United deveria saber disso. E ter se livrado do português antes do começo da temporada.

Ronaldo não tem bola mais para ser titular de um gigante europeu. Colocá-lo no banco é garantia de problemas.