O que poderia ser feito para evitar a falta de água?

O destino da nossa água

A água é um bem cada vez mais precioso em Portugal, e as mudanças climáticas podem conduzir à escassez de água num futuro não muito distante.

A 29 de novembro de 2019, as ruas de Lisboa foram inundadas por inúmeras pessoas que exibiam cartazes a demonstrar a sua preocupação para com as alterações climáticas, no âmbito das Sextas-feiras pelo Futuro, um movimento que levou estudantes e cidadãos a procurar ações para combater as alterações climáticas. Em Portugal, existem motivos para a preocupação: trata-se de um país onde as alterações climáticas podem ameaçar seriamente a já comprometida segurança do abastecimento de água. Portugal ocupa a 41.ª posição na lista mundial de países em stress hídrico. O país utiliza mais de 40% da água que tem disponível, um valor superior àquele que está estabelecido como margem de segurança para gerir variáveis como secas e aumento da procura. Isto coloca Portugal num risco elevado de severa escassez de água— e é provável que o aquecimento global torne o país ainda mais quente e seco.

Com um clima maioritariamente ameno, Portugal regista uma precipitação anual média relativamente saudável de cerca de 900 mm. Contudo, não existe uma distribuição regular, nem pelo país, nem ao longo do ano — aproximadamente metade da precipitação em Portugal é registada durante os três meses de inverno, e sobretudo na região norte, mais húmida e fria. É possível acompanhar a transição da precipitação e verificar que o sul é mais quente, mais soalheiro, e mais seco: Braga, no norte, tem cerca de 1450 mm de precipitação, Coimbra regista 900 mm e, em Lisboa, o valor cai para 700 mm. Quando se chega ao Algarve, com o seu microclima seco e soalheiro, a precipitação anual é de apenas 500 mm. Mais recentemente, a precipitação em Portugal tem também variado bastante de ano para ano,  e os eventos extremos estão a tornar-se cada vez mais comuns.

O Sul da Europa está vulnerável às alterações climáticas, e, em Portugal, os efeitos já se fazem sentir. Por todo o país, as temperaturas têm subido, resultando em verões mais quentes, invernos mais amenos e mais noites tropicais, mais dias de verão e mais períodos quentes. Entre 1976 e 2006, a temperatura subiu, por década, cerca de 0,5ºC. Em Portugal, o abastecimento de água está também a sofrer com a diminuição de precipitação, o aumento das secas e os períodos secos mais longos; primavera, verão, outono e inverno estão mais secos, e a época de chuvas é cada vez mais curta. Até ao fim do século, Lisboa poderá ter menos 35 dias de precipitação e algumas áreas de Portugal podem tornar-se desérticas. As ondas de calor podem tornar-se mais severas e as secas mais frequentes e intensas.

  Em Portugal, as secas não são eventos desconhecidos. Ocorrem frequentemente devido a frentes subtropicais de alta pressão, impedindo que as frentes polares frias atinjam o país.  Contudo, os últimos 30 anos têm sido especialmente secos: 2004 e 2005 foram dois dos anos mais secos registados, e resultaram na mais severa seca em 60 anos. Devido a isto, foram investidos mais de 23 milhões de euros em abastecimentos de água urbanos, nomeadamente em operações nos reservatórios de água. Mesmo assim, quando a seca voltou a atingir o país em 2017, a maioria das regiões de Portugal não estava preparada. Numa altura em que 80% do país verificava condições de seca severa, as campanhas publicitárias apelavam a que a população poupasse água e que as câmaras municipais racionalizassem a utilização municipal. Foram implementadas restrições domésticas e algumas comunidades tinham de ter água potável armazenada em reservatórios.

Em 2019, 40% do território de Portugal enfrentou mais uma seca classificada como severa ou extrema. No Algarve, a seca prolongou-se até 2020, impulsionando a procura por ações urgentes para a segurança do abastecimento de água. Há apelos para que os agricultores reduzam a elevada utilização de água, assim como para a reciclagem de águas residuais, restrição da escavação de poços, construção de novas barragens, exploração de sistemas de dessalinização, restauração de infraestruturas com fugas e, de uma forma geral, para que toda a população reduza o consumo de água. Entretanto, apesar da forte precipitação em dezembro, o Algarve permanece em seca severa e extrema — e as previsões para os próximos meses, até ao final de 2020, não parecem ser animadoras.

Com as secas a tornarem-se cada vez mais comuns, o objetivo é trabalhar numa estratégia a longo prazo para aumentar o abastecimento e reduzir o consumo. Mas aumentar o abastecimento não é fácil. Uma opção é a dessalinização que transforma a água do mar em água doce, mas continua a ser dispendiosa, apesar do custo do processo de utilização intensiva de energia ser reduzido devido à eficiência melhorada e energia renovável. Outra possibilidade é a transferência de água de áreas com água abundante para regiões mais secas. O tratamento e a reutilização de águas residuais na irrigação de terrenos, jardins e campos é outra opção em análise. Estes sistemas podem revelar-se valiosos, mas outra forma de garantir a segurança do abastecimento de água em Portugal, no curto prazo, passa também pela redução do consumo da mesma.

A agricultura consome cerca de 80% da água em Portugal e a conservação neste setor é fulcral para dar resposta à crise. A irrigação é certamente necessária, e as alterações climáticas torná-la-ão ainda mais essencial, pelo que é crucial melhorar a eficiência da mesma. Esta já é uma tendência que se afasta dos tradicionais sistemas de irrigação por gravidade para uma irrigação gota a gota e por aspersão mais eficiente. Os agricultores precisam igualmente de ponderar quais as plantações que devem crescer junto de olivais, milheirais e vinhas, que atualmente consomem metade da água do setor. Também a redução do consumo de carne e opções mais conscientes podem ter um impacto positivo a nível ambiental e, consequentemente, ao nível da poupança de água.

Ao mesmo tempo que iniciativas nacionais são relevantes e necessárias, todos podemos contribuir utilizando menos água em casa. Em Portugal, são utilizados diariamente cerca de 187 litros de água por pessoa, para cozinhar, limpar, lavar, entre outros. Reduzir o consumo de água em casa é crítico e, se toda a população reduzir o seu consumo, isto fará uma enorme diferença até porque há grandes poupanças que podem ser feitas. Os avisos durante as secas anteriores alertavam para o facto das torneiras utilizarem 12 litros de água por minuto, pelo que fechá-las enquanto escovamos os dentes, nos barbeamos e lavamos pode poupar uma grande quantidade de água. Durante um duche de cinco minutos com torneira sempre aberta, gastam-se 60 litros de água. Se tomássemos duches mais rápidos e fechássemos a torneira enquanto nos ensaboamos, pouparíamos cerca de 36 litros de água. As águas residuais limpas captadas, por exemplo enquanto a água do banho aquece, podem ser utilizadas para regar plantas, fazer limpezas ou para encher os tanques de descarga das sanitas: uma descarga completa do autoclismo gasta até 15 litros.

Na lavagem da roupa, uma máquina moderna com carga frontal e eficiente do ponto de vista do consumo de água utiliza, no mínimo, 34 litros de água por carga. Fazer a lavagem apenas quando a máquina está cheia resulta numa poupança de mais de 10 litros por lavagem. Na cozinha, uma máquina de lavar loiça filtra e recicla água de forma a utilizar entre 6,5 a 12 litros de água, em comparação com cerca de 103 litros gastos para lavar a mesma quantidade de loiça à mão. Além disto, poupam-se até 38 litros de água, em média, quando não é feita a pré-lavagem da loiça antes de a colocar na máquina. Este é um hábito desnecessário, sendo que o detergente da máquina de lavar loiça é também eficaz porque as enzimas foram criadas para se fixarem às partículas de alimentos presentes na loiça suja. Na zona exterior, a captação da água das chuvas para regar jardins ajuda também a reduzir a pressão sobre os abastecimentos municipais.

Se não mudarmos os nossos comportamentos e reduzirmos o consumo de água, Portugal poderá sofrer um severo stress hídrico até 2040. Enquanto que para alguns países a escassez de água já é uma realidade, Portugal ainda tem uma oportunidade para prevenir os piores efeitos, tomando hoje medidas para garantir um futuro com água. Ao reduzirmos o desperdício de água e prometermos ter uma utilização mais sustentável a todos os níveis, podemos fazer uma grande diferença no futuro da segurança do abastecimento de água em Portugal — e mudanças de hábitos aparentemente insignificantes, mas cruciais, podem ser facilmente adotadas por todos nós, todos os dias.

O que podemos fazer para evitar a falta de água?

Instale um sistema de monitoramento de caixa de água. ... .
Nunca economize água para beber e guarde o líquido para cozinhar e consumir. ... .
Diminua a frequência de banhos. ... .
Colete água cinza de todas as maneiras possíveis. ... .
Monte um chuveiro econômico. ... .
Colete água da chuva em cisternas..

Como evitar a falta de água no Brasil?

NÃO lave calçadas e veículos sem necessidade. O ato de lavar calçadas e veículos na porta de casa é muito comum no Brasil. Contudo, esses hábitos são extremamente prejudiciais, já que água potável é desperdiçada e interfere diretamente no nível das represas.

O que você faria para que a água potável do planeta não acabar se?

Dicas Importantes de Economia Escove os dentes, faça a barba, lave louça e roupas com a torneira fechada. Economize água e energia elétrica com o tempo do banho (máximo 10 minutos) Aperte o botão da descarga somente o tempo necessário. Evite lavar garagens, calçadas com a mangueira (utilize a vassoura e baldes)

O que fazer para melhorar a distribuição de água no Brasil?

O primeiro passo é a retirada do recurso hídrico dos mananciais, que reservam água no subterrâneo (lençóis freáticos e poços profundos) e na superfície (rios, barragens e lagos). A ideia é captar dos mananciais e devolver à natureza após o cuidado necessário.