Qual a importância da inserção feminina no mercado de trabalho?

Qual a importância da inserção feminina no mercado de trabalho?

Embora as mulheres correspondam a mais da metade da população brasileira, a participação da mulher no mercado de trabalho ainda é menor do que poderia ser. No Dia Internacional da Mulher, os números mostram que deve haver cautela quando se fala em comemoração.

Nas empresas, as mulheres ocupam apenas 37% dos cargos de liderança – e esse percentual cai para 10% quando falamos das grandes corporações. Ainda pior é a constatação de que as mulheres ganham, em média, 46,7% menos do que os homens. Ou seja, há muito o que se melhorar em termos de condições e oportunidades.

O estudo Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo, realizado em 2017 pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) indicou que o aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho poderia injetar mais R$ 382 bilhões na economia brasileira, o que representaria um aumento no PIB de 3,3%.

Não é a toa que a própria OIT considera esse um dos grandes desafios a serem superados na próxima década: diminuir as desigualdades apresentando a elas oportunidades iguais. Isso passa por uma mudança cultural em muitos casos e também pela quebra de estigmas e paradigmas sob os quais as mulheres convivem há muitos anos.

É por essa razão que muitas organizações não-governamentais têm procurado conscientizar a sociedade e empresários de que os tempos são outros e não há mais espaço para atitudes discriminatórias sob nenhuma justificativa. O primeiro passo, portanto, é entender que a desigualdade no mercado de trabalho é uma realidade e identificar práticas que possam ser consideradas sexistas.

Mais do que isso, é preciso identificar quais são essas ações e tomar medidas enérgicas para combatê-las, posicionando-se contra tais atitudes e, principalmente, oferecendo aos colaboradores medidas educacionais para que eles possam, de fato, se conscientizar sobre o tema.

Melhorias nos processos seletivos e avaliações são um bom começo

A partir do momento que uma empresa inicia uma avaliação optando pela contratação de um homem ou de uma mulher, implicitamente já está ocorrendo uma seleção por conta de gênero. A busca por um novo colaborador deve observar, prioritariamente, as capacidades técnicas e pessoais dos candidatos, independentemente do sexo deles.

Qual a importância da inserção feminina no mercado de trabalho?

É por essa razão que recomenda-se o uso de avaliações mais objetivas, que de fato meçam o desempenho de um profissional sob determinadas regras. Práticas assertivas que avaliem competências em vez de gênero tendem a ser mais produtivas e mais inclusivas nesse sentido.

Apesar dos contratempos, participação das mulheres cresce

Dados do Ministério do Trabalho, baseados em pesquisas do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged) indicam que em 2007 as mulheres representavam 40,8% da força de trabalho no mercado formal, enquanto em 2016 esse número chegou aos 44%.

O crescimento é, sem dúvida, um avanço, mas os problemas que as mulheres enfrentam ainda são de ordem diferente do que os homens encontram. Muitas delas precisam conciliar o trabalho formal com as atividades domésticas e o cuidado com os filhos, ainda que sejam casadas. Além disso, pelo mesmo trabalho, recebem em média menos.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) realizada em 2015 apontou que a média de salário masculino era de R$ 2.012, enquanto a mulher tinha média salarial de R$ 1.522. É curioso notar ainda que mesmo nos casos em que a mulher tinha mais tempo de estudo a diferença salarial para menos permanecia.

Por essa razão, o Dia Internacional da Mulher deve ser encarado como uma data para reflexão sobre o tema – e não apenas como um dia no qual todas as mulheres merecem homenagens. A adoção cada vez maior de políticas de inclusão e de igualdade de gênero é, sem dúvida, o melhor dos presentes que a sociedade pode entregar a elas.

Há muito tempo já é discutido sobre a necessidade de incentivar a entrada da mulher no mercado de trabalho, de forma que possam ser ainda mais valorizadas, diminuindo a desigualdade de gênero e possibilitando que tenha mais espaços ocupados por mulheres em cargos de liderança. 

Entretanto, compreender a atuação das mulheres no mercado vai além da equidade salarial. Trata-se de um fator essencial para o progresso da sociedade e o crescimento da economia como um todo.

O assunto já é pauta global: em uma das conferências do G20, algumas metas foram determinadas para que, até 2025, a desigualdade de gêneros nas maiores economias do mundo diminua – a meta do Brasil é reduzir a diferença em 25%¹. Essa mudança poderá gerar um crescimento em milhões para a economia mundial.

Não é à toa que tem sido tema entre grandes organizações que perceberam que, para as metas serem alcançadas, é necessário investir em educação e na qualificação das mulheres, potencializando ainda mais as suas capacidades de conquistar o seu espaço. Continue a leitura e saiba mais sobre o assunto.

A importância de pensar em ações que incentivem o ingresso de mulheres no mercado de trabalho

Pensando não apenas nas vantagens no cenário econômico, o engajamento e a representatividade da mulher no mercado de trabalho podem gerar um impacto positivo, inclusive, no seu bem-estar. Trabalhar, produzir, ocupar um cargo de liderança feminina e sentir-se valorizada transformam suas vidas e as das empresas.

O relatório Women in Business and Management: The Business Case for Change (“Mulheres nos negócios e na gerência: por que mudar é importante para os negócios'')², vinculado à ONU, revela que as empresas que investem em um time mais diverso, com a forte participação feminina, experimenta melhorias na produtividade, criatividade, rentabilidade, inovação e reputação do negócio.

Como o Brasil se posiciona

Embora essa seja uma combinação poderosa para quem deseja sair à frente e se tornar mais competitivo, a realidade do Brasil ainda não é muito animadora. A edição de 2019 da pesquisa Panorama Mulher³, também realizada em parceria com a ONU, constatou que apenas 19% das empresas brasileiras confiam seus cargos de liderança a pessoas que se identificam com o gênero feminino.

Outra variação observada no mercado é que, embora a representatividade feminina no mercado de trabalho venha aumentando, o salário ainda permanece abaixo dos homens4. Entre os fatores que prejudicam a ascensão das mulheres brasileiras no mercado, os filhos ainda são uma pauta.

Ações para o ingresso de mulheres no mercado de trabalho

Uma vez que você conhece — e reconhece — a importância da representatividade feminina na liderança, é importante tomar ações para que a participação se torne realidade. Veja como incentivar esse quadro nas empresas.

Investir em programas de capacitação 

A entrada da mulher no mercado de trabalho e a possibilidade de conquistar empregos de qualidade pode sofrer a influência negativa de uma série de fatores. Pensando no contexto estrutural, mulheres acabam sendo discriminadas em vários fatores como: exercendo tarefas de cuidado não remuneradas, tendo seu processo de educação prejudicado, impotência para conseguir equilibrar trabalho, família e vida pessoal.

Como você também viu anteriormente, os papéis de gênero — como a maternidade — afetam diretamente a restrição das oportunidades de trabalho relevantes para as mulheres.

É evidente que a mulher não está entre um grande número de profissionais em determinadas áreas do mercado de trabalho. Por exemplo, as mulheres representam apenas 19% dos profissionais da área de programação em empresas de tecnologia. Assim como a ocupação de cargos de liderança também é menor quando comparada aos homens. 

É importante que empresas busquem desenvolver projetos, cursos e treinamentos destinados às mulheres, de forma que capacitem tanto mulheres que já fazem parte do seu quadro de colaboradores, quanto aquelas que buscam o seu lugar no mercado de trabalho.

Desenvolver esse tipo de conduta favorece a redução da desigualdade de gênero. Além disso, para a empresa pode ser um momento de reflexão sobre sua política interna e uma oportunidade de melhoria da sua imagem como marca empregadora.

A Catho e a Let’s Code, por exemplo, estabeleceram uma parceria em um projeto chamado Devel{as}, com o objetivo de favorecer o desenvolvimento do público feminino nas áreas de programação. 

Como esse setor é amplamente dominado por homens, são oferecidas 25 bolsas de formação exclusivas para mulheres maiores de 18 anos, para se profissionalizarem em desenvolvimento Web Full Stack de forma 100% gratuita. E, após a finalização do curso, 15 dessas mulheres serão contratadas pela Catho.

Promover salários igualitários

Independente do gênero, o profissional com maior nível de escolaridade acaba tendo mais chances e oportunidades de inclusão no mercado de empregos. 

Mesmo de maneira pequena, a mulher tem conseguido aumentar sua inserção no mercado. Além disso, também tem acontecido uma significativa melhora entre as diferenças salariais em relação ao sexo masculino.

Entretanto, as dificuldades que existem para que mulheres cheguem aos cargos de chefia e de igualdade salarial com homens que ocupam os mesmos cargos/ocupações ainda não foram vencidas. 

Promover a mudança de políticas internas e a promoção de salários igualitário irá trazer para a empresa diversos benefícios que vão além "do básico" que seria ter uma colaboradora sendo remunerada de forma justa.

Em processos de recrutamento de novos talentos, por exemplo, o salário é um fator decisório para qualquer profissional. Para aqueles que já são colaboradores da organização é um fator de motivação, engajamento e permanência na empresa.

Adotar políticas para a igualdade de gênero 

Ter 50% de colaboradoras do sexo feminino e 50% de colaboradores do sexo masculino não significa que exista igualdade de gênero na empresa, se os cargos exercidos por mulheres ocuparem posições mais baixas do que os ocupados por homens.

As políticas de igualdade de gênero são aquelas que incluem homens e mulheres nos mesmos patamares dentro do organograma, em cargos operacionais, de gerência, de liderança, diretoria, entre outros. Não deve haver distinção. As pessoas devem ser selecionadas pelas suas soft e hard skills, por exemplo; e não pelo gênero em que se identificam.

A mulher no mercado de trabalho é um compromisso que toda empresa deve assumir com a sociedade. Não é só uma questão de impulsionar seus resultados, mas de promover uma sociedade mais justa e igualitária. 

Aproveite para saber mais sobre o Projeto Devel{as}, a iniciativa da Catho com a Let’s Code mencionada neste artigo. E fique de olho em nossas redes sociais para conhecer nossas ações.

Referência

¹BBC News Brasil

²Women in Business and Management: The business case for change

³Panorama Mulher 2019

4G1 Economia

Qual a importância da inserção de mulheres no mercado de trabalho?

A importância da mulher no mercado de trabalho Instituições que investem na presença feminina se tornam mais colaborativas no objetivo de ter uma sociedade com menor incidência de abuso e agressão contra mulheres. Além disso, as mulheres são mais da metade da população e são grandes consumidoras de produtos e serviços.

Qual a importância do trabalho das mulheres na sociedade atual?

Seu papel como ser humano acrescenta lições únicas de como enfrentar a vida de maneira valiosa e responsável. A mulher deixou de ser apenas uma figura secundária, sem direitos, à margem do grupo social e numa esfera de preconceito, para virar voz ativa e liderar campanhas em prol de um mundo justo e solidário.

Qual a valorização da mulher no mercado de trabalho?

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o aumento da participação das mulheres que não ocupam nenhuma posição no mercado de trabalho poderia injetar mais de R$ 382 bilhões na economia brasileira até 2025. Isso representaria um aumento no PIB de 3,3%.

O que falar sobre a mulher no mercado de trabalho?

Nesse contexto, o Global Gender Gap Report 2020 (Relatório Global sobre a Lacuna de Gênero), do Fórum Econômico Mundial, divulgou que o Brasil figura a 130ª posição em relação à igualdade salarial entre homens e mulheres que exercem funções semelhantes, em um ranking com 153 países.