A quem muito foi dado muito será pedido Espiritismo


A quem muito foi dado muito será pedido Espiritismo

 Tema: Capítulo18 de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” de Allan Kardec – Muitos os chamados e poucos os escolhidos, item 10  a 12: A quem muito foi dado, muito será pedido.

Nossa reflexão do Evangelho tem como ponto central para nossa instrução a chamada “Parábola do mordomo” também chamada “Parábola do servo invigilante".

Nela Jesus traz um ensinamento muito importante. Ele nos conta como funciona a JUSTIÇA DE DEUS em harmonia perfeita com a sua MISERICÓRDIA.

Nessa parábola conta que um servo que foi incumbido de administrar os bens de seu Senhor e alimentar os demais criados. Ao voltar da viagem, o patrão surpreende o servo maltratando os seus companheiros e negligenciando seus deveres. Recebeu severo castigo em açoites, pois o servo CONHECEU A VONTADE DE SEU SENHOR e a desobedeceu. Ensina ainda que outro servo na mesma condição que não conhecesse a vontade de seu Senhor e fizesse coisas DIGNAS DE CASTIGO receberia poucos açoites... POIS A QUEM MUITO FOI DADO, MUITO SERÁ PEDIDO.

Essa parábola que figura em Mateus 24:45 a 51 e em Lucas 9:39-41 – faz parte dos ensinamentos sobre a MISERICORDIA DIVINA E NECESSIDADE DE VIGILÃNCIA.

Na parábola, os dois mordomos (o que SABIA a vontade de seu patrão e o que DESCONHECIA essa vontade) representam a humanidade em diferentes estágios evolutivos.

Uns já estão CIENTES DAS LEIS DE DEUS (a vontade do Patrão) e por isso quando negligenciam o seu cumprimento “merecem muitos açoites”... (Açoites = cumprimento da Lei de Causa e Efeito).

Outros ainda estagiam nas faixas primárias do conhecimento da LEI DE DEUS, e por isso mesmo quando erram “merecem menos açoites”

Nessa história está expressa a EQUAÇÃO lógica e racional da JUSTIÇA DIVINA versus a MISERICÓRDIA DIVINA.

Nós que temos entendimento ainda bastante imperfeito da Leis de Deus não conseguimos equacionar a questão da misericórdia com a justiça que devemos observar. Cremos que os fatores são inconciliáveis, pois se EU FOR MISERICORDIOSO como poderei SER JUSTO ao mesmo tempo?

Jesus como Espírito Puro e conhecedor profundo dos atributos de nosso Pai Celestial, usa a Parábola do Mordomo Invigilante para nos mostrar como isso se resolve na perfeita harmonia das Leis que regem nossas vidas.

Ele ensina que o rigor das CONSEQUENCIAS DE NOSSOS ATOS é proporcional ao NÍVEL DE CONSCIÊNCIA que temos do erro praticado.

Os homens e mulheres que infringem a LEI DE DEUS sofrem consequências de seus atos conforme o nível de despertamento espiritual que apresentam, o que podemos chamar de ESTÁGIO EVOLUTIVO.

A QUEM MUITO FOI DADO, MUITO SERÁ PEDIDO significa exatamente que dos espíritos mais amadurecidos, mais informados e conscientes das verdades espirituais é esperado maior vigilância sobre aquilo que SABEM que já não é adequado perante a vida.

O processo de CONSCIENTIZAÇÃO da verdades espirituais é irreversível! Àquele que JÁ SABE A VONTADE DE SEU SENHOR não cabe o beneplácito do atenuante da ignorância.

Importante para todos nós que somos os modernos “Aprendizes do Evangelho de Jesus” percebermos a nossa posição em relação ao conhecimento espiritual libertador de nossas almas que ao mesmo tempo que nos liberta nos categoriza a responder à LEI sábia e justa da VIDA com maior grau de rigor e responsabilidade.

E nós já sabemos muita coisa que ao longo de nossa jornada vai nos clareando o entendimento e proporcionando adiantamento espiritual relativo perante aqueles que desconhecem a existência de Deus e – por isso mesmo – ainda são situados no atenuante do “mordomo ignorante” da parábola, que cometeu faltas dignas de severos castigos mas recebeu poucos açoites...

Já aprendemos que não somos apenas um corpo material. Mas sim uma alma imortal, AINDA ASSIM nos comportamos como se fossemos somente um corpo e usufruímos das coisas apenas na busca do prazer e fuga da dor, despreocupados das questões de nosso ESPÍRITO...

Já aprendemos que a LEI DE AÇÃO E REAÇÃO nos alcança a todo momento e que nossos atos ANTIÉTICOS sofrerão consequências drásticas pelos danos que causam aos demais... AINDA ASSIM vivemos competitivamente, na base do salve-se quem puder, como se a regra fosse LEVAR VANGAEM EM TUDO!

Já aprendemos que a REENCARNAÇÃO é fator de Misericórdia Divina a fim de que conquistemos, vida após vida, a perfeição relativa que nos cabe alcançar como meta espiritual. AINDA ASSIM pautamos nossa existência como se fosse a única, escravizados à ilusão de que estamos na terra para gozar, fruir, aproveitar, e não para aprender e amar, servindo uns aos outros...

Já aprendemos que ATRAIMOS companhias espirituais em sintonia com nossos hábitos, gostos e predileções, sintonizando com os anjos do amor quando perseveramos no bem ou com os gênios da escuridão, quando estacionamos no mal. AINDA ASSIM nossas atitudes e pensamentos revelam instinto exacerbado, desejos inferiores e interesses mesquinhos que nos tornam companhia favorita dos adversários do bem aos quais chamamos NOSSOS OBSESSORES...

Já temos noção de que NOSSOS FAMILIARES PROBLEMAS, nossos COMPANHEIROS DIFÍCEIS, nossos ADVERSÁRIOS ASSUMIDOS são em verdade cobradores de um passado de equívocos espirituais que hoje nos batem à porta para que com eles nos RECONCILIEMOS sem recair no jogo escravizante da agressão que a nada conduz; AINDA ASSIM fazemos o jogo da vingança, da revanche, da hostilização, penetrando-lhes a faixa de entendimento e perpetuando para o futuro novas expiações nas mesmas companhias, em situação talvez de subalternidade e domínio.

Já percebemos que a LEI DE DEUS resume-se no impositivo de AMAR AO PRÓXIMO COMO A NÓS MESMOS, conquistando méritos para que o AMOR nos chegue como socorro às nossas dores e sofrimentos tanto quanto o estendemos aos companheiros e companheiras de jornada. AINDA ASSIM nos deixamos conduzir pelas diretrizes do ORGULHO e do EGOÍSMO, desatentos de que apenas o amor nos libertará desses dois sequazes do mal que tanta desigualdade e intolerância espalha pelo mundo.

Vejamos que NÃO PODEMOS ALEGAR IGNORÂNCIA. A luz imperecível dos ensinamentos do Cristo Jesus já nos alcança e orienta os passos há dois mil anos...

A presença do ESPIRITISMO como Consolador Prometido e iluminador de nossas almas, retira de nossos olhos as escamas do fanatismo e da ignorância, revelando com clareza inconfundível a VERDADE ESPIRITUAL da vida imortal em todos os seus aspectos, com todo o seu fulgor mas também com toda as suas responsabilidades.

Poderia até nos ocorrer neste instante o pensamento: PARA QUE EU FUI ME ESCLARECER ENTÃO? MELHOR SERIA VIVER NA IGNORÂNCIA COM O ATENUANTE DO DESCONHECIMENTO DA LEI...

Reflitamos: Só porque nossos olhos de acostumaram à escuridão vamos recusar a LUZ DO SOL? Só porque nos acostumamos com a ÁGUA IMPURA E SALOBRA vamos recusar a cristalina e pura? Só porque já nos resignamos com a dor da queimadura, permaneceremos expostos à chamas do engano que ferem nosso Espírito?

Nossa aproximação do Evangelho libertador na forma da VERDADE ESPIRITUAL que consola e instrui é fator de PROGRESSO para o nosso Espírito. Não lamentemos a EVOLUÇÃO, antes a aprimoremos, buscando voluntariamente VIGIAR NOSSAS AÇÕES a fim de que consigamos cumprir os impositivos da Lei que já sabemos existirem e serem bons para nós.

Regozijemo-nos com o SABER ESPIRITUAL QUE JÁ NOS ILUMINA A RAZÃO: é possível com um pouco de coragem e valentia enfrentar desde agora as nossas IMPERFEIÇÕES MORAIS que nos tem feito sofrer consequências amargas no resgate das infrações que cometemos ao conjunto de DIRETRIZES ÉTCO-MORAIS que compõem a LEI DE DEUS.

Por isso mesmo Jesus deixou-nos o sublime convite no VINDE A MIM TODOS VÓS QUE ESTAIS CANSADOS E SOBRECARREGADOS QUE EU VOS ALIVIAREI... Essa promessa de Jesus se baseia no fato de que QUANTO MAIS SABEMOS DA VERDADE MAIS ESTAMOS LIVRES da ignorância que aprisiona.

A quem muito foi dado muito será pedido Espiritismo
Paulo de Tarso disse certa vez que “Quando eu era menino, falava como menino , sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino”. (ICor, 13:11) – desejando nos lembrar que as atitudes imaturas que nos marcaram o passado fazem parte da nossa INFÃNCIA ESPIRITUAL mas que agora somos ADULTOS ESPIRITUAIS e devemos por isso mesmo abandonar as coisas de menino, assumindo nossa responsabilidade de FILHOS DE DEUS e fazendo a todos o BEM que pudermos para que o BEM aja a favor do nosso BEM.

Nem sempre refletimos bastante sobre a advertência de Jesus: “A quem muito foi dado, muito será pedido” (Lc 12,48). O ser humano vive inundado nos dons divinos: a existência, a família, os amigos, as qualidades físicas, intelectuais e morais, os bens materiais, a conservação da vida, as numerosíssimas graças espirituais, o perdão diuturno, enfim, um oceano de dádivas. Não se deve desperdiçar, impunemente, tudo o que se recebe do Criador. O notável psicólogo francês René Le Senne, com muita razão, afirmou que todos possuem qualidades inestimáveis.

A má administração dessas qualidades gera os defeitos por não procurar-se o equilíbrio psicossomático. Célebre o dito de Sócrates, filósofo grego: “Conhece-te a ti mesmo”. Cada um tem um perfil caracterológico bem determinado e precisa colocar seus dotes a serviço próprio e dos outros.

Um dos mais lamentáveis erros é o da baixa autoestima, fruto da depreciação das próprias habilidades, o que concebe a inveja. Disso resulta, outrossim, a ingratidão para com Deus, não Lhe agradecendo os bens recebidos. Lembra São Tiago: “Toda dádiva perfeita vem do alto, descendo do Pai das luzes” (Tg 1,16). Eis por que diz o Livro do Eclesiastes: “Que alguém coma, beba e goze do seu trabalho é dom de Deus” […]. E quem recebeu de Deus riquezas, bens e a possibilidade de gozar deles, desfrutar-lhes a sua parte e alegrar-se entre os seus cuidados, isso também é dom de Deus! (Ec 3,13. 5,18).

A quem muito foi dado muito será pedido Espiritismo

Foto Ilustrativa: Andréia Britta/cancaonova.com

Dons do Espírito Santo

O Espírito Santo comunica carismas especiais aos seguidores de Cristo, como São Paulo enumera em suas várias cartas. O dom da profecia, que é a capacidade peculiar de denunciar os erros, o dom do serviço, do ensinamento, da coragem, da generosidade, da misericórdia, do discernimento dos espíritos. As diversas pastorais oferecem oportunidade para o exercício e desenvolvimento dessas capacidades colocadas para o bem do próximo. Cada um, além disso, tem uma vocação específica e nas diversas profissões pode e deve trabalhar para si e para os outros. Como diz o ditado, é preciso sempre “o homem certo no lugar certo”.

As capacidades humanas, porém, se desenvolvem como Deus previu para cada um, quando se confia inteiramente n’Ele, pedindo-Lhe força para bem executar as tarefas cotidianas. Cumpre fazer bem, com todo o empenho, a ocupação de cada instante e, aliás, sábia a diretriz “Age quod agis”, do poeta grego Xenofanes. Não se mede nem se avalia uma existência pelo número de anos, nem pelo período histórico, e sim pela vivência plena e intensa, repleta de ações que perenemente repercutirão. Bem afirmou Vieira: “Nem todos os anos que passam se vivem: uma coisa é contar os anos, outra é vivê-los”.

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“Que a tua vida não seja estéril. Sê útil. Deixa rasto”

As ações são, em verdade, os dias. E, é pelas ações que os anos têm valor, assim sendo, cada um se lembre de que “a quem muito foi dado, muito será pedido”. O viver em plenitude cada instante é o segredo da verdadeira vida. O importante é viver bem, cultivando os dons recebidos de Deus. Eis porque Horácio, poeta latino, lançou esta sentença: “Carpe diem, quam minimum credula postero” – aproveita o dia presente e não queiras confiar no de amanhã. Escrivá dá este conselho: “Que a tua vida não seja estéril. Sê útil. Deixa rasto”. Goethe dá o motivo: “Cada momento, cada segundo é de um valor infinito, pois ele é o representante de uma eternidade inteira”. Ideia já expressa por Apuleio: “tempus aevi imaginem” – o tempo é a imagem da eternidade.

Virgílio advertiu que não se pode dissipar o tempo: “Fugit irreparabile tempus” – foge o irreparável tempo. Razão teve Riminaldo ao escrever: “Há quatro coisas que não voltam atrás: a pedra, depois de soltar da mão; a palavra, depois de proferida; a ocasião, depois de perdida; e o tempo, depois de passado”. Tudo isso merece uma reflexão profunda, pois, cada um de nós, um dia, dará contas a Deus do tempo e das dádivas d’Ele recebidos e Jesus alertou “a quem muito foi dado, muito será pedido”.

Equipe de colunista de formação

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