Como os indígenas identificam o início de uma nova estação e como constroem seus calendários

A contagem se baseava na fundação da cidade italiana e foi instituída por Júlio César em 46 a.C. Desde essa época, ficou convencionado que o ano tinha 12 meses, com uma contagem similar à do calendário gregoriano, instituído na Idade Média e utilizado amplamente no Ocidente até hoje.

Quando se descobriu que o ano tem 365 dias?

A solução de Júlio César foi profunda. Inspirado no calendário solar egípcio, Sosígenes de Alexandria propôs que o calendário passasse a ter 365 dias e a cada quatro anos um novo dia fosse acrescentado para poder superar a diferença entre o tempo do movimento da Terra e o do calendário. Esse dia era o dia bissexto.

Quando e como o homem começou a medir o tempo?

O homem se baseava pela posição do sol para medir o tempo, no início ele se baseava de acordo com a sua própria sombra, em seguida percebeu que ao fincar uma vareta no chão, no sentido vertical, teria esse mesmo efeito. Foi a partir deste momento que surgiu o primeiro relógio, que é conhecido como Gnômon.

Quais são as formas de contar o tempo?

Para medir o tempo existem vários instrumentos, como a ampulheta e o relógio de sol. Para controlar o tempo nas competições é necessário bastante precisão, e para isso se usa um tipo de relógio especial, o cronômetro. Os relógios mais comuns que utilizamos são os de ponteiros e os digitais.

Como os indígenas organizaram a contagem do tempo?

Os povos indígenas desenvolveram uma maneira própria para fazer a contagem do tempo. ... Nele é representado como os povos que viviam no parque indígena podiam associar a passagem do tempo com os fenômenos naturais e também as atividade agrícolas que por eles foram desenvolvidas.

Como é o calendário indígena?

Um dos calendários desenvolvidos por eles é dividido em três círculos principais. O primeiro deles, no centro, considera os rituais de passagem, como benzimentos. O segundo representa o calendário agrícula, e o teceiro inclui períodos de pesca, caça de animais e coleta de insetos.

Como os indígenas brasileiros veem o céu?

O CÉU QUE SE REPRODUZ NA TERRA De acordo com Germano Afonso, entre os indígenas brasileiros o tipo mais comum de gnômon era constituído por um bloco de rocha bruta, pouco trabalhada artificialmente, com cerca de 1,5 metro de altura e com entalhes para os quatro pontos cardeais.

Como os indígenas constroem seus calendários?

Os indígenas identificam o início de uma nova estação e constroem seus calendários com base nas variações de temperatura, o comportamento dos animais (migrações), e principalmente com as mudanças na vegetação.

Como os indígenas por meio do mito percebem a passagem do tempo?

Resposta. Os povos indígenas,desenvolveram uma maneira própria de perceberem a passagem do tempo,para alguns deles,o tempo passa de acordo com o que a agricultura se relaciona e aos fenômenos naturais.

Como são feitos os rituais indígenas?

Elas são celebradas por meio do oferecimento de comida e bebida, e, às vezes, de cantos e objetos. Um exemplo de objeto presente nos rituais indígenas é o chocalho, utilizado para cura e purificação. Hoje em dia, artefatos ritualísticos também são vendidos como artesanato.

Quais são os principais acontecimentos do ano que estão representados no calendário indígena?

MÊS ACONTECIMENTO Janeiro Mês de chuvas e época das cheias dos rios. Fevereiro Época de colher milho. Março Festa do Kuarup. Abril Época de derrubada da mata para o plantio.

O que é uma calendário?

Calendário é um sistema para contagem e agrupamento de dias que visa a atender principalmente às necessidades civis e religiosas de uma cultura. A palavra deriva do latim calendarium, "livro de registro", que, por sua vez, deriva de calendae, que indicava o primeiro dia de um mês romano.

Como era o calendário Tupi-guarani?

O calendário tupi-guarani, da primitiva Cronologia dos primitivos habitantes do Brasil, era praticamente exato, por ser fruto da simples observação do céu, das estrelas. O ano tinha 365 dias, mais um quarto de dia, sem que houvesse necessidade de marcação de ano bissexto.

Como foi feito o calendário gregoriano?

O calendário gregoriano surgiu em virtude de uma modificação no calendário juliano, realizada em 1582, para ajustar o ano civil, o do calendário, ao ano solar, decorrente do movimento de elipse realizado pela Terra em torno do Sol.

Que dia é hoje no calendário gregoriano?

4 de outubro

Onde foi criado o calendário gregoriano?

Curiosidades sobre o calendário gregoriano A Turquia foi o último país a oficializar em seu território o calendário gregoriano. O fato ocorreu em 1º de janeiro de 1927. O calendário gregoriano também não é perfeito, se comparado com o ano tropical. Por isso, até 4909 nosso calendário estará adiantado em um dia.

Qual é o marco inicial do calendário gregoriano?

O calendário gregoriano começou a ser utilizado em 1582 e tem esse nome porque sua elaboração foi encomendada pelo papa Gregório XIII. Nesse calendário o marco inicial da contagem do tempo é o ano de nascimento de Jesus Cristo. 1. ... Para se referir ao ano 30 antes de Cristo, como se escreve?

Quantos anos já se passaram no calendário gregoriano?

434 anos de idade

Qual a data usada pelos judeus como marco inicial?

tebeth - começo em 26 de janeiro. shebat - começo em 26 de fevereiro. adar - começo em 26 de março. 5 dias intercalares - total de 365 dias.

Quais são os países que utilizam o calendário gregoriano?

Denomina-se calendário gregoriano o calendário promulgado pelo Papa Gregório XIII em 1582 e adotado imediatamente por Espanha, Itália, Portugal, Polónia e, posteriormente, por todos os países ocidentais.

Qual país não utiliza o calendário Gregoriano?

1 - EITÓPIA - O calendário utilizado pelo país é o ge'ez, que tem um décimo terceiro mês de cinco ou seis dias. Os etíopes estão em 2011 e entrarão em 2012 em setembro. 2 - COREIA DO NORTE - O país usa o calendário Juche desde 1997. Nessa contagem, o que importa é a data 15 de abril de 1912.

Quais países não utilizam o calendário gregoriano?

sua assinatura vale muito

  • afeganistao.
  • china.
  • Coreia do Norte.
  • Coreia do Sul.
  • etiópia.
  • israel.

Como é utilizado o calendário chinês?

O calendário Chinês combina o ciclo solar com os ciclos lunares, sendo, portanto, lunissolar. A cada 12 anos completa-se um ciclo, dentro do qual cada ano recebe o nome de um dos 12 animais correspondentes ao horóscopo chinês: rato, boi, tigre, coelho, dragão, serpente, cavalo, carneiro, macaco, galo, cão e porco.

Em que ano os chineses estão hoje?

Desde 12 de fevereiro de 2021, estamos no ano 4719 do calendário chinês, o ano do Boi.

Como é o calendário islâmico?

O calendário islâmico ou calendário hegírico é um calendário baseado no ciclo lunar e composto por doze meses de 29 ou 30 dias com um total de cerca de 354 dias. A origem deste calendário remonta à Hégira que foi a migração de Maomé de Meca para Medina, em 16 de julho de 622.

Em que ano chinês nós estamos?

O Ano Novo corresponde a 4719 e termina em 31 de janeiro de 2022. No calendário chinês, os anos são dedicados a animais - 12 -, que se intercalam: rato, boi, tigre, coelho, dragão, serpente, cavalo, carneiro, macaco, galo, cão e porco (ou javali).

Que ano do boi é esse?

Em 2021, o ano é do boi de metal. A nova figurinha do Instagram faz uma alusão à data. Que, aliás, representa um dos feriados mais importantes da Ásia. Uma boa notícia é que a crença que envolve essa tradição nos dá muitas esperanças sobre 2021.

Anais da 55ª Reunião Anual da SBPC - Recife, Julho/2003

Simpósio CONTRIBUIÇÕES NATIVAS PARA O CONHECIMENTO

CONTRIBUIÇÕES DA ASTRONOMIA INDÍGENA BRASILEIRA PARA O CONHECIMENTO

Departamento de Física/UFPR

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O objetivo desta pesquisa é mostrar como a Astronomia empírica dos índios brasileiros pode contribuir para o conhecimento formal, principalmente associando a observação do céu com o clima, a fauna e a flora de cada região.

A observação do céu esteve na base do conhecimento de todas as sociedades antigas, pois elas foram profundamente influenciadas pela confiante precisão do desdobramento cíclico de certos fenômenos celestes, tais como o dia-noite, as fases da Lua e as estações do ano. O índio brasileiro também percebeu que as atividades de pesca, caça, coleta e lavoura obedecem a flutuações sazonais. Assim, ele procurou entender essas flutuações cíclicas e utilizou-as, principalmente, para a sua subsistência.

A Astronomia envolvia todos os aspectos da cultura dos índios brasileiros. O caráter prático dos seus conhecimentos astronômicos empíricos podia ser reconhecido na organização social e nas condutas do cotidiano, servindo, por exemplo, para planejar seus rituais, para definir códigos morais, para ordenar as atividades anuais que eram correlacionadas com os ciclos da fauna e flora do lugar, bem como para planejar a época de suas plantações e colheitas. Eles avaliavam as horas do dia tendo como referencial o Sol e as da noite, a Lua e as constelações, com precisão suficiente para regularem suas viagens e seu cotidiano.

Freqüentemente, tendemos a julgar a cosmologia de outras civilizações através de nossos próprios conhecimentos, desenvolvidos predominantemente dentro de um sistema educacional ocidental. Esse conhecimento é formal porque tende a ser suportado por documentos escritos, regras, regulamentos e infraestrutura tecnológica.  No entanto, a visão indígena do Universo deve ser considerada no contexto dos seus valores culturais e conhecimentos ambientais. Esse conhecimento local se refere às praticas e representações que são mantidas e desenvolvidas por povos com longo tempo de interação com o meio natural. O conjunto de entendimentos, interpretações e significados faz parte de uma complexidade cultural que envolve linguagem, sistemas de nomes e classificação, maneiras de usar recursos naturais, rituais, espiritualidade e maneira de ver o mundo.

É evidente que nem todas as culturas atribuem igual significado a um mesmo fenômeno astronômico, considerando-se que cada tribo possui sua própria estratégia de sobrevivência, que se reflete na adequação entre as atividades de subsistência e o ciclo das estações, por exemplo. Além disso, tendo em vista que todas as tribos não dependem de suas moradias, da caça, da pesca ou dos trabalhos agrícolas da mesma maneira, as constelações sazonais, por exemplo, podem ter um significado e uma utilidade diferente para cada uma delas. Devemos separar, também, a maneira de ver o Universo dos índios que vivem no litoral daqueles que vivem no interior, bem como considerar a localização geográfica de onde são feitas as observações. Por exemplo, perto da Linha do Equador não tem muito sentido falarmos em estações do ano em função da temperatura do local, pois além dela variar pouco, a maior e a menor temperaturas nem sempre correspondem aos dias próximos do que chamamos de verão e de inverno, respectivamente. O clima dessa região é caracterizado, principalmente, por uma estação seca e uma estação chuvosa.

O conhecimento indígena, não-formal - em contraste com o conhecimento formal - é transferido oralmente de geração a geração, através de mitos, músicas e orações, sendo raramente documentado.

Em 1612, o missionário capuchinho francês Claude d’Abbeville passou quatro meses com os Tupinambá do Maranhão. No seu livro “História da Missão dos Padres Capuchinhos na Ilha do Maranhão e Terras Circunvizinhas”, publicado em Paris, em 1614, considerado uma das mais importantes fontes da etnografia dos Tupi, ele registrou o nome de cerca de 30 de estrelas e constelações conhecidos pelos índios da ilha.  Infelizmente, ele identificou apenas algumas delas. Um dos motivos que nos incentivou a realizar este trabalho foi verificar que o sistema astronômico dos extintos Tupinambá do Maranhão, descrito por d’Abbeville, é muito semelhante ao utilizado, atualmente, pelos Guarani do Sul do Brasil, embora separados pelas línguas (Tupi e Guarani), pelo espaço (mais de 2.500 km, em linha reta) e pelo tempo (quase 400 anos).

Durante a pesquisa, utilizamos documentos históricos que relatam a importância da astronomia no cotidiano da família indígena e, também, diversos mitos com conotação astronômica. Além disso, realizamos entrevistas e observações do céu com pajés das cinco regiões brasileiras.

A literatura sobre os índios brasileiros que ainda não tinham muito contato com o homem branco, mesmo sendo escrita por pesquisadores cujos objetivos não eram focalizados no campo da Astronomia, demonstra que esse povo possuía um vasto e significativo conhecimento dos astros. Ela lista um número substancial de nomes de estrelas e constelações, a maioria localizada na Via Láctea, a faixa esbranquiçada que atravessa o céu, onde as estrelas e as nebulosas aparecem em maior quantidade, facilmente visível à noite. Essa faixa é a parte mais densa da nossa galáxia que também recebe o nome de Via Láctea.

A literatura também relata diversos mitos indígenas envolvendo conhecimentos astronômicos. A maioria dos mitos associada às estrelas e constelações foi criada para ajudar índio a identificá-las e serviam como um método mnemônico para transmitir oralmente o conhecimento do céu de geração a geração.

No trabalho de campo, observamos principalmente a utilização do Sol, da Lua e das constelações no cotidiano dos índios brasileiros.

Eles determinam o meio-dia solar, os pontos cardeais e as estações do ano utilizando o relógio solar que na língua tupi, por exemplo, se chamava Cuaracyraangaba. Ele é constituído de uma haste cravada verticalmente no solo da qual se observa a sombra projetada pelo Sol, sobre um terreno horizontal.

Segundo Claude d’Abbeville, os extintos Tupinambá do Maranhão, situados perto da Linha do Equador, também observavam o movimento do nascer e do pôr-do-sol e o seu deslocamento na linha do horizonte, que se efetua entre os dois trópicos, limites que jamais ultrapassam. Eles sabiam que quando o Sol vinha do lado norte trazia-lhes ventos e brisas e que, ao contrário, quando vinha do lado sul, trazia chuvas. Eles contavam perfeitamente os anos em doze meses e isso pelo conhecimento do deslocamento do Sol de um trópico a outro e vice-versa. Conheciam igualmente os meses pela época das chuvas e pela época dos ventos ou, ainda, pelo tempo dos cajus.

Os índios acordavam ao nascer-do-sol e quando construíam sua moradia perto de uma montanha escolhiam a posição em que a insolação fosse mais adequada. Atualmente, levantamos em plena escuridão, em alguns dias do ano, para irmos à escola ou ao trabalho e construímos enormes prédios que projetam sombra sobre as construções vizinhas. Deixamos de ter o nosso ritmo biológico regulado naturalmente pelos movimentos do Sol e isso pode acarretar enormes distúrbios em nosso rendimento intelectual e em nossa saúde.

Depois do Sol, a Lua é o astro mais observado pelos índios brasileiros. Ela é a principal regente da vida marinha.

Os índios brasileiros, em virtude da longa prática de observação da Lua, conheciam e utilizavam suas fases, associadas com as estações do ano, na pesca e na agricultura. Por exemplo, o camarão é mais pescado entre fevereiro e abril, na maré alta de lua-cheia enquanto o linguado é mais pescado no inverno, nas marés de quadratura (lua-crescente e lua-minguante). No corte de madeira, determinadas fases da Lua são mais favoráveis para que ela se mantenha com boa qualidade.

Verificamos que etnias diferentes de índios brasileiros possuíam um conjunto muito semelhante de conhecimentos astronômicos que era utilizado para materializar o calendário e a orientação. Esse conjunto comum se refere, principalmente, aos movimentos aparentes do Sol, da Lua, de Vênus, do Cruzeiro do Sul, das Plêiades, de Escorpião, das Três Marias e da Via Láctea. Os índios brasileiros davam maior importância às constelações localizadas na Via Láctea, que podiam ser constituídas de estrelas individuais e de nebulosas, principalmente as escuras.

Com as observações do céu que realizamos com índios de todas as regiões do Brasil permitiram localizar a maioria das constelaçõesTupinambá, apenas relatadas por d`Abbeville e de diversas outras famílias indígenas brasileiras.

Para divulgar o conhecimento astronômico empírico dos índios brasileiros, construímos um planetário e um observatório temáticos no Parque da Ciência do Paraná.

O planetário consiste de uma esfera de seis metros de diâmetro. Através de um cilindro de projeção, vemos as principais constelações que resgatamos com os índios brasileiros. Por exemplo, as quatro constelações sazonais: a Anta (primavera), o Homem Velho (verão), o Veado (outono) e a Ema (inverno).

O observatório é constituído de uma haste de dois metros de altura feita de madeira, cravada verticalmente sobre um terreno horizontal. Ela funciona como um relógio solar (Gnômon). A haste fica no centro de um círculo de rochas de dez metros de diâmetro e, a partir dela, há alinhamentos de rochas orientados para os pontos cardeais e para as direções do nascer e do pôr-do-sol nos solstícios. Durante o dia observamos os movimentos aparentes do Sol e à noite as constelações indígenas no céu real.

Devido o interesse da comunidade em geral neste trabalho, estamos construindo um planetário-observatório itinerante, para ser utilizado principalmente por professores de escolas indígenas e do ensino básico.

Verificamos que algumas das constelações dos índios brasileiros, utilizadas no cotidiano, são as mesmas de outros índios da América do Sul e dos aborígines australianos.

A Astronomia Indígena pode contribuir para o conhecimento formal, principalmente nas seguintes áreas: Educação Básica, Agricultura Orgânica, Pesca Artesanal e Meio -Ambiente.

Os próprios índios nos auxiliam e apóiam em nossa pesquisa, pois eles também estão preocupados com a preservação de sua cultura que corre o risco de desaparecer justamente na época em que ela se encontra mais valorizada, pela sua contribuição para o desenvolvimento sustentável e a redução da pobreza. A comunidade científica desconhece muito do conhecimento indígena que pode se perder em uma ou duas gerações. Esse risco ocorre pelo rápido processo de globalização e pelas dificuldades em documentar, avaliar, validar, proteger e disseminar os conhecimentos dos índios brasileiros.