Em relação aos cuidados para evitar ser atingido por raios qual é o trecho

Para-raios são hastes  metálicas pontiagudas feitas de cobre, alumínio ou aço. Costumam ser posicionados em lugares elevados, como no alto dos edifícios, a fim de proteger-lhes dos possíveis danos causados por raios.

Os para-raios são conectados à Terra por fios condutores, que oferecem um caminho de baixa resistência para as descargas elétricas atmosféricas (raios). O objetivo do para-raios, entretanto, não é o de atrair os raios para si, mas o de oferecer um caminho pelo qual eles possam atravessar, de modo a produzir a menor quantidade de danos possível.           

Veja também: Fatos curiosos sobre os raios

  

Em razão da enorme corrente elétrica transportada pelas descargas atmosféricas, os para-raios e os fios que os ligam à Terra devem ser feitos de metais condutores de baixa resistência elétrica, como cobre ou o alumínio, uma vez que, ao serem atravessados por grandes intensidades de corrente elétrica, os materiais dielétricos (isolantes elétricos), que são dotados de alta resistência elétrica, sofrem enormes danos em razão do efeito joule, podendo queimar ou até mesmo derreter.

Em relação aos cuidados para evitar ser atingido por raios qual é o trecho
Os para-raios são usados para direcionar as descargas elétricas atmosféricas para o solo.

A incidência das descargas elétricas pode causar danos a estruturas, equipamentos e, até mesmo, a pessoas e animais. Dessa forma, entender o funcionamento dos para-raios é de grande importância, especialmente no Brasil, que é o país com o maior número de descargas elétricas anuais, ultrapassando a marca de 50 milhões de raios todos os anos.          

Benjamin Franklin e os para-raios

Em 1752, os para-raios foram desenvolvidos por Benjamin Franklin (1706-1790), um importante cientista e político norte-americano. Na ocasião, Franklin empinou uma pipa com um fio metálico conectado e percebeu que as cargas elétricas das nuvens desciam pelo fio, comprovando que os raios eram correntes elétricas formadas na atmosfera.

Pouco tempo depois, Franklin mostrou que hastes metálicas ligadas à Terra poderiam ser usadas como condutoras de eletricidade e que, quando posicionadas acima ou ao lado de construções, poderiam protegê-las dos danos causados pelas descargas atmosféricas, criando, assim, os primeiros para-raios.           

Leia também: Cinco coisas que você provavelmente não sabia sobre a eletricidade

Tipos de para-raios

  • Para-raios de Franklin: são compostos de três hastes metálicas pontiagudas em sua extremidade, ligadas a um fio condutor conectado ao solo. É o tipo de para-raios mais usado em razão de sua grande eficiência em dissipar as descargas elétricas para o solo.
Em relação aos cuidados para evitar ser atingido por raios qual é o trecho
Os para-raios do tipo Franklin são os mais comuns.
  • Para-raios de Melsens: apesar de ter a mesma finalidade dos para-raios de Franklin, esse tipo de para-raios funciona também como uma gaiola de Faraday, envolvendo as construções com uma malha de fios dotada de hastes metálicas, aterrada ao chão.
Em relação aos cuidados para evitar ser atingido por raios qual é o trecho
Os para-raios de Melsen envolvem as estruturas, formando uma gaiola de Faraday.
  • Para-raios radioativo: foram usados no Brasil entre 1970 e 1989, quando foram proibidos pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), uma vez que sua eficácia não pôde ser comprovada, nada justificava o uso de fontes radioativas, como o radioisótopo amerício-241, que emite radiação alfa e gama.

Leia também: Cinco coisas que você precisa saber sobre eletricidade

Instalação de para-raios

A instalação de para-raios visa à segurança de edificações residenciais, comerciais, industriais e agrícolas. Para tanto, no Brasil, existe uma norma que define o dimensionamento e as regras para a instalação de para-raios, a NBR 5419. Em regiões em que há muitas chuvas, altos índices de raios e grande fluxo de pessoas, o uso de proteções contra as descargas elétricas é especialmente necessário.

De acordo com a NBR 5419, os para-raios devem atender a rigorosas especificações de corrente elétrica de descarga máxima suportada, corrente elétrica eficaz, tempo de descarga, tensão nominal, tensão máxima suportada, estabilidade térmica, entre outros. Os para-raios podem ser classificados com base em três parâmetros: corrente de descarga nominal, classe de serviço e características de proteção.

Qual é a altura mínima para instalar para-raios?

Os Sistemas de Proteção contra as Descargas Elétricas (SPDA) seguem diversas orientações de acordo com a NBR 5419, inclusive a altura mínima para a instalação dos para-raios. Tais orientações diferenciam-se de acordo com diversas características de cada estrutura. Dentre essas características, destacam-se:

  • Tipo de ocupação da estrutura: casas, indústrias, edifícios, escolas, hospitais.
  • Tipo de construção da estrutura: estrutura em aço, madeira, alvenaria, aço e outras.
  • Conteúdo da estrutura e efeitos indiretos das descargas atmosféricas: residências, subestações de energia, monumentos, escolas, hospitais.
  • Localização da estrutura: estruturas próximas de árvores mais altas, estruturas isoladas e mais altas que as árvores ao redor .
  • Topografia da região: planícies, colinas, montanhas.        

Unindo-se às características acima, é possível obter o nível de proteção adequado à estrutura, que pode ir de I a V. Na NBR 5419, há uma fórmula que é utilizada para calcular a média anual previsível de descargas elétricas a cada tipo de estrutura. O resultado indica a necessidade, ou não, da instalação de um SPDA.

Por fim, a altura de instalação dos captadores (pontas dos para-raios) deve estar de acordo com o nível de proteção calculado para a estrutura, variando de I a V, de acordo com a tabela mostrada abaixo:

Nível de proteção

Altura (em metros)

I

20

II

30

III

45

IV

60

Quantos metros o para-raios protege?

Os para-raios instalados em residências ou em quaisquer construções menores que 30 m de altura são capazes de proteger uma grande área em formato de cone, cujo raio é aproximadamente igual à sua altura. Nessa região, as chances de ser atingido por um raio são mínimas.

Em estruturas mais altas, como em torres e prédios, a proteção contra os raios é efetiva somente até a altura de 30 m a partir do solo. Nesse último caso, a área protegida tem o formato próximo ao de um cone com altura e raio similares, de aproximadamente 30 m.

A corrente elétrica de um raio é uma das mais violentas manifestações da natureza. Em uma fração de segundos, o raio pode produzir uma carga de energia de 100 milhões de Volts e temperatura de 20 mil graus centígrados. A energia pode chegar a 30 mil Ampères, cerca de mil vezes a intensidade de um chuveiro elétrico e o suficiente para iluminar uma casa durante um mês. Agora, imagine os resultados catastróficos ao se ter esse fenômeno meteorológico atingindo um ser humano.

O Brasil, por ser o maior país de região tropical do planeta, é o campeão mundial na incidência de raios, com 50 milhões de casos por ano, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). De cada 50 mortes por raios em todo o globo, uma acontece em território nacional. A cada verão, cerca de 80 pessoas morrem atingidas por raios no país, de acordo com estimativas do Inpe.

Mas o que acontece se formos atingidos por um raio?

Apesar da chance de alguém ser atingido diretamente por um raio ser baixa (menor do que um para um milhão), não devemos desconsiderá-la, pois, caso ocorra, ela pode levar a sérias consequências, tais como: queimaduras (que podem ser até de terceiro grau); rompimento dos tímpanos; rabdomiólise (destruição das fibras musculares); trombose de vasos periféricos e lesões encefálicas (que podem variar desde cefaleia ou perda de consciência até isquemia cerebral e alterações motoras).

O órgão mais lesado, no entanto é o coração, justamente pelo fato de esse órgão ser controlado por impulsos elétricos próprios, o estímulo externo pode desestabilizá-lo, levando a arritmia cardíaca ou parada cardiorrespiratória.

Como curiosidade: as chamadas figuras de Lichtenberg são “tatuagens” ocorridas por microexplosões de tecidos subcutâneos ocasionados pela descarga elétrica de um raio ao atingir um ser humano.

O que fazer se alguém for atingido?

Ao presenciar alguém ser afetado, não se aproxime ou encoste na pessoa de imediato (pois a eletricidade pode se propagar por você também). Após descarga acabar, primeiramente, cheque se a vítima está respirando, se está consciente ou se precisa ser reanimada. Chame ajuda e, caso você souber, comece os primeiros socorros (Reanimação Cardiopulmonar - RCP) se necessário.

Como evitar?

As pessoas propriamente ditas não atraem raios (nem mesmo as quem tem marca-passo, pino ou outras estruturas metálicas), O que ocasiona a atração são as condições a que a pessoa se expõe. Locais abertos (praias, estacionamentos, campos) são regiões especialmente propícias aos raios, por não apresentarem obstáculos entre as nuvens e o solo. Nesses locais, o raio sempre tende a se conectar ao ponto mais alto da superfície (principalmente objetos metálicos), por isso, não segure e mantenha distância de objetos longos e/ou de metal, como varas de pescar, varais, cercas de arame ou guarda-sóis. Infelizmente, a crença popular de que usar um chinelo de borracha pode isolar a eletricidade pode de fato ser eficaz, mas só para evitar choques domésticos (com voltagem de no máximo 220 volts), não sendo eficazes contra raios (100 milhões de volts)!

A primeira atitude a se tomar ao ouvir trovoadas é procurar abrigo, preferencialmente em construções com estrutura sólida, capaz de barrar a descarga elétrica (tendas, barracos e celeiros não dão proteção; carros podem ser uma escolha, mas evite ficar encostado na lataria).

Além disso, outras precauções que podem ser tomadas são:

· Manter-se longe de árvores isoladas;

· Não permanecer dentro d'água durante as tempestades (piscina, banheira, rio ou no mar);

· Certificar-se de que a tempestade passou completamente antes de sair (cerca de 30 minutos);

· Não use o telefone celular se estiver conectado na instalação elétrica durante uma tempestade. Pode correr ao risco de uma explosão da bateria, de levar um choque, sofrer queimaduras e até mesmo a morte provocada por uma descarga elétrica. Além disso, em uma tempestade com raios, o ideal é retirar aparelhos elétricos sem aterramento adequado das tomadas.

Também é importante atentar a alguns sinais que seu corpo dá que podem “prever” que você será atingido por uma descarga elétrica: se sentir os pelos do corpo arrepiando durante uma tempestade, pode ser um sinal de que um raio está preste a cair próximo a você. Agache-se, incline a cabeça para frente e abrace os joelhos!

Referências

FIOCRUZ. Prevenção contra raios. Disponível em: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/virtual%20tour/hipertextos/up2/prevencao_raios.html. Acesso em: 18 mar. 2020.

PARANÁ. Coordenadoria Estadual da Defesa Civil. . Prevenção - Raios. Informativo nº 43 do Departamento de Defesa Civil. Disponível em: http://www.defesacivil.pr.gov.br/Pagina/Prevencao-Raios. Acesso em: 18 mar. 2020.

HOSPITAL SÍRIO-LIBANêS. O que acontece com o corpo de quem é atingido por um raio. Disponível em: https://hospitalsiriolibanes.org.br/imprensa/noticias/Paginas/O-que-acontece-com-o-corpo-de-quem-%C3%A9-atingido-por-um-raio.aspx. Acesso em: 18 mar. 2020.

LOIOLA, Rita. Saiba como se proteger dos raios. Disponível em: https://veja.abril.com.br/ciencia/saiba-como-se-proteger-dos-raios/. Acesso em: 18 mar. 2020.

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Energia Total. Disponível em: http://www.inpe.br/webelat/homepage/menu/relamp/relampagos/energia.total.php. Acesso em: 18 mar. 2020.

https://noticias.r7.com/hora-7/fotos/as-tatuagens-impressionantes-na-pele-de-atingidos-por-raios-19082018#!/foto/24