O que apontou o instituto socioambiental sobre o Acordo de Paris

quarta-feira- 29 de Junho de 2022

O estado do Paraná participou nesta terça-feira, 28 de junho, da rodada de debates estaduais online, para discutir sobre a contribuição dos estados na implementação da NDC brasileira, sigla em inglês conhecida como Contribuição Nacionalmente Determinada, em que cada país tem o compromisso em apresentar as suas metas de redução de carbono em conformidade com o Acordo de Paris, os debates estaduais foram idealizados pelo Instituto Clima e Sociedade – ICS, em parceria com a Frente Parlamentar Ambientalista. 

O Acordo de Paris é um compromisso internacional para combater o aquecimento global, aprovado em dezembro de 2015 durante a COP21, a Conferência das Partes das Nações Unidas (ONU), e que entrou em vigor em novembro de 2016. Ao todo é constituído por 195 países, incluindo o Brasil.

Participaram do debate no Paraná, o Coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista do Paraná,Deputado estadual Goura, o Diretor de Relações Internacionais  da ANAMMA Brasil,Mario Mantovani, Coordenador do GT empresas da Frente Parlamentar Ambientalista, Deputado Federal Rodrigo Agostinho, Gerente SR de economia da Biodiversidade-Fundação Grupo boticário de proteção a Natureza, André Ferreti, Coordenador de Advocacy do Centro Brasil no Clima, Victor Anequini, Secretário do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo do Estado do Paraná- SEDEST, Everton Luis de Souza, Diretor- Corporativo do Complexo Pequeno Príncipe, José Álvaro da Silva Carneiro, Professor Titular da UFPR, membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas IPCC-, Carlos Roberto Sanquetta,e o Professor da Universidade Federal do Paraná- UFPR Coordenador do Nape Emergência Climática, professor Francisco Mendonça, e o Diretor de Políticas Ambientais da Sedest, Rafael Andreguetto.

O evento aconteceu em parceria com a Comissão de Ecologia, Meio Ambiente e Proteção aos Animais da Assembleia Legislativa do Paraná.

“Nossa terra está em chamas e precisamos fazer algo para mudar esta realidade”

O que apontou o instituto socioambiental sobre o Acordo de Paris

O Coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista do Paraná,Deputado estadual Goura, conduziu o debate, e apontou os  desafios que o estado do Paraná enfrenta nas reduções de emissões de carbono e apresentou dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de gases do efeito estufa do Observatório do Clima e pontuou que a  produção Agropecuária e dos transportes são os principais emissores do estado, correspondendo a mais de 80% das emissões. 

O Deputado explica que o objetivo é conciliar as bases econômicas do estado com a sustentabilidade socioambiental. “A gente tá vendo as mudanças e emergências climáticas acontecendo agora, os refugiados climáticos e tantas coisas em um presente muito grave” reflete o Coordenador.

O Diretor de Relações Internacionais  da Anamma Brasil,Mario Mantovani, destacou a importância do projeto e de fomentar as políticas ambientais nos estados.“O nosso papel como Frente Parlamentar Ambientalista em Brasília e nos estados é acompanhar para que a NDC,consiga ser levada adiante,é um compromisso para as futuras gerações”,completa.

Mario Mantovani, também falou sobre a importância em se debater sobre justiça climática e como as pessoas que são excluídas dos direitos ambientais sofrem mais os impactos.”É para isso que a gente tem esse esforço, é construção de políticas públicas,  que sejam realmente inclusivas e de justiça social” pontua. 

O Diretor de Políticas Ambientais da Secretaria do Desenvolvimento e do Turismo do estado do Paraná – Sedest, Rafael Andreguetto, destacou  resultados de ações da sedest sobre mudanças climáticas, e mostra, que o estado do Paraná ocupa o primeiro lugar em sustentabilidade no país, com uma análise de 66 indicadores utilizado pelos líderes públicos brasileiros nas tomadas de decisão, com foco na melhoria da gestão dos estados.“Temos um pioneirismo em diversas ações e já somos reconhecidos por isso mundialmente”, disse. 

Entre as ações apresentadas pelo diretor da Sedest, estão o compromisso com a Agenda 2030, a Declaração de Edimburgo e a Race To Zero.O Race to Zero é uma campanha global para reunir lideranças com objetivo de neutralizar as emissões de gases de efeito estufa até 2050. A meta será alcançada por meio da intensificação de ações de descarbonização, atração de investimentos para negócios sustentáveis e para a criação dos chamados “empregos verdes”. Atualmente, 30 diferentes regiões no mundo participam da campanha. No Race to Zero, o Paraná se junta a outros estados e países, como Califórnia, Nova York, Havaí e Washington, nos Estados Unidos; Catalunha, Madrid e Navarra, na Espanha; e Suécia, Austrália, Reino Unido, Canadá, Alemanha e Bélgica.

O Coordenador do GT empresas da Frente Parlamentar Ambientalista, Deputado Federal Rodrigo Agostinho, falou que um dos caminhos para a preservação ambiental no Paraná é o reflorestamento o estado apresenta maior remanescente brasileiro  da Mata Atlântica, considerando os estágios sucessionais inicial, médio e avançado com quase 6 milhões de hectares preservados.“O Paraná tem uma oportunidade muito grande de restauração florestal e pode dar uma grande contribuição para o meio ambiente”, conclui. 

O Professor da Universidade Federal do Paraná- UFPR e Coordenador do Nape Emergência Climática, Francisco Mendonça,  apresentou o NAPI – Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação Emergência Climática, uma criação da Fundação Araucária em apoio ao desenvolvimento  científico e tecnológico do Paraná. O professor explica, que a ação visa a redução de emissões com o objetivo de desenvolver estudos de tecnologia e inovação, para avaliar os impactos das mudanças climáticas no estado do Paraná, a  ideia é que seja criado um inventário que deve ser lançado daqui há 4 anos, “esse inventário vai tratar do efeito estufa,proveniente de atividades industriais e agropecuárias, é um projeto de feedback, e novas possibilidades que o estado vai investir, em termos de adaptação para a questão da mitigação dos gases do efeito estufa” explica. 

Victor Anequini, Coordenador de Advocacy do Centro Brasil Clima, destaca que o Brasil tem papel protagonista nas discussões ambientais a nível internacional. “O Brasil precisa retomar essa figura de um país ativo nas discussões e proposições de políticas ambientais”.  

O Coordenador de Advocacy lembrou que hoje 24 estados já estão comprometidos com o clima e isso representa 89% das emissões no Brasil.”Todos os estados são responsáveis para que o Acordo de Paris possa se tornar realidade. Cada ente federativo tem sua responsabilidade e desde 2019 temos movimentos políticos com resultados já acontecendo e sendo apresentados”, afirmou. 

O professor titular da UFPR, membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas(IPCC), Carlos Roberto Sanquetta, apresentou dados sobre preocupações com relação às emissões de gases no Brasil. O professor explica que o  Paraná representa de 3% a 4% das emissões do país, com emissões em média de  78 milhões de toneladas por ano.” A pecuária pode contribuir efetivamente com a recuperação de áreas degradadas, ainda temos pastos degradados no Paraná com o manejo utilizáveis dos rebanhos, e também temos um potencial imenso na agroindústria”, completa. 

O Diretor Corporativo do Complexo Pequeno Príncipe, José Álvaro da Silva,  Carneiro, acompanha esta preocupação desde 1980,  é o também fundador da Associação Pró-Juréia e Fundação SOS Mata Atlântica, de acordo com o Diretor , o problema vem se agravando dia após dia e ações concretas não são desenvolvidas para a solução do problema. “É muito preocupante ver os projetos com uma enorme timidez acontecendo, enquanto o problema cresce com uma velocidade enorme, e o tempo funcionando com fermento para toda essa situação”

André Ferreti, Gerente SR de economia da Biodiversidade-Fundação grupo boticário de proteção à Natureza,finalizou destacando o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), uma iniciativa do Observatório do Clima que compreende a produção de estimativas anuais das emissões de gases de efeito estufa (GEE) no Brasil,” nenhum país do mundo tem uma ferramenta dessa com dados abertos a disposição da sua população”pontua André.
O Gerente de economia, mostrou que  Brasil diminuiu as emissões desde de 2004, no entanto é possível identificar uma tendência de aumento das emissões para os próximos anos e o estado do Paraná ocupa a 11º posição na emissão de gases no Brasil, “a gente sabe que continua desmatando no Paraná, apesar de ter diminuído precisamos zerar, é preciso aumentar nossos esforços para conter o aquecimento global abaixo de 2°C, preferencialmente em 1,5°C, até o final do século e reforçar a capacidade dos países de responder ao desafio, em um contexto de desenvolvimento sustentável”.Os dados apresentados por Ferreti podem ser conferidos pelo site https://plataforma.seeg.eco.br/.

Acompanhe live completa no canal do youtube da Frente Ambientalista;

Reportagem – Larissa Nunes Jornalista da Frente Ambientalista 

O Acordo de Paris é um compromisso mundial sobre as alterações climáticas e prevê metas para a redução da emissão de gases do efeito estufa. Para que esse acordo entrasse em vigor, era necessário que os países que representam em torno de 55% da emissão de gases de efeito estufa ratificassem-no. Em 12 de dezembro de 2015, o acordo foi assinado após várias negociações, entrando em vigor em 4 de novembro de 2016. Até 2017, 195 países assinaram e 147 ratificaram.

Objetivo

Reduzir as emissões de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono, é o principal objetivo do Acordo de Paris. O uso intenso de combustíveis fósseis como matriz energética no mundo intensifica a liberação de dióxido de carbono e outros gases nocivos à atmosfera. Essa emissão de gases contribui de maneira significativa para o aumento da temperatura do planeta. A meta do Acordo de Paris é manter o aumento da temperatura do planeta abaixo dos 2 ºC.

Metas para países desenvolvidos e subdesenvolvidos

Uma das metas do Acordo de Paris é estimular os países desenvolvidos a dar suporte financeiro e tecnológico aos países subdesenvolvidos. A ideia é que essa ajuda colabore na ampliação de ações propostas pelos países subdesenvolvidos, mas todos devem apresentar planos de ação.

Entre os acordos firmados pelos países, um deles sugere que a cada cinco anos os governos comuniquem de forma voluntária os mecanismos para a revisão das suas contribuições para que as metas possam ser elevadas. Os países desenvolvidos encontram-se à frente do acordo e devem estabelecer metas numéricas a serem alcançadas em relação à emissão de gases de efeito estufa. Já os países subdesenvolvidos precisam elevar os esforços para continuar atingindo as metas propostas.

Leia mais: Quais são os gases do efeito estufa?

O que apontou o instituto socioambiental sobre o Acordo de Paris

O principal objetivo do Acordo de Paris é reduzir as emissões de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono.

Contexto histórico do Acordo de Paris

As alterações provocadas no meio ambiente pela ação humana preocupam o mundo inteiro. A emissão de gases nocivos à atmosfera tem provocado o agravamento do efeito estufa e do aquecimento global. Essa emissão ocorre em razão da intensa queima de combustíveis fósseis para o uso industrial, transporte urbano e geração de energia elétrica.

Esse cenário tem sido palco de diversos debates, acordos e metas. Grande parte das alterações provocadas no meio ambiente relaciona-se com o período industrial e com o intenso desenvolvimento tecnológico. A Revolução Industrial propiciou o aumento da produção, intensificando ainda mais o uso de combustíveis fósseis, bem como acelerou o processo de urbanização e o consumo exagerado. Os problemas ambientais gerados pelo processo industrial fazem parte de uma realidade antiga, ao passo que a conscientização acerca das mudanças climáticas é recente.

Saiba mais: Quais são as consequências do aquecimento global?

Países que não aderiram ao Acordo de Paris

Por causa da dramática guerra civil em que está envolvida, a Síria não faz parte do acordo. A Nicarágua, por sua vez, alegou que o acordo era ambicioso demais e que seria ineficaz, visto que os países apresentariam seus compromissos voluntariamente, acabando por boicotá-lo. Em 2017, após ser devastada por furacões, o então presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, decidiu aderir ao acordo.

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Saída e retorno dos Estados Unidos

Em 2017, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos na ocasião, assustou o mundo com a decisão de sair do acordo. Trump era considerado cético em relação às alterações climáticas. Na época, o presidente Jair Bolsonaro, aliado de Trump, chegou a afirmar que o Brasil também poderia sair do acordo, mas isso não ocorreu. Entre os quase 200 países que assinaram o acordo em 2015, apenas os EUA saiu.

A decisão dos EUA foi vista pela organização como decepcionante, haja vista os esforços mundiais na luta pela redução da emissão de gases de efeito estufa e pelo fato de os Estados Unidos serem o segundo maior emissor desse tipo de gás, perdendo apenas para a China. Durante seu mandato, Trump foi bastante criticado em diversas manifestações que pediam o retorno do país ao acordo.

No entanto, no início de 2021, Joe Biden, recém-empossado presidente dos Estados Unidos, retornou o país ao Acordo de Paris. No momento da assinatura, Biden prometeu reduzir as emissões de gases estufa nos EUA nos próximos anos e zerar as emissões até 2050.

O que apontou o instituto socioambiental sobre o Acordo de Paris
Biden e Trump possuem posições opostas sobre o Acordo de Paris

Participação do Brasil no Acordo de Paris

O Brasil assinou o Acordo de Paris em 2015, comprometendo-se a reduzir até 2025 suas emissões de gases de efeito estufa em até 37% (comparados aos níveis emitidos em 2005), estendendo essa meta para 43% até 2030. As principais metas do governo brasileiro são:

  • Aumentar o uso de fontes alternativas de energia;

  • Aumentar a participação de bioenergias sustentáveis na matriz energética brasileira para 18% até 2030;

  • Utilizar tecnologias limpas nas indústrias;

  • Melhorar a infraestrutura dos transportes;

  • Diminuir o desmatamento;

  • Restaurar e reflorestar até 12 milhões de hectares.

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*Créditos de imagem: Punyaruk Baingern / Shutterstock Por Rafaela Sousa

Graduada em Geografia