O que separa a pré-História da História

A Pré-história é o período mais longo da História da humanidade.

Começou a cerca de 2.500.000 anos e terminou com o surgimento da escrita por volta de 3.000 a.C. na Mesopotâmia, com os sumérios.

De acordo com a utilização da tecnologia entre os hominídeos, a Pré-História é dividida em Idade da Pedra e Idade dos Metais.

O termo "Pré-história" surgiu no século XIX quando historiadores europeus começaram a classificar os povos de acordo com seu desenvolvimento tecnológico. Para eles, uma das provas que um grupo era "avançado" seria a capacidade de ter escrita.

Segundo este pensamento, o ser humano só teria "história" a partir do momento que conseguiu escrever fatos de sua vida através de um alfabeto. Tudo que viesse antes da criação da escrita é considerado "pré-história".

O problema é que vários povos criaram civilizações extraordinárias como os incas e astecas, na América, e não tinham escrita.

Divisão da Pré-História

Para fins de estudo são feitas duas grandes divisões na Pré-História: Idade da Pedra (Paleolítico e Neolítico) e Idade dos Metais.

Os primeiros humanos teriam surgido no Paleolítico por volta de 300 ou 350 mil anos a.C.

Paleolítico (2.500.000 a.C. - 10.000 a.C.)

A palavra paleolítico vem do grego e significa "pale", antigo e "lithos", pedra. Assim, significa "pedra antiga" e é um período conhecido também como Idade da Pedra Lascada.

O período Paleolítico subdivide-se em Paleolítico, Mesolítico (transição) e Neolítico.

Nesta época, havia vários antepassados do gênero homo. Porém, todos eram nômades, ou seja, viajavam de um lado para o outro, buscando animais e frutas para se alimentarem. Por isso eram chamados de caçadores-coletores.

Viviam em pequenos grupos familiares que era compostos por um número suficiente de pessoas que eram capazes de se alimentar e não atrapalhar o deslocamento do bando. Refugiavam-se em cavernas e vestiam-se com as peles dos animais que caçavam

Aos poucos, algumas espécies aprenderam a talhar pedras e a fazer o fogo. Outro fato foi a domesticação de certas espécies de lobos que acabaram tornando-se os antepassados dos atuais cães.

Veja também: Fogo

Neolítico (10.000 a.C. - 3.000 a.C.)

A palavra "Neolítico" tem origem grega: "neo", novo e "lithos", pedra. Assim, significa “pedra nova”, pois nesse período, os homens começam a polir as pedras tornando-as mais eficientes.

Nesta época, a temperatura da Terra começa a aumentar e o clima muda. Muitas zonas se tornam desertas e vários exemplares da mega-fauna deste período como os mamutes e tigres dente-de-sabre são extintos.

A principal mudança neste período é o surgimento da agricultura e da criação de animais fazendo com que os homens passem de nômades a sedentários.

Da mesma forma, devido a escassez de caça, o homem começa a se estabelecer na beira dos rios, especialmente na zona que chamamos de crescente fértil, compreendida entre os rios Tigres e Eufrates.

Os homens preferiam ficar na beira dos rios, pois assim garantiam o abastecimento de água, para regar as plantas e saciar as crias.

Como precisaram cuidar dos cultivos e dos animais, passaram a viver de maneira estável em um determinado lugar. Neste momento, cabras, ovelhas e porcos são domesticados. Também conseguem cultivar as primeiras plantas como trigo, grão de bico, lentilhas e ervilha.

Com a fixação do homem na terra, surge o sentido de propriedade. Se sobravam alimentos, trocavam-se nas tribos vizinhas e daí surge o comércio.

O Neolítico é um período extremamente rico em inventos, pois se criam objetos feitos de cerâmica, a roda e o tecido.

Veja também: Período Neolítico ou Idade da Pedra Polida

Idade dos Metais (3.300 a.C. - 1.200 a.C.)

A Idade dos Metais compreende o momento no qual o homem passa a dominar as técnicas de extração e transformação dos metais.

O primeiro metal a ser explorado foi o cobre, posteriormente o bronze e, finalmente, o ferro. Com o emprego deste material, as ferramentas tornam-se mais resistentes e eficientes.

Durante a Idade dos Metais foram criado instrumentos fundamentais para o desenvolvimento econômico: o arado e a vela. À medida que a produção de alimentos crescia e as armas eram mais eficientes, os povoados se transformaram em cidades, e surgiram líderes políticos e religiosos.

A sociedade passou a ser dividida por funções produtivas e classes sociais, onde havia distinções de moradia e acesso aos bens.

Como as outras fases, a Idade dos Metais não ocorreu de forma simultânea em todas as partes do globo.

Veja também: Idade dos Metais

Homem Pré-histórico

Os primeiros hominídeos surgiram a 2.5 milhões de anos, provavelmente no leste da África.

Assim como existem várias espécies de primatas havia muitas espécies de hominídeos. No momento, ainda não se sabe de qual delas o homem moderno descende.

No entanto, uma dessas espécies começou a se diferenciar dos outros primatas quando conseguiu andar sobre os dois pés. Esta foi chamada de Australopitecos, vivia em platôs no leste da África onde abundava o alimento e moravam em ninhos no alto das árvores. Provavelmente, tiveram que abandoná-las quando os mantimentos deixaram de ser obtidos com facilidade.

Sobre as duas pernas, este hominídeo pôde caminhar distâncias mais longas e alcançar lugares tão remotos como a Ásia e a Europa.

Alguns indivíduos, por volta de 1,300.000 de anos, começam a talhar pedras, o que aumentou a eficiência na caça e na construção de objetos úteis para a sobrevivência. Estes são conhecidos como o Homo habilis.

À medida que o homem aumenta sua capacidade de interagir com o meio ambiente e com seus semelhantes, seu cérebro também cresceu.

Desde há cerca de 350 000 até há 29 000 anos, surge o "homem de Neanderthal", que será uma das espécies mais próximas do Homo sapiens. Os Neandertais preocupavam-se com os membros mais frágeis do grupo, possuíam senso artístico e, talvez, religioso.

Não se sabe, até agora, qual o motivo de sua desaparição, mas está comprovado que as duas espécies conviveram.

Atualmente, só existe uma espécie de Homo, o Homo sapiens que surgiu na África há 300 mil anos e se espalhou por todo o mundo.

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Do ponto de vista formal, a expressão “pré-história” designa tudo que houve antes da história humana se desenrolar. Na prática, esse mesmo termo abarca o período que vai desde o surgimento da vida da Terra, a evolução da espécie humana, indo até o aparecimento da escrita. Dessa forma, percebemos uma curiosa contradição: como o termo pré-história é utilizado para se definir um tempo em que os seres humanos já existiam na Terra? Para compreender essa contradição, devemos conhecer quem foram os responsáveis pela existência do padrão que convenciona o período pré-histórico. Tal concepção apareceu precisamente junto aos historiadores do século XIX, que acreditavam que o estudo do passado só era possível por meio de documentos escritos. Dessa forma, julgavam que a compreensão do passado pré-histórico não poderia se sustentar em bases verdadeiras. Atualmente, esse tipo de compreensão acabou perdendo espaço para outras formas de recuperação do passado. Muitos historiadores passaram a ver que as fontes que documentam o passado não se resumem aos documentos escritos. As manifestações artísticas, a oralidade, a cultura material e outros vestígios podem se entregar no entendimento do passado. Com isso, o mundo pré-histórico deixou de ser visto como um tempo “destituído de história”. Sem dúvida, a compreensão desse tempo da história humana é cercada por desafios de compreensão imensuráveis. A escassez de documentos impele os pesquisadores a se valerem dos mais diversificados campos de conhecimento para tentarem promover a retomada das primeiras ações do homem na Terra. Não se restringindo ao ato interpretativo do historiador, o estudo da Pré-História ainda conta com o apoio de antropólogos, físicos, arqueólogos, biólogos, químicos e paleontólogos. Dessa forma, não há como negar a riqueza de informações desse ramo de conhecimento que trilha as conquistas do homem sobre a natureza. A construção de utensílios, as primeiras habitações, o desenvolvimento da arte rupestre e o domínio da agricultura são alguns dos outros assuntos que integram essa incrível época. Entre as três divisões do período (Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais), se acumula uma vasta e curiosa gama de informações históricas. Por Rainer Sousa

Graduado em História

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O que separa a pré-História da História

A Pré-história marca o período desde o surgimento da vida na Terra até o aparecimento da escrita.

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A arte rupestre é característica do período da Pré-história.

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A escassez de documentos impede que os pesquisadores tentem promover a retomada das primeiras ações do homem na Terra.

O conceito de Pré-História determina questões anteriores ao surgimento do homem na Terra. A idéia de Pré-História fundou-se em uma perspectiva onde alguns historiadores pensavam ser impossível estudar o passado de sociedades que não dominavam a escrita. Dessa maneira, tais estudos pré-históricos compreendiam esse recorte de espaço-temporal como o momento em que as sociedades deveriam desenvolver-se até alcançarem formas específicas de organização. Dois grandes eventos que estabeleciam o fim da Pré-história, na visão desses historiadores, eram o desenvolvimento da escrita e a dominação das técnicas agrícolas. Fora disso, qualquer sociedade que ainda conservasse hábitos como o nomadismo ou utilização de outras formas de expressões estariam ainda “presos aos tempos pré-históricos”. De fato, esse tipo de concepção abandona um rico universo de costumes e hábitos que podem oferecer um olhar mais compreensivo a tal época. O desenvolvimento de certos tipos de relação do homem com a natureza – durante a Pré-História – se difere em muito das formas por nós hoje concebidas. A submissão a certas imposições do meio natural e o uso diverso dos recursos oferecidos pelo meio estabeleciam uma relação muito mais integrada do homem com a natureza. Certas sociedades humanas, ao enxergarem o domínio da natureza como um sinal de “melhora” de suas condições de vida, acabou subjugando o planeta e outras sociedades aos seus próprios interesses. A partir de então, algumas civilizações adotaram a dominação e a exploração da natureza como os pilares daquilo que o historiador Alfredo Bosi chama de “religião do progresso”. Nos séculos XV e XIX, a dominação das nações européias sobre os povos americanos e afro-asiáticos – motivadora do olhar preconceituoso em relação aos negros, índios e orientais – se justifica na substituição do “atraso” pelo “progresso”. Dessa maneira, vemos que o que está em jogo é muito mais que o simples alcance de formas mais práticas e confortáveis de vida.

Os atuais problemas ambientais envolvendo a elevação das temperaturas do planeta e o dilema sobre a futura escassez de água potável são alguns pontos em que observamos as falhas de boa parte dos costumes das civilizações contemporâneas. Hoje, não podemos querer viver de forma pré-histórica ou abolir radicalmente os costumes da nossa sociedade. O grande desafio é repensar nossa vindoura relação com o planeta e assim, talvez, traçarmos outro olhar sobre o tal “atraso” dos povos pré-históricos.

Por Rainer Sousa Graduado em História

Equipe Brasil Escola

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