O que você entende por identidade surda

Mesmo sendo uma parcela significativa da sociedade brasileira, as pessoas surdas enfrentam muitas barreiras no acesso a diversos serviços digitais ou presenciais, o que leva muitos a rejeitar a identidade surda que lhes é inerente.

No entanto, existem também pessoas surdas que buscam meios de fortalecer sua identidade, compreendendo que a deficiência não os torna menos capazes de estar na sociedade, consumindo e produzindo.

Neste material, falaremos sobre as diferentes identidades surdas reconhecidas e como elas se constituem, para que possamos definir estratégias mais assertivas na inclusão de pessoas surdas nos diversos ambientes públicos e privados.

O que é identidade surda?

Parece óbvio, mas não dá pra colocar pessoas surdas no mesmo grupo só pela existência da deficiência. Além da questão do grau de surdez, que vai da mais leve a mais severa, chegando à total surdez, entre as mais de dez milhões pessoas surdas no Brasil, temos ainda o fator identitário que as diferenciam.

A diversidade de identidades surdas reflete o modo como essas pessoas se relacionam com a deficiência e consigo mesmas. Elas compreendem desde surdos que assumem politicamente a condição, valorizando a cultura surda e lutando pela inclusão e por direitos até aqueles que preferem inserir-se e apropriar-se da cultura ouvinte. 

A partir dessa lógica, existe uma grafia nos termos Surdo e surdo, onde o primeiro termo, com inicial maiúscula, refere-se ao grupo que adere à cultura surda e o segundo termo, com inicial minúscula, refere-se às pessoas com a condição biológica de surdez.

Precisamos destacar que a adoção de tais identidades, assim como toda construção identitária, se dá pela influência do meio em que o sujeito se desenvolve. Então, se há o estímulo de um ambiente favorável para abraçar e compreender a deficiência como parte da identidade pessoal, além de interagir com outros surdos ativos, este sujeito vivenciará a cultura surda com mais facilidade.

Os surdos que se identificam com a identidade surda integram à comunidade reconhecendo-se como pertencentes a este grupo: usando a língua de sinais, participando de grupos e associações de surdos e afins. Eles conseguem retirar-se da sombra da cultura ouvinte e incentivar o respeito às diferenças, além de buscar combater o capacitismo em função da deficiência.

O que é a cultura surda?

A cultura surda engloba hábitos e práticas que são singulares da vida dos sujeitos surdos. Diz respeito à forma como eles se relacionam uns com os outros, como se inserem e se posicionam na sociedade.

A língua brasileira de sinais é um elemento relevante dessa cultura, pois distingue a pessoa surda em seu modo de expressar e comunicar. Mas a cultura surda não se limita a ela. Focadas na visualidade e outros sentidos, a cultura surda produz, consome e se expressa afirmando a singularidade do seu modo de existir.

A cultura surda não inviabiliza pessoas não-ouvintes de participação social e produção cultural. Pelo contrário, criam-se novas possibilidades de atuação e de produção de sentido.

O que você entende por identidade surda

Qual a importância da identidade surda?

Mesmo com toda variedade de identidades, assim como podemos ver em qualquer outro tipo de aspecto identitário na sociedade, o reconhecimento das identidades surdas faz-se  para compreender a diferença desse grupo de pessoas com deficiência, combatendo a desinformação e atitudes capacitistas. 

A identidade surda em suas múltiplas vertentes é, assim, necessária para que esse grupo consiga galgar espaço para participação ativa na sociedade. A partir desse reconhecimento, podemos ter uma sociedade igualitária que promova a inclusão com recursos assistivos a fim de que a comunicação entre surdos e ouvintes seja plena.

O reconhecimento mencionado inclui a compreensão de que a pessoa surda pode se sentir, manifestar e desejar ser tratada de diferentes maneiras, também em relação à deficiência auditiva. Dessa maneira, existem variadas identidades surdas, cuja compreensão auxilia no tratamento empático da pessoa conforme ela se reconhece. 

Quais são os principais tipos de identidade surda?

As identidades surdas dizem respeito, principalmente, a como a pessoa lida e se relaciona com a condição biológica da deficiência auditiva, o que reflete o modo como ela se identifica, expressa e se relaciona socialmente. Fora a pessoa que adere integralmente à cultura surda, temos como principais identidade a de transição, inconformada, flutuante, híbrida e incompleta.

1. Identidade de transição

Define o surdo que gradativamente abandona a cultura ouvinte e passa a adotar a cultura surda, com a comunicação pautada em recursos mais visuais para se relacionar com os outros, bem como passa a adotar a língua de sinais. À medida que passa a ter mais contato com a comunidade surda ativa, sua identificação com a cultura surda aumenta.

2. Identidade inconformada

Define a pessoa surda que não consegue incluir-se na identidade ouvinte hegemônica e entende a sua identidade surda como inferior. Ao passo em que é considerado deficiente, afasta-se tanto da comunicação oralizada quanto da sinalizada.

3. Identidade flutuante

Define a pessoa surda que busca incluir-se na cultura ouvinte em detrimento da cultura surda. Muitos surdos passam por isso, diante da exclusão proveniente da deficiência. Ainda assim, o surdo flutuante, como o termo sugere, flutua entre as duas formas de se comunicar.

4. Identidade híbrida

Define a pessoa surda que nasceu ouvinte e adquiriu a surdez ao longo da vida. Então, são pessoas que por um tempo pertenciam à cultura ouvinte, Após o evento, elas continuam usando elementos da comunicação ouvinte, como a escrita e a fala oral, em comunhão com a língua de sinais.

5. Identidade incompleta

Define a pessoa surda que socializa com ouvintes, fazendo leitura labial ou uso de aparelho auditivo. São perfis que não utilizam a língua de sinais e buscam outros recursos para se comunicar.

O papel das empresas e órgãos públicos para a cultura surda 

Diante do extenso panorama sobre as identidades e cultura surda, é necessário conhecer bem os tipos de identidades. A sociedade e as empresas, como atores da sociedade, devem buscar se abastecer dessas informações para conseguir atender as necessidades das pessoas surdas em suas diferenças.

As empresas e, principalmente, órgãos públicos, têm um desafio grande, pois, sem a compreensão sobre as singularidades das pessoas surdas e conhecimento sobre seus modos de expressão e comunicação, excluem esse público da sua atuação, tanto como colaboradores quanto como consumidores.

Assim, o ideal é adotar medidas inclusivas e acessíveis de forma permanente e aprofundada, promovendo mudanças na cultura organizacional que a instituição se torne mais inclusiva e diversa, interna e externamente.

O conteúdo te ajudou a compreender melhor a identidade surda? Agora que você está ciente da sua importância, continue ampliando seus conhecimentos conferindo nosso e-book sobre como ter uma comunicação totalmente acessível na sua empresa.

O que você entende por identidade surda

Entender quais são os tipos de identidade surda é fundamental para se comunicar da melhor forma com um indivíduo que apresenta problemas de audição. Até porque, no momento em que compreendemos a diversidade dos casos, mais chances temos de estabelecer um relacionamento mais claro e adequado.

A depender de cada identidade, por exemplo, é possível perceber como a pessoa surda gostaria de ser vista, uma vez que as categorias carregam características específicas. Isso acaba proporcionando uma condição mais solidária para o surdo, aproximando-o da sociedade de forma mais justa e igualitária.

É importante salientar que nenhuma dessas identidades é melhor ou pior que as outras. Trata-se da forma que o sujeito surdo elegeu para se relacionar no mundo e devemos respeitar sua escolha.

Pensando nisso, neste post, falaremos sobre 5 tipos de identidade surda e mostraremos qual é a relevância do tema para as empresas. Acompanhe a seguir!

Qual a importância de conhecer as diferentes identidades surdas?

Compreender as diferentes identidades surdas é um dos quesitos mais essenciais para as empresas que se preocupam com a melhoria de sua acessibilidade interna. Afinal, no momento de um possível recrutamento, por exemplo, é imprescindível que o colaborador saiba como lidar e se comunicar de forma adequada com a pessoa surda.

No entanto, dentro das identidades, existem características e especificidades que precisam ser entendidas, até mesmo para evitar confusão com os termos e contextualizar melhor toda a comunicação.

Assim, é muito importante que as empresas adotem práticas de acessibilidade e treinem seus funcionários, podendo contratar companhias terceirizadas que contem com intérpretes para facilitar ainda mais a comunicação com a comunidade surda.

Quais são os principais tipos de identidade surda?

Existem diferenças significativas que marcam os vários tipos de identidade surda. Algumas pessoas, por exemplo, podem fazer uso exclusivo de Libras, enquanto outras podem fazer leitura labial e oralizar. Outras, ainda, podem fazer uso de ambas as formas de comunicação..

Diante da diversidade de terminologias, é comum que alguns colaboradores tenham dificuldades para compreender o que o indivíduo quer comunicar. Por isso, vou explicar a seguir 5 tipos de identidade surda para que você não confunda mais os diferentes termos.

1. Identidade de transição

A identidade de transição ocorre quando o surdo deixa de lado hábitos ouvintes e adota uma maneira mais visual de se relacionar com o meio externo, usando a língua de sinais, por exemplo. Assim, no momento em que passa a ter mais contato com a comunidade surda usuária de Libras, o indivíduo cria um senso maior de representatividade, reconhecendo-se como um sujeito em transição.

2. Identidade inconformada

Nesse caso, a pessoa surda não consegue captar a representação da identidade ouvinte e hegemônica, sentindo-se dentro de uma identidade subalterna. Como os ouvintes passam a enxergar o indivíduo como deficiente, acaba por distanciar e dificultar a comunicação oral e mais ainda a sinalizada, reforçando a identidade inconformada.

3. Identidade flutuante

Na identidade flutuante, o surdo se espelha na representação dominante, vivendo e se manifestando de forma similar ao mundo dos ouvintes. Pode-se dizer que a pessoa é “colonizada”, aceitando a hegemonia imposta pela maneira de se comunicar dos outros indivíduos, mas flutua entre as duas formas de perceber e se relacionar com o mundo.

4. Identidade híbrida

Aqui, podem ser incluídos os surdos que nasceram ouvintes, mas que por algum motivo perderam a audição ao longo da vida. Assim, as pessoas de identidade híbrida poderão utilizar mais de um meio para se comunicar. Por exemplo, podem usar Libras e também oralizar, pois entendem a estrutura da comunicação falada.

5. Identidade incompleta

Por fim, esse tipo de surdo opta por se socializar apenas no ambiente dos ouvintes, mas não se sente ouvinte.

As pessoas classificadas nessa categoria têm a habilidade de articular as palavras e fazer leitura labial, contando geralmente com o auxílio de um aparelho auditivo, que se falhar ou for desligado, as levará inevitavelmente ao mundo do silêncio. É comum que esses indivíduos neguem-se a utilizar Libras, por exemplo, usando outras estratégias para se virar no mundo dos ouvintes.

Viu só como é imprescindível conhecer os diferentes tipos de identidade surda? Lembre-se de que é papel das empresas se preparem para atender, da melhor forma, as necessidades da comunidade surda. Até porque isso promoverá uma melhor compreensão e proporcionará maneiras mais eficientes de comunicação com tais indivíduos.

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