Qual o seu maior sonho como alfabetizadora

Marta Cabette*

“Por que os alunos não conseguem aprender a ler? No meu tempo, não era assim. De uns anos para cá, parece que as crianças não aprendem. O que mudou?” Essas são perguntas que ouvimos constantemente quando falamos com professores, que sempre estão angustiados com sua profissão. O professor da rede pública de ensino cada vez mais se preocupa com o número de estudantes que “não aprendem”, embora ele tente ensinar de todas as maneiras.

Primeiro, vamos tentar entender as crianças que chegam às nossas escolas.

As crianças, hoje, são fruto da “cultura do espetáculo” e a todo instante deparam com estímulos de imagens fantásticas, em que tudo acontece numa velocidade incrível. Deixando de lado o computador (porque a maioria dessas crianças não tem acesso a ele), os meios de comunicação utilizam-se de uma linguagem dramatizada e de muito estímulo visual.

A concentração de nossas crianças fica menor a cada dia. Tudo é sintético e rápido.

Por outro lado, sem distinção de classe, todas elas chegam à rede pública de ensino. Alguns anos atrás, só uma elite privilegiada freqüentava a escola.

Com as mudanças ocorridas na lei, todas as crianças estão na escola, independentemente do seu nível socioeconômico.

E na escola? O que mudou?

Apesar das descobertas ocorridas nas últimas décadas nas áreas de lingüística e psicologia, esclarecendo como a criança adquire conhecimento, aprende a escrita e a leitura, nas escolas ainda se ensina como antigamente. O argumento que mais se ouve é: se fomos alfabetizados assim, porque não alfabetizar da mesma forma? Simples: as crianças não são mais como as de antigamente; não são melhores nem piores, somente diferentes.

Nós, professores alfabetizadores, temos o dever moral de não perpetuar a exclusão dessas crianças que chegam à escola pública. Somos, talvez, a última possibilidade de elas conseguirem se sentir capazes e incluídas em uma sociedade que, impiedosamente, exclui os pobres e analfabetos como se eles fossem seres de segunda categoria.

Se não estamos conseguindo ensinar essas crianças, também não podemos fugir dessa responsabilidade, pois somos nós que temos o papel de ensinar. Portanto, se não está havendo aprendizagem, quem está fracassando somos nós, não as crianças.

Fatores externos interferem, e muito, no processo de alfabetização, mas os especialistas são os professores, que, assim, devem encontrar soluções. Transferir a responsabilidade para a família, que está desestruturada, vive de baixos salários, etc. não vai ajudar crianças como o menino que encontrei na sala de aula. Ele estava com 9 anos, não sabia ler nem escrever (como ele, há muitos outros) e me deixou com um nó na garganta quando disse: “Eu tenho um sonho. Meu maior sonho é aprender a ler”.

Nunca vou me esquecer quando, um ano depois, ele pediu para não fazer a lição. Como era uma criança muito dedicada, estranhei. Mas a justificativa valeu pelo trabalho de tantos anos dedicados a alfabetizar: “É que eu quero terminar de ler um livro, professora!”.

O assunto é vasto e muitas coisas interferem na alfabetização de uma criança, mas a primeira condição, para definir um professor alfabetizador, é a capacidade de se comprometer.

Comprometimento envolve trabalho duro de auto-aperfeiçoamento intelectual e afetivo, porque só teoria não ensina ninguém. A sabedoria vem da maneira de acolher essas crianças e ajudar em seu desenvolvimento, pois a escola é sua única esperança de transformação.

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*Marta Cabette é professora, alfabetizadora e psicóloga.
E-mail: e

Qual o seu maior sonho como alfabetizadora

O programa Sonhos - Vamos sonhar juntos? norteia uma série de propostas pedagógicas e diversificadas atividades paralelas que têm como objetivo estimular a autoconfiança e o empoderamento das crianças, motivando-os a acreditar na capacidade de sonhar e transformar a concretização destes em metas.

Como trabalhar sonhos em sala de aula?

Professor, inicie a aula com a turma organizada em uma roda de conversa, perguntando para os alunos se eles têm algum sonho, ou seja, um forte desejo, um projeto de vida, que gostariam que realizasse. Instigue a participação de todos os alunos e registre os sonhos dos alunos em uma cartolina.

Como seria a escola dos meus sonhos para os alunos?

A escola dos meus sonhos… é um espaço acolhedor, onde eu me sinto bem em estar, sou recebido com carinho, respeitado como cidadão… uma escola que me ajuda a dar asas ao meu desejo de aprender, que proporciona condições para desenvolver o meu potencial e oportunidades para expor minhas ideias…

Como fazer a dinâmica da árvore dos sonhos?

Para realizar esta dinâmica, o instrutor deve ter uma árvore grande, feita de papel colorido, que deve ser pregada na parede, no centro da sala. Também é preciso papel colorido, cortando em forma de semente, fita e caneta para que os participantes possam escrever seus anseios e colá-los na árvore da sua vida.

Qual o seu maior sonho como alfabetizadora?

Seu maior sonho é ver a Educação e o professor valorizados e reconhecidos. Mas ela não perde as esperanças. Em sua mensagem aos alfabetizadores, diz: "Acreditem em vocês! Acreditem em seus alunos!

Como trabalhar projeto de vida na sala de aula?

Para incentivar o estudante a desenvolver um projeto de vida na escola é preciso promover conversas sobre o tema, fazendo-o refletir sobre o assunto. Vale abrir as perguntas sobre o futuro, indo além das aspirações profissionais.

O que têm em uma escola dos sonhos?

Uma pesquisa quer saber sua opinião. Alternativas para a educação e formas para melhorar o ensino são frequentemente debatidas entre educadores, diretores, pais de alunos e até mesmo políticos que atuam na área.