Como aliviar a dor do parto normal

As alterações físicas, fisiológicas e psicológicas depois do nascimento do seu bebé são várias e, com elas, chegam alguns incómodos pós-parto.

Algumas medidas de autocuidado e estar atenta ao que o seu corpo lhe diz, vão ajudá-la a evitar complicações e a melhorar o seu bem-estar nesta fase de transição. Saiba como aliviar a dor e o conforto no pós-parto.

Após o parto, os seus órgão vão retomando, gradualmente, a sua forma e posição naturais. Durante o período de internamento na maternidade / hospital, receberá o apoio profissional necessário para garantir que recupera dentro da normalidade.

Aproveite esta estadia para esclarecer todas as dúvidas que tenha relativamente ao que irá acontecer no seu corpo nas próximas semanas, quando deverá voltar ao médico para a revisão do parto e sobre os cuidados ao seu bebé (com amamentação, vacinas, consultas no pediatra, entre outras).

Recuperação no pós-parto

Chegada a casa, com o seu novo bebé nos braços, pode ter a tentação de se esquecer de si. Mas é importante que reserve algum espaço para cuidar das suas necessidades e repousar. Outra dica fundamental é ter paciência com o seu corpo, dando-lhe o tempo de que necessita para recuperar da gravidez e do parto.

As primeiras semanas podem ser particularmente extenuantes. Dividida entre os cuidados os bebé, a atenção que tem que dar a outros filhos, ao seu companheiro, as visitas, as noites sem dormir, a pilha de roupa que se acumula, …

Para além de tudo isto, o seu corpo está numa fase delicada em que sofre uma série de alterações para repor a normalidade anterior ao parto. Modificações essas que podem vir acompanhadas de incómodos pós-parto. Neste artigo, vamos deixar-lhe algumas sugestões para os combater.

1. Dores na região do períneo

As dores na região perineal (área entre a vagina e o anûs), podem gerar desconforto especialmente quando caminha ou está sentada. As dores podem variar de intensidade e duração de acordo com os traumatismos que resultaram do parto. Se realizou uma episiotomia, por exemplo, é normal que sinta dor e desconforto na zona do corte.

Como aliviar a dor e o desconforto

  • Aplicar gelo durante 15 minutos, de 8 em 8 horas durante 2 dias após o parto (existem umas bandas de gel na farmácia que pode levar ao frigorífico);
  • Antes de se sentar, contrai-a os glúteos. Também pode experimentar usar uma bola para se sentar;
  • Lave-se com água tépida ou com um produto antissético;
  • Mantenha a zona seca e mude o penso higiénico (não use tampões para evitar infeções) sempre que for à casa de banho.

Se tem pontos, estes não precisam de ser retirados e caiem de forma espontânea. Por norma, este desconforto passa ao fim de um mês mas pode prolongar-se por mais algumas semanas.

Os exercícios de Kegel no pós-parto (contrair e descontrair os músculos do períneo) também ajudam a acelerar o processo de recuperação e a evitar problemas urinários, como a incontinência (perda de urina).

2. Dores abdominais

Após a expulsão da placenta (3ª fase do trabalho de parto), o útero continua a contrair-se (contrações puerperais) durante os primeiros dois ou três dias após o parto e, especialmente, durante a amamentação, porque a sucção do bebé estimula a secreção de ocitocina que, por sua vez, estimula as contrações uterinas.

Como o tónus muscular das mulheres que já tiveram filhos anteriormente é mais reduzido, as dores podem ser mais intensas e frequentes. Se fez uma cesariana, a incisão cirúrgica agrava o quadro de dor e desconforto. O corte da cesariana cicatriza em 6 semanas.

Como aliviar a dor e o desconforto

  • Evite levantar pesos ou esforços físicos;
  • Não se levante da cama de repente, mas com cuidado, virando-se de lado;
  • Se conseguir, amamente deitada;
  • Se tossir ou espirrar, apoie a sutura para aliviar o esforço;
  • Se usar cinta, deve fazê-lo apenas nos primeiros dias e colocá-la abaixo do umbigo. O uso continuado de cinta no pós-parto pode comprometer a normal localização dos órgãos pélvicos e, por isso, deve ser evitada;
  • Beba muita água para urinar com frequência;
  • Se tiver pontos externos, estes devem ser retirados entre o 8º e o 10º dias após o parto;
  • Depois de retirar os pontos, massaje a zona abdominal para melhorar a firmeza da pele.

3. Hemorroidas

As hemorroidas na gravidez são bastante comuns, especialmente no final da jornada. Aconselha-se acompanhamento médico.

Como aliviar a dor e o desconforto

  • Tomar um duche com água tépida (evite banhos de imersão durante o 1º mês após o parto);
  • Coloque gelo no local nas primeiras 24 horas após o parto;
  • Evite permanecer muito tempo na mesma posição (seja de pé ou sentada);
  • Durma deitada de lado;
  • Cuide da sua higiene íntima e mude o penso higiénico regularmente;
  • Pratique os exercícios de Kegel.

4. Prisão de ventre

A prisão de ventre e a dor ao evacuar são frequentes nos primeiros dias a seguir ao parto. Para além do intestino preso, a mulher pode ter medo de ir à casa de banho por causa das hemorroidas ou dos pontos o que agrava o problema.

Como aliviar a dor e o desconforto

  • Beba muita água e faça uma alimentação rica em fibra;
  • Faça pequenas caminhadas.

Alimentos para prisão de ventre

5. Dores musculares e articulares

Devem-se, essencialmente, à má postura durante a gravidez ou amamentação. O exercício físico é fundamental para ter consciência da sua postura e aumentar a flexibilidade muscular e das articulações.

Como aliviar a dor e o desconforto

  • Durma com as pernas elevadas (pode usar uma almofada ou levantar os pés da cama);
  • Faça pequenas caminhadas ou natação para estimular a circulação das pernas (após consultar o médico);
  • Termine o duche com uma chuveirada de água fria nas pernas e pés.

6. Tensão mamária inicial

Nos primeiros dias pós-parto, dá-se a subida do leite. O primeiro leite materno é o colostro, substância de aspeto cremoso e amarelado ou transparente, rica em anti-corpos que ajudam a reforçar as defesas naturais do bebé protegendo-o contra doenças e infeções.

A subida do cheio, pode causar tensão mamária: o peito fica duro, tenso, quente e pesado. A forma como o bebé faz a pega da mama (para além do mamilo, a boca do bebé deve abranger a zona da auréola) é fundamental para uma boa amamentação e para esvaziar o peito, aliviando os sintomas.

Se produzir mais leite do que aquele que o bebé é capaz de mamar, pode extraí-lo e guardá-lo para mais tarde.

Como extrair o leite materno?

7. Desconfortos mamários

A tensão mamária, o ingurgitamento mamário, o bloqueio dos ductos mamários, as gretas / fissuras dos mamilos são alguns dos problemas que podem surgir na amamentação.

Como prevenir estes desconfortos

  • Lavar as mamas com água corrente uma vez por dia;
  • Hidratar os mamilos com um creme próprio ou com leite, deixando secar ao ar;
  • Arejar os mamilos com a ajuda de conchas de arejamento ou deixar ou exposição ao ar;
  • Lavar as mãos antes de dar de mamar;
  • Garantir que a boca do bebé abrange a zona da auréola e não só o mamilo;
  • Introduzir o dedo entre a auréola e a língua do bebé para interromper a refeição e não puxar pelo mamilo;
  • Dê de mamar com frequência, em regime livre (amamentação a pedido), ou seja, dar de mamar sem restrição de horários e sempre que o bebé o desejar;
  • No final da mamada, faça uma massagem circular sobre os nódulos que encontrar;
  • Use roupas largas e um soutien que apoie corretamente o peito mas que não o comprima.

Se os seus mamilos são rasos ou invertidos, converse com os profissionais de saúde antes da alta hospitalar para encontrar a melhor forma de amamentar com conforto. Os discos de silicone podem ser uma opção.

Guia de preparação para o parto – Complicações durante a amamentação

Quando procurar ajuda médica?

  • Se tiver sinais de infeção na sutura abdominal;
  • Cheiro fétido dos lóquios;
  • Pernas quentes, inchadas e dolorosas;
  • Temperatura acima dos 38º C (sintoma de infeção);
  • Face a sintomas de ingurgitamento mamário;
  • Alterações de humor como sentimento de tristeza constante, elevados níveis de ansiedade ou pensamentos negativos sobre si e o bebé (depressão pós-parto).

Esta informação é meramente indicativa, não pretendendo, em qualquer momento, substituir as orientações de um profissional médico ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento.

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Um dos principais temores associados ao parto normal é a intensidade da dor que ele causará. Pois uma pesquisa de mestrado apresentada na Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior paulista, mostrou que deixar a sala de parto com pouca iluminação é uma boa estratégia para aliviar o sofrimento das mulheres.

Segundo Michelle Gonçalves da Silva, obstetra responsável pela investigação, estudos indicam que a luminosidade ativa o neocórtex, região associada ao raciocínio e à inteligência. “Na hora do parto, é preciso que ocorra justamente o contrário: desativar o neocórtex e ativar o córtex primal, ou seja, aquele do lado animal, para que a gestante consiga expulsar o bebê”, completou a pesquisadora em entrevista para o Jornal da Unicamp.

Para chegar a essa conclusão, a expert filmou 95 mulheres durante e depois do parto. Elas foram divididas em dois grupos: uma parte ficou em um ambiente com luzes acesas e a outra teve o bebê com as luzes apagadas (a única iluminação era voltada para o períneo da gestante). Mesmo na penumbra, os equipamentos de filmagem captavam com exatidão as imagens, que então passavam por um sistema de codificação para estabelecer as emoções na hora do parto.

A enfermeira notou que, quando há luz, parece mais difícil para a mulher entrar em contato com esse lado primitivo, essencial para trazer o bebê ao mundo – possivelmente porque ela se sente vigiada. “Para nossa grande felicidade, em ambos os grupos foi interessante perceber que, após o nascimento, 100% das mulheres exprimiram alegria, por mais dificultoso e sofrido que tenha sido o parto”, revelou.

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