Interpretação do poema amor é fogo que arde COM GABARITO

    Atividade de Literatura, proposta para alunos do primeiro ano do ensino médio, com questões sobre Luis Vaz de Camões, sua biografia e obras.

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ESCOLA:                                                          DATA:

PROF:                                                              TURMA:

NOME:     

Luis Vaz de Camões

1) Assinale a alternativa incorreta:

a) (   ) Camões serviu como militar no norte da África, onde, ferido em combate, perdeu o olho direito.

b) (   )Em 1552 Camões foi preso por ter agredido um oficial do rei e só foi posto em liberdade em 1553, indo direto para o exílio. Teve início, assim, uma longa jornada de 17 anos, em que o poeta viveu nas colônias portuguesas  da África e da Ásia. Foram anos de dificuldades econômicas e algumas passagens pela cadeia.

c) (   )Camões retorna a Portugal em 1570 , após a morte de D.João III, já com Os Lusíadas terminado, em 1572 é publicada a primeira edição do poema.

d) (   )Camões morreu rico devido a pensão concedida por D.Sebastião rei de Portugal.

2) Camões é considerado o maior poeta lírico português. Sua poesia lírica é marcada pela dualidade:ora apresenta textos com herança da  tradicional poesia portuguesa ora são poesias enquadradas no estilo novo do Renascimento. Assinale nas alternativas que apresentam as características dos principais temas da poesia lírica camoniana:

I.Poesia tradicional – (a herança das cantigas trovadorescas).

II.As ideias platônicas – ( as influências da filosofia de grego Platão).

III.O amor e o ódio – ( um dos temas mais ricos da lírica camoniana).

IV.O desconcerto do mundo- ( conflito violento entre o ser e o dever ser).

Assinale a alternativa correta:

a) (   ) As alternativas I,II e IV estão corretas.

b) (   )As alternativas I,II e III estão corretas.

c) (   ) As alternativas II , III e  IV estão corretas.

d) (   ) Somente as alternativas II e III estão corretas.

Texto para as questões 3 a 5.

Amor é fogo que arde sem se ser

Amor é fogo que arde sem se ver,é ferida que dói, e não se sente;é um contentamento descontente,

é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;é um andar solitário entre a gente;é nunca contentar-se de contente;

é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;é servir a quem vence, o vencedor;

é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favornos corações humanos amizade,

se tão contrário a si é o mesmo Amor?

(Luis Vaz de Camões)  http://www.suapesquisa.com/biografias/amor_e_fogo.htm

3) Analise o poema acima e responda qual é o nome que se dá a esse tipo de composição poética ( 14 versos distribuídos em dois quartetos e dois tercetos)?

4) Identifique  o esquema de rimas utilizada por Camões no poema acima.

5) Transcreva uma antítese presente no poema.

6) Grande epopeia do povo lusitano considerada o maior poema de Camões e o maior poema épico da Língua Portuguesa,  que narra a aventura marítima de Vasco da Gama?

7) Assinale ( V ) para verdadeiro e (F) para falso sobre Os Lusíadas de Camões.

a) Os Lusíadas” é uma epopeia do escritor português Luís Vaz de Camões.( )

b)Tem como assunto a viagem de Vasco da Gama às Índias.(  )

c) É dividida em dez cantos que são organizados em 1.102 estrofes.( )

d) Todos os versos são monossílabos heroicos, e com rima ABABABCC.( )

e) Narra a viagem de Pedro Álvares Cabral às Índias.( )

f) Os Lusíadas fala sobre as grandes navegações, o império português no Oriente, os reis e heróis de Portugal, dentre outros fatos que o tornam um poema histórico.( )

g) Todos os versos são decassílabos heroicos com rima ABABABCC.( )

h) Quanto à história, o enredo é dividido em quatro partes. ( )

i) Proposição, Invocação das Tágides , Dedicatória ao Rei D. Sebastião, Narração, Epílogo, são as cinco partes do enredo da epopeia de Camões.( )

8) Os dez cantos do poema “Os Lusíadas” é  distribuído em cinco partes. Faça a identificação de cada uma delas abaixo:

a)É a apresentação do poema.

b)O poeta pede inspiração às Tágides, ninfas do rio Tejo.

c)Dedicatória a D.Sebastião, rei de Portugal.

d)É a longa parte narrativa, em que o poeta desenvolve o tema contando episódios da viagem de Vasco da Gama e a história de Portugal.

e)Parte final do poema, em que Camões mostra-se abatido,  angustiado e desiludido com a pátria.

(   ) Epílogo 

(   ) Narração 

(   ) Dedicatória  

(   )Invocação 

(   )Proposição 

Por Rosiane Fernandes Silva- graduada em Letras

As respostas estão no link acima do cabeçalho.

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Você já deve conhecer o poema Amor é Fogo que arde sem se ver, uma das mais conhecidas obras do poeta português Luís Vaz de Camões. Entre outras obras conhecidas de Camões destacam-se Os Lusíadas; Alma Minha Gentil, Que Te Partiste e Mudam-se Os Tempos, Mudam-se As Vontades.

Um dos autores mais importantes da língua Portuguesa, Camões mostra exímia habilidade ao escrever sobre sentimentos e outros temas de poesia ligados à Humanidade. Por isso, é considerado um dos mais admiráveis símbolos de Portugal, sendo uma grande e importante referência a todos os países lusófonos do mundo. Sua obra foi publicada em vários países.

Uma forma de entender melhor sua grande influência na história da literatura lusófona é analisar e compreender seus poemas. A linguagem poética costuma usar de recursos de linguagem, expressões que brincam com o sentido e as formas das palavras para comunicar ideias subjetivas e passíveis de diferentes interpretações, como as metáforas ou antíteses, por exemplo.

Interpretação do poema amor é fogo que arde COM GABARITO

Análise do poema Amor É Fogo Que Arde Sem Se Ver

O poema é um dos mais importantes sonetos de Camões. É também o mais famoso dos poemas de Camões sobre amor. Em forma de soneto clássico, uma das possíveis formas de poesia, consiste assim em quatro estrofes: as duas primeiras, feitas em quatro versos (quartetos), e as duas últimas, feitas em três versos (tercetos). Costuma apresentar começo, desenvolvimento e desfecho de uma ideia sobre um tema.

Quanto à métrica do poema Amor é fogo que arde sem se ver, esta é decassílaba, ou seja, possui dez sílabas sonoras (sílaba poética ou sílaba métrica) em cada verso. A contagem de sílabas poéticas em cada verso de um poema acaba na última sílaba tônica da linha. Cada verso corresponde a uma linha do poema e apresenta, em si, uma unidade de ideia, sentido e som. A estrutura de rimas também é clássica, seguindo a norma ABBA, ABBA, CDC, DCD.

Quanto ao tema da poesia, este é desenvolvido por meio de um sistema lógico de raciocínio, explicado por Aristóteles, chamado silogismo, que consiste em desenvolver uma ideia por meio de afirmações chamadas preposições, enunciados compostos de sujeito, verbo e atributo, podendo ou não ser verdadeiros, e que terminam em uma conclusão lógica. No poema Amor é fogo que arde sem se ver, as preposições aparecem nos dois quartetos e primeiro terceto. A última estrofe é a conclusão do silogismo.

Interpretação do poema amor é fogo que arde COM GABARITO
Para desenvolver as preposições, o poeta Camões usa outro recurso linguístico chamado antítese, que consiste em uma figura de linguagem onde ocorre a aproximação de ideias opostas de sentido.

Outros recursos utilizados por Camões nesse poema são as dualidades e ambiguidades de sentido. As dualidades consistem em reunir duas ideias, distintas, mas não necessariamente opostas, e enquadrá-las como parte interseccional de um todo. Já a ambiguidade ocorre quando uma unidade linguística (a palavra, por exemplo) possui propriedades que a tornam passível de ter mais do que uma interpretação, mudando de acordo com sentido, estilo ou contexto.

Interpretação do soneto Amor É Fogo Que Arde Sem Se Ver

Segue uma interpretação mais objetiva sobre o poema e a análise da letra do poema, estrofe por estrofe. Como já dito, cada estrofe corresponde a uma ideia, seu desenvolvimento e conclusão.

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

Nesse trecho, a aproximação de sentidos impossíveis, como o fogo que não se vê, a dor de ferida que não dói, a alegria triste e a dor que é sentida, sem que se sinta, mostra a natureza do que é o amor: um sentimento que nos leva a ideias controversas sem que se perca seu sentido. Aqui, há também uma ideia causal: primeiro o fogo, depois a ferida, depois a dor.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

Na segunda estrofe do poema, ainda há a aproximação de ideias opostas, mas, dessa vez, de maneira ao alcançar um “estado máximo”: “não querer mais do que”, “nunca” e “ganhar” são ideias com sentidos absolutos, que mostram a força desse sentimento.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Ainda por meio das antíteses, nessa estrofe o poeta explora um tema muito comum nas cantigas: a guerra. Aqui, de modo aproximar o Amor às tradições medievais – mas, para ele, o Amor é como um inimigo ao qual desejamos nos unir com todas as forças.

Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade,

se tão contrário a si é o mesmo Amor.

Nessa estrofe conclusiva, a ideia que se exprime é exatamente a da maravilha da possibilidade de dualidades do Amor, essa dor que consegue ser tão prazerosa.

Música Monte Castelo e o soneto de Camões

Os fãs de Legião Urbana já devem estar familiarizados com a letra da canção “Monte Castelo”, bela canção que mistura algumas ideias bíblicas com o profundo poema de Camões. Quando uma obra como a música de Legião Urbana contém dentro dela um diálogo com outras obras – nesse caso, explicitamente, por meio da citação – essa relação é chamada de intertextualidade.

Se você nunca tinha percebido a citação ao poema ao ouvir a música, acompanhe a seguir a letra completa de “Monte Castelo” para cantar junto e refletir ainda mais sobre o tema. Em destaque está a letra do poema “Amor é um fogo que arde sem se ver”:

Ainda que eu falasse a língua dos homens E falasse a língua dos anjos

Sem amor, eu nada seria

É só o amor, é só o amor Que conhece o que é verdade O amor é bom, não quer o mal

Não sente inveja ou se envaidece