Nessa perspectiva de ensino, permeada pelas metodologias ativas, como fica o papel do aluno?

As metodologias ativas são estratégias de ensino que têm por objetivo incentivar os estudantes a aprenderem de forma autônoma e participativa, por meio de problemas e situações reais, realizando tarefas que os estimulem a pensar além, a terem iniciativa, a debaterem, tornando-se responsáveis pela construção de conhecimento.

Neste modelo de ensino, o professor torna-se coadjuvante nos processos de ensino e aprendizagem, permitindo aos estudantes o protagonismo de seu aprendizado.

Saiba mais no blog Educação Transformadora do professor José Manuel Moran.

Selecionamos alguns modelos de metodologias ativas de aprendizagem utilizadas em práticas pedagógicas.

Aprendizagem Baseada em Problema

A Aprendizagem Baseada em Problema é um método de ensino, no qual os alunos resolvem, de forma colaborativa, situações problema para a construção de novos conhecimentos.

No vídeo, são abordadas as características da aprendizagem baseada em problemas.

Aprendizagem Baseada em Projeto

 Na Aprendizagem Baseada em Projetos os estudantes são desafiados a resolver um problema, por meio de etapas metodológicas, visando a obtenção de um produto pedagógico.

Neste vídeo, o Prof Dr Nilbo Nogueira comenta as diferenças entre Aprendizagem Baseada em Projeto e em Problema.

Sala de Aula Invertida

A Sala de Aula Invertida é um modelo de ensino híbrido sustentado, no qual os alunos acessam os conteúdos em espaços e horários diferentes da aula, e nesta,  ocorre discussão e resolução de questões.

Neste vídeo, o Prof Wagner T. Cassimiro relata as possibilidades de aprendizagem na sala de aula invertida.

Aprendizagem Baseada em Times

Na Aprendizagem Baseada em Times, ou Team-Based Learning (TBL), os alunos são reunidos em pequenos grupos de aprendizagem, em um mesmo espaço físico, para resolverem desafios lançados antes, durante ou após as aulas.

O vídeo explica as etapas de aplicação da aprendizagem baseada em times em sala de aula.

Gamificação

A Gamificação é uma metodologia que utiliza os elementos dos jogos no processo de aprendizagem visando aumentar o engajamento e autonomia dos estudantes nas atividades propostas.

Neste vídeo, o Prof Luciano Meira (UFPe) explica o que é gamificação e como os elementos de jogos podem influenciar no aprendizado.

Design Thinking

O Design Thinking quando aplicado como estratégia de ensino e aprendizagem permite aos estudantes participarem ativamente nas propostas de solução de um problema identificado, bem como em sua prototipagem.

O vídeo apresenta como o Design Thinking pode contribuir para inovar as práticas pedagógicas.

Infográfico contendo as etapas de aplicação da metodologia ativa aprendizagem baseada em projetos.

Infográfico que apresenta o conceito, as habilidades e os formatos de gamificação na educação.

Infográfico que apresenta o conceito e as etapas do Design Thinking.

Infográfico contendo as etapas do método aprendizagem por pares.

Autores: Andrea Filatro e Carolina Costa Cavalcanti
Editora: Saraiva
Idioma: Português
Ano: 2018
Páginas: 272

Sinopse: apresenta possibilidades de aplicação das metodologias inov-ativas em escolas, universidades e empresas.

Autores: Lilian Bacich, et al.

Editora: Penso
Idioma: Português
Ano: 2015
Páginas: 272

Sinopse: apresenta possibilidades de integração das tecnologias digitais ao currículo escolar.

Autores: Luciane Maria Fadel, et al.
Editora: Pimenta Cultural
Idioma: Português
Ano: 2014
Páginas: 300

Sinopse: reúne conceitos, indagações, aplicações e respostas sobre a gamificação e a educação.

Metodologia ativa de aprendizagem consiste em uma forma de ensino no qual os alunos são estimulados a participar do processo de forma mais direta.

De certa forma, a Metodologia ativa quebra com abordagens tradicionais daquilo que consideramos educar.

Seu objetivo é estimular o aluno a sair do estado de estagnação durante a aula e colocá-lo como protagonista do processo de aprendizagem.

Nessa perspectiva de ensino, permeada pelas metodologias ativas, como fica o papel do aluno?

Foto - Seungho Lee - CC BY 2.0

Todo este novo paradigma também pede a reestruturação do espaço físico do aluno, no qual o mobiliário escolar, possui um papel fundamental para uma experiência mais participativa.

Por isto, neste artigo abordaremos o que é Metodologia ativa de aprendizagem, como funciona, que influências sofre e recebe, entre outras coisas.

Metodologia ativa: Uma proposta de ensino para a contemporaneidade

Desenvolver abordagens novas para acompanhar novos tempos é extremamente necessário para aprimorar a educação, pois não se pode negar a quantidade assombrosa de modificações sociais que presenciamos nos últimos anos.

São transformações de ordem econômica, social, cultural, política e tecnológica que vêm mudando significativamente a vida das pessoas e as relações construídas entre elas.

A escola não fica fora deste contexto. Também foi e está sendo abalada por infinitas mudanças, que podemos chamar de estágio “líquido” da história. Este estágio líquido é assim chamado pois é marcado pela incerteza e fluidez, onde reina a imprevisibilidade.

Ele contrapõe-se ao estágio anterior, chamado de estado “sólido”, no qual, todos os conhecimentos que eram adquiridos pelos alunos bastavam para resolver problemas ao longo da vida graças aos contextos duráveis e previsíveis de outrora.

Atualmente, demandas e mudanças são mais rápidas e é preciso urgente ressignificar antigos conceitos. Dessa forma, diferentes métodos de ensino surgem para adaptar o processo de conhecimento a estes novos tempos.

Tivemos séculos de ensino estagnado, que pouco mudou estruturalmente e didaticamente, e que não mais acompanha o mundo moderno. A Metodologia ativa de aprendizagem chega para mudar este e futuros cenários relativos a educação.

O que sugere este conceito de aprendizagem?

Nessa perspectiva de ensino, permeada pelas metodologias ativas, como fica o papel do aluno?

Metodologias mais tradicionais, como sabemos, trabalham com o aluno/estudante através da exposição contínua de conteúdo.

A avaliação da absorção deste conteúdo será testada mais tarde pelos professores, através de trabalhos e provas muitas vezes padronizadas.

Contudo, a Metodologia ativa de aprendizagem trabalha de forma diferente e inovadora. Nela, o aluno é responsável e principal agente do seu processo educacional.

Dessa forma, os estudantes têm mais autonomia e são mais participativos durante a aula, tornando-a mais dinâmica e interessante.

Já não é de hoje que tanto alunos quanto professores descrevem o quão desestimulantes são as aulas nas escolas e universidades tradicionais. Essas aulas muitas vezes são marcadas pelo desinteresse e desvalorização dos alunos com relação aos esforços dos professores e vice-versa.

E nem mesmo a tecnologia dentro da sala de aula foi capaz de alterar este panorama. Usada de forma independente, a tecnologia é incapaz de garantir o aprendizado ou de transformar paradigmas.

Como definido anteriormente, podemos considerar que a forma de ensino tradicional é focada na transmissão de conteúdo e informações e é centrada na figura do professor.

Já na Metodologia ativa de aprendizagem, é o aluno que ocupa o centro da ação educacional, e o conhecimento não é apenas transmitido, é construído.

O aluno aqui é colocado como sujeito histórico da ação, com papel ativo, onde valoriza-se suas opiniões e conhecimentos prévios como pontos de partida para a construção do saber.

E o professor entra como facilitador, alguém que guia o estudante por esta estrada, auxiliando e permitindo que ele aprenda mais pela autonomia.

Quais os princípios da Metodologia ativa da aprendizagem

Nessa perspectiva de ensino, permeada pelas metodologias ativas, como fica o papel do aluno?

Foto: Greg Anderson - CC BY 2.0

A Metodologia ativa de aprendizagem não é necessariamente algo novo.

Podemos encontrar na obra “Emílio” de Jean Jacques Rosseau, a experiência assumindo posição de destaque em contraposição à teoria.

Descartes também em seu “Discurso do método” afirma:

“Resolvi a não procurar outra ciência, além daquela que poderia achar em mim próprio, ou então no grande livro do mundo”.

A obra de John Dewey, herdeiro intelectual de Charles Sanders Pierce, que encarava o conhecimento como processo social, assim como Vygotsky, que diz que o professor é essencial por ser o intermediário entre o aluno e o conhecimento disponível no ambiente, também contribuíram para a construção dessa metodologia.

Em 1991, a publicação do livro“Education for Judgment”, do professor C. Roland Christensen, da Universidade de Harvard, foi um marco ao tratar dos desafios da aprendizagem ativa como abordagem pedagógica.

Publicações recentes, como a obra “Metodologias Ativas Para Uma Educação Inovadora”, de Lilian Bacich e José Moran contribuem ainda mais para aumentar o interesse pelo tema.

Cabe-nos abordar os princípios gerais que estão por trás da Metodologia ativa de aprendizagem, os quais faremos a partir de agora.

Aluno – Peça chave a ser trabalhada!

Nessa perspectiva de ensino, permeada pelas metodologias ativas, como fica o papel do aluno?

O aluno é o centro do processo de absorção de conhecimento. Esta mudança torna-se necessária por um fator essencial:

A quantidade excessiva de informações, que mudam rapidamente, tornando o aluno um ‘ser global’ e em constante conexão com o mundo. Logo, não cabe mais o estudante ser mero espectador passivo de conteúdos que lhe são continuamente apresentados.

Na Aprendizagem Baseada em Projetos, a interação do aprendiz é maior, com mais controle distribuído a ele, além de mais efetiva participação em sala de aula.

Diversas construções mentais e ações são exigidas deste aluno, tais como:

  • Leitura;
  • Pesquisa;
  • Observação;
  • Comparação;
  • Imaginação;
  • Organização de dados;
  • Elaboração de hipóteses;
  • Interpretação;
  • Crítica;
  • Constante busca de suposições às hipóteses apresentadas;
  • Construção de sínteses e soluções;
  • Assimilação de novas situações;
  • Planejamento;
  • Tomada de decisões.

Entre diversas outras.

Indubitavelmente a autonomia do aluno é fundamental na Metodologia ativa, assim como sua postura participativa.

Autonomia para decidir mais adiante

Nesta metodologia, o estudante desenvolve atitude crítica e ativa, que o tornará mais preparado para o futuro mercado de trabalho e para a vida.

Seu engajamento é fundamental para o exercício da liberdade na tomada de decisões, tanto na experiência escolar quanto, posteriormente, na profissional.

E, cabe ao professor que adota a Metodologia ativa de ensino estimular para que essa autonomia se torne habitual, seguindo alguns princípios:

  • Nutrir interesses pessoais do aluno;
  • Explicar o conteúdo racionalmente;
  • Utilizar linguagem que informe, e não que controle;
  • Ter paciência com o ritmo dos alunos;
  • Reconhecer e aceitar os sentimentos negativos da classe.

Com a prática da autonomia, a motivação dos estudantes é reforçada e mantida em constante estímulo.

Problematização da realidade

Problematizar, dentro do contexto da Metodologia ativa de aprendizagem, nada mais é do que analisar a realidade e assim, tomar consciência dela.

A desarticulação de conteúdos com contextos sociais, levam ao desânimo, apatia e desinteresse dos estudantes.

Isto porque a educação escolar (em qualquer nível) tem que ser voltada para vida, de forma que os estudantes possam enxergar aplicação prática e utilidade no seu cotidiano.

Esta aproximação crítica do aprendiz com a realidade permite que ele adote a centralidade do processo educacional, uma das bases da Metodologia Baseada em Projetos.

Professor – Um elemento de mediação

O ensino, como prática de natureza ética fundamentalmente humana, exige hoje em dia que os processos de interação sejam mais dinâmicos e complexos.

O ato de ensinar não consiste apenas de passar conteúdo, mas sim de instigar, provocar e propiciar a construção, reflexão e transformação sem perder de vista o respeito à autonomia do aluno.

Assim, o professor assume outros papéis, como:

  1. Curador: que seleciona o conteúdo e guia o aluno por ele;
  2. Apoiador: acolhendo, estimulando, valorizando e inspirando os alunos;
  3. Orientador: sendo capaz de gerenciar as atividades de aula;
  4. Mediador: mediando as relações entre alunos e a sinergia entre eles e o conteúdo apresentado.

Sendo assim, é na Metodologia ativa de aprendizagem que o professor incentiva o estudante à participação. Essencialmente, removendo-o da estagnação e o colocando no papel central do processo educacional.

O espaço da sala de aula

Aqui referimo-nos ao espaço físico da sala, e iremos analisar as soluções de design que impactam essa metodologia.

O mobiliário escolar sempre teve aspecto rígido e formal, seguindo o antigo padrão jesuíta de mesas colocadas em filas diante do professor. Este formato não responde mais as atuais necessidades de ensino.

Mas, dentro da metodologia ativa, especialmente, as mesas e carteiras escolares devem permitir uma maior flexibilização do layout, para que os alunos possam se movimentar livremente e realizar trabalhos em grupo, por exemplo.

Nessa metodologia não é necessário que a classe seja toda organizada voltada ao professor. Ao contrário, é fundamental permitir que o mobiliário escolar também seja ressignificado para a facilitação do aprendizado.

A adoção de carteira universitárias com rodízios, permitindo que os alunos se movimentem facilmente e trabalhem sempre de maneira colaborativa também faz parte desta nova abordagem.

Trabalho de grupo

A Metodologia ativa de aprendizagem estimula que os estudantes, sejam do ensino fundamental, médio ou universitário, se encontrem em constante interação.

Ao invés do padrão normativo clássico, onde não era permitido conversar uns com outros, este princípio estimula que os alunos discutam e troquem ideias constantemente.

Lógico que, para isto, como dito,é preciso que o mobiliário, cadeiras escolares ou carteiras universitárias sejam adequados a esta reorganização.

Este movimento constante, de argumentação e contra argumentação propicia o despertar da postura crítica diante da realidade e uma maior compreensão de mundo.

Benefícios do uso da Metodologia ativa de aprendizagem

Nessa perspectiva de ensino, permeada pelas metodologias ativas, como fica o papel do aluno?

Foto: WolfVision - CC BY 2.0

Uma das técnicas das metodologias ativas é a Aprendizagem baseada em Projetos. Pode-se apontar alguns benefícios claros da adoção desta técnica para universitários, entre os quais podemos citar:

  • Desenvolvimento de iniciativa e autonomia;
  • Aprimoramento da confiança e da autoestima;
  • A valorização e naturalização do aprendizado;
  • Melhorar a capacidade de resolver problemas;
  • Instigar a transformação de paradigmas para aqueles que irão iniciar no mercado de trabalho;
  • Auxiliar exponencialmente para transformar esses estudantes em profissionais mais valorizados, bem preparados e qualificados para o futuro mercado de trabalho;
  • Permitir que eles sejam protagonistas do próprio processo de ensino.

Sem dizer que a própria instituição ganha ao utilizar estes princípios, melhorando tanto a satisfação dentro da sala de aula, quanto a percepção de valor pelos alunos e mercado em geral.

Para concluir, reforçamos que:

A Metodologia Ativa de aprendizagem também auxilia na retenção dos alunos, assim como é ótima ferramenta de atração para possíveis novos estudantes.

Nunca foi tão necessário no Brasil propor a transformação de nossa forma de ensino, dadas as radicais mudanças estruturais na nossa sociedade. E melhorar a autonomia dos alunos em relação ao papel de cada um na sala de aula faz parte disso.

Ampliar o espaço para o conhecimento, debate, dúvida, questionamento, posicionamento e protagonismo...

É o que propõe a Metodologia ativa de aprendizagem – uma mudança na forma de entender o ensino!