O que acontece com o útero quando sentimos cólica

A cólica menstrual muito forte dificulta a execução de tarefas rotineiras e, dependendo da intensidade do incômodo, a mulher pode ficar incapaz de realizar diversas atividades. A dor da cólica, quando recorrente, deve ser investigada detalhadamente por um ginecologista. Isso porque doenças inflamatórias no útero, como a endometriose, podem ser causadoras desse mal.

Normalmente, a cólica está ligada a contrações musculares do útero durante o período menstrual. Elas são causadas por um excesso de prostaglandinas — reações químicas liberadas pelo revestimento uterino durante a preparação para a eliminação do endométrio (menstruação).

O desconforto é comum e tende a ser mais intenso nos primeiros dias do ciclo. Mas, quando a dor impede a mulher de realizar suas atividades, um médico deve ser consultado para descobrir sua origem. Neste artigo, vamos falar sobre as principais causas e como prevenir as cólicas menstruais. Entenda mais!

Por que acontece a dor da cólica menstrual?

O útero é preparado todo mês para uma gravidez. A cada menstruação, ele reveste as paredes internas (endométrio) para o desenvolvimento de um bebê. Quando a fecundação não ocorre, ele precisa ser limpo para um novo ciclo iniciar. As cólicas são caracterizadas por uma dor aguda e intermitente no baixo ventre.

O quadro de cólica menstrual acontece com todas as mulheres, mas em intensidades diferentes. Os primeiros dias da menstruação são marcados por desconfortos, como inchaço nas mamas, dores de cabeça e cólicas. Raras são as pessoas que não sentem nenhum tipo de sintoma, por pelo menos alguns dias, durante esse período.

A menstruação é um fenômeno fisiológico que provoca um grau de inflamação no músculo do útero, causando a dor menstrual, conhecida cientificamente como dismenorreia. Ela está associada aos níveis de prostaglandinas no organismo — processo químico das células que estimula a descamação do endométrio.

As cólicas menstruais podem ser classificadas em:

  • dismenorreia primária: quando os níveis de prostaglandinas estão muito altos e provocam as contrações uterinas;
  • dismenorreia secundária: é provocada por outros fatores, como a presença de tumores na região, cistos, miomas, inflamações pélvicas ou qualquer tipo de doença.

Por que algumas mulheres sentem mais dor do que outras?

Algumas mulheres passam pelo período menstrual sem muitas dores ou alterações no corpo, mas isso é algo raro de acontecer. A maioria sofre com cólicas durante a menstruação — o que varia é a intensidade de um corpo para outro.

Quando não há uma doença causadora das cólicas menstruais muito fortes, é a sensibilidade de cada organismo que determinará o quadro de dor. Normalmente, as mulheres sentem o desconforto antes ou no momento em que o sangramento começa. Elas duram de um a três dias, e podem começar com uma dor forte, que melhora com o passar das horas.

O que pode favorecer o aparecimento da cólica menstrual muito forte?

O que acontece com o útero quando sentimos cólica

A alimentação pode ajudar ou atrapalhar nosso organismo, portanto, a ingestão de alguns alimentos tende a piorar a intensidade da cólica. Uma dieta balanceada, com baixo teor de gordura e consumo de alimentos com efeito anti-inflamatório, é favorável para o alívio das cólicas fortes. Nesse sentido, diversas dietas têm sido recomendadas para auxiliar na diminuição do desconforto.  

Alimentos crus ou frios tendem a estagnar a energia dos canais da região abdominal, piorando as dores. Por isso, nesse período menstrual, a recomendação é consumir alimentos quentes, como sopas e chás, e evitar sorvetes e saladas em excesso, principalmente, à noite. Água gelada também deve ser evitada. Vejamos alguns alimentos e situações que podem potencializar o aparecimento das cólicas menstruais.

Café, chá preto e chá mate

Esses tipos de bebidas têm cafeína, o que estimula os movimentos de contração dos músculos. Portanto, sendo o útero um órgão muscular, a ingestão dessas bebidas durante o período menstrual pode aumentar o ritmo do aparelho reprodutor feminino, provocando mais cólicas.

Salsichas, presunto e enlatados

Esses alimentos têm muito sódio, por se tratar de produtos industrializados e cheios de conservantes. A ingestão deles pode reter líquidos, causando um desconforto maior no corpo feminino.

Carne vermelha

As carnes, de modo geral, têm um processo de digestão mais lento. Por esse motivo, elas estão mais suscetíveis às ações de bactérias, que fermentam esse tipo de alimento, caso a flora intestinal esteja desregulada.

Farinha branca e açúcar

O aumento da ingestão de gorduras saturadas e hidrogenadas, como pão doce, doces e bolachas industrializadas, causa um desequilíbrio hormonal. Esses alimentos são pobres em nutrientes e desregulam a acidez do corpo, gerando um processo inflamatório e enfraquecendo o sistema imunológico.

Durante o período menstrual, o corpo necessita de mais atenção com a alimentação para mantê-lo em equilíbrio. Por esse motivo, é melhor evitar a ingestão de farinha branca e açúcar, além de alimentos que gerem um processo inflamatório maior ao corpo.

Consumo de álcool

O corpo feminino tem um volume de líquido menor, mais gordura e menos enzimas para metabolizar a bebida, quando comparado ao masculino. Portanto, seus efeitos causam mais impactos. O álcool também interfere nas fases do ciclo menstrual, alterando as concentrações dos hormônios, causando uma desarmonia no corpo.

Estresse

Mulheres com altos níveis de estresse tendem a ter duas vezes mais probabilidade de desenvolver dores menstruais. Por isso, aliviar o desgaste mental pode ajudar a amenizar os quadros de cólicas. O estresse durante a primeira parte do ciclo pode causar mais dores do que na segunda etapa. 

Tabagismo

Mulheres que fumam também tendem a desenvolver mais quadros de cólicas menstruais. Caso a pessoa continue o hábito do tabagismo, o risco de cólicas vai aumentando com o tempo. Além disso, o fumo passivo também pode aumentar as cólicas. 

Quais os alimentos que ajudam no alívio das cólicas menstruais?

Por outro lado, alguns ingredientes podem auxiliar no alívio das cólicas menstruais. Nesse período, é importante ingerir alimentos que diminuam o fator inflamatório do corpo e que sejam desintoxicantes. Mas não adianta seguir a alimentação recomendada apenas nos períodos menstruais, é necessário haver uma melhora no padrão para sentir os benefícios.

Uma dieta a base de ingestão de leite é recomendada para amenizar os incômodos do período menstrual. Isso porque a falta de cálcio (substância presente no leite) nas células tende a causar alterações nas fibras musculares, levando a dores abdominais. A suplementação com magnésio também ajuda no relaxamento das fibras musculares, aliviando as cólicas. Veja o que colocar no prato.

Frutas vermelhas

Morango, amora, framboesa e mirtilo têm antioxidantes, chamados flavonoides, que ajudam a reduzir os processos inflamatórios. Essa substância também é encontrada nas uvas e no suco dessa fruta. Se optar pelo suco, escolha a versão integral, que é menos industrializada.

Atum, sardinha e salmão

Peixes são ricos em ômega 3 e agem no organismo como modulador inflamatório. Esse nutriente é capaz de diminuir a contração uterina e pode ser encontrado, também, em sementes, como chia e linhaça. O ideal é consumir peixe até três vezes na semana.

Frango

As carnes têm gorduras saturadas que potencializam o processo inflamatório. Por isso, recomenda-se adicionar ao cardápio as carnes mais magras, como o frango. Além disso, o preparo do alimento é fundamental. Melhor optar pela versão grelhada ou cozinha. Nada de frituras.

Oleaginosas

As oleaginosas são alimentos fonte de vitamina do complexo B e que têm magnésio. Essa substância atua no relaxamento da musculatura, aliviando as cólicas. Amêndoas, nozes e castanhas estão nesse grupo e podem ser consumidas diariamente.

Chá de melissa

A melissa tem uma substância chamada ácido rosmarínico, que atua como calmante. Além disso, essa bebida tem efeito anti-inflamatório. Outros chás que inibem espasmos musculares são o de framboesa, erva-cidreira, gengibre e camomila.

É possível prevenir ou aliviar as cólicas menstruais muito fortes?

Nos casos em que as cólicas menstruais são muito intensas, a ponto de impedir que a mulher tenha uma vida normal durante seu ciclo, tratar as causas da dor é fundamental para a saúde e o bem-estar.

No geral, todos os métodos para aliviar as cólicas menstruais reduzem a inflamação, limitam a produção de prostaglandina, bloqueiam a dor, além de elevar o fluxo de sangue no útero e tratar possíveis doenças, como a endometriose. Mas algumas mudanças de hábito podem ajudar a prevenir e aliviar as dores no período menstrual:

  • tenha uma dieta saudável e balanceada;
  • insira suplementação para cólicas menstruais, como gengibre e alimentos que forneçam magnésio, zinco e vitaminas;
  • alivie o estresse e busque fazer atividades relaxantes e que estimulem a quietação da mente;
  • pare de fumar;
  • pratique atividades físicas regularmente;
  • evite a ingestão de bebidas alcoólicas;
  • tenha uma rotina de autocuidado.

Além disso, o uso de medicamentos, como anti-inflamatórios e analgésicos, é uma maneira eficaz de conseguir aliviar as cólicas menstruais. Em alguns casos, a utilização de contraceptivos hormonais também é indicada pelos médicos para prevenir as dores.

Outra maneira de aliviar as cólicas são as compressas quentes. Elas aumentam o fluxo sanguíneo, pois os vasos são dilatados. Com isso, os músculos acabam relaxando. Portanto, a prática auxilia quando as dores estão muito fortes.

Chá para aliviar cólica pode ser recomendado para o período menstrual. Alguns têm função anti-inflamatória, calmante e antiespasmódica. Aqueles feitos de camomila, canela, gengibre, orégano e calêndula tendem a diminuir as dores, oferecendo mais conforto e bem-estar para a mulher.

Quais são as principais causas da cólica menstrual muito forte?

Na maioria das vezes, cólicas muito fortes têm algum motivo de origem, que deve ser investigado minuciosamente por um médico ginecologista. A melhor forma de diagnosticar as causas dessas dores incômodas é realizar exames, como o ultrassom transvaginal, capaz de detectar as principais origens da cólica forte.

Endometriose

Essa é a origem mais comum das cólicas menstruais muito intensas. Apesar de ser uma doença silenciosa, um dos sintomas da endometriose é quando a mulher nunca sentiu cólicas e, de repente, começou a apresentar um quadro de dores frequentes e fortes.

Outro alerta para essa doença ocorre quando a mulher sempre sentiu desconfortos abdominais durante o período menstrual, porém, em algum momento, essa dor se tornou mais intensa. O tratamento consiste no uso de hormônios e, em alguns casos, é preciso intervenção cirúrgica.

Adenomiose

A adenomiose é muito comum em mulheres acima dos 35 anos, e ocorre quando o tecido endometrial penetra no miométrio. Entre os sintomas estão cólica endometrial, alto nível de sangramento, infertilidade, sensação de peso, inchaço abdominal e o útero pode ter seu tamanho alterado.

O tratamento é a base de hormônios e, quando necessário, a cirurgia mais comum a ser realizada é a histerectomia — operação cirúrgica ginecológica que consiste na remoção do útero.

Mioma submucoso

Ocorre quando um nódulo de mioma penetra, parcial ou completamente, dentro do endométrio. Os sintomas mais comuns são o aumento do sangramento e a cólica forte.

Outro diagnóstico menos frequente é o mioma parido, que causa os mesmos sintomas do submucoso, mas acontece com miomas que estão dentro do endométrio e são eliminados do útero a partir do colo uterino. A cirurgia para a retirada de qualquer um dos dois miomas é o mais indicado pelos médicos.

Abortamento

O abortamento espontâneo é muito comum, pode acontecer nos primeiros meses e causar cólicas fortes. Geralmente, ocorre o atraso menstrual de alguns dias por causa da gravidez e, em seguida, vem essa espécie de menstruação, com aumento do sangramento e as dores abdominais fortes.

Idiopática

Existem muitos motivos que levam ao surgimento das cólicas menstruais. Etiologias ginecológicas, gastrointestinais, urológicas, vasculares, musculares e ortopédicas são algumas das razões do aparecimento das dores pélvicas. Mas, quando todas essas alternativas são descartadas pelos médicos, a cólica menstrual é chamada de idiopática.

Quando buscar ajuda médica?

Grande parte das mulheres sentem cólicas durante o período menstrual. Mas, quando esse desconforto se torna muito intenso, não é amenizado com analgésicos e afeta a rotina, a ponto de impedir a mulher de desenvolver suas atividades diárias, é hora de procurar ajuda profissional.

O ginecologista também deve ser consultado quando essas dores surgirem repentinamente, intensas, em excesso ou se estenderem por muitos dias. O médico avaliará qual o melhor tratamento disponível para a especificidade do caso.

Como vimos, a cólica menstrual muito forte pode ser sintoma de algumas doenças inflamatórias. Quanto antes forem descobertas, mais eficiente será o tratamento. Por isso, essas dores devem ser minuciosamente investigadas por meio de exames prescritos por ginecologistas.

Além disso, manter uma alimentação saudável, beber bastante água e ter uma rotina de atividades físicas pode ajudar a prevenir a dor da cólica, melhorando a qualidade de vida da mulher e evitando que esses sintomas atrapalhem suas atividades diárias.

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O que acontece com o útero quando sentimos cólica