O que parasitologia estuda

Confira um artigo completo que falamos sobre a Parasitologia para esclarecer todas as suas dúvidas. Ao final, confira alguns materiais educativos para complementar ainda mais os seus estudos.

Boa leitura!

Definição e Epidemiologia da Parasitologia

As doenças parasitárias sempre estiveram presentes durante a evolução humana. Com o avanço do conhecimento e as modificações no processo de saúde-doença no mundo, houve uma transição epidemiológica, caracterizada pela mudança no perfil de mortalidade e diminuição da taxa de doenças infecto-parasitárias e aumento concomitante da taxa de doenças crônico-degenerativas.

No entanto, este processo não se desenvolveu adequadamente em países não desenvolvidos e em desenvolvimento. Sendo assim, as doenças parasitárias apresentam maior prevalência em países emergentes, devido as más condições higiênicas, sanitárias, de moradia e dietéticas.

De acordo com a OMS acredita-se que cerca de 14% da população mundial possui algum tipo de doença parasitária. Apesar da redução da mortalidade nas últimas décadas devido as doenças parasitárias, estima-se que, no Brasil, a prevalência dessas doenças continue alta, devido principalmente as condições socioeconômicas da população.

Esses números são mais preocupantes nas regiões Norte e Nordeste do país, sobretudo nos extremos de idade, especialmente em menores de 1 ano. Nessa perspectiva, surge a parasitologia como ferramenta para o estudo dos hospedeiros, seus parasitas e suas formas de interação.

O termo “parasitologia”

O termo parasitologia envolve o estudo dos organismos incluídos na relação biológica de parasitismo. Entretanto, para fins didáticos, o estudo da parasitologia médica se restringe apenas a relação entre os organismos eucariotos espoliadores e o homem. Com isso, dentro da parasitologia médica temos os Protozoários, Helmintos e Artrópodes. É importante que se entenda que para que ocorra o parasitismo, é necessário que ocorra uma relação íntima e duradoura.

O relacionamento entre os seres vivos visa dois aspectos fundamentais: a obtenção de alimento e/ou proteção. Sendo assim, essa relação fundamentalmente deve ter algum grau de dependência metabólica, em que o hospedeiro fornece nutrientes e condições fisiológicas para sobrevivência do parasito.

Nesse contexto, o parasito geralmente provoca algum dano ao hospedeiro, mas raramente leva a sua morte. E isso é bem lógico, visto que devido a intensa relação entre os dois seres, a morte do hospedeiro levaria também a morte do parasita.

Adaptação Parasitária

Ao longo dos anos, os parasitas evoluíram através de adaptações morfológicas, fisiológicas e biológicas para fortalecer sua relação com os hospedeiros.

Em relação as adaptações morfológicas, alguns parasitas sofreram degenerações com perdas ou atrofias de alguns órgãos. Um exemplo disso, são as pulgas que perderam as asas ao longo na evolução. Outros parasitas, ao contrário, apresentaram hipertrofia principalmente de órgãos reprodutivos, de fixação ou resistência.

Exemplo disso, são alguns helmintos que desenvolveram uma enzima, chamada antiquinase, que neutraliza a ação dos sucos digestivos, fazendo-os resistirem a ação de anticorpos ou de macrófagos, com isso, resistindo a agressão do hospedeiro.

Em termos biológicos, esses seres reforçaram suas capacidades reprodutivas, passando a produzir grandes quantidades de ovos, cistos ou outras formas infectantes. Com isso, conseguiram ter maior sucesso em perpetuar a espécie e driblar as dificuldades em atingir seu hospedeiro.

O que parasitologia estuda

Outro fator que se desenvolveu ao longo do tempo foi o hermafroditismo, a partenogênese e a poliembrionia, mecanismos de reprodução que facilitam a fecundação e asseguram a reprodução da espécie. No entanto, vários fatores inerentes ao hospedeiro ou ao parasito interferem nessa relação e determinam a ocorrência de um paciente sintomático ou assintomático, como o número de parasitos, virulência, resposta imune do hospedeiro e hábitos de vida.

Por exemplo, a infecção por 10 ancilostomídeos está associada a doença clínica branda ou inexistente, enquanto 1.000 ancilostomídeos consomem quantidade de sangue suficiente para causar uma anemia severa. De todo modo, para garantir a sua sobrevivência, os parasitas evoluíram para reduzir sua capacidade de agressão aos seus hospedeiros, e isso se dá por seleção natural, em que quanto maior for a agressão, menos adaptado é este parasita a espécie que o hospeda, e consequentemente corre a possibilidade de morrer junto com o seu hospedeiro.

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Código Área Duração Créditos Carga Horária Nº de Vagas Oferecidas Docente(s) Responsavél(eis)
RCG0245 Medicina 1 semestre 15 225

Objetivos

Gerais: Por meio do estudo detalhado da biologia de bactérias, fungos, vírus e parasitas, bem como das relações destes com o hospedeiro humano, o estudante deverá compreender os mecanismos mais importantes envolvidos na patogênese de infecções causadas por esses agentes. Além disso, o estudante deverá ser capaz de nomear e caracterizar os principais microorganismos e parasitas que causam doenças humanas em nossos meio, compreender seu ciclo evolutivo, sua epidemiologia, os principais métodos de detecção, bem como os princípios biológicos do tratamento e da prevenção dessas infecções/infestações.

Específicos: Estudar os microorganismos e parasitas agrupados por sistemas (digestivo, respiratório, mononuclear-fagocitário, tegumentar, sistema nervoso central e gênito-urinário) conforme detalhado na lista de conteúdo anexa. Cada microorganismo ou parasita poderá ser estudado através de um ou mais diferentes métodos e/ou abordagens didáticas, de modo que o aluno ao fim do curso tenha aprendido conceitos fundamentais acerca de:

  1. classificação
  2. estrutura
  3. ciclo evolutivo/replicativo
  4. epidemiologia
  5. fatores de virulência
  6. mecanismos de patogenicidade
  7. métodos de detecção
  8. bases biológicas da terapêutica e da prevenção.

Programa resumido

Parasitas e Micróbios de Importância Médica, distribuídos em: 1.Parasitas metazoários 2.Parasitas protozoários 3.Fungos 4.Bactérias 5.Vírus.

Programa

1. Princípios da relação parasita-hospedeiro 2. Biologia Geral dos Parasitas Metazoários 3. Enterobius, Trichuris e Filarias 4. Ascaris e Toxocara 5. Ancylostoma e Strongyloides 6. Schistosoma 7. Taenias 8. Biologia Geral dos Parasitas Protozoários 9. Plasmodium 10. Toxoplasma e Cryptosporidium 11. Trypanosoma 12. Leishmania 13. Ameba, Giardia e Trichomonas 14. Diagnóstico laboratorial de parasitas 15. Pulgas, Piolhos, Carrapatos, Miíases 16. Biologia Geral dos Fungos/Micotoxinas 17. Micoses Superficiais 18. Micoses Cutâneas 19. Micoses Sub-cutâneas 20. Paracoccidioidomicose 21. Histoplasmose 22. Micoses oportunistas 23. Diagnóstico laboratorial dos fungos 24. Biologia Geral das Bactérias 25. Helicobacter, campylobacter, vibrios 26. Gram-negativos intestinais: Enterobacteriaceae 27. Pseudomonas e Gram-negativos não-fermentadores 28. Micobactérias 29. Legionella, Coxiella 30. Bordetella, Corynebacteria 31. Clostridia e outros anaeróbios 32. Espiroquetas 33. Brucella, Listeria 34. Colorações de Gram e Ziehl-Neelsen 35. Diagnóstico laboratorial de bacilos Gram-negativos 36. Cocos Gram-positivos 37. Neisseria, Haemophilus 38. Diagnóstico laboratorial dos cocos Gram-positivos 39. Mycoplasma e Chlamydia 40. Ricketsias 41. Microbiota normal e disbiose 42. Biologia geral dos vírus, emergência e diversidade 43. Herpesvirus: herpes simplex, varicella-zoster, citomegalovirus e vírus de Epstein-Barr 44. Vírus respiratórios e vírus de caxumba 45. Vírus exantemáticos: sarampo, rubéola, parvovirus B-19 46. Papilomavirus 47. Arbovirus 48. Hantavírus e vírus causadores de febres hemorrágicas 49. Vírus gastroentéricos e vírus de hepatites 50. Raiva e outros vírus causadores de meningoencefalites 51. Retrovirus e HIV/AIDS 52. Detecção laboratorial de vírus

Avaliação

Método

Serão feitas avaliações de conteúdo teóricas e práticas, bem como do desempenho na preparação e apresentação de seminários, execução de protocolos de aulas práticas, e resolução de estudos dirigidos.

Critério

O estudante será avaliado pelo seu desempenho durante o curso, enfatizando participação em seminários, estudos dirigidos e aulas práticas, bem como as notas das provas parciais e a freqüência. Será aprovado o aluno que obtiver frequência mínima exigida (70%) e média igual ou superior a 5,0 (cinco). Será requerida média 5,0 (cinco) tanto em referência ao conteúdo de Microbiologia quanto de Parasitologia.

Norma de recuperação

Poderá fazer recuperação após o término do semestre o estudante que obtiver frequência mínima exigida (70%) e média inferior a 5,0 (cinco) e superior a 3,0 (três). A recuperação constará de 01 (um) exame escrito abrangendo toda a matéria dada e será oferecida separadamente em referência aos conteúdos de Microbiologia e Parasitologia. Será aprovado o aluno que obtiver média igual ou superior a 5,0 (cinco), em cada um dos blocos de conteúdo (Microbiologia e Parasitologia) calculada da seguinte forma: Média = média final de Microbiologia ou de Parasitologia + nota do exame de recuperação /2 Caso a média 5,0 (cinco) não seja atingida para qualquer um dos blocos de conteúdos, de Microbiologia e Parasitologia, o aluno estará reprovado na disciplina RCG0245.

Bibliografia

Bibliografia Básica: Além dos textos básicos a seguir, serão utilizados artigos de revisão atuais selecionados a cada semestre. Livros de texto principais: 1- Rey, Parasitologia 4ª edição Editora Guanabara Koogan, 2008 2- Neves, Parasitologia 12ª edição, Atheneu, 2012 3- Amato Neto, Parasitologia: Uma abordagem clínica – 1ª edição, Elsevier, 2008 3- Jawetz, Medical Microbiology, 26ª Edição, McGraw Hill, 2013 4- Mims, Microbiologia Médica, 5ª Edição, Saunders, 2014.