Observe a charge a seguir e responda à questão. (Disponível em: <http://xicosa.blogfolha.uol.com.br/files/2014/02/AngeliIdeologia.gif>. Acesso em: 20 abr. 2016.) Sob o ponto de vista das ideias, foram diversas as correntes políticas que atuaram no período regencial no Brasil (1831-1840). Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, os integrantes e suas posições político-ideológicas.
A saída de Dom Pedro I do governo imperial representou uma nova fase para a história política brasileira. Não tendo condições mínimas para assumir o trono, Dom Pedro II deveria aguardar a sua maioridade até alcançar a idade exigida para tornar-se rei. Nesse meio tempo, os agentes políticos daquela época disputaram o poder entre si no chamado Período Regencial, que vai de 1831 até 1840. Sendo fruto da Constituição de 1824, os grupos políticos existentes ficavam restritos aos grandes proprietários de terra, comerciantes e algumas pequenas parcelas das classes médias urbanas. Em meio às reuniões e debates que aconteceriam para a organização da ordem regencial, temos o aparecimento de três grupos políticos mais importantes: os liberais moderados, os liberais exaltados e os conservadores. Os moderados representavam os setores mais conservadores que defendiam irrestritamente o poder monárquico e a manutenção da estrutura política centralizada. Já os exaltados acreditavam que a ordem política deveria ser revisada no sentido de dar maior autonomia às províncias. Alguns outros integrantes desse mesmo grupo chegavam a cogitar a adoção do sistema republicano. Por fim, havia os restauradores, que acreditavam no retorno de Dom Pedro I ao poder. Com a morte de Dom Pedro I, o cenário político reduziu-se às agitações dos moderados e exaltados. Mesmo sendo transitória, a regência acabou sendo marcada por vários levantes e rebeliões que evidenciavam a precária hegemonia do Estado brasileiro. No ano de 1834, tentando aplacar o grande volume de revoltas, os liberais conseguiram aprovar o Ato Adicional de 1834, que concedia maiores liberdades às províncias. Outra medida importante foi o estabelecimento da Guarda Nacional, novo destacamento militar que deveria manter a ordem vigente. Sendo controlada e integrada por membros da elite, a Guarda Nacional acabou tendo seu poder de fogo monitorado por grandes proprietários de terra que legitimavam o desmando e a exclusão social, política e econômica que marcaram tal contexto. Entre as maiores revoltas da regência podemos destacar a Cabanagem (PA), a Balaiada (MA), a Revolta dos Malês e a Sabinada (BA), e a Guerra dos Farrapos (RS/SC). Na maioria dos casos, todos estes eventos denunciavam a insatisfação geral para com o desmando e a miséria que tomavam a nação. Vale destacar entre esses eventos a participação exclusiva dos escravos na Revolta dos Malês e o papel das elites locais na organização da Guerra dos Farrapos. A forte instabilidade do período regencial acabou instigando o desenvolvimento de dois outros importantes eventos. O primeiro deles foi a aprovação da Lei Interpretativa do Ato Adicional, de maio de 1840, que retirava a autonomia concedida às províncias. Dois meses depois, os exaltados conseguiram se aproveitar dos vários conflitos para que o Golpe da Maioridade antecedesse a chegada de Dom Pedro II ao poder, colocando um fim à Regência. Publicado por Rainer Gonçalves Sousa A saída de Dom Pedro I do governo imperial revelou as tensões e instabilidades que marcavam o processo de formação do Estado Brasileiro. Por outro lado, esse mesmo evento serviu para que os brasileiros ganhassem maior espaço na vida política brasileira daquela época. Até então, diversos portugueses ocupavam cargos públicos políticos de suma importância e determinavam dessa forma uma relativa exclusão de alguns agentes políticos nacionais que participaram do nosso processo de emancipação. Nesse novo contexto, vemos a formação de partidos políticos que ofereciam diferentes projetos de condução da vida política nacional após a saída do imperador. Ao falarmos da existência desses partidos políticos, não devemos imaginar que estes se organizavam de modo formal, como vemos hoje. Geralmente, os partidários eram pessoas de classes sociais próximas entre si e que, em ocasiões diversas, se reuniam para debater as formas de organização da nação brasileira. Entre as várias tendências apresentadas na época, vemos que os chamados “restauradores”, também conhecidos como “caramurus” eram os mais conservadores da época. Formado essencialmente pela figura de comerciantes portugueses, burocratas e militares, estes defendiam o retorno do imperador Dom Pedro I para o Brasil. Defendiam também um regime monárquico fortemente centralizado e criticavam fortemente os demais partidos políticos da época. Popularmente designados como “chimangos”, os liberais moderados não simpatizavam com o regime absolutista e contavam com a presença de aristocratas da porção centro sul do país. Apesar de não concordarem com o absolutismo, defendiam a manutenção de um regime monárquico capaz de defender os interesses da elite agroexportadora do país. Buscavam equilibrar o aumento das funções do Poder Legislativo com uma autoridade monárquica que se mostrasse compromissada com as elites nacionais. Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) Mais heterogêneos em sua formação social, os liberais exaltados – igualmente conhecidos como farroupilhas ou jurujubas – acreditavam que a autonomia das províncias deveria ser aumentada. Integrado por pequenos comerciantes e homens livres em posses, esse partido tinha uma relativa influência entre as camadas populares urbanas do território nacional. Entre outras coisas, eles reivindicavam reformas políticas mais amplas, o fim do Conselho de Estado e do Poder Moderador e, em alguns casos mais extremos, a criação de uma República. Ao longo do tempo, a hegemonia política exercida pelos liberais moderados acabou dando origem a uma nova subdivisão que gerou os partidos regressista e progressista. O primeiro tinha uma orientação mais conservadora, já os progressistas acreditavam na necessidade de se fazer algumas concessões para os exaltados. De fato, esse diálogo com os grupos mais liberais acabou estabelecendo a aprovação do Ato Adicional de 1834, que deu maior liberdade às províncias. Chegado o Segundo Reinado, as tendências políticas brasileiras ficaram essencialmente polarizadas entre o Partido Liberal, de origem progressista, e o Partido Conservador, organizado por políticos de tendência regressista. Nesse contexto, acabamos percebendo que os partidos que se consolidaram no cenário político nacional tinham poucas diferenças entre si. Afinal de contas, grande parte das figuras políticas desse período compartilhava de uma mesma origem social. Por Rainer Sousa Mestre em História Equipe Brasil Escola Período Regencial - Brasil Monarquia
Liberais moderados e liberais exaltados O jornalista Evaristo da Veiga, de ideias liberais clássicas e redator do Aurora Fluminense. Gravura de Sébastien Auguste Sisson, século XIX. Domínio público, Biblioteca Brasiliana – USP Os liberais moderados defendiam a conservação da monarquia centralizada, embora entendessem que o Poder Legislativo deveria ter um peso maior na vida política do Império por representar a vontade da "maioria". Esta, entretanto, não abrangia a totalidade da população, pois, segundo a Constituição Outorgada de 1824, poucos poderiam participar da sociedade política imperial. O jornalista Evaristo da Veiga, um dos principais representantes dos moderados, era redator do jornal Aurora Fluminense. Entre as posições que defendia estavam, por exemplo: "Liberdade e ordem legal, eis os mais preciosos dos nossos bens" e "nada de excessos. A linha está traçada – é a Constituição", ou ainda, mais categoricamente, "queremos a Constituição, não queremos a Revolução". João Clemente Vieira Souto, responsável pela publicação Astrea, também compunha o grupo dos moderados, ligado particularmente aos produtores do interior (Zona da Mata e Sul de Minas). Estes últimos disputavam com os comerciantes portugueses o abastecimento da cidade do Rio de Janeiro. Outra figura importante era o deputado Bernardo Pereira de Vasconcelos, bacharel em Direito por Coimbra, que orientava o jornal O Universal, de Ouro Preto. Em um de seus discursos na Assembleia, comentara sobre o comparecimento dos ministros do Poder Executivo aos debates referentes às suas pastas, promovidos no Poder Legislativo: "Ah! Venham eles quanto antes, venham depor perante a representação nacional, venham mostrar ao público suas virtudes ou seus vícios, sua ciência ou sua ignorância: saiam de seus palácios, asilo da sua imbecilidade". Patrocinado pela sociedade secreta maçônica Os Carpinteiros de São José (ou Jardineira), o Abelha Pernambucana, redigido por Borges da Fonseca, era uma das vozes dos liberais exaltados. Domínio público, Biblioteca Nacional DigitalOs liberais exaltados divulgavam suas ideias e propostas nos jornais Gazeta Paraibana e Abelha Pernambucana, dirigidos por Antônio Borges da Fonseca, que, no Rio de Janeiro, também fundou O Repúblico. Já o Tribuno do Povo, de Francisco das Chagas Oliveira França, e o Malagueta, de Luís Augusto May, defendiam a federação, que, em sua opinião, daria maior autonomia às províncias do Império. Alguns chegavam até a defender a possibilidade da instauração de uma república. |