A raposa e as uvas conto popular

A Raposa e as Uvas é uma fábula atribuída a Esopo[1] e que foi reescrita por Jean de La Fontaine.

A raposa e as uvas conto popular

A raposa e as uvas, ilustrado por Milo Winter, em uma antologia de Esopo (1919)

Com pequenas variações, é basicamente a história de uma raposa que tenta, sem sucesso, comer um cacho de convidativas uvas penduradas em uma vinha alta.[2] Não conseguindo, afasta-se, dizendo que as uvas estariam verdes.[3] Muitas vezes por comodismo e por não querer obter, criando desculpas e justificativas enfadonhas. A moral afirmada no final da fábula é algo como:

É fácil desprezar aquilo que não se pode obter

Na língua inglesa, a expressão "uvas azedas" — derivada dessa fábula — refere-se à negação de um desejo por algo que não se adquire facilmente ou à pessoa que detém essa recusa.[4] Expressões similares existem em outros idiomas, como na expressão persa: "O gato que não pode alcançar a carne diz 'isso fede'!" A expressão também está presente nos países escandinavos, onde o termo 'azedar uvas' foi substituído por 'azedar sorvas' pelo fato de as uvas não serem comuns em latitudes setentrionais. Na psicologia, este comportamento é conhecido como racionalização (embora seja mais conhecido como redução da dissonância cognitiva).

No discurso coloquial, a expressão do idioma é aplicada a alguém que perde e não consegue fazê-lo graciosamente. Estritamente falando, deve ser aplicado a alguém que, após a perda, nega a intenção de ganhar por completo. A expressão "Ah, mas são verdes" é utilizada em Portugal quando isto acontece. O provérbio português "quem desdenha quer comprar" é comumente associado a esta fábula.

 

A Wikisource contém fontes primárias relacionadas com A Raposa e as Uvas

  • Jean de La Fontaine

  1. Godwin, William (1824). Fables ancient and modern, adapted for the use of children by Edward Baldwin (em inglês). [S.l.]: M.J. Godwin and Company at the French and English Juvenile and School Library, 195, (St. Clement's), Strand. 
  2. BRAIDO, EUNICE. A RAPOSA E AS UVAS. [S.l.]: FTD. ISBN 9788532259967 
  3. Costa, João José Da (21 de janeiro de 2010). As Lições De Sabedoria Das Fábulas Populares. [S.l.]: Clube de Autores 
  4. Gibbs, Laura (1 de janeiro de 2009). Aesop's Fables in Latin: Ancient Wit and Wisdom from the Animal Kingdom (em inglês). [S.l.]: Bolchazy-Carducci Publishers. ISBN 9781610410274 

  Este artigo sobre literatura é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.
  • v
  • d
  • e

Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=A_Raposa_e_as_Uvas&oldid=62142747"

Atravessando séculos e levando valiosas lições aos leitores, A raposa e as uvas continua a encantar quem a descobre. Por trás de toda a dinâmica infantil envolvendo uma raposa, há reflexões que evocam a maneira como lidamos com desafios. Veja um resumo e descubra o significado da fábula.

Resumo da fábula

Uma raposa bastante faminta há dias caminha por um pomar até que encontra um cacho de uvas bem apetitoso. As uvas se encontravam em seu ponto de corte ideal e exalavam um cheiro hipnotizante, bem como sua aparência. Sabendo que não havia ninguém por perto, a raposa se preparou para pegar as uvas a todo custo. O problema é que o cacho fica no alto.

Ainda que estivesse limitada pela fome, a raposa deu tudo de si para pegar o cacho. Mesmo longe de suas patas, o animal não parou de tentar tudo o que tinha à mão para pegá-lo. Ainda que estivesse limitada pela fome e circunstâncias, não parou de variar suas habilidades de caça. Contudo, tudo se mostrou inútil.

Após diversas tentativas sem sucesso, finalmente desistiu, se mostrando faminta, cansada e bem desapontada. Logo deu meia-volta e insinuou ir embora, até que se virou e encarou as uvas. Para se consolar do próprio fracasso, afirmou que as uvas pareciam verdes ou estragadas. Após isso, afirmou o quanto não valiam a pena e seguiu inconformada.

Significado

Podemos nos colocar no lugar da raposa e dar para a uva a representação de um objeto que queremos muito. Por diversas vezes, tentamos alcançá-lo, empregando todas as habilidades que temos guardadas. A depender das circunstâncias, desenvolvemos outras a fim de obter sucesso. Eventualmente, nossos saltos não evitarão o fracasso.

Como forma de amenizar o baque, concluímos que tal meta não valia tanto a pena assim. Criamos justificativas enfadonhas com o intuito de nos defender de críticas pelo fracasso, bem como o nosso julgamento interno. Mentimos a nós mesmos e para o mundo, tentando ridicularizar tal objeto.


A raposa e as uvas conto popular


O próprio final de A raposa e as uvas afirma que “É fácil desprezar aquilo que não se pode obter”. Quando rejeitamos a ideia de que somos falhos acabamos por perder uma oportunidade de crescimento. Caso se identifique com o animal e seu objetivo, repense bem a sua perspectiva e como você a trabalha quando perde algo a princípio valioso.

Lições

Como dito no começo do texto, A raposa e as uvas carrega lições bastante preciosas para quem lê. Mesmo sendo curta, vale a pena refletir sobre as tentativas frustradas da raposa quanto ao que queria. Isso se percebe em:

Nem sempre termos o que queremos

Ainda que nós possamos dar tudo o que guardamos em nós, nem sempre vamos conseguir tudo o que desejamos. Não é porque somos incapazes de alcançar determinada coisa, nada disso. Contudo, precisamos das ferramentas necessárias para viabilizar essa conquista. Entenda que precisa de mais preparação para ter o que quer.

Precisamos assumir nossas culpas

De nada adianta culpar alguma coisa ou pessoa pelo nosso fracasso. É como se abríssemos vagas para a construção de um tribunal interno que trabalhasse diariamente para nos mostrar a verdade. Se não conseguiu, tudo bem, mas pare de culpar os outros por sua frustração. Assuma a culpa que lhe concerne.

Leia Também:  Como fazer um TCC: tema, escrita e revisão

As coisas carregam o valor que têm de verdade

De nada adianta menosprezar o objeto que você tanto queria. Ainda que esbraveje ou grite o quanto não conquistá-la foi injusto, tal meta permanece com o valor que possui e te atraiu.

Características da raposa

Parágrafos acima, associamos a figura da raposa com a própria figura humana. A raposa é tida como um ser astucioso, encontrando bem caminhos para se safar de algumas situações. Nessa fábula em específico, sua própria natureza acaba por traí-la e frustrá-la.

Sendo assim, confira algumas características que a raposa e nós evidenciamos nesses momentos:

Mesmo vendo que não tinha condições de alcançar as uvas, a raposa continuou a tentar alcançá-las. A teimosia não a deixava desistir de tentar, mesmo vendo que era inútil. Nem sempre a teimosia é boa, visto que alimenta nossa frustração ao errarmos.

A raposa acreditou ser superior ao seu ambiente, subestimando o esforço da conquista. Quanto mais alta nossa gula, mais temos chance de engasgar. Como consequência, o animal aprendeu a lição da pior forma.

Como não conseguiu o que queria, acreditou que o desprezo ajudaria a amenizar seu mal-estar. Muito pelo contrário, denuncia apenas o quanto queria determinado objeto.

Como aplicar isso com as crianças

A raposa e as uvas, assim como qualquer fábula, carrega uma profunda moral em seu final. Graças a isso, é possível levantar reflexões e questionamentos sobre a mesma. Como as crianças estão em fase de crescimento, têm mais receptividade a esses eventos. Enquanto elas crescem, seus pensamentos sobre o tema também amadurecem.

Já que as crianças são bastantes questionadoras, por que não levantar perguntas a respeito da interpretação? Deixe o caminho livre para que elas mesmas entendam o valor daquela mensagem. Ademais, use a história para trabalhar com a fábula enquanto ensina as crianças. Aproveite as suas principais características que a diferem dos demais em gênero.

Além disso, por meio da fábula, dá para desenvolver habilidades orais e escritas nos pequenos. Você pode, por exemplo, pedir que reescrevam a história e a moral que ela carrega. Faça com que exercitem o seu poder de interpretação, já que isso ajudará a trabalhar melhor seu desenvolvimento.

Comentários finais: A raposa e as uvas

A raposa e as uvas carrega um valor existencial tão grande quanto a doçura do objeto almejado pela raposa. Por meio dessa fábula, conseguimos construir pensamentos a respeito de nós e do que almejamos. É necessário, de verdade, menosprezar algo porque não conseguiu tê-lo?

Se você se encontra diante de algum desafio, reflita se consegue lidar com ele no momento. A insistência, às vezes, causará frustração, visto que tentaremos de tudo para tocar na meta. Se tentou e não deu certo, tenha em mente que tudo dependia de você na hora. Mais uma vez, evite culpar os outros pelos seus insucessos.

Conheça nosso curso de Psicanálise Clínica

Além disso, experimente iniciar o nosso curso de Psicanálise Clínica 100% EAD. Graças a ele, você vai conseguir dar uma olhada na sua estrutura interna e encontrar os catalisadores de suas ações no mundo externo. Ainda que não tenha pretensões na área, nosso curso será bastante agregador a você, ajudando no seu crescimento.

Nossas aulas são feitas via internet, o que viabiliza maior comodismo na hora de estudar. Você escolhe o melhor momento e lugar para aprender, de acordo com a sua rotina. Como material de auxílio, vai ter acesso às apostilas digitais mais completas desse mercado. Professores qualificados se encarregam de te acompanhar nessa nova jornada.

Leia Também:  Especial dia das crianças: a infância para a psicanálise

Não adie mais a chance de se conhecer, isto é, não se contentar com soluções toscas para lidar com seus problemas. Não é essa uma das lições mais valiosas em A raposa e as uvas? Com o nosso curso de Psicanálise, você tem acesso a ferramenta perfeita para se descobrir. Entre já em contato e garanta a sua vaga.