Educação corporativa quando surgiu

Educação corporativa quando surgiu
Vivemos em um país onde o investimento em educação não é prioridade, infelizmente, o que tem como resultado um exercito de profissionais muito pouco qualificados no mercado dificultando em muito a contratação de capital intelectual adequado.

Tenho ouvido muito não só dos profissionais que buscam uma posição, mas também de profissionais da área de Recursos Humanos, que as empresas estão “pedindo demais”. Será mesmo? Ou será que esse é um pensamento comodista. As empresas estão pedindo demais ou os profissionais é que estão oferecendo de menos – não estou levantando aqui questões relativas à oportunidades e condições para desenvolvimento, entendam.

Pensando nisso comecei a estudar um pouco sobre o que as empresas vem fazendo para suprir essa carência de bons profissionais e cheguei à Educação Corporativa há alguns meses. Vamos ter uma série de posts relacionados a esse tema, mas vou começar elucidando as origens desse conceito.

Depois da Segunda Guerra Mundial muitas mudanças ocorreram no mundo de forma geral. Nos Estados Unidos houve um crescimento acelerado da economia e da indústria. Uma das consequências desse alto e rápido crescimento foi a dificuldade de alinhar as necessidades gerenciais das indústrias e o nível de capacitação dos profissionais então disponíveis no  mercado. Já existiam naquele momento as chamadas Business Schools mas, enquanto conceito de escola de comércio, não preenchiam a lacuna existente.

Aqui no Brasil a Educação Corporativa começa a chegar de forma bem tímida na década de 1980 quando segundo alguns autores é possível identificar mudanças no sistema de gestão de pessoas e algumas adequações das organizações ao mercado de trabalho.

Em seu artigo que sobre o panorama da Educação Corporativa no Brasil, Marisa Eboli, afirma que a Educação Corporativa só começou a se desenvolver no país na década de 1990 com cerca de 10 (dez) inciativas passando para uma centena na década seguinte. Ainda assim, esse desenvolvimento foi forçado também por condições econômicas já que nessa mesma década houve um processo histórico de abertura da economia para o mercado externo expondo empresas antes escondidas atrás do protecionismo à concorrência externa.

O mercado mais competitivo e agressivo facilita o surgimento de acordo para desenvolvimento mútuo entre as pessoas, que percebem a necessidade de desenvolvimento profissional, e as empresas, que identificam a necessidade de sobrevivência através de inovação e desenvolvimento organizacional.

Desde então, em virtude das mudanças econômicas ao redor do mundo, as empresas vem adotando estratégias de resistência que englobam conceitos de Educação Corporativa através da valorização do capital intelectual humano e gestão do conhecimento organizacional.

A Educação Corporativa, porém, como ferramenta de estruturação da relação entre organizações e capital humano voltado para o desenvolvimento de ambos, no Brasil, só veio a consolidar-se a partir da década dos anos 2000. Foi nessa mesma década que os casos de Universidades Corporativas começaram a se tornar mais evidentes dentro do cenário brasileiro tornando o assunto mais notório no âmbito privado e acadêmico.

Fontes:

EBOLI, M., FISCHER, A.L. et al (organizadores) EDUCAÇÃO CORPORATIVA: FUNDAMENTOS, EVOLUÇÃO E IMPLANTAÇÃO DE PROJETOS. São Paulo: Ed Atlas, 2010,.

EBOLI, M. (organizador) EDUCAÇÃO CORPORATIVA: MUITOS OLHARES. São Paulo: Ed Atlas, 2014.

EBOLI, M., HOURNEAUX, F., MANCINI, S. BREVE PANORAMA DA EDUCAÇÃO CORPORATIVA NO BRASIL: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA. In: XXIX EnANPAD – Encontro da Associação Nacional dos Programas de PósGraduação em Administração. Brasília: 2005.

EDUCAÇÃO brasileira fica entre 35 piores em ranking global. In: Revista Exame, 2013, disponível em < http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/educacao-brasileira-fica-entre-35-piores-em-ranking-global > Acesso em 18 de jun. 2015.

TERRA, A., BOMFIM, E. A EDUCAÇÃO CORPORATIVA E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O BRASIL. In: Educor Desenvolvimento. Disponível em < http://www.educor.desenvolvimento.gov.br/public/arquivo/arq1229430057.pdf > Acesso em 10 de jun. 2015.

A educação corporativa, também chamada de educação empresarial, ocorre quando a organização estabelece um forte processo de aprendizagem que tenha como prioridade a obtenção, manutenção e disseminação do conhecimento. Não deve se tratar apenas de técnicas, mas também de práticas e valores que façam parte da visão e da missão da empresa e que possam ser aplicados inclusive fora dela, seja na vida pessoal ou na própria carreira dos envolvidos.[1]

A educação corporativa é um esforço minucioso das instituições que buscam o contínuo desenvolvimento das pessoas. Não apenas de funcionários, mas todos aqueles envolvidos com suas atividades como fornecedores, clientes e a sociedade como um todo, a fim de gerar determinado valor que contribua para a produtividade, alcance de metas e crescimento saudável da organização.[2]

A palavra educação é originária do latim educere, que significa extrair, tirar, desenvolver.

A educação é um fator vital para a existência do homem em sociedade, e permeia os mais diversos aspectos da vida do ser humano, tanto nas fases iniciais, quanto ao longo dela.

Atualmente, vivemos na chamada era do conhecimento (ou sociedade da informação). Diante dessa realidade, a educação assume um papel chave como ferramenta que proporciona ao indivíduo a capacidade de interagir como um agregador de resultados consciente e participativo no seu papel de cidadão.

Investindo em educação corporativa a empresa reconhece o valor estratégico das pessoas no cumprimento das metas organizacionais e busca desenvolver valores que possam ser levados para fora da estrutura física da empresa e ao longo da carreira de seus funcionários.

Existem 7 princípios que são norteadores para o desenvolvimento do processo de educação corporativa. São eles:

  1. Competitividade: Educação como fator gerador de aptidões que torne a empresa mais competitiva no mercado;
  2. Perpetuidade: Educação como ferramenta de gestão do conhecimento permitindo criar, manter, transformar e transmitir as crenças e valores da organização;
  3. Conectividade: Educação como formadora de rede que conecte as pessoas não apenas umas com as outras mas também com o ambiente no qual elas estão inseridas;
  4. Disponibilidade: Facilidade na disseminação do conhecimento não dependendo de um lugar específico e nem hora estabelecida, mas sim de um processo contínuo;
  5. Cidadania: Apoio ao desenvolvimento individual, coletivo, e social do homem;
  6. Sustentabilidade: Exercer o aprendizado conhecendo e colaborando com os princípios de manutenção de recursos naturais e desenvolvimento sustentável;
  7. Parceria: Enriquecer o processo de educação por meio de parcerias que sejam produtivas como Universidades e empresas especializadas.[3]

Na busca de assegurar e formalizar o processo de educação corporativa surge a Universidade Corporativa (UC), que é um sistema educacional implantado no âmbito de uma organização para atender seus funcionários, clientes, parceiros e fornecedores em alinhamento com as estratégias organizacionais..[4]

Alguns dos objetivos de uma Universidade Corporativa são: trabalhar aptidões chave para o seu negócio, proporcionar um aprendizado voltado diretamente para a prática, desenvolver competências de forma sistemática, fixar os valores da organização e contribuir para a identidade da organização por meio da fixação da cultura.[5]

Para trabalhar a educação corporativa as empresas podem utilizar tanto cursos presenciais quanto cursos não presenciais.

Os cursos presenciais podem ser oferecidos internamente por um gestor ou profissional da empresa que tenha conhecimento específico sobre os valores e estratégia da companhia, ou ainda fornecidos por terceiros como equipes de consultorias, palestrantes ou profissionais de instituições de ensino; e podem ser ministrados dentro ou fora da organização.

Os cursos não presenciais também podem partir de iniciativa particular ou por meio da contratação de terceiros e ocorrem através de mídias impressas como manuais e apostilas ou por ambiente eletrônico por meio da internet, teleconferências ou vídeo aulas.

Por meio de processos de educação corporativa as empresas fornecem aos seus stakeholders conhecimento, habilidade e atitudes que são aplicáveis em duas dimensões: A dimensão interna, atuando no próprio ambiente de trabalho e a dimensão externa, onde o indivíduo tem oportunidade de enriquecer a si mesmo no que tange a cultura e desenvolvimento pessoal.

Desta forma, a educação passa a permear todos os setores da sociedade, e as organizações reconhecem nela, um fator de estímulo à produtividade e à inovação. Além disso, por ser visto como uma fonte de vantagem competitiva sustentável frente aos concorrentes, já que tem um caráter motivador com efeitos à longo prazo.

  1. QUARTIERO, E. M. & CERNY, R. Z. Universidade Corporativa: uma nova face da relação entre mundo do trabalho e mundo da educação. In: QUARTIERO, E. M. & BIANCHETTI, L. (Orgs.) Educação corporativa: mundo do trabalho e do conhecimento: aproximações. São Paulo: Cortez, 2005.
  2. MEISTER, J. C. Educação corporativa: a gestão do capital intelectual através das universidades corporativas. São Paulo: Makron Books, 1999.
  3. EBOLI, M. O desenvolvimento das pessoas e a educação corporativa. In: FLEURY, M. T. As pessoas na organização. São Paulo: Gente, 2002.
  4. MEISTER, J. C. Educação corporativa: a gestão do capital intelectual através das universidades corporativas. São Paulo: Makron Books, 1999.
  5. EBOLI, M. Papel das universidades tradicionais e das universidades corporativas, 1999a, p.117.

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